Grandes feitos: Campeão do Mundial de Clubes da FIFA (2015), Campeão da Liga dos Campeões da UEFA (2014-2015), Campeão da Supercopa da UEFA (2015), Bicampeão do Campeonato Espanhol (2014-2015 e 2015-2016), Tricampeão da Copa do Rei (2014-2015 *invicto, 2015-2016 *invicto e 2016-2017) e Campeão da Supercopa da Espanha (2016). Conquistou o segundo Treble da história do clube e fez do Barcelona o primeiro da Europa com dois Trebles em sua galeria de troféus.
Time-base: Ter Stegen (Bravo / Cillessen); Daniel Alves (Sergi Roberto), Piqué, Mascherano (Umtiti) e Jordi Alba (Mathieu); Sergio Busquets, Rakitic (Xavi) e Iniesta (Arda Turan); Messi, Suárez (Pedro / Alcácer) e Neymar (Rafinha). Técnico: Luis Enrique.
“Més Somnis Notables”*
*‘Mais sonhos notáveis’, em catalão
Por Guilherme Diniz
O futebol é um esporte que nos proporciona em iguais medidas momentos de extrema alegria, emoção e tristeza. Arranca gritos e lágrimas, aplausos e vaias, gargalhadas e cânticos. Faz com que crianças evoquem o craque que mais gosta nas partidas de futebol na escola – ou escolham o time que tem ele no game preferido. E faz com que os adultos estampem a foto do clube do coração na parede. O futebol possui, também, coincidências curiosas, daquelas que nem parecem verdade. E cria, de tempos em tempos, essas mesmas coincidências com toques de misticismo, para o deleite dos apaixonados pelo esporte. Entre 2014 e 2017, o mundo viu o ressurgimento do time que mais encanta plateias neste século XXI com uma comissão de frente simplesmente irresistível. O Barcelona, que já tinha o melhor jogador argentino, foi buscar o melhor jogador uruguaio e o melhor jogador brasileiro. Um de cada uma das maiores potências futebolísticas das Américas. Um trio que ficou conhecido pelas iniciais de seus nomes: MSN. Messi. Suárez. Neymar.
Com eles em campo, o time catalão, que sempre foi uma máquina de fazer gols, virou uma locomotiva imparável. Sem freio, mas muito bem governada por Luis Enrique e com engrenagens de alta qualidade como Rakitic, Busquets, Alba e a lenda Iniesta. Juntos, os sul-americanos marcaram 364 gols (!). Deram 173 assistências (!!). Disputaram 110 partidas. Venceram incríveis 84 (!!!). Conquistaram nove títulos, entre eles um novo Treble ao clube catalão, primeiro em toda a Europa a possuir dois em sua galeria. Produziram mais sonhos notáveis que viraram realidade. Saiu o tiki-taka. Entrou o “taka gol!”. Precisão cirúrgica. A gana pela bola na rede. Três predadores insaciáveis. Colocaram na roda os mais diversos e poderosos adversários. Venciam em casa e fora dela. E, como num grand finale, reverteram um placar adverso de 4 a 0 para um surreal 6 a 1 com contornos de filme – se bem que aquela história já era digna de um… Todos lamentaram o fato de a festa pirotécnica de gols ter durado tão pouco. Três temporadas. Quase nada. Se bem que eles fizeram tudo. Vê-los foi um deleite. É hora de relembrar as façanhas do Barça do trio MSN.
Reconstrução
Após o título mundial de 2011, o então Barcelona de Guardiola alcançou um patamar impressionante no futebol. Campeão de todos os torneios possíveis desde 2008, a equipe catalã parecia não ter rivais na época e encantava a todos com um futebol primoroso e baseado no talento de Puyol, Piqué, Xavi, Iniesta e, sobretudo, Lionel Messi. No entanto, após a saída do treinador, em 2012, e de outros jogadores, algumas coisas começaram a mudar na Catalunha. Já na temporada 2012-2013, os blaugranas sofreram um choque de realidade com a sapecada de 7 a 0 no placar agregado que levaram do Bayern nas semifinais da Liga dos Campeões da UEFA. E pior: na temporada seguinte, foram eliminados pelo Atlético de Madrid nas quartas de final da competição europeia e viram o rival Real Madrid levantar “La Décima”.
O fim de uma era estava consolidado. A aura de “time imbatível” esmaeceu. Como se não bastassem os resultados ruins, a FIFA impôs uma severa punição ao clube por aliciamento de jogadores e violar regras da entidade na contratação de menores de idade. Os blaugranas foram multados em mais de R$ 1 milhão por usar brechas na lei e contratar ao menos dez jogadores estrangeiros menores de 18 anos para suas categorias de base entre 2009 e 2013. Além disso, o clube ficou impedido de contratar novos atletas por um ano.
No entanto, como a punição foi decretada em abril de 2014 e o clube recorreu, um novo julgamento foi marcado para agosto do mesmo ano (que viria a proibir o clube de inscrever novos jogadores, nacionais ou estrangeiros, até janeiro de 2016). Nesse intervalo, deu tempo de o Barça contratar seis jogadores (todos maiores de idade): o atacante uruguaio Luis Suárez, o defensor francês Mathieu, o goleiro alemão Ter Stegen, o defensor belga Vermaelen, o meio-campista croata Rakitic e o goleiro chileno Claudio Bravo. Eles se uniram a um elenco que era bom e competitivo, mas que decepcionou na temporada 2013-2014 sob o comando de Gerardo Martino.
Além dos reforços, a diretoria anunciou, em maio de 2014, a contratação de Luis Enrique para o comando técnico da temporada 2014-2015. Com passagens pela Roma e pelo Celta, o espanhol tinha uma identificação muito grande com o clube pelo fato de ter sido jogador blaugrana nos anos 1990, além de ter comandado o time B do Barça entre 2008 e 2011. Por outro lado, os catalães viram mais de uma dezena de jogadores deixar o Camp Nou, entre eles Valdés, Puyol, Fàbregas, Alexis Sánchez, Tello, Bojan e Afellay.
Mesmo com mais saídas do que entradas de jogadores, Luis Enrique tinha um material humano excelente. Com dois novos e bons goleiros, a equipe iria suprir uma carência que angustiava o torcedor desde o fim da Era Guardiola. O alemão Ter Stegen seria o titular na Liga dos Campeões, enquanto Bravo assumiria a meta nas competições nacionais. Na zaga, Piqué e Mascherano eram os titulares absolutos. Nas laterais, Jordi Alba e Daniel Alves estimulavam o futebol ofensivo com muito apoio ao ataque, por vezes jogando quase como pontas. No meio, Xavi, em sua derradeira temporada, seria o capitão do time quando fosse selecionado como titular ao lado de Iniesta e Busquets, trio do lendário esquadrão de 2008-2012. O setor teria também o aporte de Rakitic, brilhante jogador que vinha de temporadas marcantes no Sevilla campeão da Liga Europa de 2014. Mas era no ataque que os culés teriam uma força absurda.
Messi, que dispensa qualquer comentário, já tinha Neymar ao seu lado desde 2013 e o brasileiro vinha crescendo de produção a cada dia com um bom futebol, mais focado e sem dispersões. E, com a chegada de Luis Suárez, uruguaio que também melhorava muito desde seu debute na Copa do Mundo de 2010 até as temporadas de muitos gols pelo Liverpool-ING, o tridente das Américas era cercado de expectativas. Mas será que os três iam dar certo? Suárez até chegou a dizer que “não sabia onde iria jogar com Messi e Neymar juntos no mesmo time” – embora ele realmente não tivesse lugar por causa da suspensão que levou da FIFA após a mordida em Chiellini na Copa de 2014, que tirou o uruguaio inclusive dos treinamentos do Barça até outubro daquele ano.
