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Esquadrão Imortal – Roma 2000-2001

AS Roma 2000-01
Cafu, Delvecchio, Antonioli, Marcos Assunção, Batistuta, Rinaldi, Di Francesco, Totti, Candela, Mangone e Samuel.
 

Grandes feitos: Campeã Italiana (2000-2001) e Campeã da Supercopa da Itália (2001).

Time base: Antonioli (Lupatelli); Zebina, Samuel e Antônio Carlos Zago (Aldair); Cafu, Tomassi (Marcos Assunção), Cristiano Zanetti (Emerson / Guigou), Totti e Candela; Batistuta e Montella (Delvecchio / Nakata). Técnico: Fabio Capello.

 

“Il Scudetto di Roma, 18 anos depois”

Por Guilherme Diniz

Quando o século XX terminou, os torcedores da AS Roma não tiveram muito que comemorar. O clube da capital italiana não vencia um grande título há 18 anos, a rival Lazio tinha acabado de levantar o Scudetto e a cidade eterna ganhava como cores predominantes o azul-celeste e o branco. Mas, na primeira temporada do século XXI, novos ares arejaram o Coliseu e o imponente estádio Olímpico. Era hora de a turma Giallorossi voltar a sorrir. Vibrar. Cantar a plenos pulmões. E, assim como nos anos 80, ter mais um maestro no meio de campo para amar e adorar. Com argentinos, brasileiros, franceses e um filho pródigo bem italiano e legítimo cavaleiro romano, Francesco Totti, a Roma não deixou a torcida da Lazio celebrar por muito tempo e conquistou, na temporada 2000-2001, seu terceiro título nacional de maneira incontestável e inesquecível.

Com um futebol eficiente, equilibrado e legitimamente competitivo como manda o script do técnico Fabio Capello, a equipe trucidou os rivais e repintou a capital italiana com o grená e o amarelo que temperaram os mais diversos gramados do Calcio. Foi uma das maiores festas já vistas na Itália e mais de um milhão de torcedores lotaram o Circo Massimo, muito mais gente do que a própria Seleção Italiana levou às ruas após o título mundial de 2006, uma façanha que só a Roma consegue proporcionar. Afinal, quando a equipe da loba vence, é com estilo e com pompa. É hora de relembrar.

 

A questão do orgulho

Um novato Totti com o manto da Roma: ver a rival Lazio ser campeã mexeu com o brio romanista.
Um novato Totti com o manto da Roma: ver a rival Lazio ser campeã mexeu com o brio romanista.
 

 

Há mais de uma década enfrentando um incômodo jejum, a Roma teve seu orgulho ferido quando a rival Lazio começou a montar um esquadrão cheio de craques no final do século XX. Graças ao dinheiro de Sergio Cragnotti, o time celeste reuniu estrelas como Nesta, Mihajlovic, Stankovic, Simeone, Verón, Roberto Mancini, Nedved, Salas, Vieri e Crespo e conquistou títulos inéditos e históricos. Teve Recopa da UEFA, Supercopa da UEFA, Supercopas da Itália, Copas da Itália e um Campeonato Italiano, este na temporada 1999-2000. Ver o maior rival levantar taças a rodo e ficar de mãos abanando foi a gota d´água para os romanistas, em especial para o presidente Franco Sensi, que não titubeou em fazer da temporada seguinte ao Scudetto da Lazio a derradeira para sua querida Roma voltar a sorrir.

Capello, técnico da Roma.
Capello, técnico da Roma.
 

 

Naquela época, o time da loba já era dirigido por Fabio Capello, um dos mais vitoriosos da história do Calcio, e contava com bons nomes no elenco como os zagueiros Antônio Carlos Zago e Aldair (ídolo e veterano, prestes a se aposentar), o lateral-esquerdo francês Vicente Candela, o lateral-direito brasileiro Cafu, os volantes italianos Cristiano Zanetti e Damiano Tommasi, o meia japonês Nakata, o atacante italiano Vicenzo Montella e o queridinho da torcida Giallorossi: Francesco Totti, que, com apenas 24 anos, já era capitão da esquadra grená e comandava com habilidade, técnica e um chute poderoso praticamente todas as jogadas de ataque. Após uma temporada 1999-2000 apenas mediana, o presidente Sensi abriu o bolso e contratou a revelação argentina Walter Samuel (que venceu a Copa Libertadores de 2000 com o Boca Juniors-ARG), e o francês Jonathan Zebina, ambos para compor a zaga romana.

