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Seleções Imortais – Argentina 1978

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Em pé: Passarella, Bertoni, Olguín, Tarantini, Kempes e Fillol. Agachados: Gallego, Ardiles, Luque, Ortiz e Galván.

 

Grandes feitos: Campeã do Mundo em 1978.

Time base: Fillol; Olguín, Galván, Passarella e Tarantini; Gallego, Ardiles (Larrosa) e Kempes; Bertoni, Luque e Ortiz (Houseman). Técnico: César Menotti.

 

“La Copa es nuestra. ¡Vamos a comemorar con perú!”

Por Guilherme Diniz

Foram 40 anos de espera desde a primeira tentativa de organizar um Mundial, mas em 1978 a Argentina conseguiu, enfim, o direito de ter uma Copa do Mundo disputada em seu solo. Porém, o que era para ser um acontecimento histórico foi um dos eventos mais polêmicos de todos. Com vários problemas de organização, partidas sob suspeita e um país em meio a um recente golpe de estado, a Copa daquele ano viu o futebol ser ofuscado mais uma vez pela política. Mesmo num cenário tão conturbado, tivemos lampejos de arte e uma campeã “imoral” para os brasileiros: a Argentina, que se apoiou num time aguerrido e talentoso, na sorte e em possíveis arranjos para conquistar seu primeiro título mundial. É hora de relembrar o feito dos hermanos e as curiosidades daquele tão contestado título alviceleste.

 

Golpe e desorganização

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A Argentina foi escolhida sede da Copa de 1978 no congresso da FIFA de 1966, em Londres, depois de quatro décadas de espera para organizar um Mundial. A primeira tentativa dos hermanos foi em 1938, quando acabaram perdendo para a França e boicotaram aquela Copa e as outras seguintes até 1958. Mas, depois de ter a realização da Copa em suas mãos, o país quase viu tudo ir por água abaixo em 1976. Um golpe de estado levou ao poder o general Jorge Rafael Videla, iniciando um turbulento período de brigas, rebeliões e prisões no país. Para piorar, o general Omar Carlos Actis, presidente da EAM (Ente Autárquico Mundial), órgão criado para a organização da Copa, foi assassinado em um atentado, deixando o país à beira de uma guerra civil.

E tinha mais: o governo argentino gastava milhões nas obras para a Copa e ninguém sabia para onde ia o dinheiro. Resultado: a dívida externa da Argentina mais que dobrou naquele período. O golpe gerou possíveis abstenções de vários países, como a Holanda, mas com o passar do tempo eles voltaram atrás graças à trégua acertada entre ditadura e um grupo chamado Movimento Peronistas Montoneros.

Videla assume

 

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Além de todos esses problemas, a Argentina cometeu gafes homéricas na organização. A pior delas foi regar com água do mar (!) o gramado do estádio Monumental (palco da final) por conta da falta de abastecimento do local. Resultado: eles tiveram que trocar toda a grama e replantá-la…

 

Time forte

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Voltando ao futebol, a seleção argentina que tinha praticamente a obrigação de vencer sua primeira Copa em casa ainda não dava muita esperança ao seu torcedor naquele tempo. Mesmo com jogadores de muito talento e na flor da idade como o ágil e seguro goleiro Fillol, o soberbo zagueiro Daniel Passarella, o talentoso meia Bertoni e o atacante Kempes, a equipe não empolgava pelo fato de os argentinos ainda viverem os traumas das últimas Copas disputadas e das não disputadas, como a de 1970, quando foram eliminados pelo Peru de Cubillas ainda nas eliminatórias.

A equipe tinha em 1978 um plantel como há tempos não se via no país, mais precisamente desde a década de 1940, quando o selecionado dispunha de nomes como Carrizo, Labruna, Di Stéfano, Pedernera e Nestor Rossi (uma geração que infelizmente não jogou uma Copa por conta da II Guerra Mundial). O técnico do time desde 1975 era César Menotti, ex-jogador dos anos 60 que construiu um trabalho coeso e focado no título mundial. Com um padrão de jogo definido, uma defesa forte e um ataque criativo, o treinador tinha um grupo que poderia, sim, conquistar a Copa. Seu único erro na época foi não dar espaço para um garoto prodígio de 17 anos que barbarizava no futebol do país: Diego Maradona, “muito imaturo” segundo Menotti.