Luis Enrique tinha simplesmente os três melhores jogadores sul-americanos à sua disposição, todos letais, todos no ataque. Claro que ele baseou seu esquema de jogo neles e contava com o entrosamento do trio no decorrer da temporada. Mas o que ele não esperava era que tal sintonia surtisse efeito tão rápido. E de maneira tão devastadora.
Calibrando…
Após cinco partidas de pré-temporada, o Barcelona estreou no Campeonato Espanhol com uma vitória por 3 a 0 sobre o Elche, no Camp Nou, gols de Messi (2) e Munir. A equipe venceu mais três partidas seguidas – 1 a 0 no Villarreal (fora), 2 a 0 no Athletic Bilbao, em casa (dois gols de Neymar), e 5 a 0 no Levante, fora. Na 5ª rodada, o empate sem gols com o Málaga, fora, fez o time culé perder momentaneamente a liderança, retomada já na rodada seguinte após goleada de 6 a 0 sobre o Granada, com três gols de Neymar, um de Rakitic e dois de Messi. A equipe venceu mais dois jogos seguidos e encarou o rival Real Madrid, no Santiago Bernabéu, na 9ª rodada.
Nesse meio tempo, o Barça acumulava duas vitórias e uma derrota pela Liga dos Campeões – 1 a 0 sobre o APOEL e 3 a 1 sobre o Ajax, ambos em casa, e derrota por 3 a 2 para o PSG, fora. O duelo, além de ser especial por se tratar do El Clásico, marcava a estreia do trio MSN em campo. Enfim, Suárez estava “livre” para atacar. Mas o debute não foi como esperado. Neymar até abriu o placar após passe de Suárez, mas o Real virou com gols de Cristiano Ronaldo, Pepe e Benzema e venceu por 3 a 1. Na rodada seguinte, a derrota por 1 a 0 para o Celta, em pleno Camp Nou, derrubou o Barça para a 4ª posição na tabela.
Mas os blaugranas retomaram o caminho das vitórias entre novembro e dezembro com cinco vitórias e um empate em seis jogos pelo Espanhol, três vitórias no returno da fase de grupos da Liga dos Campeões – 2 a 0 no Ajax, fora (dois gols de Messi), 4 a 0 no APOEL, fora (três gols de Messi e um de Suárez) e 3 a 1 no PSG, em casa, com um gol anotado por cada um do trio MSN -, e duas fáceis vitórias sobre o Huesca pela Copa do Rei (4 a 0 e 8 a 1). Àquela altura, já era visível a melhora no jogo do time e a impressionante qualidade do trio de ataque. Suárez jogava centralizado, com o papel de homem gol, mas também criava chances para os companheiros e tabelinhas. Messi, pela direita, e Neymar, pela esquerda, driblavam, entortavam e burlavam qualquer bloqueio com criatividade e ousadia. Era cada vez mais contagiante vê-los jogar. E não importava quem dava o último toque. O importante era o gol, a comemoração.
Claro que os sonhos ainda estavam distantes. E, em janeiro de 2015, houve um princípio de crise após a apelação do clube para voltar a ter o direito de contratar jogadores ser rejeitada pela CAS e Messi quase ser punido pelo técnico Luis Enrique naquele mesmo mês por faltar a um treinamento após uma crise de gastroenterite. O treinador não acreditou na justificativa do argentino e ameaçou penalizar o craque, mas o fato foi evitado pelos atletas mais experientes do elenco como Xavi, Iniesta e Busquets. O relacionamento entre Messi e Luis Enrique não era as mil maravilhas na época. O argentino se queixava do autoritarismo do “senhor do vestiário”, dizia ele, e o estopim aconteceu no dia 04 de janeiro de 2015, quando o argentino ficou no banco de reservas na derrota por 1 a 0 para a Real Sociedad, resultado que manteve o clube catalão na segunda colocação. Mesmo com bom futebol, o clima ainda não era harmônico. Como reverter aquela situação?
Hora de virar o jogo
A derrota para a Sociedad foi um divisor de águas para a temporada do Barça. Luis Enrique admitiu que errou ao não escalar Messi naquela partida e parou de poupar seus atletas sem explicação. O argentino fez as pazes com o treinador e tudo isso ajudou demais a equipe, que emendou seis vitórias seguidas em La Liga – com destaque para a vitória por 3 a 1 sobre o Atlético de Madrid, no Camp Nou, com gols de Messi, Suárez e Neymar – e avançou até a final da Copa do Rei após destroçar seus rivais nas oitavas (Elche – vitórias por 5 a 0, em casa, e 4 a 0, fora), quartas (Atlético de Madrid – vitórias por 1 a 0, em casa, e 3 a 2, fora) e semis (Villarreal – vitórias por 3 a 1, em casa, e 3 a 1, fora). Pela Liga dos Campeões, os catalães ainda despacharam o Manchester City-ING nas oitavas de final com uma vitória por 2 a 1, fora (gols de Suárez) e triunfo por 1 a 0, em casa (gol de Rakitic). Nesse meio tempo, a única derrota foi para o Málaga, por 1 a 0, em casa, no dia 21 de fevereiro, pelo Campeonato Espanhol.
Foi então que, no dia 08 de março, a equipe blaugrana retomou a liderança do torneio após mais de quatro meses ao golear o Rayo Vallecano por 6 a 1, com três gols de Messi, dois de Suárez e um de Piqué. O triunfo embalou os culés para o clássico contra o Real Madrid do dia 22 de março, no Camp Nou, que terminou com vitória catalã por 2 a 1 (gols de Mathieu e Suárez), na prova definitiva de que aquele time não jogava mais o tiki-taka, mas o “taka gol”, por ser muito mais objetivo e decisivo em suas finalizações, além de não ter aquela ânsia pela posse de bola como nos tempos de Guardiola.
Em abril, a equipe venceu cinco e empatou um dos seis jogos que disputou pelo Campeonato Espanhol e eliminou o PSG nas quartas de final da Liga dos Campeões com duas vitórias. A primeira foi um 3 a 1 em pleno Parc des Princes com dois golaços de Suárez, que aplicou duas “cruéis” canetas no zagueiro David Luiz nos lances de ambos os gols, e um gol de Neymar. Na volta, em casa, novo triunfo, dessa vez por 2 a 0, com dois belos gols de Neymar em uma partidaça de Iniesta.
Veja as canetas e os gols:
O Barcelona atingia seu melhor momento na temporada. E o trio de ataque parecia imparável. Prova disso foi o impressionante placar de 8 a 0 sobre o Córdoba, fora de casa, na 35ª rodada, com três gols de Suárez, dois de Messi, um de Rakitic, um de Piqué e um de Neymar – foi a maior goleada fora de casa aplicada pelo clube na história do torneio. A cada jogo, eles melhoravam mais. Os gols eram de uma plasticidade impressionante. Rápidos, lindos, de bola parada, de tabelinha, de cabeça, após sequências de dribles… O repertório daquele esquadrão era infindável. Além do trio, o time possuía um entrosamento notável no meio de campo e no sistema defensivo com muito equilíbrio. Enfim, o grande Barça estava de volta. E, faltando poucos jogos para o fim da temporada, o time caminhava a passos largos com chances de conquistar uma nova tríplice coroa.
Acerto de contas
No dia 17 de maio de 2015, o Barcelona foi até Madri enfrentar o Atlético em busca do título do Campeonato Espanhol com uma rodada de antecedência. Era o mesmo adversário que havia tirado dos catalães em pleno Camp Nou a taça da temporada passada (leia mais clicando aqui!). Havia o gostinho pela revanche. E ela foi consolidada após Messi tabelar com Pedro (substituto de Suárez naquele jogo) como nos (não tão) velhos tempos do esquadrão de Guardiola e fazer o gol da vitória por 1 a 0. Foi o 23º título espanhol do clube culé, que, após o empate em 2 a 2 com o Deportivo na última rodada, coroou uma campanha irrepreensível: 38 jogos, 30 vitórias, quatro empates, quatro derrotas, 110 gols marcados e apenas 21 gols sofridos, um saldo positivo de incríveis 89 gols, o melhor da história do clube na competição.