Para o meio de campo, chegaram o uruguaio Gianni Guigou e o brasileiro Emerson. Mas foi no ataque que Sensi fez questão de comprar um verdadeiro diamante: Gabriel Batistuta, argentino que fizera história na Fiorentina por quase uma década e consagrado no mundo inteiro como um dos mais talentosos e perigosos atacantes de seu tempo. Com milhões de dólares gastos em contratações (sendo mais de 30 só com Batigol), a Roma tinha, enfim, um elenco forte o bastante para brigar por um grande título que não vinha desde os tempos de Falcão, Conti, Pruzzo e Di Bartolomei, nos anos 1980.

 

Fluência de jogo

Com Batistuta, a Roma ganhou enorme poder de fogo no ataque.
Com Batistuta, a Roma ganhou enorme poder de fogo no ataque.
 

 

Com algumas semanas de treinamento, Fabio Capello deu uma nova cara à Roma e deixou os torcedores com grandes perspectivas. Com os reforços para a zaga, o treinador armou sua equipe com três zagueiros e deu mais liberdade para Cafu e Candela atacarem. No meio de campo, Zanetti, Emerson e Tommasi se revezariam entre os titulares e teriam como principal função a marcação, mas sem restrições para eventuais subidas ao ataque. Falando em ataque, Totti seria o grande maestro que possibilitou a Capello transformar o esquema tático da equipe num 3-4-1-2, uma variação do clássico 3-5-2. O camisa 10 seria o garçom de Montella, Delvecchio e Batistuta, e também teria liberdade para marcar gols e mais gols. Era apenas uma questão de tempo para a tática virar prática e funcional, dando ao time um fluxo de jogo muito bom e com grandes variações ofensivas, bem como uma notável segurança defensiva. Os rivais teriam que rever conceitos e se preocupar. A loba estava de volta.

 

Crise e superação

Antes mesmo de o Campeonato Italiano começar, a Roma levou um susto que quase custou o planejamento da temporada inteira. Em setembro, pela Copa da Itália, a equipe levou de 4 a 2 da modesta Atalanta e foi eliminada precocemente da competição, fato que gerou uma revolta imensa na torcida, que foi tirar satisfação com os jogadores e chegou até a dar pontapés nos carros de alguns atletas romanistas. O clima tenso só seria amenizado com um bom início no torneio nacional, bem como na Copa da UEFA. E foi exatamente isso que a equipe da loba fez. Nas três primeiras rodadas do Calcio, vitórias sobre Bologna (2 a 1, gols de Totti e Castellini, contra), Lecce (4 a 0, com dois gols de Batistuta, um de Tommasi e um de Totti), e Vicenza (3 a 1, gols de Totti, Montella e Batistuta). Na Copa da UEFA, a equipe despachou o HIT Gorica, da Eslovênia, com um acachapante 11 a 1 no placar agregado, além de eliminar os portugueses do Boa Vista na fase seguinte, com vitória por 1 a 0 fora de casa e empate em 1 a 1 em casa.

Montella, o goleador romano.
Montella, o goleador romano.
 

 

Na quarta rodada do campeonato, a equipe viajou até Milão e perdeu para a Internazionale por 2 a 0, mas se recuperou nas rodadas seguintes e emendou mais quatro vitórias seguidas: 4 a 2 no Brescia, fora de casa (três gols de Batistuta e um de Candela), 2 a 1 na Reggina, em casa (gols de Totti e Montella), 4 a 1 no Hellas Verona, fora (dois gols de Batistuta, um de Totti e um de Candela), e um icônico triunfo por 1 a 0 sobre a Fiorentina, em casa, com gol de Batistuta, que não comemorou e ainda chorou por marcar contra seu ex-clube. Em dezembro, a equipe encerrou o ano da melhor maneira possível: no topo da tabela e classificada na Copa da UEFA.

