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Real Madrid x Juventus: grandes jogos na história

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Por Guilherme Diniz

Titãs centenários e com histórias marcantes em seus países e no futebol internacional, Real Madrid e Juventus já realizaram embates memoráveis ao longo das décadas, principalmente na Liga dos Campeões da UEFA, principal palco de encontro entre espanhóis e italianos. Com um certo equilíbrio quando analisamos o número de jogos, o Real tem vantagem no quesito decisões, afinal, venceu duas UCLs em cima da Velha Senhora (em 1998 e 2017). E, em 2025, Real e Juve se enfrentaram em um novo cenário: a Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Confira a seguir os principais e mais lendários duelos entre merengues e bianconeri.

Real Madrid 3×1 Juventus – Quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA de 1961-1962

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Juventus e Real entram em campo na temporada 1961-1962: ali, começava uma histórica rivalidade.
 

Os primeiros grandes encontros entre Real e Juve aconteceram na temporada 1961-1962, na ainda chamada Copa dos Campeões da Europa. Ambos eram favoritos ao título, principalmente o Real, que ainda tinha grande parte dos craques que formaram o lendário esquadrão pentacampeão europeu nos anos 1950, com destaque para os defensores Pachín e Santamaría, o ponta Del Sol, e o trio Gento, Puskás e Di Stéfano, que dispensam comentários, obviamente. Mas a Juventus não ficava atrás, pois contava com um timaço capitaneado pelo galês John Charles e pelo Bola de Ouro de 1961 Omar Sívori. A força daquela Juventus ficou exemplificada na etapa anterior, quando a equipe eliminou o forte Partizan-IUG da época com um 7 a 1 no placar agregado (2 a 1 em Belgrado, 5 a 0 em Turim).

No primeiro jogo entre espanhóis e italianos, no Stadio Comunale de Turim, o Real conseguiu vencer a Juve por 1 a 0 (gol de Di Stéfano, aos 79’) mesmo diante de 66 mil pessoas. Na volta, em um Santiago Bernabéu tomado por mais de 72 mil pessoas, todos acreditavam no triunfo ou empate merengue, resultados que classificavam a equipe madrilena – principalmente pelo fato de o clube espanhol jamais ter perdido em casa um jogo de Liga dos Campeões. Só que a Juventus venceu por 1 a 0 (gol de Sívori, aos 38’), e forçou uma partida desempate em campo neutro, pois na época não havia prorrogação. 

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O jogo decisivo foi disputado uma semana depois, no Parque dos Príncipes, em Paris (FRA). E, no primeiro minuto, Di Stéfano serviu Felo, que balançou as redes bianconeri. Aos 15’, a Juventus teve uma baixa muito sentida quando John Charles se lesionou e teve que permanecer em campo apenas para fazer número, pois na época não eram permitidas substituições. Mesmo assim, Sívori empatou, aos 33’, e deu ainda mais dramaticidade ao jogo. Na segunda etapa, a experiência do Real Madrid prevaleceu sobre o preparo físico da Juventus e, aos 65’, Puskás cobrou uma falta para Del Sol fazer 2 a 1. Sívori quase empatou na sequência, mas o Real fechou a conta após jogada de Di Stéfano e Puskás, completada por Tejada: 3 a 1. O Real seguiu firme rumo à final, mas acabaria perdendo para o Benfica de Eusébio, Coluna e companhia em um épico 5 a 3.

Real Madrid 1×0 Juventus / Juventus 1×0 Real Madrid (RMD 3×1 JUV nos pênaltis) – Oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA de 1986-1987

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Mais de duas décadas depois, espanhóis e italianos voltaram a duelar em uma UCL. Nos embalos de seu esquadrão conhecido como Quinta del Buitre e com nomes como Buyo, Camacho, Sanchís, Chendo, Míchel, Gallego, Butragueño, Hugo Sanchéz e Valdano, os merengues queriam reconquistar a UCL, pois não venciam o troféu desde 1966. Já a Juventus ainda contava com remanescentes do timaço campeão europeu de 1985 como Tacconi, Brio, Favero, Cabrini e Platini, além de Michael Laudrup. Seria um duelo equilibrado e, de fato foi mesmo. No primeiro jogo, em Madri, 100 mil pessoas lotaram o Santiago Bernabéu e viram o Real vencer por 1 a 0, gol de Butragueño.