Messi marcou 43 gols e foi o vice-artilheiro do torneio, atrás apenas de Cristiano Ronaldo, com 48. Neymar, com 22 gols, e Suárez, com 16, completaram a lista de goleadores blaugranas. O camisa 10 foi eleito o melhor jogador do torneio e também o melhor atacante, além de Luis Enrique ganhar o prêmio de melhor técnico. Quem também se destacou foi o goleiro Claudio Bravo, eleito o melhor do torneio na posição com apenas 19 gols sofridos em 37 partidas (ele descansou na última rodada) e com uma média de 0,51 gol por jogo, apenas 0,01 acima da média de 0,50 de Victor Valdés, que levou 16 gols em 32 jogos na temporada 2010-2011, e que quase chegou ao recorde histórico de 0,47 atingido por Francisco Liaño, do Deportivo de 1993-1994, que levou 18 gols em 38 jogos, e Jan Oblak, do Atlético de Madrid de 2015-2016, que também sofreu 18 em 38 jogos.
O caneco de La Liga foi a primeira das três taças que o clube buscava naquela reta final de temporada. No começo de maio, os catalães focaram sua concentração nas semifinais da Liga dos Campeões, na qual eles tinham pela frente o Bayern München, comandado por Pep Guardiola. Era o esperado encontro entre “criador” e “criatura”. Antes do duelo, Guardiola deixou bem claro que não era porque ele conhecia o estilo do Barcelona que aquilo lhe dava vantagem. E, quando questionado sobre Messi, foi categórico:
“Se ele (Messi) está como eu imagino que esteja, não há defesa que possa pará-lo. Não há sistema defensivo nem treinador que lhe pare. É preciso limitá-lo de outra maneira. Ajuda fechar espaço, mas ainda assim não se pode. O talento não se defende”.
E, quando a bola rolou, o Barcelona mostrou mesmo que não podia ser parado. Muito menos Messi. O argentino fez outra exibição de gala e marcou dois gols na vitória por 3 a 0 sobre os alemães em um Camp Nou tomado por mais de 95 mil pessoas. Após um primeiro tempo muito tático e com Neuer fazendo defesas espetaculares, o Barça decidiu em apenas quatro minutos com seu gênio da camisa 10. Primeiro, aos 32’, quando recebeu na entrada da área pela direita e chutou de perna esquerda para fazer 1 a 0. Depois, aos 35’, quando recebeu de novo na direita, “quebrou a espinha” de Boateng (que, dizem, sente dores até hoje…rsrs) e encobriu Neuer para fazer o segundo gol de maneira espetacular. A catarse aumentou quando Neymar, nos acréscimos, fez 3 a 0. De fato, Guardiola preveu o que iria acontecer: parar aquele time era impossível.
Mesmo com mais posse de bola (55% a 45%), o Bayern foi vítima do talento e da precisão daquele time letal. O Barça finalizou 15 vezes contra apenas oito dos alemães. No gol, foram oito chutes, contra nenhum do time bávaro. Com uma vantagem enorme na bagagem, a equipe blaugrana foi até Munique e levou um susto quando Benatia, aos 7’, fez 1 a 0 Bayern. Mas Neymar, após receber de Suárez, empatou oito minutos depois. Aos 29’, o mesmo Neymar recebeu outro passe de Suárez, dominou e chutou firme, sem chances para Neuer, e virou: 2 a 1. O Bayern virou no segundo tempo, mas o placar agregado de 5 a 3 classificou o Barça para a final e promoveu a revanche do revés de 2013. Não foi com um placar tão elástico como naquela vez, mas com igual talento e força. Faltava apenas um degrau até o Olimpo da Europa. Mas, antes, havia uma decisão: a Copa do Rei.
Com o toque do gênio
No dia 30 de maio, o Barcelona disputou a final da Copa do Rei contra o Athletic Bilbao em seu próprio campo, após uma série de desavenças a respeito do estádio da finalíssima – seria no Santiago Bernabéu, a pedido do próprio Barça, mas o Real não quis ceder sua casa. Com isso, a federação espanhola escolheu o Camp Nou, mas com maioria de público do Athletic (70 mil pessoas). E, em seu palco preferido, Messi foi mais uma vez decisivo. Aos 20’, o argentino pegou a bola na lateral direita, perto do meio de campo, olhou para a frente e saiu com a bola dominada. Passou por um. Dois. Driblou outra vez o segundo com uma caneta. Passou pelo terceiro. Na área, passou por mais um e chutou pro gol. GOLAÇO. E 1 a 0 Barça.
Veja o gol:
O que dizer? Nada, apenas ver, rever, ver de novo e agradecer o privilégio de poder presenciar um jogador tão sublime. Minutos depois, Suárez deu mais um gol de bandeja para Neymar fazer 2 a 0. No segundo tempo, Xavi entrou para disputar seu último jogo com a camisa do Barcelona no Camp Nou. Foi ovacionado, como merecem todos os craques imortais do futebol. Alguns minutos depois, Daniel Alves cruzou e Messi fez o terceiro. O Athletic ainda descontou, mas o placar de 3 a 1 deu ao Barça o título da Copa do Rei, invicta, histórica, com 100% de aproveitamento: nove jogos, nove vitórias, 34 gols marcados (média de 3,77 gols por jogo) e seis sofridos. Neymar foi o artilheiro do torneio com sete gols. Com as duas principais taças do país em sua galeria, só faltava um troféu para coroar uma temporada impecável. E era o maior deles: a Liga dos Campeões da UEFA.
O Treble para a eternidade
No dia 06 de junho de 2015, o Barcelona entrou em campo no belíssimo estádio Olímpico de Berlim para decidir a Liga dos Campeões da UEFA. Era a primeira vez que o clube catalão disputava uma final da principal competição europeia em solo alemão. Completa e tinindo, a equipe era favorita. Mas o adversário não poderia ser desmerecido: a Juventus-ITA de Buffon, Chiellini, Pogba, Tevez, Pirlo e companhia, que havia despachado pelo caminho gigantes como Borussia Dortmund e o então campeão Real Madrid. Mas, com um começo fulminante, o Barça mostrou seu apetite voraz por fazer história. Logo aos 4’, Rakitic apareceu no ataque em triangulação com Neymar e Iniesta e fez 1 a 0 para os blaugranas. A equipe catalã sufocava a Juventus de todas as maneiras e só não conseguia ampliar por causa, claro, das defesas de Buffon, sempre preciso embaixo da meta.
No segundo tempo, em um contra-ataque cinco contra três, Suárez desperdiçou uma grande chance. E, como quem não faz leva, Morata empatou. No entanto, oito minutos depois, Buffon não segurou um chutaço de Messi e a bola sobrou livre para Suárez, enfim, fazer 2 a 1. A Juventus sentiu o gol e não conseguiu fazer mais nada. Nos acréscimos, Neymar deu números finais ao jogo: 3 a 1.
Veja os gols:
Ao apito do árbitro, o Barcelona conquistava sua quinta taça europeia, a quarta nas últimas nove edições, erguida por Xavi, que entrou no segundo tempo só para erguer o troféu como capitão. Mas o principal feito daquele time foi consolidar o segundo triplete da história do clube e fazer do Barça o primeiro no continente a possuir tal primazia. Parecia mentira, mas era verdade. E, segundo Iniesta, em entrevista reproduzida pela ESPN na época, aquela façanha só seria valorizada anos depois, até “cair a ficha” de todo mundo.
