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Craque Imortal – Aldair

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Nascimento: 30 de novembro de 1965, em Ilhéus, Bahia, Brasil.

Posição: zagueiro

Clubes: Flamengo-BRA (1985-1989), Benfica-POR (1989-1990), Roma-ITA (1990-2003), Genoa-ITA (2003-2004) e Murata-SMR (2007-2010).

Principais títulos por clubes: 1 Copa União – Módulo Verde (1987) e 1 Campeonato Carioca (1986) pelo Flamengo.

1 Supertaça de Portugal (1989) pelo Benfica.

1 Campeonato Italiano (2000-2001), 1 Copa da Itália (1990-1991) e 1 Supercopa da Itália (2001) pela Roma.

1 Campeonato Samarinês (2007-2008) pelo Murata.

 

Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo da FIFA (1994), 1 Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), 2 Copas América (1989 e 1997) e 1 Copa das Confederações (1997) pelo Brasil.

 

Principais títulos individuais:

Eleito para o Time dos Sonhos do Flamengo pela revista Placar: 2006

Eleito para o Hall da Fama da Roma: 2012

Eleito para a Seleção dos Sonhos do Brasil do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos do Flamengo do Imortais: 2021

 

“Serenidade na zaga”

Por Guilherme Diniz

O time podia estar tenso, os atacantes com dores abdominais e o técnico perto de um ataque de nervos, mas aquele zagueiro imponente parecia ser feito de pedra. Ele não se abalava. Não temia o inimigo. Muito menos o peso de uma partida decisiva. Podia ser final de campeonato ou até de Copa do Mundo. Para ele, era apenas mais uma partida, na qual os adversários perderiam bolas e mais bolas e os tradicionais chutões jamais partiriam dos pés daquele baiano de Ilhéus. Com classe e o futebol cravado na alma, Aldair Nascimento dos Santos, mais conhecido como Aldair, era um conjunto de qualidades raras de se ver em zagueiros brasileiros. Ele tinha calma, técnica e velocidade nas medidas exatas e aptas para trazer a segurança máxima ao goleiro. Com carrinhos, tirava bolas impressionantes e era exemplo de lealdade. Quando tinha a bola nos pés, passava para os companheiros ou fazia lançamentos com precisão exemplar, sem grosseria ou chutes tortos. E, no ataque, marcava gols de cabeça, em petardos de fora da área ou como elemento surpresa em um contra-ataque.

Ídolo do Flamengo, Aldair superou a injustiça de não ter sido titular na Copa de 1990 para ter um dos desempenhos mais marcantes de um defensor na história da Seleção Brasileira em um Mundial, em 1994, nos EUA, quando jogou muito e foi peça fundamental na conquista do tetra. O tempo foi passando e a experiência de jogar contra os maiores atacantes do planeta lhe deu conhecimento para enxergar os atalhos do campo e suprir a falta de velocidade que a idade avançada causava. Titular absoluto na Roma desde o começo da década de 90, o zagueiro também cravou seu lugar entre os maiores ídolos da Loba e teve até a honra de ter sua camisa aposentada durante anos. É hora de relembrar.

 

Vira casaca

Aldair

Baiano de Ilhéus, Aldair sempre levou consigo o jeito tranquilão e sereno, mas deixava transparecer, mesmo, o lado peladeiro. O jovem não podia ver uma bola rolando que se mandava para jogar com os amigos da vizinhança, o que deixava seu pai (vascaíno doente) feliz da vida. Aldair queria ganhar a vida como jogador de futebol mesmo com os avisos da mãe de que aquela profissão não daria dinheiro. Mas Seu Carmerindo dava total apoio ao filhão e até bancou uma viagem do rapaz até o Rio de Janeiro, onde Aldair fez testes no Vasco da Gama. Depois de quatro meses de muito treino e pouco jogo, Aldair ficou decepcionado com o tratamento recebido no time de São Januário e decidiu abandonar o clube. Para evitar atritos com o pai, o zagueiro disse que foi dispensado e voltou a participar de peladas. E foi na terra batida de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, que Aldair chamou a atenção de Juarez dos Santos, ex-jogador do Flamengo, que viu quando o jovem atuou improvisado na defesa de seu time e jogou muito ao esbanjar técnica, segurança e tranquilidade. A atuação de Aldair fez com que Juarez levasse o garoto até a Gávea em 1982.