Após empatar sem gols contra o Perugia, fora de casa, a equipe venceu a Udinese, em casa, por 2 a 1 (gols de Batistuta e Totti), e bateu a rival Lazio, por 1 a 0 (gol contra de Negro), com mais de 80 mil pessoas no estádio Olímpico. No último compromisso pelo Calcio de 2000, os romanos empataram sem gols com a Juventus e celebraram o réveillon na primeira posição, que era ostentada desde a sexta rodada. Na Copa da UEFA, a loba eliminou o Hamburgo-ALE após vencer a partida de ida, em casa, por 1 a 0 (gol de Guigou), e golear os alemães fora de casa por 3 a 0 (gols de Aldair, Delvecchio e Samuel). Se a temporada havia começado terrivelmente, a etapa de inverno terminava com promissores ventos pelas bandas do estádio Olímpico.

 

Esqueça o fantasma. Foco no Scudetto!

European Football - UEFA Cup - 4th Round 1st Leg - AS Roma v Liverpool FC

No final do primeiro turno, a Roma deu o troco na Atalanta e a venceu, fora de casa, por 2 a 0 (gols de Delvecchio e Tommasi). Nas duas rodadas seguintes, tropeços: empate em 1 a 1, em casa, contra o Bari, e derrota por 3 a 2, fora, para o Milan. No final de janeiro, a loba voltou a vencer e despachou o Napoli, em casa, por 3 a 0 (gols de Delvecchio, Totti e Batistuta), e o Parma, fora, por 2 a 1 (dois gols de Batistuta). Mas, no sereno caminho da equipe, apareceu um velho fantasma vindo da Inglaterra: o Liverpool. Algoz da final da Liga dos Campeões de 1984, o time vermelho voltou a triunfar sobre a Roma em uma competição internacional. Nas oitavas de final da Copa da UEFA, os ingleses venceram o time de Capello por 2 a 0 em pleno estádio Olímpico com dois gols de Michael Owen. Na volta, a Roma até venceu por 1 a 0, mas o resultado não foi suficiente para eliminar os Reds, que seguiram firme rumo ao título.

Àquela altura, a Roma tinha apenas o Campeonato Italiano como compromisso e um time centrado num único objetivo: o título nacional. A equipe já tinha seu padrão de jogo bem estruturado, Totti comandava as ações de ataque tanto com assistências quanto com gols, Batistuta fazia valer cada lira gasta e Capello criava um saudável revezamento entre seus atletas. No ataque, Delvecchio se alternava com Montella ao lado de Batigol. Na zaga, Aldair e Antônio Carlos se dividiam junto a Zebina e Samuel. No meio de campo, a força e os lançamentos de Emerson tinham tanta importância quanto a regularidade e disposição de Zanetti.

A força do conjunto era um grande diferencial daquela Roma, que conseguia bons resultados mesmo enfrentando rivais com ótimos jogadores, como o Parma, de Buffon, Fabio Cannavaro, Thuram, Dino Baggio, Di Vaio e Amoroso, o Milan, de Maldini, Gattuso, Boban, Albertini e Shevchenko, a Juventus, de Van der Sar, Ferrara, Pessotto, Davids, Inzaghi, Del Piero e Zidane, e a Lazio, eterna rival, com Marcheghiani, Nesta, Mihajlovic, Simeone, Verón, Nedved, Salas e Crespo. Qualquer deslize, qualquer tropeço diante dessas feras seria fatal para as pretensões romanistas. Mas a turma comandada por Capello não iria dar chances para o azar no returno.