Na volta, em Turim, Cabrini garantiu a vitória italiana por 1 a 0 e forçou a disputa de pênaltis. Na marca da cal, Hugo Sanchéz e Brio erraram as primeiras cobranças, parando nos goleiros, até Butragueño, Vignola e Valdano anotarem as cobranças seguintes. Manfredonia partiu para o terceiro chute e viu o goleiro Buyo defender. Juanito marcou o terceiro gol madrileno e Favero errou o quarto da Juve. O placar de 3 a 2 classificou o Real Madrid, que chegou até as semifinais, onde foi eliminado pelo Bayern München-ALE.

Real Madrid 1×0 Juventus / Juventus 2×0 Real Madrid – Quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA de 1995-1996

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Raúl encara Vierchowod no duelo do Bernabéu. Foto: Raúl Cancio / El País
 

Após dois revezes, enfim, a Juventus conseguiu eliminar o Real em uma competição europeia. Na temporada 1995-1996, a Velha Senhora reuniu um timaço comandado por Marcello Lippi e com Peruzzi, Vierchowod, Ferrara, Conte, Lombardo, Deschamps, Ravanelli, Del Piero entre outros. Há muito tempo que o torcedor não via uma equipe tão brilhante a ponto de brigar pelo título europeu. Mas, do outro lado, a bianconeri teve que enfrentar o Real de Buyo, Chendo, Hierro, Michael Laudrup, Redondo, Luis Enrique e da dupla mortífera Zamorano e Raúl. No duelo da ida, em Madri, o Real conseguiu se impor, mas venceu por apenas 1 a 0 (gol de Raúl, após passe de Laudrup).

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O resultado foi celebrado pela Juventus, pois a equipe era muito forte sob seus domínios. E, logo aos 17’, Del Piero cobrou falta com perfeição e abriu o placar para a Velha Senhora. Na etapa complementar, Padovano recebeu de Porrini e ampliou. Na sequência, Alkorta, do Real, foi expulso e aumentou o drama merengue. Torricelli, da Juve, também foi expulso, mas a retaguarda bianconeri foi perfeita nos minutos finais e o placar de 2 a 0 classificou a equipe de Turim, que avançou até a final e foi campeã europeia pela segunda vez em sua história.

Real Madrid 1×0 Juventus – Final da Liga dos Campeões da UEFA de 1997-1998

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Dois anos depois, Real e Juve fizeram uma final europeia de enorme peso. Campeã em 1996 e vice em 1997, a Juve repetia o Milan 1993-1995 e disputava sua terceira final seguida de UCL. Com Peruzzi, Montero, Torricelli, Davids, Deschamps, Di Livio, Zidane, Del Piero e Filippo Inzaghi, a Juventus era um timaço que havia despachado pelo caminho grandes forças como Feyenoord, Manchester United, Dynamo de Kiev e Monaco. Já o Real era comandado pelo técnico Jupp Heynckes e estava ainda mais forte do que o último duelo de 1996, com Illgner, Panucci, Hierro, Roberto Carlos, Redondo, Seedorf, Karembeu, Raúl, Morientes e Mijatovic.

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Seedorf e Davids durante a final em Amsterdã. Foto: Imago / AllSport
 
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Zidane (à esq.) não conseguiu superar Redondo (à dir.) naquela final.
 

A final foi disputada na novíssima Johan Cruijff Arena, em Amsterdã (HOL), e o jogo foi um duelo tático e de imposição do meio de campo madrileno, que conseguiu se sobressair e neutralizar o genial Zidane. Del Piero, artilheiro daquela UCL com 10 gols, também não conseguia aprontar das suas e o zero não saiu do placar até os 66’, quando Roberto Carlos aproveitou uma sobra da defesa adversária e chutou. A bola não foi interceptada por Iuliano, que acabou “ajeitando” a bola para Mijatovic. O atacante driblou Peruzzi e finalizou para marcar o gol mais importante de sua carreira e um dos mais gritados pela torcida do Real Madrid, afinal, ele garantiu a vitória por 1 a 0 que decretou o fim do impressionante jejum de 32 anos (!) sem títulos dos merengues em sua competição favorita. Leia mais clicando aqui!

