Representando o poder central da Espanha, o Real Madrid é referência no futebol mundial. E, no começo do novo milênio, o clube decidiu espelhar essa grandeza em seus jogadores e iniciou uma política de contratação que ficou conhecida como Galácticos (ou estrelas). Os Galácticos eram jogadores vindos de todas as partes do mundo que na época se destacavam no futebol europeu e, em menor parte, no futebol sul-americano, sendo considerados alguns dos melhores do mundo. Entre eles estavam lendas do futebol brasileiro, como Ronaldo Fenômeno, além de Robinho e Júlio Baptista. Houveram também contratações após 2007 que deram início a chamada “segunda era” dos Galácticos, com futebolistas incríveis como Kaká e Cristiano Ronaldo integrando a equipe.
A origem dos Galácticos
Com o novo presidente eleito em 2000 – Florentino Pérez -, o Real Madrid definiu a política de “grandes estrelas formam grandes esquadrões” e começou a almejar apenas nomes consagrados do futebol mundial. O primeiro a desembarcar no time foi o português Luís Figo, que deixou o Barcelona por 61 milhões de euros em 2000. Começava ali a era dos galácticos, considerada até hoje bastante controversa, pois o Real Madrid investiu milhões e milhões de euros do seu orçamento e não teve, em linhas gerais, os retornos desejados. Os jogadores eram incríveis de se ver em campo, houveram momentos memoráveis (em especial entre 2000 e 2002, quando o time não era tão galáctico assim, mas muito eficiente) e alguns jogos marcantes, mas o Real não conseguiu entregar o que se esperava nem mesmo impor uma dinastia em solo nacional ou internacional.
Os títulos mais aguardados, como as Ligas dos Campeões da UEFA de 2002-2003, 2003-2004 e 2004-2005, não foram trazidos para casa. Para piorar, o rival Barcelona iniciou exatamente nessa época uma fase laureada com conquistas em La Liga e também na UCL de 2005-2006. Uma curiosidade é que esse desejo por estrelas do Real Madrid vem, na verdade, lá dos anos 1950, quando o clube foi buscar no futebol internacional lendas como Alfredo Di Stéfano, Raymond Kopa, Ferenc Puskás, José Santamaría e Francisco Gento. Tais estrelas, porém, deram muito mais resultado e ajudaram a forjar a aura vencedora e competitiva do clube espanhol com cinco títulos seguidos da UCL e várias taças, também, no futebol nacional.
Primeira Geração – 2000-2007
A política de contratação dos Galácticos tinha como objetivo principal trazer ao menos um jogador “estrelar” por ano. E os 11 galácticos da chamada “primeira geração” foram os mais marcantes. Veja a seguir:
Total de gastos: 329 milhões de Euros
Para compor o “time completo”, podemos incluir ainda dois jogadores revelados nas categorias de base do Real e que tiveram uma exponencial valorização: Raúl González e Iker Casillas, ambos espanhóis, e ainda o brasileiro Roberto Carlos, que chegou em 1996, mas tinha um enorme valor de mercado na época. Vale lembrar que o clube ainda trouxe na temporada 2006-2007 o zagueiro italiano Fabio Cannavaro e o atacante holandês Ruud van Nistelrooy em negociações que envolveram 21 milhões de euros.
Segunda geração – 2009-2014
Já na década de 2010, o Real gastou ainda mais em relação às fortunas dos anos 2000 e, de novo, não conseguiu refletir os gastos em títulos. A equipe só foi começar a levantar troféus em 2014, com a UCL daquele ano. Com a manutenção de alguns craques e deixando de lado as loucuras financeiras, o clube passou a vencer mais títulos e percebeu que não era preciso gastar muito para montar um grande esquadrão. Bastava apostar nos nomes certos na hora certa. Após 2014, as maluquices ficaram a cargo dos riquinhos do continente PSG e Manchester City. Veja os atletas da segunda geração:
Total de gastos: 547 milhões de Euros
Total de gastos das duas gerações: 876 milhões de Euros
Galácticos: sucesso ou fracasso?
As opiniões dos fãs e especialistas são diversas. Muitos acreditam que a política dos Galácticos não foi nada mais que uma jogada de marketing do clube para atrair atenção mundial e inflar seu ego, e que a mera contratação de ótimos jogadores não é o suficiente para garantir bons resultados. O Real também passava por problemas financeiros na época, e uma das prioridades era a quitação de dívidas, algo que não se alinhava tão bem com a política de contratos multimilionários. Por fim, os fãs receberam ótimos jogos, jogadas incríveis e momentos memoráveis, como o famoso gol de voleio de Zidane contra o Bayer Leverkusen na final da UCL de 2002, e as inúmeras atuações de gala de CR7 a partir de 2014. Porém, quando mais se esperava dos Galácticos, entre 2003 e 2007 e entre 2009 e 2013, eles não supriram com as expectativas ridiculamente altas.
Futuros Galácticos?
Em 2022, o Real Madrid venceu sua 14ª Liga dos Campeões sem qualquer viés galáctico, mas com jogadores que podem se tornar estrelas nos próximos anos, entre eles os brasileiros Vinícius Júnior e Rodrygo, além do uruguaio Valverde. Em 2024, porém, o clube voltou a chacoalhar o mercado da bola ao anunciar o francês Kylian Mbappé, após longa novela. Embora não tenha gastado com multa ou outras quantias exorbitantes pelo fato de Mbappé ter deixado o PSG após o fim de seu contrato, o clube merengue deve pagar mais de 100 milhões de euros em luvas ao atleta, além de um salário anual de 30 milhões de euros.
Além dele, quem também chega ao clube para a época 2024-2025 é o brasileiro Endrick, contratado desde 2022 e que será integrado ao elenco profissional após completar 18 anos. Os valores da negociação junto ao Palmeiras superam a marca de 72 milhões de euros, outro valor que chega aos patamares galácticos dos anos 2000. Com tantos títulos nos últimos anos, o Real atingiu um patamar no qual a camisa joga sozinha. Nem é preciso gastar tanto…