“Com o passar do tempo, isso será mais valorizado. Agora, o importante é que desfrutemos o máximo, porque foi muito difícil de conseguir”.
Em 13 jogos, foram 11 vitórias e duas derrotas, com 31 gols marcados e 11 gols sofridos. Neymar e Messi, com 10 gols cada, foram os artilheiros do time e da Liga dos Campeões daquela temporada (Cristiano Ronaldo também marcou 10 e compartilhou a artilharia com os rivais). No quesito assistências, Messi, com seis, foi o líder, seguido de Iniesta, com cinco.
O Barça do trio MSN estava definitivamente na história. O trio de ouro terminou a temporada 2014-2015 como o maior fazedor de gols na história do futebol espanhol. Eis os números:
Messi: 58 gols e 27 assistências em 57 partidas;
Suárez: 25 gols e 21 assistências em 43 partidas;
Neymar: 39 gols e 7 assistências em 51 partidas;
TOTAL: 122 gols, 55 assistências e 3 títulos.
Mais do que isso, eles fizeram o Barça vencer 50 partidas em 60 disputadas, recorde na Espanha. Simplesmente histórico.
Recordes e mais recordes
O Barça manteve a base vencedora para a temporada 2015-2016 e trouxe apenas dois reforços: Arda Turan e Aleix Vidal, que só poderiam ser incorporados ao elenco a partir de janeiro de 2016, mês no qual chegaria ao fim a punição imposta pela FIFA lá em 2014. Para abrir a temporada, a equipe encarou o Sevilla bicampeão da Liga Europa na final da Supercopa da UEFA, em Tbilisi, Geórgia. E, contra todos os prognósticos, o continente viu um jogo alucinante, vibrante, mágico. Foram nove gols. Com apenas três minutos, Banega cobrou falta com categoria e fez 1 a 0 Sevilla.
Na sequência, Messi também quis mostrar que sabia bater falta com estilo e empatou: 1 a 1. Aos 16’, o camisa 10 cobrou outra falta com perfeição e virou. Aos 44’, Rafinha fez 3 a 1. No começo da segunda etapa, Suárez fez 4 a 1 e transformou a decisão em uma goleada catalã. Mas o Sevilla não deixou barato. Cinco minutos depois, Reyes aproveitou uma bobeada da zaga e diminuiu. Aos 27’, Gameiro, de pênalti, fez 4 a 3. E, aos 36’, Konoplyanka empatou um jogo tido como perdido: 4 a 4.
Oito gols. Em uma final. Era algo raríssimo de se ver na Europa. E mais raro ainda era ver o Barcelona levar quatro gols num jogo! Ao apito final, o duelo foi para a prorrogação, onde brilhou a estrela do talismã Pedro, que “achou” um gol após grande defesa de Beto em chute de Messi e fez o tento do triunfo catalão por 5 a 4. Foi a quinta taça da competição conquistada pelo Barça, que alcançou o então recordista Milan no topo.
Dias depois, a equipe disputou a Supercopa da Espanha contra o Athletic Bilbao, mas acabou com o vice após levar de 4 a 0 no duelo de ida, fora de casa, e só empatar em 1 a 1 em casa. Mas aquele revés não abateu nem um pouco o time culé. Após nove vitórias e duas derrotas nas primeiras rodadas de La Liga, os blaugranas assumiram a liderança do torneio e a consolidaram na 12ª rodada com uma vitória histórica de 4 a 0 sobre o rival Real Madrid em pleno Santiago Bernabéu, em dia de Neymar e Suárez, protagonistas do clássico. O uruguaio fez dois gols, o brasileiro marcou um e Iniesta também deixou o seu na fantasia pura dos catalães em Madri.
O quarto gol foi uma obra-prima, surgindo após intensa troca de passes que começou no campo de defesa catalão e terminou com gol de Suárez, ainda mais letal e goleador naquela temporada. Isso porque nem precisou de Messi, que entrou só na segunda etapa por voltar de uma lesão que o tirou dos gramados por dois meses – o polivalente Sergi Roberto jogou em seu lugar. O show foi tão grande que os jogadores madrilenos perderam a cabeça e cometeram várias faltas duras, a ponto de Isco ser expulso no segundo tempo. Foi um massacre com todos os requintes de crueldade que o Barça adora impor ao rival em Madri.
E teve mais: entre 18 de outubro de 2015 e 20 de março e 2016, o Barça emendou 23 jogos de invencibilidade, sendo 12 vitórias seguidas entre a 19ª e a 29ª rodadas de La Liga. Na Liga dos Campeões, os catalães consolidaram a classificação em primeiro lugar no Grupo E sem grandes complicações após empate em 1 a 1 com a Roma, fora, e vitória por 6 a 1, em casa (dois gols de Suárez, dois de Messi, um de Piqué e um de Adriano); vitória por 2 a 1, em casa, e empate em 1 a 1, fora, com o Bayer Leverkusen-ALE; e duas vitórias sobre o BATE-BLR – 2 a 0 (fora) e 3 a 0 (em casa).
Embalados ao máximo, os catalães viajaram até o Japão para a disputa do Mundial de Clubes da FIFA. E, sem forçar, despacharam o Guangzhou Evergrande-CHN por 3 a 0 – três gols de Suárez – e venceram o River Plate-ARG pelo mesmo placar na final, com dois gols de Suárez e um de Messi, resultado que transformou o Barça no primeiro tricampeão mundial da “era moderna”, desde que a FIFA passou a organizar oficialmente o torneio. Suárez, com cinco gols em dois jogos, foi eleito o melhor da competição e artilheiro, além de pular direto para o posto de maior artilheiro do torneio na época ao lado de Messi, também com cinco gols, mas em três edições disputadas. O ano de 2015 foi, de fato, todo do Barcelona. Cinco troféus conquistados, recordes alcançados e plateias de todos os cantos do mundo deslumbradas. Além disso, Messi ganhou pela quinta vez na carreira o Ballon d’Or de Melhor Jogador do Mundo, além de faturar o prêmio de Melhor Jogador Europeu da UEFA.
Do tropeço continental às novas glórias nacionais
Entre janeiro e março de 2016, o Barça seguiu imbatível nos âmbitos nacional e continental. Em La Liga, a equipe construiu as 12 vitórias seguidas que só foram encerradas no empate em 2 a 2 contra o Villarreal, fora de casa, no dia 20 de março. Nesse período, a equipe ainda fez mágica na goleada de 6 a 1 contra o Celta, em casa, quando Suárez e Messi cobraram um pênalti ensaiado à la Cruyff, em uma singela homenagem ao ídolo do clube, que viria a falecer tempo depois. Na Copa do Rei, a luta pelo bi seguiu com triunfos sobre Villanovense (este no final do ano de 2015, com 6 a 1 no agregado), Espanyol (6 a 1 no agregado), Athletic Bilbao (5 a 2 no agregado) e um vareio histórico sobre o Valencia na semifinal: 7 a 0 na partida de ida, com quatro gols de Suárez e três de Messi (Neymar ainda perdeu um pênalti). Na volta, o empate em 1 a 1 no Mestalla – com míseros 16 mil pagantes – foi o bastante para garantir o Barça em mais uma decisão.
Veja a goleada:
O nível do trio MSN era ainda mais devastador que na temporada passada. E muito se devia ao entrosamento absurdo atingido pelos sul-americanos e também pela fase primorosa de Suárez, uma verdadeira máquina de gols. El Pistolero estava impossível! No entanto, nem sempre a maré está para peixe. E, em abril, uma ressaca atingiu o clube catalão de maneira impiedosa. Após se classificar para as quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA com duas vitórias sobre o freguês Arsenal (2 a 0, fora, com dois gols de Messi, e 3 a 1, em casa, com um gol para cada um do trio MSN), a equipe foi eliminada nas quartas de final pelo Atlético de Madrid após vencer em casa por 2 a 1 (dois gols de Suárez) e perder fora por 2 a 0, com dois gols do carrasco Griezmann.