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César Menotti

 

Começa a Copa

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O Mundial de 1978 reuniu 16 seleções e não contou com forças como Uruguai (ausente pela primeira vez desde 1958), Inglaterra e URSS. Felizmente, outras potências como Alemanha, Itália, França, Holanda e Brasil estavam presentes. A Argentina caiu no grupo 1, ao lado de Itália, França e Hungria. A estreia dos donos da casa foi contra a Hungria e os alvicelestes venceram por 2 a 1, gols de Luque e Bertoni. Na partida seguinte, mais uma vitória por 2 a 1 (gols de Passarella e Luque), dessa vez contra a França de um novato Platini. Nesta partida surgiu a primeira polêmica da Copa quanto à marcação do pênalti que resultou no primeiro gol da Argentina, mas a chiadeira não resultou em nada.

No encerramento da primeira fase, a Itália derrotou a Argentina por 1 a 0, golaço de Bettega, resultado que classificou as duas equipes e eliminou a França. Nos outros grupos, Polônia, Alemanha, Áustria, Brasil, Peru e Holanda avançaram para a segunda fase, que seria similar a da Copa anterior: dois novos grupos com os primeiros de cada um classificados para a final e os segundos colocados garantidos na disputa pelo terceiro lugar.

 

Clássico da porrada

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A Argentina não empolgava, mas mostrava flexibilidade no ataque com Bertoni, Luque e Kempes, com o primeiro responsável pela intensa movimentação nos dois lados do campo. Na segunda fase, o time estava no Grupo B, ao lado de Polônia, Peru e o rival Brasil. No primeiro jogo, Kempes, que havia cortado o bigode a pedido do técnico Menotti para “dar sorte”, desencantou a anotou os dois gols da vitória por 2 a 0 sobre a Polônia. A simpatia deu certo!

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Na partida seguinte, um clássico contra o Brasil. O estádio de Rosário estava abarrotado, com mais de 37 mil pessoas. Uma vitória significaria praticamente o passaporte para a final, já que ambos haviam vencido seus primeiros compromissos. O Brasil era comandado por Cláudio Coutinho, que inovava com suas técnicas modernas de treinamento. Com uma rivalidade explosiva e um território hostil, muitos temiam que o Brasil pudesse cair na catimba e no jogo pegado da Argentina. Mas, ao contrário, a seleção verde e amarela jogou de igual para igual, tanto na bola quanto na porrada.

O jogo teve 51 faltas, recorde naquela Copa, e divididas ásperas, com destaque para o duelo entre o zagueiro brasileiro Oscar e o atacante Luque, que trocaram cotoveladas e pontapés até o argentino sangrar e ver que não podia duelar com o jovem de 23 anos. No final, o 0 a 0 permaneceu e os times deixaram a definição para a última rodada. E seria nela a moradia da maior polêmica daquele mundial.

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Marmelada ou uma “surpresinha” do futebol?

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A rodada final do Grupo B da Copa de 1978 foi decidida no dia 21 de junho e recheada de controvérsias. A primeira foi que o Brasil disputaria sua partida de tarde, antes da Argentina. Com isso, os donos da casa jogariam contra o Peru já sabendo do resultado brasileiro e o que fazer para se classificar. Cláudio Coutinho e seus atletas protestaram, mas foram para o jogo contra a Polônia e venceram por 3 a 1. O resultado obrigava a Argentina a realizar uma missão quase impossível: tirar uma vantagem de quatro gols de saldo do Brasil e golear o Peru por 4 a 0, pelo menos.

Ninguém apostava que o Peru, time muito bem organizado naquela Copa e que havia feito uma ótima campanha na primeira fase (quando foi o primeiro do grupo, à frente da Holanda), pudesse permitir aos donos da casa uma proeza como aquela. Mas, contra todos os prognósticos, a Argentina não só conseguiu tirar os quatro gols de saldo como aumentar a diferença ao golear o time branco e vermelho por 6 a 0, gols de Kempes (2), Tarantini, Luque (2) e Houseman.

