Grandes feitos: Tricampeã do Campeonato Italiano (2014-2015, 2015-2016 e 2016-2017), Tricampeã da Copa da Itália (2014-2015, 2015-2016 e 2016-2017), Campeã da Supercopa da Itália (2015) e Vice-campeã da Liga dos Campeões da UEFA (2014-2015 e 2016-2017).
Time-base: Buffon; Barzagli, Bonucci e Chiellini; Daniel Alves (Lichtsteiner / Cuadrado), Pjanic (Pirlo / Hernanes), Khedira (Pogba / Marchisio) e Alex Sandro (Evra); Higuaín (Tevez / Zaza), Dybala (Vidal) e Mandzukic (Morata / Fernando Llorente). Técnico: Massimiliano Allegri.
“O Retorno da Senhora”
Por Guilherme Diniz
O final da década de 2000 foi vexatório para a Juventus. Por conta do escândalo de manipulação de resultados conhecido como Calciopoli, a equipe de Turim foi rebaixada para a Segunda Divisão do Campeonato Italiano em 2006 e teve que refazer seu caminho até a elite. Nesse período, a Internazionale dominou o cenário nacional e, na temporada 2009-2010, faturou também a Liga dos Campeões da UEFA. Sem levantar um título da Série A desde 2003, a Juventus só voltou a brilhar na época 2011-2012, quando levantou o Scudetto e iniciou naquele ano uma dinastia impressionante. Dos 10 campeonatos da década, a Juve venceu NOVE, todos consecutivos, títulos que fizeram ela superar a marca de 30 títulos italianos e poder ostentar acima de seu escudo três estrelas (cada estrela, na Itália, faz referência a 10 títulos da Série A). Apenas o Milan de 2010-2011 impediu um incrível decacampeonato. Mas foi entre 2014 e 2017 que a Velha Senhora viveu seu auge e, por pouco, não estendeu seu domínio para a Europa.
Primeiro, em 2014-2015, a equipe passou em segundo lugar pela fase de grupos da UCL e, no mata-mata, despachou com muita autoridade Borussia Dortmund, Monaco e o então campeão Real Madrid. Com Tevez marcando gols e um meio de campo com Pirlo, Vidal, Marchisio e Pogba, além de Buffon no gol, a Juve via a chance de uma taça que não vinha desde os tempos de Del Piero e companhia, lá em 1996, muito perto. Mas um gol logo aos 4’ do Barcelona do trio MSN desmoronou o time, que perdeu por 3 a 1. Na temporada 2016-2017, o técnico Massimiliano Allegri reconstruiu o time e conseguiu armar outra equipe competitiva com as contratações de Dybala, Daniel Alves, Mandzukic, Pjanic entre outros.
A defesa virou o ponto forte e os bianconeri sofreram apenas dois gols na fase de grupos e um mísero gol no mata-mata – isso porque eles encararam Porto, Barcelona e o Monaco de Mbappé! Mas, na final, Cristiano Ronaldo e o Real Madrid não deixaram a glória europeia ir para Turim e venceram por 4 a 1. Mesmo com dois vices, a Juve de Allegri foi um dos mais competitivos esquadrões da década de 2010. E o único da Itália a fazer bonito em um período bastante deprimente para os grandes clubes do Calcio. É hora de relembrar.
Hora de dar as cartas
A história da Juve começou a mudar quando o clube retornou à Série A, e, ano após ano, foi reformulando seu elenco e a mentalidade vencedora. Com a queda de rendimento da Internazionale após a saída de Mourinho, a Juventus fez da temporada 2011-2012 o ponto de virada para reconquistar o Scudetto. A diretoria trouxe dezenas de reforços e se desfez de outras dezenas de jogadores, promovendo uma enorme mudança no elenco. Entre os destaques que chegaram em Turim estavam o meia Andrea Pirlo, consagrado após conquistar praticamente tudo no Milan e campeão do mundo pela Itália em 2006, o lateral suíço Lichtsteiner e o meio-campista Arturo Vidal. Já com um elenco experiente e competitivo formado pelo técnico Antonio Conte, a Juventus foi campeã italiana de maneira invicta, sendo a primeira a conseguir o feito na era de 38 rodadas. A equipe venceu 23 e empatou 15, com 68 gols marcados e 20 sofridos.
A Juve repetiu a dose na temporada seguinte – quando teve o reforço de Paul Pogba para o meio de campo – e, na época 2013-2014, faturou o tricampeonato italiano no embalo dos gols do reforço Carlos Tevez, autor de 19 gols na campanha do título. A bianconeri somou 102 pontos em 38 jogos, um recorde, além de ter vencido 33 jogos, empatado três e perdido apenas dois. Foi o 30º título italiano da Juventus, que ganhou a partir daquele ano o direito de utilizar acima de seu escudo três estrelas, cada uma referente a 10 títulos conquistados. O único momento negativo da temporada foi a eliminação nas semifinais da Liga Europa da UEFA diante do Benfica, após derrota por 2 a 1 em Portugal e empate sem gols na Itália, o que arruinou a possibilidade do esquadrão de Turim decidir o torneio em casa, afinal, a decisão daquela temporada seria no Juventus Stadium – hoje conhecido como Allianz Stadium.
Com novos reforços para a temporada 2014-2015 como Álvaro Morata e Patrice Evra, a expectativa era de que a Juventus seguisse em alta tanto na Itália quanto nas competições europeias. No entanto, a diretoria da Velha Senhora foi pega de surpresa quando o técnico Antonio Conte anunciou sua saída do clube ao término da época 2013-2014, dizendo que havia pensado bastante ao longo dos meses e decidiu encerrar sua passagem pelo clube por temer não continuar no mesmo nível – tempo depois, ele acabou indo treinar a seleção italiana. Rapidamente, a diretoria contratou o ex-técnico do Milan e campeão italiano de 2010-2011, Massimiliano Allegri.
Com estilo parecido com o de Conte, mas menos energético que seu antecessor, Allegri manteve a base de jogo da equipe bianconeri, com a grande defesa formada por Buffon, Lichtsteiner, Bonucci, Barzagli e Evra, além do meio de campo com Pirlo mais recuado, Marchisio e Pogba abertos e Vidal mais pelo centro. No ataque, as opções seriam Tevez e Morata. Com os rivais no Calcio fracos, a Juventus se sobressaía demais na época. E, com isso, um novo Scudetto era só questão de tempo.