Real Madrid 2×1 Juventus / Juventus 3×1 Real Madrid – Semifinal da Liga dos Campeões da UEFA de 2002-2003

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Juventus e Real Madrid tinham mais um embate eletrizante na semifinal da competição continental naquela temporada 2002-2003. Os prognósticos eram os melhores possíveis, ainda mais pelo fato de o histórico dos duelos jamais ter registrado um empate sequer (oito jogos, cinco vitórias espanholas e três italianas) e ambas as equipes terem jogadores de absoluta qualidade e com capacidade para decidir qualquer partida. Do lado da Juventus, a equipe era a atual bicampeã italiana, tinha um ótimo e consistente elenco comandado com maestria por Marcello Lippi e chegava com força à semifinal após ser líder na fase de grupos, passar em segundo na outra fase de grupos  – atrás apenas do Manchester United-ING e na frente de Basel-SUI e Deportivo La Coruña-ESP -, e eliminar o Barcelona-ESP, nas quartas, com uma vitória por 2 a 1 em pleno Camp Nou, após empate em 1 a 1 no primeiro duelo, na Itália.

Já o Real tinha um time repleto de Galácticos como Roberto Carlos, Hierro, Makélélé, Figo, Zidane, Ronaldo e Raúl e superou as fases anteriores sem grandes problemas diante de adversários como Roma-ITA, AEK Atenas-GRE, Genk-BEL, Milan-ITA (os italianos foram líderes na segunda fase de grupos, à frente do Real, segundo colocado), Borussia Dortmund-ALE, Lokomotiv Moscow-RUS e Manchester United-ING, este eliminado nas quartas de final após derrota por 3 a 1, em Madrid, e vitória insuficiente por 4 a 3, em casa.

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Del Piero entorta a zaga merengue antes de marcar: golaço!
 

No primeiro jogo entre os rivais, na Espanha, os comandados de Vicente Del Bosque fizeram valer o fator casa e venceram por 2 a 1, com gols dos brasileiros Ronaldo e Roberto Carlos. No entanto, o time espanhol teria duas baixas quase certas para a volta: o próprio Ronaldo, que sofreu uma lesão ainda no primeiro tempo e teve de deixar o gramado, e Makélélé, que também sentiria uma contusão dias antes da partida decisiva. Do lado bianconeri, Ferrara e Iuliano não jogariam por suspensão, mas Davids estava confirmado após a ausência no primeiro duelo por causa do cartão vermelho que levara no jogo contra o Barcelona, nas quartas.

No embalo de sua torcida, a Juventus dominou as ações e, aos 12´, foi premiada por sua imponência. Nedved, pela direita, cruzou na área, Del Piero ajeitou de cabeça e Trezeguet completou para o gol de Casillas: 1 a 0, com a assinatura plena do famoso “tridente de Turim”. Com o estádio em festa, a Juventus continuou pressionando um Real Madrid atordoado e sem poder de reação. Zidane não encontrava espaços, Figo era um mero espectador e Raúl sofria com Tudor, Montero e Thuram à sua frente.

Aos 42´, após mais uma recuperação de bola no meio de campo, a zaga da Juve mandou a redonda para a área e Del Piero dominou. O atacante girou, ficou no mano a mano com Hierro, fintou uma, duas vezes, cortou e chutou entre o defensor madrileno e Michel Salgado para marcar um golaço no Stadio delle Alpi: 2 a 0. A Juventus estava à frente no placar do jogo, no placar agregado e no futebol! A superioridade dos italianos era arrebatadora, bem como a qualidade da trupe bianconeri

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Buffon parou Figo!
 

No segundo tempo, Aos 20´, Paolo Montero derrubou Ronaldo (que havia entrado mesmo longe dos 100%) dentro da área e cometeu pênalti. Figo chamou a responsabilidade e pediu para cobrar. No gol, Buffon estudou cada movimento do português e permaneceu estático no meio do gol esperando o chute do camisa 10. Figo correu, bateu e Buffon defendeu! O português ainda tentou o rebote, mas Thuram mandou a bola para a lateral e evitou o perigo. 

Aos 28´, Zambrotta dominou na linha do meio de campo e viu que Nedved estava na lacuna entre os dois defensores madrilenos. O italiano fez um belo lançamento que caiu perfeitamente nos pés do tcheco, que conduziu a redonda com maestria e esperou o momento certo para disparar um chute seco no contrapé do goleiro Casillas e fazer um lindo gol: 3 a 0. Aos 44´, Zidane conseguiu superar Buffon e, num chute cruzado, fez o primeiro gol do Real: 3 a 1. Mas era tarde. O agregado de 4 a 3 colocou a Juventus na final. Porém, a bianconeri não conseguiu superar o Milan de Carlo Ancelotti e ficou com o vice.