 

Contagem regressiva

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Para começar o segundo turno de maneira plena, a Roma ficou sete jogos sem perder. Fora de casa, a equipe venceu o Bologna (2 a 1, gols de Batistuta e Emerson), Vicenza (2 a 0, gols de Montella e Emerson), e empatou sem gols com a Reggina. Diante de sua torcida, a equipe venceu o Lecce (1 a 0, gol de Samuel), a Internazionale (3 a 2, em jogo tenso e repleto de grandes lances, com dois gols de Montella e um de Marcos Assunção), o Brescia (3 a 1, com dois gols de Montella e um de Marcos Assunção) e o Hellas Verona (3 a 1, gols de Apolloni, contra, Batistuta e Montella). Só na 25ª rodada que a Fiorentina, jogando em casa, conseguiu impor à Roma sua terceira (e última) derrota no torneio: 3 a 1.  O revés mexeu com os rivais da loba, ainda mais depois que a equipe empatou, em casa (2 a 2), com o Perugia. No entanto, os comandados de Capello foram até Udine e venceram a equipe da casa por 3 a 1 (gols de Montella, Tommasi e Nakata), triunfo que garantiu a primeira colocação por mais uma rodada.

Entre o final de abril e o começo de maio, a Roma teve compromissos cruciais na luta pelo título: dois clássicos, um contra a Lazio e outro contra a Juventus. No primeiro, Batistuta e Delvecchio abriram 2 a 0 para a loba, mas Nedved e Castromán (no minuto final de jogo), empataram o duelo que colocou fogo no campeonato. A Roma teria que viajar até Turim e enfrentar a poderosa Juventus e sair do Stadio delle Alpi viva e sem derrota, pois um tropeço deixaria a Velha Senhora a apenas um ponto da liderança. No dia do jogo, os torcedores romanos começaram a viver um pesadelo quando Del Piero e Zidane abriram 2 a 0 para a Juve com menos de dez minutos. O tempo foi passando e nada de sair mais gols.

Foi então que brilhou a estrela de Capello. O técnico tirou Totti e Zanetti e colocou Nakata e Marcos Assunção, alterações que poderiam ser suicidas, mas se mostraram simplesmente perfeitas. Nakata mudou a história da partida quando, aos 34´, o japonês roubou a bola no meio de campo, foi sozinho até a entrada da área e chutou forte para diminuir o placar. O gol esfriou os ânimos dos juventinos e manteve viva a chance do empate romano. E ele veio. Nos acréscimos, Nakata chutou de fora da área, o goleiro deu rebote e Montella escorou para empatar a partida e deixar o Scudetto muito, mas muito mais perto da cidade eterna.

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Dependendo apenas de si para ser campeã, a Roma venceu a Atalanta, em casa, por 1 a 0 (gol de Montella), e goleou o Bari, fora, por 4 a 1 (dois gols de Batistuta, um de Candela e outro de Cafu). Na antepenúltima rodada, o empate em 1 a 1 com o Milan, em casa, deixou a Roma a uma vitória do Scudetto, que poderia vir no duelo contra o Napoli, em Nápoles. No entanto, o time napolitano deu trabalho e arrancou um empate em 2 a 2, resultado que deixou a decisão do título para a última rodada, no melhor cenário possível: estádio Olímpico, casa da Roma, contra o Parma.

 

A epopeia no “Coliseu”

A alegria de Totti tem justificativa: a Roma era campeã da Itália depois de 18 anos.
A alegria de Totti tinha justificativa: a Roma era campeã da Itália depois de 18 anos.
 

 

No dia 17 de junho de 2001, mais de 75 mil pessoas lotaram o estádio Olímpico de Roma e o transformaram num verdadeiro Coliseu. A fanática e bela torcida Giallorossi tinha plena convicção de que seus gladiadores iriam destruir as feras do Parma e conquistar, depois de 18 anos, o Scudetto. Quando entraram em campo, os romanos foram contagiados por uma energia tão forte que ninguém iria derrotá-los naquela tarde. Não adiantava o Parma vir cheio de pompa com Buffon, Fabio Cannavaro, Thuram, Almeyda, Sensini, Milosevic e Di Vaio. A Roma tinha a zaga impecável. O meio de campo forte e combatente. E o melhor e mais assíduo ataque do Calcio. Aos 19´, Totti aproveitou um corta-luz de Batistuta dentro da área para emendar um chutaço de primeira que abriu o placar: 1 a 0. O gol inspirou a dona da casa, que seguiu atacando o Parma e só não fez mais gols porque Buffon operou verdadeiros milagres. Mas, aos 39´, o artilheiro Montella pegou o rebote de um chute de Batigol e ampliou: 2 a 0.