Tetra e contando…
No Campeonato Italiano de 2014-2015, a Juventus simplesmente não tomou conhecimento dos rivais. Com um elenco muito melhor e mais alternativas, a equipe tinha um plantel capaz de jogar a Série A e também as outras competições da temporada sem percalços. A Madama assumiu a ponta da tabela na 4ª rodada e não largou mais. Após oito jogos sem perder, o primeiro tropeço veio apenas na 9ª rodada, quando a Juve perdeu para o Genoa por 1 a 0, fora de casa. Depois disso, os comandados de Allegri emendaram 20 jogos sem perder, com destaque para as vitórias sobre Parma (7 a 0, em casa), Lazio (3 a 0, fora), Napoli (3 a 1, fora) e Milan (3 a 1, em casa).
Na reta final da competição, a equipe caiu um pouco de rendimento por conta da agenda de jogos mais assídua, com UCL e Copa da Itália, mas manteve sem sustos a liderança. Em abril de 2015, a Juve acabou perdendo o derby de Turim para o Torino por 2 a 1, algo que não acontecia desde 1995, mas dias depois assegurou o tetracampeonato italiano ao derrotar a Sampdoria por 1 a 0, fora de casa – a taça veio com quatro rodadas de antecipação. Ao término da Série A, a Juve somou 87 pontos – 17 pontos a mais do que a Roma, vice-campeã -, com 26 vitórias, nove empates, três derrotas, 72 gols marcados e 24 gols sofridos em 38 jogos. Tevez, com 20 gols, foi o vice-artilheiro do torneio, e Buffon foi o goleiro que mais jogos permaneceu sem levar gols – 18 partidas.
A Juve completou a dobradinha em casa com o título da Copa da Itália, na qual eliminou Hellas Verona (6 a 1), Parma (1 a 0) e Fiorentina (4 a 2 no agregado) até encarar a Lazio na decisão. Após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar, a Juve fez um gol na prorrogação e venceu por 2 a 1. Dominante em casa, a Juventus queria expandir sua força para o continente. E ela foi com tudo em busca da Europa.
A saga continental
Na UCL de 2013-2014, a Juventus fez uma campanha bem abaixo das expectativas, terminando na 3ª colocação de seu grupo e, com isso, sendo “rebaixada” para a Liga Europa, onde acabou eliminada pelo Benfica. Por isso, o primeiro objetivo da temporada 2014-2015 era pelo menos avançar às oitavas de final. Tudo começou em casa, na vitória por 2 a 0 sobre o Malmö-SUE (dois gols de Tevez), seguido de uma derrota por 1 a 0 para o Atlético de Madrid-ESP, fora de casa. Na terceira rodada, os italianos perderam por 1 a 0 para o Olympiacos-GRE por 1 a 0, fora, e a torcida começou a temer pelo pior. Na quarta rodada, a equipe encarou novamente os gregos, em casa, e abriu o placar com Pirlo, aos 21’. Botía empatou três minutos depois e N’Dinga virou o jogo no segundo tempo. Aos 65’, Roberto, contra, empatou, e Pogba, aos 66’, virou o jogo para a Juventus, garantindo a vitória por 3 a 2 que deu sobrevida à equipe de Turim. Na quinta rodada, a Juve venceu por 2 a 0 o Malmö, fora de casa, e o empate sem gols diante do Atlético de Madrid, em casa, acabou classificando o time em segundo lugar, com 10 pontos, apenas um a mais do que o Olympiacos.
Nas oitavas, a Juve encarou o Borussia Dortmund, algoz da equipe lá na final de 1996-1997, quando os alemães venceram por 3 a 1 e ficaram com o título inédito. No primeiro jogo, em casa, a Velha Senhora se impôs desde o início e abriu o placar aos 13’, com Tevez. Reus empatou, aos 18’, mas Morata, aos 43’, fechou a vitória por 2 a 1 que deu a vantagem do empate à equipe italiana para a partida da volta, no temido Signal Iduna Park. A torcida do Borussia criou um ambiente bastante hostil, com a imponente Muralha Amarela e um mosaico relembrando a conquista de 1997 sobre a Juve. Mas, quando a bola rolou, quem criou hostilidade foi a Juventus. Ou melhor, Carlitos Tevez, o nome do jogo com uma atuação magistral.
Logo aos dois minutos, o argentino soltou uma bomba de fora da área e não deu chance alguma ao goleirão Weidenfeller. Precisando de pelo menos dois gols, o Borussia pouco agrediu a equipe italiana, e, no segundo tempo, faltou criatividade aos anfitriões. Com mais espaço, a Juventus ampliou, aos 24’, quando Tevez fez grande jogada e deixou Morata livre para apenas empurrar a bola para o fundo das redes: 2 a 0. Dez minutos depois, Tevez recebeu nas costas da zaga, invadiu a área e bateu firme, coroando uma exibição de gala antes de ser substituído dois minutos depois. A vitória categórica por 3 a 0 animou demais a equipe bianconeri, que encarou o Monaco nas quartas de final.
O duelo também tinha muita história, afinal, os monegascos foram adversários da Juve durante a campanha europeia de 1997-1998, quando os italianos eliminaram o rival na semifinal com um agregado de 6 a 4. E o bom presságio continuou quando Vidal, de pênalti, fez o gol da vitória por 1 a 0 na Itália, no duelo de ida. Na volta, no Stade Louis II, o empate sem gols classificou a equipe italiana, que teve pela frente um duro desafio: o Real Madrid de CR7, então campeão europeu.
Superando o Rei
Comandado por Carlo Ancelotti e com nomes como Casillas, Carvajal, Varane, Marcelo, Kroos, Sergio Ramos, Bale e Cristiano Ronaldo, o Real Madrid queria o bicampeonato consecutivo e apostava, além do elenco, na sempre mística camisa dentro da UCL. E, com a vantagem de jogar a segunda partida em casa, a equipe merengue dava como certa a vaga na decisão. No entanto, a Juventus tinha Tevez em fase esplendorosa e o argentino mais uma vez decidiu a favor da equipe italiana. Após Morata abrir o placar no primeiro tempo (fazendo valer a “Lei do ex”) e Cristiano Ronaldo empatar, Tevez fez o gol da vitória por 2 a 1 no começo da segunda etapa e deu a vantagem do empate à Velha Senhora.
Na volta, em um Santiago Bernabéu com quase 80 mil pessoas, Cristiano Ronaldo deixou sua marca mais uma vez, de pênalti, aos 23’ do primeiro tempo, mas Álvaro Morata empatou para a Juve, aos 57’. A equipe italiana se defendeu perfeitamente, como sempre, e o placar em 1 a 1 garantiu a equipe bianconeri na final, a primeira desde 2003, quando perdeu para o rival Milan nos pênaltis. Era a chance de conquistar o tri. Mas, pelo caminho, eles tinham um outro adversário complicadíssimo: o Barcelona do trio MSN.