Para piorar, a equipe perdeu a invencibilidade no Espanhol em pleno Camp Nou da maneira mais terrível possível: para o rival Real Madrid, que venceu por 2 a 1, de virada, com gols de Benzema e Cristiano Ronaldo. Além desses revezes, os blaugranas ainda perderam mais dois jogos seguidos – 1 a 0 para a Real Sociedad, fora, e 2 a 1 para o Valencia, em casa – no dia em que Messi marcou seu 500º gol na carreira -, resultados que balançaram bastante a liderança da equipe na época – o Atlético alcançou em número de pontos os azuis e grenás naquela rodada.
Com tantos tropeços seguidos, o alerta foi ligado na Catalunha. O time não podia jogar fora todo o trabalho da temporada. A chance de reviravolta estava marcada para o dia 20 de abril, fora de casa, contra o Deportivo La Coruña. E, com novo show de Luis Suárez, o Barça deu show: 8 a 0, com quatro gols do uruguaio, um de Rakitic, um de Messi, um de Bartra e um de Neymar. Era a mostra de que eles não queriam mais levar sustos nem dar chances para os rivais encostarem. E, nas quatro rodadas seguintes, vieram quatro vitórias: 6 a 0 no Sporting Gijón, em casa (com mais quatro gols de Suárez! Oito gols em dois jogos! Pode isso?!), 2 a 0 no Real Betis, fora (um gol de Suárez e um de Rakitic), 5 a 0 no Espanyol, em casa (dois de Suárez, um de Rafinha, um de Messi e um de Neymar) e 3 a 0 no Granada, fora de casa, com três gols de Suárez, resultado que fez do Barça bicampeão espanhol com 29 vitórias, quatro empates, cinco derrotas, 112 gols marcados e 29 sofridos em 38 jogos.
Suárez, com 40 gols em 35 jogos disputados e uma média superior a um gol por jogo, foi o artilheiro do time e da competição (ele ficou cinco gols a frente de CR7, que fez 35, e Messi, que marcou “só” 26), além de ser o Chuteira de Ouro da Europa. O uruguaio foi também o rei das assistências com 16 passes para gols e se tornou o primeiro jogador na história da competição a ser o primeiro colocado tanto na lista de artilheiros quanto de assistências.
Dias depois do título espanhol, os catalães foram até o Vicente Calderón, em Madri, disputar a final da Copa do Rei contra o Sevilla. O filme do jogo pirotécnico na decisão da Supercopa da UEFA lá do início da temporada apareceu na cabeça dos jogadores. E todos estavam concentrados para que os sustos daquele duelo não voltassem a se repetir. Ao contrário daquela partida continental, o duelo nacional foi muito tenso, sem gols durante os 90 minutos. Só na prorrogação, aos 7’ do primeiro tempo, que Jordi Alba fez o primeiro gol. E, nos acréscimos da etapa complementar do tempo extra, Neymar marcou o segundo e garantiu mais um título da Copa do Rei ao recordista Barça – foi a 28ª taça da equipe na história, que veio após nove jogos, sete vitórias, dois empates, 26 gols marcados e cinco gols sofridos. Suárez e Messi, com cinco gols cada, foram os artilheiros da competição ao lado de outros três jogadores.
Na temporada 2015-2016, o Barça permaneceu 39 jogos invicto e o trio MSN foi ainda mais letal com nove gols e 11 assistências a mais que 2014-2015. Veja os números:
Messi: 41 gols e 23 assistências em 49 partidas
Suárez: 59 gols e 22 assistências em 53 partidas
Neymar: 31 gols e 21 assistências em 49 partidas
TOTAL: 131 gols, 66 assistências e 4 títulos
De volta às compras!
Depois de muita angústia, enfim, o Barcelona pôde abrir seus caixas e contratar jogadores na janela de transferências do verão europeu de 2016. O clube trouxe o goleiro holandês Cillessen, os defensores franceses Lucas Digne e Samuel Umtiti, o meia português André Gomes, e os atacantes espanhóis Denis Suárez e Paco Alcácer. Tais contratações tornaram aquele elenco o mais caro da história do clube, avaliado em 585 milhões de euros (!). Por outro lado, vários jogadores deixaram o Camp Nou, entre eles Daniel Alves, multicampeão com a camisa azul e grená, que não renovou seu contrato e foi para a Juventus-ITA, o goleiro Claudio Bravo, que assinou compromisso com o Manchester City-ING, o zagueiro Bartra, que migrou para o Borussia Dortmund-ALE, além de outros atletas serem emprestados, caso do zagueiro belga Vermaelen, pouco aproveitado na temporada anterior e que foi jogar na Roma-ITA.
Ao contrário das outras duas temporadas, o técnico Luis Enrique não iria promover o revezamento tão assíduo no gol e Ter Stegen foi titular em praticamente todas as partidas. O recém-chegado Cillessen teria mais chances apenas na Copa do Rei. No esquema de jogo, nada de grandes mudanças. O desenho tático seria o mesmo, apenas com a presença de Sergi Roberto entre os titulares no lugar de Daniel Alves. Como não poderia deixar de ser, o foco do time era manter a coroa no Campeonato Espanhol e reconquistar a Europa, de novo dominada pelo rival Real Madrid, campeão em 2015-2016.
Instabilidade
O Barça começou a temporada vencendo a Supercopa da Espanha após derrotar o Sevilla tanto fora de casa (2 a 0) quanto no Camp Nou (3 a 0, com dois gols de Arda Turan e um de Messi). Um mês depois, a equipe estreou na Liga dos Campeões da UEFA da melhor maneira possível: massacre de 7 a 0 sobre o Celtic-ESC, em casa, com três gols de Messi, dois de Suárez, um de Neymar e outro de Iniesta. Nos dois duelos seguintes pela competição continental, mais duas vitórias: 2 a 1 sobre o Borussia Mönchengladbach-ALE, fora, e 4 a 0 sobre o Manchester City-ING, em casa, com três gols de Messi e um de Neymar, em mais um duelo contra um time comandado por Pep Guardiola. Os culés consolidaram a classificação para as oitavas de final após duas vitórias e uma derrota nos três jogos seguintes.
Se na UCL o Barça ia bem, no Campeonato Espanhol a história era outra. Nas primeiras 14 rodadas, o time não conseguiu emendar as boas sequências de vitórias das temporadas anteriores e perdeu dois jogos – 2 a 1 para o Alavés, em casa, e 4 a 3 para o Celta de Vigo, fora -, além de acumular quatro empates – entre eles um contra o rival Real Madrid, em casa, por 1 a 1. Com isso, a liderança só foi alcançada na primeira rodada, o time estacionou na 2ª posição e caiu para a terceira na 17ª , já temendo um distanciamento do Real Madrid de Zidane, que tratava La Liga como uma das principais metas da temporada, mais até que a Liga dos Campeões. Só no returno que os culés emendaram seis vitórias seguidas e voltaram ao páreo, mas os tropeços fora de casa diante do Deportivo La Coruña (2 a 1), na 27ª rodada, e Málaga (2 a 0), atrapalharam o andamento em busca do tri.