Vestindo o manto rubro-negro, Aldair ganhou o apoio de Carlinhos, célebre treinador do clube, e foi vigiado de perto nos treinamentos, além de receber preciosos conselhos e dicas para melhorar ainda mais seu futebol já muito técnico na época. Polivalente nos tempos de pelada, Aldair desenvolveu exímio controle de bola e um fino trato com a redonda que o colocava num patamar acima dos demais zagueiros. O jogador era capaz de chutar com as duas pernas, de se antecipar nas jogadas aéreas e de desarmar os adversários com extrema facilidade e precisão. Jogando nos times de juniores, o futuro craque esbanjava categoria e ajudou o Mengo a conquistar importantes vitórias em torneios nacionais e internacionais.

Foi naquele começo de carreira que ele ganhou o apelido de “Alegoria” por ser caladão e “só aparecer empurrando”, tal como uma alegoria. O fato é que o introspectivo jogador não se importou com o que os outros pensavam e tratou de fazer seu trabalho da melhor maneira possível. Em 1985, subiu precocemente para o time titular e se uniu a jogadores como Jorginho, Zinho e Bebeto. No ano seguinte, Aldair entrou em campo na terceira rodada do Campeonato Carioca, no clássico contra o Botafogo, e não saiu mais. Foram 21 jogos disputados e o título conquistado após triunfo sobre o rival Vasco na decisão. Começava ali a promissora carreira do zagueiro, que se apresentaria ao Brasil com mais propriedade no ano de 1987.

 

Brilho nacional e título continental

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Jovem, mas com um futebol espantosamente maduro, Aldair mostrou quem ele era realmente durante a bagunçada Copa União de 1987 (aquela da famigerada disputa entre Flamengo e Sport que segue indefinida até hoje). Sem se importar com toda aquela polêmica, Aldair ajudou o Flamengo a vencer o Módulo Verde do torneio. Além do zagueiro, o rubro-negro tinha jogadores como Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Leonardo, Andrade, Zico, Renato Gaúcho, Bebeto, Zinho entre outros. Xodó da torcida, Aldair se tornou um dos principais jogadores do time e uma grata revelação do clube da Gávea ao futebol brasileiro, além de Zinho e Leonardo, dupla que também ganhou projeção após o título de 1987.

O Brasil campeão da Copa América de 1989 - Em pé: Mazinho, Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Aldair e Branco. Agachados: Bebeto, Romário, Silas, Dunga e Valdo.
O Brasil campeão da Copa América de 1989 – Em pé: Mazinho, Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Aldair e Branco. Agachados: Bebeto, Romário, Silas, Dunga e Valdo.

 

Em 1989, Aldair ganhou suas primeiras chances na Seleção Brasileira, onde ele estreou em uma partida contra o Equador vencida por 1 a 0 pelo escrete canarinho. No mesmo ano, o defensor foi titular em seis dos sete jogos que a equipe disputou na campanha do título da Copa América, conquistada após 40 anos de jejum. Uma curiosidade é que depois que Aldair entrou no time (após a vitória por 3 a 1 sobre a Venezuela), o Brasil não levou mais nenhum gol na competição: 0 a 0 contra o Peru e a Colômbia, e vitórias sobre Paraguai (2 a 0), Argentina (2 a 0), Paraguai, de novo, (3 a 0) e Uruguai (1 a 0). As boas atuações de Aldair lhe renderam uma proposta para jogar no Benfica-POR, que havia vendido o zagueiro brasileiro Mozer para o futebol francês e precisava de uma peça de reposição à altura. Era hora de viajar até a Europa – lugar onde ele ficaria por muito tempo.

 

Estadia curta em Lisboa e a decepção na primeira Copa

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Aldair chegou ao Benfica logo após o clube encarnado vencer o Campeonato Português de 1988-1989 e teve a companhia dos colegas brasileiros Ricardo Gomes e Valdo no elenco. O zagueiro esperava levantar logo em sua primeira temporada um título de peso, mas as pretensões foram por água abaixo. No Campeonato Português, o time ficou com o vice e viu o Porto celebrar o título. Mas a dor maior foi na Liga dos Campeões da UEFA, na qual o Benfica fez uma ótima campanha ao eliminar Derry City-IRL (6 a 1 no agregado, com um gol de Aldair), Budapest Honvéd-HUN (9 a 0 no agregado), Dnipro Dnipropetrovsk-URSS (4 a 0 no agregado) e Olympique de Marselha-FRA (2 a 2 no agregado, com a classificação graças ao critério de gols marcados fora de casa), mas na decisão o time português teve o azar de topar com o Milan-ITA de Arrigo Sacchi e craques como Baresi, Maldini, Rijkaard, Gullit e Marco van Basten.