Real Madrid 1×0 Juventus / Juventus 2×0 Real Madrid – Oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA de 2004-2005

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Após vencer a UCL de 2002, o Real Madrid entrou em um período de decepções e escolhas erradas em sua era Galáctica, vivendo um verdadeiro inferno na Liga dos Campeões da UEFA por muito tempo. E um desses episódios aconteceu na temporada 2004-2005, quando os merengues foram eliminados precocemente pela Juventus. Mesmo com Casillas, Roberto Carlos, Samuel, Beckham, Zidane, Figo, Ronaldo e Raúl, a equipe espanhola não conseguiu superar a Juventus de Buffon, Thuram, Cannavaro, Zambrotta, Camoranesi, Nedved, Del Piero e Ibrahimovic, timaço que dominou o futebol italiano no período e só não venceu mais títulos por causa do escândalo do Calciopoli.

Na ida daquela eliminatória de 2005, em Madri, o Real venceu por 1 a 0, gol de Helguera após passe de Beckham, e foi até Turim com a vantagem do empate. O zero não saiu do placar até os 75’, quando Trezeguet recebeu de Ibrahimovic e fez 1 a 0. A partida ficou dramática e foi para a prorrogação. Nela, Tacchinardi e Ronaldo foram expulsos, a Juve foi pra cima e Zalayeta fez o gol da classificação bianconeri às quartas de final. 

Juventus 2×1 Real Madrid / Real Madrid 1×1 Juventus – Semifinal da Liga dos Campeões da UEFA de 2014-2015

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Foto: AFP / Getty Images
 

Comandado por Carlo Ancelotti e com nomes como Casillas, Carvajal, Varane, Marcelo, Kroos, Sergio Ramos, Bale e Cristiano Ronaldo, o Real Madrid queria o bicampeonato consecutivo da UCL naquela temporada 2014-2015 e apostava, além do elenco, na sempre mística camisa dentro da competição. E, com a vantagem de jogar a segunda partida em casa, a equipe merengue dava como certa a vaga na decisão. No entanto, a Juventus tinha Carlos Tevez em fase esplendorosa e o argentino mais uma vez decidiu a favor da equipe italiana. Após Morata abrir o placar no primeiro tempo (fazendo valer a “Lei do ex”) e Cristiano Ronaldo empatar, Tevez fez o gol da vitória por 2 a 1 no começo da segunda etapa e deu a vantagem do empate à Velha Senhora.

Na volta, em um Santiago Bernabéu com quase 80 mil pessoas, Cristiano Ronaldo deixou sua marca mais uma vez, de pênalti, aos 23’ do primeiro tempo, mas Álvaro Morata empatou para a Juve, aos 57’. A equipe italiana se defendeu perfeitamente, como sempre, e o placar em 1 a 1 garantiu a equipe bianconeri na final, a primeira desde 2003, quando perdeu para o rival Milan nos pênaltis. No entanto, a Velha Senhora perdeu de novo, dessa vez para o Barcelona do trio MSN.

Real Madrid 4×1 Juventus – Final da Liga dos Campeões da UEFA de 2016-2017

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Foto: Reuters / Carl Recine Livepic.
 

A vingança do Real após três eliminações seguidas em duelos contra a Juventus na UCL veio em grande estilo no ano de 2017. Antes da grande final, disputada em Cardiff, a Juventus era considerada por muitos a favorita ao título. Após eliminar Porto-POR, Barcelona-ESP e Monaco-FRA, a Velha Senhora estava em sua segunda decisão em três anos e queria acabar de uma vez por todas com a sina de vices que a perseguia desde o último título de 1996. E o torcedor bianconeri se apegava no retrospecto recente favorável em duelos contra o Real Madrid. Só que alguém esqueceu de avisar os italianos que do outro lado estava um time altamente perigoso e que dificilmente perdia finais de Liga dos Campeões.

Após um domínio juventino nos primeiros 20 minutos, o Real se mandou para o ataque e abriu o placar com Cristiano Ronaldo, que bateu de primeira após receber cruzamento rasteiro de Carvajal. Foi o gol de número 500 do Real Madrid na história da competição. Sete minutos depois, Mandzukic empatou num golaço acrobático. O duelo seguiu equilibrado, mas, na segunda etapa, o Real mudou a partida. Pressionou a Juventus em seu próprio campo de defesa. Forçou o erro de passe. Isco passou a jogar mais pela esquerda. O meio de campo foi engolindo os italianos. E os gols começaram a surgir. 