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Como era possível? Como um time eficiente como aquele levara um chocolataço de 6 a 0? Foi aí que começaram as conspirações. Dizem que, antes do jogo, o ditador Videla visitou o vestiário do time do Peru desejando “boa sorte” aos jogadores e pregando a “bonita amizade entre Argentina e Peru desde os tempos da independência latino-americana”. A pressão psicológica proposta por Videla parece que funcionou naquele dia, a ponto de décadas depois um dos jogadores do Peru afirmar que o general “metia um pouco de medo”. Outra polêmica, a principal delas, foi o desempenho do goleiro peruano Quiroga. Argentino de nascimento, o arqueiro teria aceitado uma gorda quantia de dinheiro em troca de aceitar alguns golzinhos argentinos naquele jogo. O corpo mole de Quiroga e a visita de Videla nunca foram comprovados. Mas as controvérsias permanecem até hoje.

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Com a goleada, a Argentina se garantiu na final e o Brasil foi para a disputa do terceiro lugar, vencida diante da Itália por 2 a 1. Após o mundial, o técnico brasileiro Cláudio Coutinho declarou a seleção verde e amarela “campeã moral”, pelo fato das supostas armações da Argentina e a invencibilidade ostentada pelo Brasil naquele torneio: quatro vitórias e três empates em sete jogos.

 

O jogo da vida

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No dia 25 de junho de 1978, o Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, estava tomado por milhares de argentinos. Eram mais de 70 mil torcedores que fizeram uma enorme festa de papel picado, serpentinas e cantos para empurrar sua seleção em busca de um inédito título mundial. Ver Brasil e Uruguai como únicos campeões do mundo doía demais no orgulho dos argentinos, tão fortes com seus clubes e em torneios de seleções no continente, mas ainda sem um título mundial. Era aquela a grande chance do país de sair da sombra dos vizinhos e entrar no seletíssimo grupo dos campeões. Mas, para isso, era preciso derrotar a Holanda, então vice-campeã da Copa de 1974, mas já sem a intensidade e o brilho de quatro anos antes, principalmente pelas ausências de Cruyff em campo e de Rinus Michels no banco. O duelo prometia equilíbrio e muitos gols. E foi mais ou menos isso que aconteceu.

A Argentina na Copa: Kempes se movimentava e Ortiz voltava para ajudar na marcação. Note os curiosos números dos jogadores. Na época, muitas seleções utilizavam a numeração por ordem alfabética.
A Argentina na Copa: Kempes se movimentava e Ortiz voltava para ajudar na marcação. Note os curiosos números dos jogadores. Na época, muitas seleções utilizavam a numeração por ordem alfabética. A Argentina era uma delas, por isso, Ardiles era o “2” e Fillol o “5”.

 

Trave evita drama

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No primeiro tempo, a Argentina ficou mais acuada do que no ataque, com medo de a Holanda pôr em prática suas letais armas ofensivas, sempre com Neeskens e Rensenbrink como pivôs nos lances perigosos. Lá atrás, Fillol garantia a igualdade no placar e evitava que a Holanda abrisse o marcador. Foi então que o atacante Kempes, aos 38´, recebeu na área e abriu o placar para a Argentina. Na segunda etapa, a Argentina parecia acomodada com o 1 a 0 e se segurou. A Holanda, valente, foi em busca do empate e conseguiu com Nanninga, de cabeça, aos 37 minutos. Os nervos dos argentinos ficaram à flor da pele e a Holanda quis porque quis virar o placar. Foi então que no último minuto de jogo, Rensenbrink teve a chance de dar o título mundial para a Holanda, mas seu chute bateu na trave, para alívio dos argentinos e desespero dos holandeses. A final, empatada em 1 a 1, foi para a prorrogação.

 

Kempes resolve e o mundo é argentino

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Na prorrogação, a Argentina se lançou toda ao ataque e mostrou mais futebol que a azarada Holanda. No final do primeiro tempo, Kempes conduziu a bola no meio da zaga laranja, deixou dois no chão e chutou na saída do goleiro Jongbloed. A bola bateu no arqueiro e ia sair quando o mesmo Kempes chutou de novo e marcou o gol argentino: 2 a 1.  Era o sexto gol do artilheiro da Copa! Perto do final da partida, Kempes foi novamente mágico ao conduzir a bola de novo na entrada da área e deixar para Bertoni marcar o gol do título: 3 a 1. A Argentina era pela primeira vez campeã mundial de futebol. Festa enorme em Buenos Aires e no estádio Monumental, mais branco do que nunca tamanha a chuva de papéis picados.

Passarella parece não acreditar: a Argentina era campeã do mundo.
Passarella parece não acreditar: a Argentina era campeã do mundo.