Com um gol de Rijkaard no segundo tempo, os italianos venceram por 1 a 0 e celebraram o bicampeonato europeu consecutivo – e o Benfica mais um revés continental em sua história (o quinto consecutivo em Ligas dos Campeões e o oitavo em disputas internacionais na época, contando os dois Mundiais Interclubes de 1961 e 1962). Aldair fez uma boa partida e quase marcou um golaço depois de roubar uma bola de Van Basten, escapar de Gullit e ir levando a bola até o ataque com chances de marcar, mas a zaga do Milan conseguiu neutralizar o perigo.

O ano de 1990 estava com gosto amargo para Aldair, mas o craque esperava uma doce sobremesa com a disputa da Copa do Mundo, a primeira de sua carreira, na Itália. No entanto, a maré negra se emancipou e o jogador não participou de nenhum dos quatro jogos da Seleção em solo europeu. Do banco, Aldair viu o Brasil cair logo nas oitavas de final diante da Argentina de Maradona, que venceu por 1 a 0. Profundamente decepcionado, o zagueiro só teve uma boa notícia naquela fatídica temporada: uma proposta da Roma-ITA, que gastou cerca de cinco milhões de dólares por seu futebol. Na Cidade Eterna, o craque teria a chance de recomeçar. E provar que merecia um espaço maior na Seleção.

 

Com a sorte ao seu lado

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Vestindo a camisa giallorossi, Aldair conquistou já na temporada 1990-1991 o título da Copa da Itália, que veio após triunfos sobre Fogia, Genoa, Juventus, Milan e Sampdoria, na final. Jogando ao lado de Sebastiano Nela, Aldair formou um ótimo paredão na zaga romanista e ganhou rapidamente a simpatia da torcida por seu futebol virtuoso e seus preciosos e providenciais desarmes, além de passes para gols e saídas desde a linha de fundo com cabeça erguida e sem chutões. Na temporada seguinte, Aldair voltou a disputar uma final continental, dessa vez na Copa da UEFA, mas sua Roma foi derrotada pela Internazionale-ITA de Zenga, Bergomi, Ferri, Brehme, Berti, Matthäus e Klinsmann, além do técnico Giovanni Trapattoni, por 2 a 1 no placar agregado.

Nos anos seguintes, Aldair seguiu como titular absoluto da Roma, mas nunca era lembrado para jogos da Seleção Brasileira. Jogando em uma equipe que figurava distante do rol dos chamados grandes clubes do futebol europeu, o zagueiro temia ficar de fora da convocação final para a Copa do Mundo de 1994 e perder uma chance de ouro de dar a volta por cima. Mas os ares estavam começando a soprar prosperamente. Às vésperas da convocação, Mozer, que seria titular nos EUA, foi cortado e abriu uma vaga no setor defensivo do Brasil. Parreira lembrou-se daquele zagueiro de 24 anos que jogava o fino na Roma e já havia se recuperado de uma lesão no joelho e convocou Aldair, um dos três jogadores que garantiram vaga nos “acréscimos do segundo tempo” (os outros foram Viola, do Corinthians, e Ronaldo, de apenas 17 anos, do Cruzeiro).

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A princípio, Aldair seria uma opção no banco de reservas de Parreira para o lugar de Ricardo Gomes ou Ricardo Rocha, dupla que compunha a zaga titular da Seleção. Em um amistoso contra El Salvador, já em território americano, Ricardo Gomes sofreu uma contusão e foi cortado, dando lugar a Ronaldão, que seria reserva, já que a vaga imediata ficou com Márcio Santos. Mas, logo na estreia, os astros quiseram que Aldair jogasse de vez em uma Copa do Mundo. No duelo contra a Rússia, Ricardo Rocha se contundiu na metade do segundo tempo (o Brasil já vencia por 2 a 0) e deu lugar à Aldair, que abraçou com toda a força do planeta a oportunidade. A partir daquele instante, a zaga brasileira seria formada por Márcio Santos e Aldair. E o time canarinho teria uma de suas mais entrosadas e brilhantes zagas da história em uma Copa.