Outra vez vice
A decisão europeia de 2015 aconteceu no estádio Olímpico de Berlim, mesmo palco onde Buffon e Pirlo, da Juventus, levantaram a Copa do Mundo da FIFA de 2006 pela seleção da Itália. Não havia lugar mais emblemático para a dupla erguer, também, a Velhinha Orelhuda. E Buffon, enfim, conquistar o grande troféu que lhe faltava na carreira. Só que o time de Allegri teve pela frente o devastador Barcelona do trio Messi, Suárez e Neymar, que vinha de vitórias categóricas sobre Manchester City, PSG e Bayern. Na coletiva antes do duelo, o técnico Massimiliano Allegri ressaltou a qualidade do rival e descartou marcação individual em Messi. Além disso, ele confiava no poder de fogo de sua equipe.
“Sabemos que o Barça joga um futebol diferente dos outros times. Nós queremos demonstrar que temos toda a qualidade para jogar contra este Barcelona. Messi e Neymar jogam de forma diferente de qualquer outro atacante do mundo. Temos que fazer um jogo muito compacto. […] Marcar Messi homem a homem enquanto ele se mexe é praticamente impossível.
Devemos ser bravos e trabalhar em volta dele. É divertido preparar taticamente uma final de Champions. Sou um privilegiado por comandar este time. Jogar contra o Barça é diferente dos outros times. Basta fazer duas ou três coisas. Precisa-se de muita paciência e força mental. Não precisa fazer grandes coisas, mas um jogo compacto e limitar ou anular suas melhores características”.
A Juve tinha um grande time, claro, mas era muito complicado superar aquele Barcelona e seu ataque que já somava mais de 119 gols na temporada. E, com um começo fulminante, o Barça mostrou seu apetite logo aos 4’, quando Rakitic apareceu no ataque em triangulação com Neymar e Iniesta e fez 1 a 0 para os blaugranas. A equipe catalã sufocava a Juventus de todas as maneiras e só não conseguia ampliar por causa, claro, das defesas de Buffon, sempre preciso embaixo da meta. No segundo tempo, em um contra-ataque cinco contra três, Suárez desperdiçou uma grande chance. E, como quem não faz leva, Morata empatou. No entanto, oito minutos depois, Buffon não segurou um chutaço de Messi e a bola sobrou livre para Suárez, enfim, fazer 2 a 1. A Juventus sentiu o gol e não conseguiu fazer mais nada. Nos acréscimos, Neymar deu números finais ao jogo com um leve toque de cabeça dentro da área: 3 a 1.
O Barça sacramentou sua quinta UCL na história e se tornou o primeiro clube a vencer dois Trebles – em 2009 e 2015. Já a Juventus amargou sua 6ª derrota em final de UCL – as outras foram em 1973, 1983, 1997, 1998 e 2003. Tevez não foi o artilheiro decisivo naquele jogo e faltaram os gols dele para ajudar a Juve a vencer o sonhado tri. Mesmo assim, o atacante terminou a temporada como principal goleador da equipe com 29 gols em 48 jogos, além de ter sido um dos principais atacantes do futebol europeu naquela temporada. Um fator que influenciou bastante o grande desempenho do argentino naquela época foi a dieta estabelecida pelo nutricionista da Juve, Matteo Pincella, que fez o jogador reduzir cinco quilos desde sua chegada à equipe.
“Tevez é um líder, um condutor de equipe por natureza, mas aqui ele encontrou todos os instrumentos para poder se aplicar de forma correta. Acho que fez a escolha inteligente e tem sido fantástico na alimentação. Melhorou muito mesmo, estamos falando de mais de cinco quilos que ele perdeu desde que chegou ao Juventus. Não quero falar em números exatamente, mas ele segue rigorosamente o plano”, disse Pincella em entrevista ao GloboEsporte.com em junho de 2015.
Refazendo o caminho
A derrota na final europeia foi muito dolorosa, mas ficou claro que o trabalho de Massimiliano Allegri estava no caminho certo. Em apenas uma temporada, ele conseguiu fazer o que seu antecessor, Antonio Conte, não tinha feito – disputar uma final de UCL – e o que nenhum treinador havia conseguido em 12 anos, nem mesmo com a constelação de craques que a equipe teve entre 2004 e 2006. Por isso, a diretoria bianconeri manteve o treinador no comando e, para a temporada 2015-2016, uma nova renovação foi feita no elenco. No verão europeu de 2015, saíram Pirlo, Vidal, Tevez (que não resistiu a uma proposta do Boca Juniors, seu clube do coração, e retornou à Argentina) e Coman e chegaram o lateral brasileiro Alex Sandro, o experiente meio-campista alemão Khedira, o promissor atacante argentino Paul Dybala, o meia colombiano Cuadrado e o atacante croata Mandzukic.
Com tais nomes e a manutenção da base principal, principalmente na zaga, a Juventus seguiu inabalável dentro de casa e conquistou já em agosto de 2015 a Supercopa da Itália, ao vencer a Lazio por 2 a 0 (gols de Dybala e Mandzukic). No Campeonato Italiano, a equipe de Turim começou bem relaxada o torneio e perdeu os dois primeiros jogos, além de não conseguir engatar uma sequência de vitórias que pudesse colocar a equipe no topo. Até a 10ª rodada, por exemplo, a Velha Senhora era apenas a 12ª colocada na tabela, o que dava indícios de que o Scudetto ficaria com outra equipe. Mas o ponto de virada foi o derby de Turim realizado em 31 de outubro de 2015, quando a Juventus venceu o Torino por 2 a 1 e, a partir dali, emendou 26 jogos sem perder, sendo 15 vitórias seguidas, um empate e mais 10 vitórias seguidas. Allegri recolocou a equipe nos trilhos e a Juventus simplesmente não tomou conhecimento dos rivais tanto em casa quanto fora. Os destaques dessa sequência impressionante foram:
1 a 0 no Milan, em casa, gol de Dybala;
2 a 0 na Lazio, fora, gols de Gentiletti (contra) e Dybala;
1 a 0 na Roma, em casa, gol de Dybala;
2 a 0 na Inter, em casa, gols de Bonucci e Morata;
4 a 1 no Torino, fora, gols de Pogba, Khedira, e Morata (2)
2 a 1 no Milan, fora, gols de Mandzukic e Pogba
3 a 0 na Lazio, em casa, gols de Mandzukic e Dybala (2)
O Scudetto foi confirmado após vitória por 2 a 1 sobre a Fiorentina, na 35ª rodada, e graças à derrota do Napoli para a Roma. A Juve só foi perder um jogo na penúltima rodada, fora de casa, para o Hellas Verona (2 a 1). Durante a campanha, a zaga mais uma vez foi o ponto alto do time, além do goleirão Gianluigi Buffon, que alcançou um recorde na Série A de 974 minutos sem levar gols. Foram 10 jogos seguidos sem o craque ir buscar a bola dentro de sua meta, uma sequência que começou nos 3 a 0 sobre o Hellas Verona, em janeiro de 2016, e perdurou até o 1 a 0 sobre o Empoli, em abril. Só na rodada 32 que a equipe levou seu primeiro gol depois de muito tempo, nos 2 a 1 sobre o Milan, no San Siro. A Juventus foi campeã com 29 vitórias, quatro empates, cinco derrotas, 75 gols marcados, 20 gols sofridos e 91 pontos em 38 jogos.