 

O capitão Passarella, um dos destaques daquela Copa, ergueu a taça e sacramentou um titulo contestado por muitos, mas festejado por milhões de apaixonados argentinos, que viam seu país conquistar uma taça antes restrita ao Brasil e ao Uruguai aqui pelas bandas americanas.

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Início de uma era de ouro

A taça de 1978 marcou o início de tempos memoráveis no futebol argentino. Depois de tropeçar diante do Brasil na Copa de 1982, a seleção voltou a conquistar o mundo em 1986 e disputou outra final em 1990, com uma geração de craques como Pumpido, Ruggeri, Batista, Valdano, Burruchaga e, claro, Maradona. Embora seu primeiro título mundial tenha sido recheado de controvérsias, é necessário valorizar aquele time argentino, que possuía grandes nomes em todos os setores do campo e tinha qualidades e méritos para erguer aquele mundial. Se houve armação, corpo mole ou quaisquer outras coisas, o time comandado por Menotti soube lidar com a ansiedade, a pressão de se jogar em casa e com uma ditadura em pleno vapor para conquistar um título inédito. E outra: um time com Fillol, Passarella, Tarantini, Ardiles, Bertoni e Kempes não é qualquer time. É uma senhora seleção. E imortal.

 

Os personagens:

Fillol: goleiro ágil, pegador de pênaltis e muito seguro, “Pato” Fillol foi um dos maiores da história do futebol argentino. Ídolo no River Plate, o goleiro jogou muito naquela Copa de 1978 e foi essencial na conquista do título. Jogou também no Flamengo. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Olguín: zagueiro de origem, Jorge Olguín foi lateral-direito no time da Argentina naquela Copa de 1978. Era seguro e forte, mesmo não sendo muito alto (1,75m). Fez história pelo Argentinos Juniors ao conquistar, em 1985, a primeira e única Copa Libertadores do clube.

Galván: já estava com 30 anos naquela Copa, mas ainda sim fez uma grande dupla com Passarella na zaga do time. Compensava a falta de altura com impulsão e regularidade nas bolas rasteiras. Fez carreira no Talleres-ARG.

Passarella: pode alguém baixinho para um zagueiro (1,74m) ser excelente no jogo aéreo? Se esse alguém for Daniel Passarella, sim. O “Caudilho” da zaga argentina foi um dos principais jogadores naquela conquista histórica. Aliava raça e técnica nas mesmas proporções e jogava sempre de cabeça erguida, comandando as ações do time na defesa. Além de todas as qualidades dentro da área, Passarella marcava muitos gols (foram 24 pela Argentina e mais de 100 na carreira), armava contra-ataques preciosos com lançamentos longos e ainda arriscava dribles nos atacantes adversários. Foi um dos maiores de todos os tempos e da Argentina. Um craque imortal. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Tarantini: era o mais jovem jogador da Argentina na Copa (22 anos) e curiosamente estava sem clube na época do mundial, pois o Boca não renovou seu contrato. Sem ligar para isso, o talentoso lateral-esquerdo jogou muito naquele mundial com velocidade, técnica e fôlego. Ficou conhecido também pelo temperamento forte e pela vida noturna, um prato cheio para os paparazzi da época.

Gallego: meio-campista de muita raça, Gallego ajudava na marcação e na criação daquela Argentina campeã. Seu futebol melhorou ainda mais depois da Copa e o levou ao River Plate, onde conquistou uma Libertadores e um Mundial Interclubes em 1986. Disputou mais de 70 partidas pela seleção.

Ardiles: foi um dos mais geniais jogadores da Argentina na história e o toque de classe no time comandado por Menotti. Era magro e com aparência frágil, mas tinha um fôlego notável e uma capacidade brilhante de armar jogadas, dar passes precisos e ainda ajudar na marcação e na defesa. Depois do mundial, Ardiles se tornou o primeiro jogador sul-americano a virar ídolo no futebol inglês, onde brilhou com a camisa do Tottenham Hotspur. Um craque.

Larrosa: era um dos coringas de Menotti para o meio de campo da equipe e entrou na final contra a Holanda. Era forte na marcação e ainda ajudava o ataque. Viveu seus melhores momentos na carreira no Huracán e no Independiente entre 1972 e 1980.