No segundo tempo, a Roma seguiu ávida em busca da vitória e do título que ela tanto queria e tanto merecia. E Batistuta, que tivera participação nos dois gols do jogo, queria porque queria deixar sua marca e completar o trabalho do “tridente de Roma” (Totti-Montella-Batistuta). E foi o que ele fez. Aos 33´, o craque argentino recebeu, cortou o zagueiro e fuzilou: 3 a 0. A festa estava completa. Nem o gol de honra do Parma, marcado por Di Vaio, conseguiu impedir o frenesi da torcida, que invadiu o gramado antes do apito final e fez transbordar a alegria no gramado do Coli… Digo, do Olímpico.  

17-giugno-2001

A Roma era tricampeã italiana e mantinha o Scudetto na capital da Itália, algo inédito na história do futebol do país. Depois do título da Lazio, em 2000, era vez da Roma celebrar e coroar um time brilhante e que fez uma campanha incontestável: 75 pontos, 34 jogos, 22 vitórias, nove empates, três derrotas, 68 gols marcados (melhor ataque) e 33 gols sofridos. Gabriel Batistuta foi o artilheiro do time com 20 gols, seguido de Montella e Totti, ambos com 13. Além disso, a Roma foi líder da 6ª até a 34ª rodada, teve a melhor média de público do campeonato (64.720 pessoas por jogo) e não perdeu uma partida sequer em casa. O título foi saboreado sem moderação e com uma enorme e apoteótica festa na capital, com mais de um milhão de pessoas festejando no Circo Massimo, que voltou a ser palco de muita comemoração como nos tempos da Roma Antiga.

A multidão no Circo Massimo faz a festa com o título da Roma.
A multidão no Circo Massimo faz a festa com o título da Roma.
 

 

Bailes no rival e o fim

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Após o título nacional, a Roma conquistou a Supercopa da Itália de 2001, quando bateu a Fiorentina por 3 a 0 (gols de Candela, Montella e Totti). Com praticamente a mesma base da temporada de glórias, a equipe disputou a Liga dos Campeões da UEFA com grandes ambições, mas outra vez o Liverpool cruzou o caminho dos Giallorossi, que perderam por 2 a 0 a última partida da segunda fase do torneio e deram adeus à fase de mata-mata. No Campeonato Italiano, a Roma lutou pelo título até a última rodada, fez partidas brilhantes, mas empatou jogos demais e acabou perdendo o Scudetto para a Juventus por apenas um ponto. A loba teve apenas duas derrotas, o melhor ataque (ao lado da Juve, com 64 gols), a segunda melhor defesa (24 gols sofridos), e ainda venceu a campeã Juventus em plena Turim, no primeiro turno, por 2 a 0. Mas o empate sem gols em casa, no returno, foi crucial para a turma romana não celebrar o tetra.

A Roma já na temporada 2001-2002, durante a Liga dos Campeões da UEFA. Em pé: Zebina, Cafu, Panucci, Candela, Antonioli e Samuel. Agachados: Totti, Lima, Batistuta, Tommasi e Emerson.
 

 

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Embora não tenha levantado o sonhado bicampeonato consecutivo, a Roma deu ao seu torcedor dois momentos memoráveis: as duas vitórias sobre a Lazio, tanto no turno quanto no returno. A primeira foi por 2 a 0, com gols de Delvecchio e Totti. Já a segunda foi simplesmente épica e rendeu inúmeras gozações ante os rivais celestes: 5 a 1, com quatro gols de Montella e uma pintura de cobertura de Totti, num vareio que serviu para encerrar aquela geração de ouro comandada por Fabio Capello, que se despediu da equipe em 2004 para seguir sua carreira de sucesso e títulos pela Juventus e, depois, pelo Real Madrid.

O golaço de Totti...
O golaço de Totti…
 

 

... E o placar que nenhum romanista consegue esquecer.
… E o placar que nenhum romanista consegue esquecer.
 