Novo show de Messi
Na 33ª rodada, no clássico contra o Real Madrid no Bernabéu, o Barcelona retomou a confiança. Em um grande e disputado jogo, a equipe culé saiu perdendo, mas empatou com um golaço de Messi, que invadiu a área, passou por dois e chutou no canto do goleiro. Na segunda etapa, Rakitic bateu na entrada da área e virou: 2 a 1. James Rodríguez empatou para o Real, aos 40’, mas Ele apareceu nos acréscimos para definir uma nova vitória catalã dentro do Bernabéu: Dios Lionel Messi. O argentino recebeu dentro da área e, com sua perna esquerda, fez 3 a 2. Foi o gol de número 500 do craque pelo Barcelona em jogos oficiais. Justamente num clássico. Justamente no maior rival. Na comemoração, ele tirou a camisa, virou com seu nome e número para a torcida merengue e ficou segurando o manto para que todos vissem seu carrasco. Os jogadores do Real ficaram no chão, sem acreditar. Foi mais um “Clásico” histórico para a conta de um duelo gigante, enorme.
Dali em diante, o Barça não perdeu mais. Só que não foi suficiente para evitar o título do Real Madrid, que ficou três pontos à frente do rival e com uma vitória a mais (29 a 28), além de perder um jogo a menos do que os blaugranas (3). Mesmo com o vice, o Barça teve o melhor ataque da competição com 116 gols marcados e o artilheiro: Lionel Messi, com 37 gols, seguido de Suárez, com 29. Neymar, com 15 assistências, foi o maior garçom de La Liga, seguido de Suárez, com 14. Mas o grande momento daquele esquadrão não foi no Campeonato Espanhol, na Copa do Rei ou nos clássicos. Foi em um jogo, nas oitavas de final da Liga dos Campeões.
A história para os livros
Classificado em primeiro lugar no Grupo C, o Barça encarou logo nas oitavas de final da UCL o PSG-FRA, que tratava a competição europeia como obsessão diante dos investimentos milionários que fazia. O duelo era tido como um dos mais equilibrados daquela etapa, mas o primeiro jogo, em Paris, foi totalmente aquém das previsões. Os franceses golearam por 4 a 0 de maneira inapelável, em uma deflagração escancarada da queda do rendimento defensivo daquele Barça na temporada 2016-2017. Se antes a equipe tinha equilíbrio em todos os setores, a zaga era um grande problema por conta da má fase dos zagueiros (principalmente Mascherano).
A instabilidade gerava muita preocupação nos torcedores. E, após uma goleada desse porte, muitos jogaram a toalha. Ainda mais pelo fato de jamais, em toda a história da Liga dos Campeões da UEFA, uma equipe ter conseguido reverter uma diferença tão grande de gols. E, como desgraça pouca é bobagem, Luis Enrique anunciou logo no começo de março que não iria renovar seu contrato com o clube, pois precisava “descansar”. De fato, as coisas não estavam bem para o clube blaugrana…
Mas, no dia 08 de março de 2017, o Camp Nou, palco de tantas viradas e jogos alucinantes, presenciou outra epopeia. Talvez uma das maiores de sua história. O Barcelona conseguiu reverter o irreversível. Logo aos 3’, Suárez abriu o placar. Aos 40’, o 2 a 0 veio num gol esquisito, contra. Aos 5’ do segundo tempo, Messi fez o terceiro. Minutos depois, Cavani diminuiu e aumentou ainda mais o drama. Só que, a partir dos 43’, tudo mudou. Neymar apareceu para fazer 4 a 1. Aos 46’, o brasileiro fez outro. E, aos 50’, Sergi Roberto deu números finais: 6 a 1. Foi um jogo com todos os ingredientes que uma partida de UCL exige. Um jogo épico, histórico, impressionante, com polêmicas, com tudo. Um jogo eterno com um capítulo só para ele aqui no Imortais. O link está no final do texto!
Após uma virada como aquela, todos colocaram os culés como favoritos plenos ao título. Só que, já nas quartas de final, a equipe perdeu para a Juventus por 3 a 0 na partida de ida, e não saiu do zero na volta, resultados que eliminaram os catalães da competição. Eles usaram tanta magia naquele duelo contra o PSG que o estoque acabou…
Nova taça nacional e o “duelo” MSN x BBC
Vice no Espanhol e eliminado nas quartas da UCL, o Barça ainda teve um alento na temporada derradeira de Luis Enrique: o tricampeonato da Copa do Rei, conquistado após o time catalão superar Hércules (8 a 1 no agregado), Athletic Bilbao (4 a 3 no agregado), Real Sociedad (6 a 2 no agregado), Atlético de Madrid (3 a 2 no agregado) e bater o Alavés na decisão por 3 a 1, com gols de Messi, Alcácer e Neymar, que se tornou o primeiro jogador desde Ferenc Puskás a marcar gols em três finais de Copa do Rei seguidas. Aquela foi a última taça de Luis Enrique pelo Barça. Ele deixou os culés com um impressionante aproveitamento de 76% – foram 138 vitórias, 22 empates e 21 derrotas em 181 jogos. Sobre ter comandado um dos trios mais incríveis e devastadores da história, Luis Enrique, em entrevista pouco antes da final da Copa do Rei publicada pelo site Goal.com, comentou:
“Foi um prazer. Tentei ajudá-los na medida do possível. Só posso falar muito bem do Suárez como pessoa e como jogador, embora, às vezes, seja difícil distingui-lo. Ele só tem em mente o gol. Ele aprendeu a controlar as suas emoções. Neymar, por outro lado, sempre foi mais tranquilo. Já chegou com um bom repertório, mas tem melhorado muito na interpretação do jogo, a sua evolução ao longo dos últimos quatro anos e tem sido muito importante. Messi é o melhor dos melhores. É um grande líder e um grande exemplo para todos”.
Ao término daquela temporada 2016-2017, o trio MSN outra vez superou a marca dos 100 gols, mas foi menos prolífico se comparado com as outras. Veja os números:
Messi: 54 gols e 16 assistências em 52 partidas
Suárez: 37 gols e 16 assistências em 51 partidas
Neymar: 20 gols e 20 assistências em 45 partidas
TOTAL: 111 gols, 52 assistências e 2 títulos
Após três temporadas juntos, o trio MSN superou em todos os números um outro trio: La BBC, composto por Benzema, Bale e Cristiano Ronaldo, do Real Madrid. As comparações não deixaram de aparecer e sempre eram destaque nas páginas esportivas dos jornais espanhóis. Mas o trio catalão superou o “rival” em todos os anos. Veja:
2014-2015
MSN: 151 jogos, 122 gols, 55 assistências
BBC: 148 jogos, 100 gols, 46 assistências
2015-2016
MSN: 151 jogos, 131 gols, 66 assistências
BBC: 115 jogos, 98 gols, 34 assistências
2016-2017
MSN: 148 jogos, 111 gols, 52 assistências
BBC: 120 jogos, 70 gols, 22 assistências
O fim da lenda MSN
Depois de Luis Enrique, o Barcelona viu uma de suas principais estrelas dizer adeus: Neymar, que preferiu buscar outro clube para ser “protagonista exclusivo” – ao invés de seguir com chances de títulos e de novas conquistas – no PSG, que levou o brasileiro na maior transação da história do futebol por astronômicos 222 milhões de euros. A saída dele foi bastante questionada pelo fato de o atacante querer ser o “melhor do mundo”, algo que acreditava não conseguir no Barça por jogar ao lado de Messi. No entanto, o próprio argentino tentou mudar a cabeça do companheiro.
Na pré-temporada do clube em New Jersey, em julho de 2017, Messi e Suárez conversaram com o camisa 11 para ele não ir à Paris, mas ambos não sabiam que o negócio já estava acertado há algum tempo. Messi se propôs inclusive a ser coadjuvante para o brasileiro ganhar a sonhada Bola de Ouro. “O que você quer, uma Bola de Ouro? Eu te farei ser Bola de Ouro!”, disse o argentino. Mesmo com a solidariedade de Messi, a ganância do brasileiro falou mais alto. E a sequência dessa história vemos no presente: Neymar não brilhou, virou piada após a Copa de 2018 e não é nem uma caricatura do jogador que jogou tão bem na Catalunha.