Além da zaga, outro destaque foi o ataque, que seguiu forte mesmo com a saída de Tevez. Allegri armou uma dupla muito criativa e eficiente com Dybala na velocidade e Mandzukic mais fixo, que ganhavam passes perfeitos de Pogba, em grande fase e querendo jogar bola, Khedira e Cuadrado. Dybala anotou 19 gols na campanha do título da Série A e foi o artilheiro máximo da equipe na temporada com 23 gols em 46 jogos, enquanto Mandzukic marcou 10 gols na Série A e foi o vice-artilheiro do time no geral, com 13 gols em 36 jogos.
Nova Copa nacional e drama na UCL
Além do título do Scudetto, a Juventus faturou a Copa da Itália, o que fez da equipe a primeira na história a vencer duas dobradinhas (campeonato + copa) de maneira seguida no Calcio. A caminhada começou em dezembro de 2015, com goleada de 4 a 0 sobre o Torino (dois gols de Zaza, um de Dybala e outro de Pogba), seguida de uma vitória por 1 a 0 sobre a Lazio (gol de Lichtsteiner). Nas semifinais, disputadas em dois jogos, a Juventus derrotou a Internazionale por 3 a 0 no Allianz Stadium, com dois gols de Morata e um de Dybala, e muitos acreditaram que a vaga já estava garantida. Mas, em Milão, a Inter fez uma partidaça e devolveu os 3 a 0, com dois gols de Brozovic e um de Perisic – dupla que brilharia anos depois na Croácia vice-campeã da Copa do Mundo da FIFA.
A partida foi para a prorrogação, que foi muito tensa e cheia de faltas e cartões – cinco amarelos. A igualdade persistiu e a disputa da vaga foi para os pênaltis. Nela, a Juventus venceu por 5 a 3 e garantiu a vaga na decisão. O rival foi o Milan e a Juventus venceu por 1 a 0, com o gol anotado na prorrogação por Álvaro Morata, que garantiu a festa bianconeri no Estádio Olímpico de Roma. Contrastando com as alegrias em casa, a Juventus viveu outra decepção fora dela.
Na Liga dos Campeões da UEFA, a equipe até fez uma campanha sem sustos na fase de grupos e terminou na segunda colocação do Grupo D, atrás apenas do Manchester City-ING. Em seis jogos, os italianos venceram três – 2 a 1 (fora) e 1 a 0 (casa) no City e 2 a 0 no Sevilla (casa) -, empataram dois – 0 a 0 (casa) e 1 a 1 (fora) contra o Borussia Mönchengladbach-ALE – e perderam um – 1 a 0 para o Sevilla (fora). O segundo lugar, porém, colocou no caminho da equipe o Bayern München-ALE logo nas oitavas de final. O duelo foi dificílimo e, na ida, em Turim, Thomas Müller e Robben fizeram 2 a 0 para os bávaros. Tudo parecia perdido, mas Dybala, aos 63’, e Sturaro, aos 76’, empataram o jogo e deram sobrevida à Velha Senhora, que foi até Munique precisando de qualquer vitória.
Mesmo diante de 70 mil pessoas na Allianz Arena e com os desfalques de Chiellini, Dybala e Marchisio – todos lesionados -, a Juventus foi pra cima logo no início e Paul Pogba fez 1 a 0 com cinco minutos de jogo. Aos 14’, uma nova roubada de bola no campo de ataque rendeu ao clube bianconeri jogada que terminou com finalização de Morata, mas a bola foi por cima. Aos 22’, em novo erro defensivo do Bayern, Morata fez o gol, mas ele foi mal anulado – no bate e rebate provocado por Xabi Alonso e Neuer, Lahm dava condições. Se houvesse VAR na época, teria sido gol. Mas a Juve seguiu no ataque e, aos 28’, Morata arrancou do campo de defesa, fez fila e tocou para Cuadrado. O colombiano cortou, deu um drible desconcertante em Lahm, e finalizou: 2 a 0.
O placar era até pequeno tamanha as oportunidades e chances criadas. O Bayern simplesmente não fazia nada e nem parecia treinado por Pep Guardiola. Na segunda etapa, o árbitro teve trabalho e aplicou cartões nos jogadores de ambas as equipes, que demonstraram muito nervosismo nos primeiros sete minutos. Aos 11’, Morata teve ótima chance, mas a bola foi para fora. E tal erro custou caro. Aos 28’, Lewandowski aproveitou cruzamento de Douglas Costa e diminuiu.
O gol incendiou o Bayern, que empatou o jogo aos 45’ + 1’, com o talismã Thomas Müller. O empate inflou o time da casa na prorrogação. E desmoronou a Juventus. Logo aos 3’ do segundo tempo da prorrogação, Thiago fez 3 a 2. E, dois minutos depois, Coman fez valer a lei do ex e engatilhou um contra-ataque letal para fazer 4 a 2 e classificar os alemães para as quartas de final. De novo, o sonho europeu teria que esperar.
Seguindo forte
Para a temporada 2016-2017, a diretoria da Juventus mais uma vez promoveu mudanças no elenco com a venda de alguns atletas e aquisição de outros. O meia Pjanic foi contratado por 32 milhões de euros, além do atacante argentino Gonzalo Higuaín, este por 90 milhões e que vinha de grande passagem pelo Napoli. Quem veio também, sem custos, foi o lateral brasileiro Daniel Alves, ex-Barcelona. As baixas foram Álvaro Morata (negociado ao Real Madrid por 30 milhões de euros), Paul Pogba (vendido ao Manchester United por mais de 105 milhões de euros), Mauricio Isla (vendido ao Cagliari por 4 milhões de euros) e o atacante Simone Zaza (vendido ao West Ham United por 5 milhões de euros). Mais tarde, na janela de inverno, a equipe negociou também o lateral francês Evra e o brasileiro Hernanes.