 

Depois do auge, a loba teve um momento de queda e voltou a vibrar entre 2006 e 2008, quando venceu duas Copas da Itália e uma Supercopa. Mas aqueles troféus não chegaram nem perto da glória do time de 2000-2001, que deu aos torcedores um novo ídolo para adorar (Totti) e um emblemático esquadrão para imortalizar.

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Os personagens:

Antonioli: não foi uma unanimidade na posição, mas deu conta do recado durante a temporada. Podia fazer grandes partidas e cometer erros grotescos, como nos tempos em que defendeu o Milan, nos anos 90. Após quase cinco anos na Roma, Antonioli foi jogar na Sampdoria, em 2003.

Lupatelli: com boa estatura, o goleiro disputou algumas partidas na temporada e foi uma das opções de Capello para o setor mais frágil daquela Roma. Jogou na equipe de 1999 até 2004.

Zebina: com boa presença de área, força e raça, o francês caiu nas graças da torcida e virou titular absoluto do esquema tático de Capello. Fez um ótimo Campeonato na temporada 2000-2001 e mostrou muita segurança nas jogadas aéreas e até como falso lateral-direito para cobrir os espaços deixados por Cafu. Após sua passagem pela Roma, foi jogar na Juventus.

Samuel: depois de brilhar no Boca Juniors campeão da Copa Libertadores de 2000, o argentino vestiu com maestria a camisa da Roma e mostrou porque era um dos mais talentosos zagueiros da época. Com segurança nas jogadas pelo chão e pelo alto, ótimas antecipações, boa impulsão e força nos desarmes, Samuel foi titular da zaga romana e brilhou intensamente na equipe entre 2000 e 2004.

Antônio Carlos Zago: com fama no São Paulo e no Palmeiras, o brasileiro esbanjou segurança na zaga romana e foi uma das peças fundamentais do coeso esquema tático da loba. Sem brincar em serviço e jogando para o time, Zago fez um ótimo campeonato e ganhou muitos elogios da torcida e imprensa.

Aldair: veterano, o zagueiro viveu seus últimos momentos de glória com a camisa da Roma na temporada 2000-2001. Já sem a vitalidade de antes, Aldair jogou bem menos do que nos anos anteriores, mas cumpriu seu papel com a regularidade de sempre e o futebol discreto, mas muito eficiente. Mito em Roma, o defensor disputou 435 jogos entre 1990 e 2003 na loba e teve até sua camisa, a de número 6, aposentada, além de ter sido incluído no Hall da Fama do clube por seus serviços prestados em mais de uma década. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Cafu: veloz como sempre e com o fôlego nas alturas, Cafu ganhou o coração da torcida romana e foi um dos principais jogadores da equipe entre 1997 e 2003. Com cruzamentos, passes precisos, intensa presença no ataque e sem grandes obrigações defensivas no esquema 3-5-2, o lateral deitou e rolou na temporada 2000-2001 e ajudou a Roma na conquista do título nacional, bem como nas construções de jogadas de ataque. Depois de tanto brilho, foi jogar no Milan, onde encerrou a carreira, em 2008. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Tomassi: foi uma das grandes revelações da Roma naquela conquista e essencial para a parte tática do time. Polivalente e com grande visão, o meio-campista teve enorme importância na parte coletiva, na marcação e até nos ataques, chegando a marcar vários gols. Suas atuações o levaram para a Seleção Italiana. Jogou durante uma década na loba e virou ídolo da torcida.

Marcos Assunção: com uma precisão impressionante nas bolas paradas, o brasileiro foi outro que se destacou mesmo não sendo titular. Quando entrava, Assunção criava mais chances de gol com seus lançamentos e criava ele mesmo os gols se aparecia alguma falta perto da área adversária.

Cristiano Zanetti: foi o grande cão de guarda do meio de campo e deu muita qualidade ao setor com passes precisos, bom controle de bola e eficiência. Formou uma dupla inesquecível ao lado de Tommasi e jogou de 1999 até 2001 na equipe da capital.