 

Craque no tetra

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Em sua primeira partida completa no Mundial, Aldair manteve a zaga brasileira intacta no triunfo por 3 a 0 sobre Camarões. No último jogo, o empate em 1 a 1 com a Suécia classificou o Brasil em primeiro lugar. Nas oitavas de final, duelo complicado contra os donos da casa e vitória apertada por 1 a 0. Mas foi nas quartas de final que Aldair teve lampejos de brilho e muita habilidade. Contra uma perigosa Holanda, o zagueiro se arriscou no ataque, desarmou, interceptou bolas rivais e mostrou toda a cartilha que os flamenguistas e romanistas já conheciam há tempos.

Depois de um primeiro tempo morno, o segundo foi de matar. Aldair, logo aos 8´, quebrou um passe de Rijkaard com sua notável antecipação e fez um de seus lançamentos de longa distância para Bebeto, na esquerda, que deu para Romário fazer 1 a 0. Em seguida, Bebeto fez o segundo, mas a Holanda achou o empate em apenas 12 minutos. Mas, aos 36´, Branco cobrou uma falta épica e fez 3 a 2, resultado que colocou o Brasil na semifinal.  Em um novo duelo contra a Suécia, o Brasil venceu por 1 a 0 e Aldair evitou as investidas aéreas dos altos europeus com antecipações e muito entrosamento com Márcio Santos.

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Na final, a Itália tinha Massaro e Roberto Baggio para tentar sair do Rose Bowl com o tetracampeonato, mas a zaga brasileira foi plena durante os 90 minutos do tempo regulamentar e nos 30 minutos da escaldante prorrogação que levou a decisão, empatada em 0 a 0, para os pênaltis. Na marca da cal, o Brasil fez 3 a 2 e celebrou o título mundial depois de 24 anos de jejum.

A taça coroou uma campanha invicta do Brasil e premiou uma zaga que levou apenas três gols em sete jogos. Aldair saiu dos EUA com o moral elevadíssimo e foi elogiado por todos como um dos melhores zagueiros de toda a Copa, além de dividir com o companheiro Márcio Santos a honra de formar uma zaga emblemática e sempre recordada como uma das mais notáveis já formadas pelo Brasil em todas as suas participações em Mundiais. Se os títulos continentais por clubes haviam escapado, o craque dava a volta por cima com o maior dos troféus.

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Às contestações, títulos

Após a Copa, Aldair ficou ainda mais valorizado e se tornou figura constante nas convocações de Zagallo para a Seleção Brasileira. Com sua tradicional segurança e sem temer nenhum rival, o craque era titular absoluto da zaga brasileira, mas teve que aguentar dois anos complicados com a camisa amarela. Em 1995, derrota nos pênaltis para o Uruguai na decisão da Copa América. No ano seguinte, o jogador foi um dos três convocados por Zagallo com mais de 23 anos para a disputa dos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos EUA. Experiente, Aldair tinha tudo para repassar sua tranquilidade aos jovens, mas, assim como todo time, ele não esteve bem e cometeu alguns erros durante a caminhada brasileira. Na semifinal, uma derrota catastrófica para a Nigéria por 4 a 3 sepultou as esperanças do ouro olímpico, e o Brasil teve que se contentar com o bronze.

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Com o prestígio abalado junto ao torcedor brasileiro, Aldair recuperou o sossego na Roma, onde era titular absoluto e um ídolo do torcedor. Em terras italianas, o jogador era o alicerce que o time romanista precisava para atacar os adversários com tranquilidade defensiva, ainda mais depois da chegada de Cafu, em 1996, que se entrosou rapidamente com o zagueiro. Em 1997, Aldair conseguiu dar um basta no momento difícil que passava pela Seleção com dois títulos: a Copa América e a Copa das Confederações, ambas conquistadas com muita autoridade pelo Brasil e com grandes atuações do craque, com direito a um gol do zagueirão na vitória, de virada, por 3 a 2 sobre o México pela Copa América. As apresentações de Aldair naquelas competições garantiram a presença do zagueiro entre os convocados de Zagallo para a Copa do Mundo de 1998, na França.