Mesmo com perdas significativas no elenco, a Juventus continuou extremamente competitiva e ganhou mais força no ataque pela direita. Massimiliano Allegri passou a jogar de maneira mais frequente com três zagueiros, além de optar algumas vezes por Barzagli na lateral direita, Daniel Alves mais avançado, como um ponta, Mandzukic jogando mais aberto pela esquerda e Higuaín centralizado no ataque. A criação e contenção no meio de campo acabou prejudicada com a saída de Pogba, mas ainda sim a Juve foi crescendo ao longo da temporada e mostraria, de novo, que era o rival a ser batido na Itália.
Seis vezes Juve e tri na Copa da Itália
No Campeonato Italiano, a Juventus começou vencendo os três primeiros jogos, mas perdeu o clássico para a Inter na 4ª rodada. Nas quatro rodadas seguintes, a equipe venceu todos, até perder por 1 a 0 para o Milan, na 9ª rodada. A liderança era bianconeri na época, e, mesmo sem engatilhar uma grande sequência de invencibilidade naquele início de torneio, a Velha Senhora conseguiu manter a ponta. Só a partir da 21ª rodada que a Madama conseguiu ficar até a 35ª rodada sem perder. Napoli e Roma, concorrentes diretos, não foram capazes de tirar a vantagem da Juventus, embora a Roma tenha tentado atrapalhar a rival com uma vitória por 3 a 1, no Olímpico, na rodada 36.
Dependendo apenas de si para ser campeã com uma rodada de antecipação, a Juventus encarou o Crotone, em casa, na rodada 37 e venceu por 3 a 0, gols de Mandzukic, Dybala e Alex Sandro, resultado que garantiu o 34º Scudetto da história do clube e ainda o inédito hexacampeonato consecutivo do Campeonato Italiano à bianconeri, algo que jamais havia acontecido no torneio. Outro recorde alcançado pela equipe foi permanecer outra temporada jogando em casa sem perder. Desde 23 de agosto de 2015, a equipe acumulou 53 partidas atuando no Allianz Stadium e não perdeu nenhum!
Na campanha da Série A de 2016-2017, a Juve disputou 19 partidas em casa, venceu 18 e empatou uma. No geral, foram 38 jogos, 29 vitórias, quatro empates, cinco derrotas, 77 gols marcados e 27 gols sofridos. A Velha Senhora somou 91 pontos, enquanto a Roma ficou com 87 e o Napoli com 86. Gonzalo Higuaín foi o artilheiro do time com 24 gols, seguido de Dybala, com 11 gols, e Mandzukic, com 7 gols.
Para completar outra temporada perfeita em casa, a Juventus levantou o tricampeonato consecutivo da Copa da Itália (façanha inédita na competição). A campanha começou com uma vitória por 3 a 2 sobre a Atalanta, seguida de um 2 a 1 pra cima do Milan, nas quartas. Nas semifinais, a Velha Senhora derrotou o Napoli por 3 a 1, em casa, e, mesmo com a derrota por 3 a 2 em Nápoles, conseguiu a vaga na final. Nela, Daniel Alves e Bonucci fizeram os gols do triunfo por 2 a 0 sobre a Lazio.
Invictos e dominantes
Os tropeços da Juventus em alguns jogos dentro da Itália não foram vistos na campanha da Liga dos Campeões da UEFA. Ao contrário das duas últimas temporadas, a Juve mostrou força tanto dentro quanto fora de casa e liderou seu grupo na primeira fase, com quatro vitórias e dois empates em seis jogos. Os italianos levaram apenas dois gols e marcaram 11. Na estreia, empate sem gols com o Sevilla-ESP. Depois, goleada de 4 a 0 sobre o Dinamo Zagreb-CRO, fora de casa, e triunfo por 1 a 0 sobre o Lyon-FRA também fora de casa. Na quarta rodada, empate em 1 a 1 com os franceses. E, nas duas últimas rodadas, o time de Allegri venceu o Sevilla (3 a 1, fora) e o Dinamo Zagreb (2 a 0, em casa).
Nas oitavas de final, a Juventus encarou o Porto e, mesmo jogando no Estádio do Dragão, venceu por 2 a 0 a partida de ida, com gols de Marko Pjaca e Daniel Alves. Na volta, em casa, Dybala, de pênalti, fez o gol da vitória por 1 a 0 que classificou os italianos para as quartas de final, etapa na qual a bianconeri reencontrou o Barcelona-ESP, algoz do time lá na final de 2015, ainda com o trio MSN e que havia se classificado de maneira épica: depois de perder por 4 a 0 o duelo de ida e sofrer um gol no Camp Nou, o time catalão aplicou 6 a 1 no PSG e conseguiu a maior virada da história dos mata-matas da Liga dos Campeões da UEFA.
No entanto, a Juve fez uma partidaça jogando em casa o primeiro jogo e venceu por 3 a 0, gols de Dybala (2) e Chiellini. Allegri surpreendeu ao colocar seu time pra frente e pressionar bastante o Barcelona. Com uma marcação alta no campo do adversário, muita movimentação entre Dybala, Cuadrado, Khedira, Higuaín e Mandzukic, o time italiano chegou ao primeiro gol logo aos seis minutos. Tempo depois, veio o segundo. E, na segunda etapa, o terceiro gol saiu logo aos 10’. Após o jogo, Dybala comentou sobre a atuação do time.
“Aproveitamos as oportunidades que tivemos, é um resultado positivo por ser contra o Barcelona. Estou feliz, porque desde pequeno que quero viver esse momento e agora consigo. Estamos em um grande momento, com grande confiança para conseguir os objetivos que temos. Sabemos que devíamos fazer um resultado positivo, se possível, não sofrer gols. Sabíamos que era possível, porque somos uma equipe que marca muito bem e hoje foi assim.”
Na volta, no Camp Nou tomado por mais de 96 mil pessoas, a torcida acreditava em uma nova virada épica do Barça, mas a Juventus foi a Juventus. Intransponível na defesa, metódica no ataque, fria como sempre, a equipe italiana não deu chance alguma para o poderoso ataque blaugrana e o placar de 0 a 0 classificou a Velha Senhora para a semifinal, na qual o time teria pela frente a sensação Monaco, do jovem Mbappé. Outra vez encarar o time monegasco em uma UCL trazia boas recordações, pois foi vencendo ele que a equipe alcançou as finais de 1998 e 2015.