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O time campeão de 2017. Em pé: Navas, Sergio Ramos, Kroos, Varane, Benzema e Cristiano Ronaldo. Agachados: Casemiro, Marcelo, Carvajal, Isco e Modric. Foto: Matthias Hangst / Getty Images.
 
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Primeiro, com Casemiro, num chutaço de fora da área, aos 16’. Três minutos depois, Modric interceptou uma rebatida da zaga, tabelou com Carvajal pela direita e cruzou para a área. Quem estava lá? Cristiano Ronaldo, que completou de primeira para fazer 3 a 1. Aos 45’, Cristiano cobrou falta, ela explodiu na barreira e caiu na esquerda do campo. Marcelo deixou um adversário no chão, conduziu a bola pela linha de fundo e cruzou para a área. Asensio apareceu e decretou a goleada: 4 a 1. A Juventus estava destroçada. Até a final, a equipe italiana havia levado apenas três gols em 12 jogos. Levou quatro em apenas um…

Ao apito do árbitro Felix Brych, o Real Madrid era campeão da Liga dos Campeões da UEFA pela 12ª vez. Era o primeiro bicampeão desde 1990. O primeiro bicampeão na chamada era moderna do torneio, a era Champions League. Foi um título simplesmente histórico e incontestável. De quebra, o clube merengue vencia a segunda final de UCL sobre a Juve. Leia mais clicando aqui!

Juventus 0x3 Real Madrid / Real Madrid 1×3 Juventus – Quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA de 2017-2018

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A obra prima de CR7. Foto: Getty Images
 

De novo a Juventus apareceu no caminho merengue. E mais uma vez o Velho Continente viu dois jogos épicos. O primeiro aconteceu em Turim, com os italianos querendo a desforra pelo revés da temporada anterior. O time bianconeri sabia que não era permitido errar. Nem deixar espaços para o ataque madrileno. Mas tudo o que eles sofreram na decisão de Cardiff foi repetido naquele dia 03 de abril de 2018. Só que com um só protagonista: Cristiano Ronaldo. O que o português fez com a Juve foi algo impressionante. Uma das atuações mais impecáveis de um jogador em toda a história da competição europeia. Logo aos 3’, Marcelo tocou para Isco, que cruzou rasteiro para Cristiano Ronaldo, letal e com um só toque, estufar as redes de Buffon: 1 a 0. A Juventus não conseguia assustar a zaga madrilena. Quem assustava era o Real, que mandou uma bola no travessão com Kroos, aos 35’. 

No segundo tempo, Cristiano continuava perigoso, arisco. Até que, aos 19’, aconteceu o lance para a eternidade. O Real foi pra cima a fim de bombardear os italianos. Cristiano apareceu, tocou para Vázquez, este chutou forte e Buffon fez grande defesa. A bola sobrou na direita para Carvajal, que cruzou para a área. Lá, estava Cristiano Ronaldo. Ele levitou na altura do ombro do defensor e armou uma bicicleta que encontrou a bola e a mandou para o gol de Buffon, que nem se mexeu: 2 a 0. Foi um GOLAÇO tão incrível, tão formidável, que a torcida da Juventus aplaudiu o craque português. 

Naquela noite, o português se tornava o maior carrasco de um só time na história da Liga dos Campeões – nove gols na Juve. chegava ao 10º jogo seguido marcando gols na competição. Ao 119º gol, o maior artilheiro do torneio em todos os tempos. Era um absurdo. Mas ainda tinha mais. Aos 27’, Marcelo invadiu a grande área, tabelou com Cristiano Ronaldo e o português deixou na medida para o brasileiro superar Buffon e fechar a conta: 3 a 0. Foi uma apoteose madrilena. A demonstração máxima da ferocidade do ataque merengue. 