A saída dele decretou o fim abrupto do trio MSN. Os amantes do esporte perdiam uma atração, uma das principais referências de futebol bem jogado. Era o fim de um dos trios mais espetaculares de todos os tempos, daqueles que entram em listas e enciclopédias de maiores da história. Um trio tão ou mais lendário quanto outros trios de ataque que encantaram gerações, como o Gre-No-Li do Milan nos anos 50. Como Kocsis, Hidegkuti e Puskás na Hungria de 1954. Como Di Stéfano, Puskás e Gento no Real Madrid dos anos 1950. Como Garrincha, Pelé e Vavá no Brasil de 1958. Como Best, Law e Charlton no Manchester United dos anos 1960. Como Jairzinho, Tostão e Pelé no Brasil de 1970. Como Swart, Cruyff e Keizer no Ajax dos anos 1970. Como Torstensson, Gerd Müller e Uli Hoeness no Bayern dos anos 1970.
Como Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo no Brasil de 2002. Como Deco, Ronaldinho e Eto’o no Barça de 2004-2006. Isso só para citar alguns. O trio MSN deixou 364 gols de recordação. 364 momentos de felicidade, magia, encanto. Conquistaram taças históricas. Criaram novos e eternos torcedores. E aumentaram ainda mais a mitologia de um esporte tão impressionante. O que eles fizeram jamais será apagado. Mas sempre lembrado. Um trio imortal de um esquadrão imortal.
Os personagens:
Ter Stegen: o goleiro alemão chegou em 2014, após grandes temporadas pelo Borussia Mönchengladbach, e virou a opção principal de Luis Enrique na Copa do Rei e na Liga dos Campeões da UEFA naquela temporada. E não decepcionou. Muito regular, ágil e capaz de realizar grandes defesas – incluindo uma sensacional nas semis contra o Bayern -, Stegen foi ganhando espaço, mas queria jogar mais e não aprovava o rodízio feito pelo técnico no gol do time catalão – Bravo jogava no Campeonato Espanhol. Só na temporada 2016-2017 que ele, enfim, assumiu de vez a meta da equipe. Seu desempenho pelo Barça o levou com mais frequência à seleção alemã.
Bravo: foi o goleiro titular das campanhas que deram os títulos espanhóis ao Barça em 2015 e 2016. Com atuações impressionantes, muita autoridade, agilidade e eficiência com a bola nos pés, o chileno quebrou recordes na temporada 2014-2015 e levou apenas 19 gols em 37 jogos. Seu bom momento refletia o período de ouro pelo qual passava sua seleção chilena, com a qual venceu duas Copas Américas em 2015 e 2016 como titular e capitão. Assim como Ter Stegen, Claudio Bravo não aprovava o rodízio de goleiros de Luis Enrique. Por isso, não hesitou em trocar o Barça pelo Manchester City em 2016.
Cillessen: o holandês chegou para o lugar de Bravo, em 2016, e foi o titular na campanha do título da Copa do Rei de 2016-2017. Por conta da ascensão de Ter Stegen, acabou não tendo chances nas outras competições.
Daniel Alves: colecionador de títulos pelo Barça, Dani Alves fez suas últimas aparições naquele esquadrão com a regularidade de sempre, apoio intenso ao ataque, fôlego privilegiado, passes precisos, cruzamentos, tabelinhas e a eficiência que transformaram o brasileiro em um dos defensores mais vitoriosos de todos os tempos. Foram 391 jogos pelo Barcelona e 21 gols entre 2008 e 2016, incluindo 23 títulos.
Sergi Roberto: um dos jogadores mais completos de sua geração, o espanhol cria das bases do Barça pode jogar nas duas laterais, no meio de campo, como ponta e até como zagueiro, um legítimo “jogador total”, como Cruyff tanto gostava. Passou a ser titular com mais frequência na temporada 2015-2016 e principalmente após a saída de Daniel Alves, em 2016. Fez o lendário gol da classificação contra o PSG na Liga dos Campeões de 2016-2017. Tem mais de 230 jogos pelo clube catalão.
Piqué: após a grande fase vivida no esquadrão de Guardiola, o zagueiro caiu um pouco de rendimento nos anos seguintes, mas voltou a jogar bem com Luis Enrique e foi titular absoluto nas novas conquistas blaugranas com sua força no jogo aéreo, boa saída de bola e presença constante em jogadas de ataque como elemento surpresa. Muito identificado com o clube e a torcida, manteve a regularidade nas temporadas 2014-2015 e 2015-2016, mas teve uma nova queda na temporada 2016-2017, assim como todo setor defensivo do time. Tem mais de 480 jogos pelo Barça.
Mascherano: após várias temporadas atuando no meio de campo, o argentino foi para a zaga e jogou muito bem naqueles primeiros anos de Luis Enrique como técnico dos blaugranas. Muito regular e com a vitalidade e raça de sempre, Mascherano foi fundamental para o sucesso do time nas temporadas de 2014-2015 e 2015-2016. Uma pena que tenha caído de produção após esse período, algo refletido inclusive nas atuações do jogador pela seleção argentina (ele fez uma Copa de 2018 para esquecer…). Em 2018, deixou o Barça para jogar no futebol chinês. Disputou 334 jogos e marcou um gol com a camisa azul e grená entre 2010 e 2018.
Umtiti: fez grandes temporadas pelo Lyon antes de desembarcar na Catalunha, em 2016. Muito forte no jogo aéreo, implacável na marcação e com bom controle de bola, o zagueiro é um dos melhores e mais regulares na posição nesta segunda metade de anos 2010. Logo em sua primeira temporada pelos culés, disputou mais de 40 jogos e formou uma boa dupla de zaga ao lado de Piqué. Sua boa fase foi refletida na Copa do Mundo de 2018, quando foi titular da França na conquista do bicampeonato mundial.
Jordi Alba: chegou exatamente após a Era Guardiola, em 2012, depois de “voar” na lateral do Valencia e também na Espanha campeã da Europa em 2012. Rápido, habilidoso, com um fôlego interminável, perito nos passes e cruzamentos e muito eficiente, o jogador foi titular absoluto da lateral-esquerda da equipe naqueles anos de ouro. Tem mais de 280 jogos pelos culés entre 2012 e 2019.
Mathieu: outro jogador polivalente daquele time, o francês podia atuar como zagueiro central ou na lateral-esquerda com a mesma eficiência. Não foi titular absoluto, mas teve várias chances nas campanhas dos títulos espanhóis de 2015 e 2016, nos quais disputou 49 jogos. Deixou o Barça em 2017 para jogar no futebol português.
Rakitic: cerebral, eficiente, preciso nos passes, dono de um chute venenoso de média e longa distâncias, letal nas bolas paradas, perigoso nas jogadas ofensivas e muito bom na marcação e na proteção ao meio de campo. Não é preciso dizer que o croata caiu como uma luva no esquema de jogo do Barcelona, não é mesmo? Após grandes atuações pelo Sevilla, o meia chegou à Catalunha e foi direto para o time titular, formando um novo e fantástico meio de campo ao lado de Iniesta e Busquets. Deixou sua marca na decisão da UCL de 2015 e seguiu em alto nível nos anos seguintes até a consagração definitiva com a Croácia vice-campeã do mundo na Copa de 2018. Já está entre os melhores jogadores da história de seu país e também do futebol europeu. Possui mais de 250 jogos com a camisa blaugrana.