Com um ataque devastador, o time de Leonardo Jardim esperava acabar com aquela zica diante da Juve, só que havia um porém: a Velha Senhora tinha a melhor defesa de toda a UCL, com dois gols sofridos lá na fase de grupos e mais nada. Buffon, Barzagli, Bonucci, Chiellini – o “trio BBC” da Juventus, em alusão ao BBC (Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo) do Real na época – eram os expoentes de um paredão praticamente intransponível, que ainda tinha Marchisio e Pjanic no meio e uma linha de frente respeitável com Dybala, Mandzukic e Higuaín. No duelo de ida, no Louis II lotado, o Monaco tentou, mas não conseguiu furar a zaga italiana. Já a Juventus marcou duas vezes, uma em cada tempo e ambas com o artilheiro Higuaín, e venceu por 2 a 0.
Na volta, em Turim, a Juve abriu 2 a 0 ainda no primeiro tempo, Mbappé descontou na segunda etapa, mas não adiantou: o Monaco foi eliminado pela terceira vez na história pela Velha Senhora. O técnico Allegri, após a confirmação da vaga em mais uma final, disse que seu time estava em melhores condições do que em 2015. “É um momento maravilhoso, e merecemos porque chegamos aqui pelo trabalho feito e pela torcida. Estamos mais seguros do que há dois anos. Há no ar muito mais otimismo e crença em tudo comparado a Berlim. Crescemos muito. Isto me faz estar tranquilo antes da final, e a equipe também. Todos estão satisfeitos com o que fizemos, mas agora devemos levar para casa a taça”, comentou o treinador, ao site Goal.com. O problema é que o adversário da Juventus era o Real Madrid, vivendo a melhor fase de sua Era Zidane e CR7, campeão em 2016 e querendo o bicampeonato seguido.
Pane geral
Antes da grande final europeia de 2017, disputada em Cardiff, a Juventus era considerada por muitos a favorita ao título. Após eliminar Porto-POR, Barcelona-ESP e Monaco-FRA, a Velha Senhora estava em sua segunda decisão em três anos e queria acabar de uma vez por todas com a sina de vices que a perseguia desde o último título de 1996. E o torcedor bianconeri se apegava ao retrospecto recente favorável em duelos contra o Real Madrid e a grandes vitórias sobre os espanhóis, em especial o histórico triunfo nas semis de 2002-2003 (leia mais clicando aqui). Só que alguém esqueceu de avisar os italianos que do outro lado estava um time altamente perigoso e que dificilmente perdia finais de Liga dos Campeões.
Após um domínio bianconeri nos primeiros 20 minutos, o Real se mandou para o ataque e abriu o placar com Cristiano Ronaldo, que bateu de primeira após receber cruzamento rasteiro de Carvajal. Foi o gol de número 500 do Real Madrid na história da competição. Sete minutos depois, Mandzukic empatou num golaço acrobático. O duelo seguiu equilibrado, mas, na segunda etapa, o Real mudou a partida. Pressionou a Juventus em seu próprio campo de defesa. Forçou o erro de passe. Isco passou a jogar mais pela esquerda. O meio de campo foi engolindo os italianos. E os gols começaram a surgir.
Primeiro, com Casemiro, num chutaço de fora da área, aos 16’. Três minutos depois, Modric interceptou uma rebatida da zaga, tabelou com Carvajal pela direita e cruzou para a área. Quem estava lá? Cristiano Ronaldo, que completou de primeira para fazer 3 a 1. Era só contar os minutos para o bi. Aos 45’, Cristiano cobrou falta, ela explodiu na barreira e caiu na esquerda do campo. Marcelo deixou um adversário no chão, conduziu a bola pela linha de fundo e cruzou para a área. Asensio apareceu e decretou a goleada: 4 a 1. A Juventus estava destroçada. Até a final, a equipe italiana havia levado apenas três gols em 12 jogos. Levou quatro em apenas um… Era uma vez o sonho do tri.
Rumo aos 9 e o fim
Após a perda do título europeu, a Juventus começou a perder força no cenário internacional exatamente na temporada 2017-2018, quando acabou eliminada (de maneira polêmica) nas quartas de final da UCL para o Real Madrid, que aplicou 3 a 0 na equipe em plena Turim, com o lendário gol de bicicleta de Cristiano Ronaldo, tento que fez o time italiano, inclusive, contratar o português tempo depois. Após um jogo tão maiúsculo na ida, os torcedores merengues esperavam um duelo pelo menos um pouco parecido na volta. Foi, mas pendente à Juventus. A equipe italiana foi valente e precisa, abriu 2 a 0 no primeiro tempo com Mandzukic, viu Buffon realizar defesas dignas do gigante que ele sempre foi para frear o ataque rival e ainda abriu 3 a 0 no placar antes dos 20 minutos da segunda etapa.
O jogo seguiu tenso, o Real teve um gol de Isco anulado por suposto impedimento, Varane cabeceou bola na trave, nada estava decidido. Não até chegar os acréscimos, quando o árbitro apitou pênalti de Benatia em Lucas Vázquez. Foi um lance bastante duvidoso, de interpretação, digno de VAR. Parecia que de fato Vázquez foi atropelado. Mas, por outros ângulos, o toque do jogador da Juve não era suficiente para o madrileno desabar daquele jeito. Mas, como não tinha nenhum auxílio tecnológico ao juiz Michael Oliver, o pênalti aconteceu, para desespero de Buffon, que reclamou tanto que foi expulso.
O goleiro polonês Szczęsny entrou para tentar virar herói e assegurar a prorrogação, mas Cristiano Ronaldo converteu a cobrança, chegou aos 10 gols em cima da Juve e colocou o Real na semifinal. Em casa, a Juventus seguiu imbatível e levantou os campeonatos italianos de 2017-2018, 2018-2019 e 2019-2020, completando uma dinastia de 9 troféus seguidos, algo que dificilmente veremos de novo tão cedo.
Na Copa da Itália, a equipe venceu o torneio mais uma vez em 2017-2018, mas só voltaria a levantá-lo em 2020-2021. Allegri deixou o comando da Juve em 2019 (e voltaria em 2021) e a equipe acabou perdendo a força também dentro de casa, onde não vence o Campeonato Italiano desde 2020. Mesmo sem o troféu europeu, o esquadrão de 2014-2017 entrou para a história do clube como um dos mais competitivos e vencedores, além de construir a base do impressionante eneacampeonato que confirmou o retorno triunfal da Velha Senhora da Terceira Estrela.
Os personagens:
Buffon: um dos maiores goleiros de todos os tempos, Buffon continuou sua lenda na Juventus com atuações de gala e a conhecida regularidade naqueles anos de ouro. O craque atuou em 685 jogos pela Juve na carreira, o 2º na lista histórica. Além disso, detém o recorde de títulos pela Juventus na história com 21 taças. Só faltou mesmo a Liga dos Campeões… Leia mais sobre Buffon clicando aqui!