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Arbitragem de Michel Oliver foi bastante polêmica. Foto: REUTERS/Paul Hanna
 

Depois de um jogo tão maiúsculo na ida, os torcedores merengues esperavam um duelo pelo menos um pouco parecido na volta. Foi, mas pendente à Juventus. A equipe italiana foi valente e precisa, abriu 2 a 0 no primeiro tempo com Mandzukic, viu Buffon realizar defesas maravilhosas, e ainda abriu 3 a 0 no placar antes dos 20 minutos da segunda etapa, com Matuidi. O jogo seguiu tenso, o Real teve um gol de Isco anulado por suposto impedimento e Varane cabeceou uma bola na trave. Nada estava decidido até chegar os acréscimos, quando o árbitro apitou pênalti de Benatia em Lucas Vázquez. Foi um lance bastante duvidoso, de interpretação, digno de VAR. Parecia que de fato Vázquez foi atropelado. 

Mas, por outros ângulos, o toque do jogador da Juve não era suficiente para o madrileno desabar daquele jeito. Como não tinha nenhum auxílio tecnológico ao juiz Michael Oliver, o pênalti aconteceu, para desespero de Buffon, que reclamou tanto que foi expulso. O goleiro polonês Szczęsny entrou para tentar virar herói e assegurar a prorrogação, mas Cristiano Ronaldo converteu a cobrança, chegou aos 10 gols em cima da Juve e colocou o Real na semifinal. Os merengues chegaram até a final e foram campeões pela terceira vez seguida.

Real Madrid 1×0 Juventus  – Oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2025

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Gonzalo García abre os braços e celebra o gol da vitória madrilena. Foto: Reuters
 

Pela primeira vez os titãs se enfrentaram em um torneio diferente da UCL. Após liderar seu grupo com duas vitórias e um empate, o Real entrou como favorito pelo retrospecto, pela boa fase sob o comando do técnico Xabi Alonso e por querer demais um título que salvará a temporada após decepções na UCL e em todos os torneios nacionais, perdidos para o rival Barcelona. Mas a Juventus se apegava à história de suas vitórias passadas para seguir viva mesmo passando por uma fase de reconstrução. Quando a bola rolou, a Velha Senhora levou perigo e quase abriu o placar com Kolo Muani, que tentou encobrir o goleiro Courtois, mas colocou força demais na bola e ela foi para fora. Yildis foi outro a levar perigo na sequência, mas seu chute desviou em Tchouaméni e passou perto.

O Real Madrid respondeu em boas chegadas de Tchouaméni, que exigiu grande defesa do goleiro Di Gregorio, e Bellingham, que recebeu na pequena área e acabou chutando fraco. Valverde também arriscou em chute da entrada da área e o goleirão da Velha Senhora espalmou. No segundo tempo, o Real Madrid teve a iniciativa e, depois de tanto martelar e Di Gregorio salvar, eis que o gol saiu. Aos 8’, Arnold cruzou da direita e o atacante Gonzalo cabeceou bonito para vencer o paredão bianconeri e fazer 1 a 0. A partida ganhou emoção, mas a Juve não conseguiu levar tanto perigo como o Real, que teve muitas chances de ampliar, mas parou (de novo) nas defesas de Di Gregorio. O magro placar foi suficiente para classificar o Real Madrid, que segue vivo em busca do 10º título mundial.

Retrospecto (apenas jogos oficiais) e curiosidades

  • 22 jogos
  • 12 vitórias do Real Madrid
  • 2 empates
  • 8 vitórias da Juventus
  • 30 gols do Real Madrid
  • 26 gols da Juventus
  • Apenas nas temporadas 2008-2009 e 2013-2014 que Juve e Real se enfrentaram na antiga fase de grupos da UCL. Em todas as outras vezes, os duelos foram em mata-matas;
  • O Real saiu vencedor após duelos eliminatórios contra a Juventus em 6 oportunidades: 1962 (quartas de final da UCL), 1987 (oitavas de final da UCL), 1998 (final da UCL), 2017 (final da UCL), 2018 (quartas de final da UCL) e 2025 (oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes da FIFA);
  • A Juve saiu vencedora após duelos eliminatórios contra o Real em 4 oportunidades: 1996 (quartas de final da UCL), 2003 (semifinal da UCL), 2005 (oitavas de final da UCL) e 2015 (semifinal da UCL);
  • Com 10 gols, Cristiano Ronaldo é o maior artilheiro da história do confronto – todos os gols foram marcados vestindo a camisa do Real Madrid. Curiosamente, o português vestiu a camisa da Juve a partir da temporada 2018-2019.
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Cristiano Ronaldo, carrasco da Juventus nos anos 2010. Foto: FILIPPO MONTEFORTE/AFP
 

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