 

O peso da idade

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Com 32 anos nas costas e sem contar com o parceiro de quatro anos antes (em 1998, o companheiro de Aldair na zaga brasileira era o estabanado Júnior Baiano), Aldair não exibiu o futebol primoroso de 1994 e sofreu diante dos adversários, principalmente nas jogadas aéreas, como nos jogos contra Escócia, Holanda e Dinamarca. Felizmente, o Brasil superou os desafios pelo caminho e chegou à decisão, mas a dona da casa, a França, atropelou, fez 3 a 0 e ficou com o inédito título mundial. Após o vice, Aldair decidiu se aposentar da Seleção e se dedicar apenas à Roma, mas ainda disputou mais nove jogos entre junho de 1999 e junho de 2000. Em seu último jogo pelo Brasil, no dia 28 de junho de 2000, pelas Eliminatórias da Copa de 2002, o zagueiro falhou feio no gol do Uruguai em partida que terminou empatada em 1 a 1, e encerrou de maneira melancólica sua trajetória com a camisa verde e amarela. Com as atenções voltadas apenas ao seu clube, Aldair teria outra oportunidade para voltar a sorrir.

 

Enfim, campeão italiano

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Na temporada 2000-2001, Aldair respirava aliviado pelo fim da era Zdenek Zeman no comando técnico da Loba, afinal, o ex-treinador expunha demais o time ao ataque adversário e dava trabalho para o zagueiro no setor defensivo, o que acabou ocasionado vários gols sofridos e um sério risco de o brasileiro perder a credibilidade conquistada junto ao torcedor. Naquele período, a Roma já era comandada por Fabio Capello, que usou todas as suas qualidades técnicas e táticas para armar uma Roma histórica. Com jogadores como Cafu, Tomassi, Cristiano Zanetti, Totti, Candela, Batistuta e Montella, a Loba encerrou um jejum de 18 anos e faturou o título italiano de maneira histórica (que você pode relembrar clicando aqui). Aldair não foi titular como antes muito por causa da idade e da concorrência que ele sofria na época com a presença de Zebina, Antônio Carlos Zago e Samuel, mas ainda sim o veterano defensor contribuiu para o título disputando 15 jogos. O Scudetto foi um verdadeiro presente depois de tantos anos de bom futebol e apenas um título conquistado lá no começo da década de 90.

Nas temporadas seguintes, Aldair passou a sofrer questionamentos de dirigentes da Roma, que não viam espaço para um jogador com quase 37 anos. Percebendo que sua era romanista estava perto do fim, Aldair se despediu da torcida em 2003, quando mais de 40 mil pessoas o saudaram no estádio Olímpico. Como forma de reconhecimento aos 13 anos de serviços prestados, a Roma decidiu aposentar a camisa de número 6, uma homenagem impressionante que nem Falcão e outros craques do passado tiveram.

 

Aposentadoria e a volta às peladas

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Depois de se despedir da Roma, Aldair jogou no Genoa, também da Itália, e se aposentou temporariamente do futebol até meados de 2004, quando jogou por pouco tempo no Rio Branco-ES e teve uma curiosa experiência no Murata, de San Marino, entre 2007 e 2010, pelo qual disputou partidas da fase preliminar da Liga dos Campeões da UEFA e venceu um campeonato nacional na temporada 2007-2008. Em 2010, Aldair se despediu definitivamente dos gramados para se dedicar às peladas e ao futevôlei. Morando no Espírito Santo, o ex-zagueiro segue na ativa, em forma e estritamente ligado ao futebol, seja como empresário, seja no Flamengo e na Roma, com os quais possui uma relação de muito afeto e reconhecimento.

Sem se importar com a mídia, com os comentários dos outros e com entrevistas, Aldair marcou seu nome na história jogando um futebol primoroso e de extrema categoria, qualidades que o tornaram uma figura fácil em várias listas com os melhores defensores brasileiros de todos os tempos, além de ele marcar presença no Hall da Fama da Roma e ter sido lembrado, em 2006, para o time dos sonhos do Flamengo, em eleição com diversas personalidades organizada pela revista Placar. Ídolo e vencedor, Aldair foi xerife, líder, príncipe e até senador para os torcedores, como lembrou certa vez o cronista Gaetano Imparato, do jornal italiano “La Gazetta dello Sport”, que disse que Aldair tinha a “sabedoria dos grandes senadores da Roma antiga”. E ele tinha mesmo. Um craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 183 jogos e marcou 11 gols pelo Flamengo.

Disputou 436 jogos e marcou 20 gols pela Roma.

Disputou 81 jogos e marcou 3 gols pela Seleção Brasileira.

Aldair Nascimento Santos

 

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