Barzagli: depois de rodar por vários clubes de menor expressão na Itália e jogar no Wolfsburg, onde venceu a Bundesliga e viveu anos mágicos, o zagueiro foi contratado pela Juventus em 2011, já com 30 anos. Experiente e presente no elenco campeão mundial da Itália em 2006, Barzagli se tornou uma das referências defensivas da equipe bianconeri até 2019, quando se aposentou dos gramados. Além de atuar muito bem no miolo da zaga, podia fazer o papel de lateral-direito mais defensivo, liberando os meias no setor. Era muito forte fisicamente e perito na antecipação das jogadas. Foi um dos melhores zagueiros dos anos 2010 e disputou 281 jogos pela Velha Senhora.
Bonucci: entre 2010 e 2017, Leonardo Bonucci foi o toque de classe na zaga bianconeri, destoando de seus companheiros, mais adeptos da força física e da marcação. Bonucci tinha qualidade no passe e fazia lançamentos precisos de longa distância, além de aparecer no ataque e marcar importantes gols de cabeça em jogadas de bola parada. Seu único porém foi ter trocado a Juventus pelo Milan na temporada 2017-2018, o que gerou revolta na torcida. Ele retornou já em 2018 e se desculpou pelo “deslize”. Pela seleção da Itália, Bonucci foi um dos destaques na conquista da Eurocopa de 2020, marcando um gol na decisão contra a Inglaterra. Em suas duas passagens pela Velha Senhora, Bonucci disputou 502 jogos e marcou 37 gols pela equipe.
Chiellini: apenas um jogador pode dizer que foi nove vezes campeão consecutivo do Campeonato Italiano na história: Giorgio Chiellini, ídolo e referência defensiva da Velha Senhora de 2004 até 2022, com apenas um hiato entre 2004-2005, quando foi emprestado à Fiorentina. Marcador implacável, raçudo, líder e inteligente taticamente, Chiellini podia jogar tanto em sistemas com três zagueiros quanto com dois zagueiros. Com 561 jogos e 36 gols marcados, Chiellini é um dos recordistas em partidas na história da Juventus. O zagueiro brilhou também na seleção da Itália, pela qual venceu a Eurocopa de 2020.
Daniel Alves: o brasileiro jogou apenas uma temporada na Juventus e contribuiu nas jogadas ofensivas do time durante as caminhadas dos títulos nacionais e na campanha do vice-campeonato da UCL. Foram 33 jogos, seis gols e sete assistências.
Lichtsteiner: com muita vitalidade e fôlego para ir e voltar na lateral-direita, o suíço chegou em 2011 à Juventus e permaneceu até 2018. Com características mais ofensivas, gostava de atacar e contribuía bastante nos cruzamentos e jogadas pelas pontas. Em 258 jogos pela Juventus, Lichtsteiner disputou 258 jogos, marcou 15 gols e deu 31 assistências.
Cuadrado: o colombiano chegou em 2015, por empréstimo do Chelsea e após a boa Copa do Mundo que fez pela Colômbia em 2014, e rapidamente ganhou espaço no time de Allegri por conta de sua velocidade, criatividade e presença massiva no ataque, além de se transformar em um dos principais garçons do time. Após o período de emprestimo, a Juve comprou seu passe em definitivo e ele permaneceu até 2023. Cuadrado disputou 314 jogos, marcou 26 gols e deu 65 assistências em sua passagem por Turim.
Pjanic: após brilhar pela Roma entre 2011 e 2016, o bósnio chegou à Juventus para a temporada 2016-2017 e foi essencial para o meio de campo do time bianconeri com seus passes precisos, cadência e lançamentos. Ele permaneceu na Juve de 2016 até 2020, disputou 178 jogos, marcou 22 gols e deu 41 assistências.
Pirlo: extremamente identificado com o Milan, onde jogou por mais de 10 anos, Pirlo chegou à Juventus com ares de desconfiança da torcida. Mas, em campo, o maestro provou com golaços, jogos impecáveis e assistências que sempre foi um fora de série. Entre 2011 e 2015, Pirlo foi um dos principais nomes do meio de campo da Velha Senhora e compôs ao lado de Pogba e Marchisio um tridente inesquecível para o torcedor. Foram 164 jogos, 19 gols e 39 assistências pela Juve. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Hernanes: o brasileiro, que viveu grandes momentos na Lazio, permaneceu duas temporadas na Juve, mas não teve tantas oportunidades por conta da forte concorrência no meio de campo na época. Ele disputou apenas 33 jogos e marcou dois gols.
Khedira: campeão do mundo com a seleção alemã em 2014 e já consagrado, Khedira chegou em 2015 à Juventus para suprir a saída de Pirlo e trouxe muita qualidade ao meio de campo da equipe. Jogando ao lado de Pogba, ajudava tanto na marcação quanto na criação, graças à sua ótima saída de bola e visão de jogo. Foram 145 jogos, 21 gols e 14 assistências pela Juve entre 2015 e 2021.
Pogba: o meio-campista francês viveu provavelmente os melhores anos de sua carreira com a camisa da Juventus. Entre 2012 e 2016, conseguiu jogar em altíssimo nível, não sofreu com tantas lesões como sofreu após 2018 e se transformou em uma estrela mundial. Marrento, podia alternar jogos abaixo da média com outros dignos de nota 10. Naquela primeira passagem, Pogba disputou 178 jogos e marcou 34 gols, além de ter contribuído com 40 assistências. Pela seleção francesa, Pogba ajudou os Bleus a alcançar a final da Euro de 2016 e, dois anos depois, jogou demais na campanha do título mundial de 2018, marcando gol na final. Depois disso, não conseguiu mais jogar em alto nível e segue no ostracismo e nos departamentos médicos. Uma pena.
Marchisio: cria das bases da Juventus, Marchisio jogou por mais de 12 anos na Velha Senhora e acumulou títulos e mais títulos na equipe bianconeri. Meio-campista muito consistente, com qualidade nos passes, desarmes e marcação, foi essencial no sucesso da equipe naquela década de 2010, principalmente entre 2011 e 2015. Marchisio disputou quase 400 jogos pela Juventus e marcou 37 gols.
Alex Sandro: depois de se destacar no Santos campeão da América em 2011, o lateral foi jogar no Porto, onde manteve a boa fase ao longo de quatro temporadas. Em 2015, foi contratado pela Juventus e conseguiu espaço no time graças à regularidade, bons passes e presença no ataque. Alex Sandro jogou de 2015 até 2023 na Juventus e acumulou 309 jogos com a camisa bianconeri, além de marcar 15 gols e dar 28 assistências. O brasileiro ganhou 12 títulos pela Velha Senhora.