Emerson: fechava a legião de bons brasileiros da Roma e dava ao técnico Capello opções extras para o meio de campo quando necessário. Quase um 12º jogador, Emerson esbanjou categoria, força física e bons lançamentos, além de marcar gols importantes na temporada. Em 2002, seria o capitão da Seleção Brasileira na Copa, mas se lesionou em uma brincadeira e deu lugar ao também romanista Cafu.

Guigou: o uruguaio chegou após boas temporadas no Nacional, mas não teve grandes chances no time titular por causa da forte concorrência. Mesmo assim, teve alguns bons momentos e não comprometeu.

Totti: toques precisos e envolventes, dribles pontuais, precisão cirúrgica em bolas paradas, instinto artilheiro, chutes potentes e certeiros, e a raça de um verdadeiro gladiador. Essas são algumas das características que fizeram Francesco Totti, um romano na alma, no sangue e na carne, ganhar em tão pouco tempo a camisa 10, a braçadeira de capitão e o coração de todo e qualquer torcedor da Roma. Com ele em campo, a loba foi campeã italiana depois de 18 anos e voltou a ter identidade e respeito como há tempos não tinha. Craque maiúsculo e nascido para vestir o manto grená, o craque foi o principal destaque do time naquela era de ouro e se tornou o maior jogador da Itália na época. Embora tenha decepcionado na Copa de 2002, o meia deu a volta por cima em 2006, e conquistou o Mundial com a Azzurra. Um craque imortal que você pode ler mais sobre clicando aqui.

Candela: o lateral francês pode não ter tido grandes chances na seleção, mas na Roma ele foi titular absoluto e fundamental para o título de 2001. Eficiente no apoio ao ataque e também na marcação, Candela foi muito bem e jogou de 1997 até 2005 na equipe da capital.

Batistuta: muitos o criticaram quando ele deixou a Fiorentina para jogar na Roma, mas Batigol fez valer cada centavo gasto pela diretoria romana com o que ele mais gostava e sabia fazer: gols. Foram 20 só no Campeonato de 2000-2001, desempenho que ajudou a equipe da loba a conquistar o tricampeonato nacional. Considerado um dos maiores atacantes da história, Batistuta já foi lembrado aqui no blog. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Montella: goleador nato e com excelente senso de colocação, o “L´Aeroplanino” voou, literalmente, em seus tempos de Roma. Com faro artilheiro, Montella foi decisivo para o título de 2001 e brilhou na capital entre 1999 e 2007. É o quinto maior artilheiro da história do clube com 103 gols marcados.

Delvecchio: foi outro que teve destaque mesmo com o rodízio promovido por Capello. Jogando como ponta de lança ou extremo esquerdo, Delvecchio fez grandes partidas, marcou gols importantes e foi um ótimo pivô para os gols dos companheiros.

Nakata: o japonês ficou apenas uma temporada na Roma, mas foi o bastante para se tornar o talismã do time no empate heroico contra a Juventus, na reta final do Scudetto de 2001, quando marcou um gol e participou de outro. Após o título, jogou em outras equipes do Calcio e se aposentou no futebol inglês, em 2006, como um dos mais talentosos jogadores da história do futebol asiático.

Fabio Capello (Técnico): vencedor como poucos e talentoso ao extremo, Fabio Capello soube extrair o máximo de um elenco equilibrado e competitivo e montou uma Roma aguerrida, goleadora e muito talentosa. Saindo um pouco do defensivismo tão clássico na Itália, o treinador não hesitou em colocar praticamente três homens na frente, além de dois laterais ofensivos. Com pulso firme nos momentos delicados e de pressão, venceu o quinto Scudetto de sua carreira com a loba.

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Comentários encerrados

10 Comentários

  1. Gostei muito de ler sobre este titulo inesquécivel do Roma.É emocionante relembrar deste momento tão glorioso dos Giallorossi.Vão se passar o anos,e outros títulos virão.Mas o scudetto 2000-2001 é de fato,um momento épico na história e na mente dos fiéis e apaixonados romanistas.FORZA ROMA!!!

  2. Essa Roma merece destaque … foi o último grande momento do time da capital da Itália no cenário europeu…

    Infelizmente a Roma vive um momento de decadência … espero que ela se reerga logo.

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