Xavi: maior meio-campista da história do futebol espanhol e um dos maiores de todos os tempos, Xavi disputou sua última temporada pelo Barcelona em 2014-2015, após a não-renovação de seu contrato e por já não conseguir disputar uma partida inteira por causa do físico. Mas ele já tinha deixado sua marca na história do clube com uma trajetória brilhante, inesquecível e única. Xavi chegou ao Barcelona em 1997, para jogar no time B, e só saiu 18 anos depois. Disputou mais de 760 jogos pela equipe profissional e conquistou 25 títulos. Pela seleção, foram duas Eurocopas e uma Copa do Mundo, todas como titular. Simplesmente uma lenda do futebol. Ele entrou na decisão da UCL de 2015 só para vestir a braçadeira de capitão e levantar a taça. Um craque imortal. Leia mais sobre ele clicando aqui.
Sergio Busquets: ele sempre foi um meio-campista que foge dos holofotes, mas sempre teve uma importância fundamental para os times que o Barcelona montou desde 2008, ano em que passou a integrar a equipe profissional. Como primeiro homem do meio de campo, sempre à frente da zaga, é Busquets quem dá a proteção para os dois companheiros do setor irem ao ataque. Primeiro, foi o guardião de Xavi e Iniesta. Depois, de Iniesta e Rakitic. Sempre com regularidade, muita inteligência tática, seriedade e profissionalismo.
Iniesta: após seu companheiro telepático Xavi iniciar o adeus ao Barça, “Don Andrés” assumiu o protagonismo do meio de campo catalão com atuações tão ou mais brilhantes que as exibidas entre 2008 e 2012. Rápido, inteligentíssimo, habilidoso, líder (foi o capitão do time na Era Luis Enrique) e craque incontestável, Iniesta foi ainda maior naqueles anos fantásticos. Depois de 16 anos no time profissional catalão e 30 títulos pelos blaugranas, Iniesta deixou o Camp Nou para jogar no futebol japonês em 2018. Foram quase 700 jogos e momentos já marcados na história do Barcelona e de todo o futebol. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Arda Turan: o turco chegou em 2015, após grandes temporadas pelo Atlético de Madrid. No entanto, como atuava no meio de campo, acabou sem grandes chances no time titular e disputou apenas 55 jogos entre 2015 e 2017, marcando 15 gols. Foi emprestado em 2017.
Messi: marcou 153 gols e deu 66 assistências em 158 jogos entre as temporadas 2014-2015 e 2016-2017. Ganhou uma Bola de Ouro em 2015 – a quinta da carreira. Superou a marca dos 500 gols pelo Barcelona. Se transformou no maior artilheiro do clube em todos os tempos. Marcou gols épicos. Destruiu o maior rival de todos os jeitos, principalmente em Madri. Se reinventou e virou um artilheiro implacável mesmo sem poder dar as arrancadas de outrora. Mas, vez ou outra, saía em disparada para construir novas obras-primas, como na final da Copa do Rei de 2015. Calibrou ainda mais os chutes. E continuou lapidando sua carreira de gênio do futebol. Messi foi tudo isso e muito mais. E continua sendo. Que seja por muito tempo. Pois não dá para imaginar o futebol sem ele.
Suárez: “El Pistolero” demorou para estrear pelo Barça por causa da punição que recebeu da FIFA após a Copa de 2014, mas quando estreou… Virou uma máquina de fazer gols, se adaptou perfeitamente ao esquema tático do time e viveu na Catalunha a melhor fase da carreira, sem “mordidas” nem desequilíbrios. Ele passou de tímidos 25 gols na temporada 2014-2015 para assombrosos 59 gols em 53 partidas na temporada seguinte, façanha que deu a ele o prêmio de Chuteira de Ouro da Europa. Veloz, driblador, imparável e sedento por gols, o jogador se transformou em um dos mais temidos atacantes de todo o planeta. Foram 121 gols e 59 assistências em 147 jogos entre 2014 e 2017, além de gols em decisões, em clássicos e por vários jogos seguidos. Deixou o clube em 2020 como 3º maior artilheiro do Barcelona em todos os tempos com 198 gols em 283 jogos e 97 assistências, superando a marca de um gol produzido por jogo e ficando à frente de Eto’o, Rivaldo e Escolà, por exemplo. Um craque fora de série.
Pedro: o “artilheiro das decisões” perdeu espaço com a chegada de Suárez, mas, enquanto o uruguaio não podia jogar e no período em que se adaptava ao clube, o atacante disputou vários jogos e deixou sua marca em algumas partidas, principalmente na campanha do título da Copa do Rei de 2014-2015. Marcou 11 gols em 50 jogos. Na temporada seguinte, foi para o Chelsea.
Alcácer: o atacante chegou ao Barça em 2016 para compor o elenco e entrar quando alguma das estrelas não pudesse atuar. Por isso, não disputou muitos jogos, mas foi titular na final da Copa do Rei de 2017 e marcou o gol que fechou a vitória por 3 a 1 sobre o Alavés. Deixou a Catalunha em 2018 para jogar no futebol alemão.
Neymar: o brasileiro vinha em uma crescente notável desde os tempos de Santos quando chegou ao Barça para realizar um sonho de garoto. E, ano a ano, foi confirmando as expectativas com partidas primorosas e um futebol de muito brilho, dribles, gols e atuações decisivas. Formou com Messi e Suárez um dos trios mais incríveis da história do futebol e mostrou muita evolução a cada temporada sob o comando de Luis Enrique. Na temporada 2014-2015, marcou 39 gols em 51 jogos, sua mais prolífica temporada pelos culés. Na seguinte, foi mais garçom e não se cansou de dar gols para os companheiros, além de marcar os seus também – foram 31 em 49 partidas. Tinha muito ainda para fazer quando deixou o Barça mesmo com o apoio dos companheiros para continuar. No entanto, quem perdeu foi ele. Sua carreira nunca mais foi a mesma depois dos anos dourados em Barcelona. E, ao invés de sair como ídolo, deixou um ar de indiferença na maioria dos torcedores. Foram 105 gols em 186 jogos pelo Barça entre 2013 e 2017.
Rafinha: cria do Barça, o brasileiro sempre foi um coringa muito utilizado por Luis Enrique e titular em vários jogos. Habilidoso, podia atuar como meia e também no ataque. Sua mais prolífica temporada foi a de 2016-2017, quando marcou sete gols em 28 jogos.
Luis Enrique (Técnico): seu início gerou muitas dúvidas no torcedor, mas quando arrumou o elenco e impôs um estilo de jogo mais ofensivo, sem aquela gana pela posse de bola, o treinador transformou o Barça em uma verdadeira máquina de gols – que marcou impressionantes 180 gols em 2015. Embora tenha criado atritos com os goleiros Bravo e Ter Stegen devido ao rodízio que promoveu entre a dupla nas competições nacionais e internacionais entre 2014 e 2016, teve o mérito de levantar taças históricas com clube – principalmente um novo treble -, e entrosar de maneira perfeita o trio MSN. Deixou a Catalunha com um aproveitamento de 76% e nove títulos conquistados.
Leia mais sobre a virada do Barça sobre o PSG clicando aqui.
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Dizer o que do trio MSN? Dos que eu vi, simplesmente o mais mortífero. Mais do que merecido ser imortalizado. Pena que tenha acabado por conta da ganância de um dos três. Ganância essa que fez ele virar chacota no mundo todo. Seria karma?
Agora, uma coisa engraçada foi quando se falou das duas canetas que o Luisito (que também é conhecido como Lucho no Uruguai 🙂 deu no David Luiz. Ficar procurando por onde passou um atacante é uma tônica da gloriosa carreira do zagueiro Nutella.
Maravilha! Esse timaço histórico (o título da Champions de 2015 foi um dos mais convincentes e dominantes de todos os tempos!), além de um ataque histórico como o MSN, que jogava absurdamente bonito e tinha uma química tão absurda que pareciam se comunicar por telepatia, mais do que merecia ser imortalizado!