Evra: um dos mais talentosos laterais-esquerdos dos anos 2000 e 2010, Patrice Evra já havia ganhado praticamente tudo com a camisa do Manchester United quando chegou à Juventus, em 2014. Veterano, seguiu em alta e ajudou muito o time por sua capacidade de ajudar em ambas as pontas do campo. Atlético, sempre teve boa aceleração e, apesar de seu tamanho, era fisicamente forte e bom no jogo aéreo, o que também lhe permitia ser escalado como zagueiro ocasionalmente. Foram 82 jogos e três gols pela Juventus entre 2014 e 2017.
Higuaín: o argentino viveu grande fase na Juventus, pela qual foi o artilheiro na temporada 2016-2017 com 32 gols em 55 jogos, além de ter anotado 5 gols em 12 jogos na campanha do vice-campeonato da UCL. Embora tenha sofrido com as críticas ao longo da carreira pelos gols perdidos do que os feitos (uma clássica injustiça do futebol que infelizmente sempre vemos no cotidiano do esporte), Higuaín foi um dos grandes atacantes do futebol mundial nos anos 2010 e detém o recorde de gols em uma só edição de Série A do Calcio até hoje: 36 gols, na temporada 2015-2016, defendendo o Napoli. Só ele, Ciro Immobile (Lazio 2019-2020) e Gino Rossetti (Torino 1928-1929) conseguiram atingir tal marca. Ele jogou na Juventus de 2016 até 2020, disputou 149 jogos, marcou 66 gols e contribuiu com 16 assistências.
Tevez: depois de ajudar o Manchester City no início de sua caminhada endinheirada, Tevez foi contratado pela Juventus em 2013 e virou a grande arma ofensiva do time até 2015. Com um intenso trabalho físico feito pela equipe de nutricionistas do clube, o argentino perdeu peso, ficou mais forte e se transformou em um dos mais letais atacantes do mundo naquela época. Foram 21 gols em 48 jogos na temporada de estreia, em 2013-2014, e outros 29 gols em 47 jogos na época 2014-2015, quando ajudou a Juve a alcançar a decisão da UCL. Ele poderia ter ficado muito mais tempo, mas a saudade de casa e uma proposta do Boca Juniors fizeram o atacante retornar à Argentina já em 2015. Além dos 50 gols pela Juve em 96 jogos, ele ainda deu 19 assistências.
Zaza: atacante com bom porte físico e presença de área, jogou na Juventus apenas uma temporada inteira, em 2015-2016, e acabou saindo por falta de espaço na equipe. Disputou 24 jogos e marcou 8 gols.
Dybala: cria do Instituto de Córdoba, o atacante chegou ao futebol italiano em 2012, quando defendeu o Palermo até 2015. Naquele ano, foi contratado pela Juventus e virou ídolo da torcida com seus gols, passes, dribles e muita criatividade em campo. La Joya foi peça fundamental nos títulos da Juve no período de 2015 até 2020, principalmente nas temporadas 2015-2016 e 2017-2018. Além dos gols e passes, Dybala se destacou na equipe bianconeri pela resistência e contribuição defensiva sem a bola, além de ter grande visão de jogo e inteligência tática. Ele jogou na Juventus até 2022, disputou 293 jogos, marcou 115 gols e deu 48 assistências.
Vidal: o meio-campista jogou de 2011 até 2015 na Juventus e fez o técnico Antonio Conte mudar o esquema de jogo da equipe só para encaixar o chileno, que esbanjou classe, bons passes e presença no ataque nas conquistas nacionais do período. Sua boa fase também foi vista na seleção do Chile, pela qual ele brilhou na Copa do Mundo de 2014 e nas conquistas da Copa América de 2015 e também de 2016. Em 171 jogos pela Juve, Vidal marcou 48 gols e deu 25 assistências.
Mandzukic: o artilheiro croata chegou já consagrado por suas passagens pelo Bayern e Atlético de Madrid e foi muito importante para dar alternativas de ataque e criação de espaços nas defesas rivais. Em quatro temporadas, Mandzukic marcou 44 gols e deu 18 assistências em 162 jogos. Fez um belo gol na final da UCL de 2017. Em 2018, foi um dos destaques da Croácia vice-campeã da Copa do Mundo da FIFA.
Morata: o espanhol chegou em 2014, após poucas oportunidades no Real Madrid, e mostrou boa presença de ataque e muita regularidade. O atacante viveu um dos melhores momentos da carreira vestindo a camisa bianconeri e, além de marcar gols, foi um importante garçom no ataque. Em 185 jogos pela Juve, contabilizando suas duas passagens, Morata marcou 59 gols e deu 39 assistências.
Fernando Llorente: após anos de ouro com a camisa do Athletic Bilbao, o espanhol chegou em 2013 à Juventus e fez uma grande temporada em 2013-2014, quando marcou 18 gols em 45 jogos. Na época seguinte, disputou os mesmos 45 jogos, quase sempre entrando no decorrer das partidas, e marcou 9 gols. Sem espaços, acabou deixando o clube na época 2015-2016.
Massimiliano Allegri (Técnico): mesmo sem um título da UCL – vamos combinar, ele deu um azar danado em ter enfrentado o Barça do trio MSN e o Real de CR7 justamente em finais europeias… – Allegri marcou época como um dos mais importantes e vencedores técnicos da história da Juventus e conseguiu, mesmo com tantas mudanças no elenco, manter a Velha Senhora extremamente competitiva e vencedora. O time não era encantador de se ver, mas teve disciplina tática, força ofensiva e personalidade para superar os desafios tanto na Itália quanto em suas caminhadas europeias. Em sua primeira passagem pela Juventus, de 2014 até 2019, Allegri comandou o time em 271 jogos, venceu 191, empatou 43, perdeu apenas 37, registrou 511 gols marcados e 195 sofridos, um aproveitamento notável de 70,48%.
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Um time que eu queria entre os esquadrões imortais! O Imortais tem razão em que a Juve foi a única da Itália a fazer bonito nesse tempo, tanto que ganhou 9 dos 10 campeonatos italianos na época. Não venceu a Champions, mas não acho que foi vacilo. O Barcelona e o Real Madrid estavam sedentos pela Orelhuda!
Apesar da Juve ter feito um reinado histórico no Italiano, ainda acho chato o fato do Calcio não ter mais os bons tempos de outrora! Abraço, Imortais!