Kempes: com apenas 23 anos, Mário Kempes se tornou um monstro sagrado do futebol naquela Copa do Mundo de 1978. Sem marcar gols na primeira fase, o astro fez o que Paolo Rossi faria quatro anos depois ao “acordar” exatamente na fase decisiva. Marcou seis gols, sendo dois na final, e ainda participou da jogada do terceiro da Argentina na vitória sobre a Holanda. Mesmo alto e grandalhão, tinha muita habilidade, dribles curtos, arrancadas poderosas e chutes venenosos. Foi o grande destaque argentino no Mundial, ganhou a Chuteira de Ouro e foi eleito o melhor jogador sul-americano daquele ano. disputou também as Copas de 1974 e de 1982, esta última já longe de sua melhor forma. El Matador, como ficou conhecido, carregou durante décadas o recorde de mais jovem artilheiro de uma Copa do Mundo. Mas sua façanha foi superada pelo alemão Thomas Müller, chuteira de ouro do mundial de 2010 com cinco gols marcados e 20 anos de idade. Leia mais sobre Kempes clicando aqui!

Bertoni: tinha muita habilidade com a bola nos pés e foi uma das maiores armas da Argentina naquela Copa. O ponta ia da esquerda para a direita do ataque argentino sempre com perigo, e quando não marcava seus gols, sempre decisivos (como na vitória sobre a Hungria e sobre a Holanda), dava outros de bandeja para os companheiros. Daniel Bertoni marcou época ao lado de Bochini com a camisa do Independiente, onde faturou três Libertadores, três Copas Interamericanas e um Mundial Interclubes, vencido com gol dele na final contra a Juventus em 1973.

Luque: compôs um ataque memorável ao lado de Kempes e Ortiz naquela Copa. Marcou quatro gols (sendo um deles um golaço na vitória por 2 a 1 sobre a França) e foi um dos principais responsáveis pelo título. Com bom senso de colocação e força física, foi um dos principais atacantes do futebol argentino nos anos 1970 e marcou 21 gols em 45 jogos pela seleção – é o 9º na lista dos maiores goleadores da albiceleste. Foi também artilheiro da Copa América de 1975 com quatro gols.

Ortiz: era o atacante que ajudava na marcação quando a Argentina não tinha a bola, talvez por isso tenha passado em branco naquele mundial, deixando para os companheiros Kempes, Luque e Bertoni a função de artilheiros.  Por clubes, brilhou no San Lorenzo e no River Plate, nunca como artilheiro nato, mas como peça importante para o time como um todo.

Houseman: jogava pela direita do ataque e marcou um gol naquela Copa, nos polêmicos 6 a 0 sobre o Peru. Era reserva, mas participou da final da Copa contra a Holanda, entrando na segunda etapa no lugar de Ortiz.

César Menotti (Técnico): com um time blindado e avesso às polêmicas que cercaram a Argentina naquela Copa, Menotti conseguiu levar a desacreditada seleção a um histórico título mundial. Menotti poderia ter sido vilão por não ter levado Maradona, mas se livrou do pior com o caneco e por fazer craques como Fillol, Passarella, Ardiles, Kempes e Bertoni se revelarem para o mundo como verdadeiras lendas do esporte. Ficou no comando da equipe até 1982, até sucumbir na Copa daquele ano e dar uma chance para seu sucessor, Carlos Bilardo, comandar uma nova safra vencedora.

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Comentários encerrados

15 Comentários

  1. Os uruguaios foram campeões mundiais em casa em 1930 e, bem ou mal, os argentinos foram campeões em casa em 1978.
    Enquanto que nós perdemos as duas que sediamos, dramaticamente para o próprio Uruguai em 1950, e vergonhosamente para a Alemanha em 2014.
    Ai, que inveja dos uruguaios e, bem ou mal, dos argentinos!…

  2. O técnico Coutinho escalou dois especialistas na cabeça de área para esse jogo: Chicão (titular só nessa partida e que tiraria o cérebro Ardilles de campo com uma entrada violenta) e Batista (único titular fora do eixo rio-SP-MG) desde os jogos de preparação para o Mundial) . O Brasil entrou retrancado contra a Argentina e arrancou um empate . Uma vitória naquela partida eliminaria a dona da casa se o Brasil passasse pela Polônia de Boniek. Aí, a Argentina poderia golear o Peru de Quiroga por 20X0 que estaria eliminada. Lembro-me com nostalgia daquela Copa. Ah, meus 15 anos de idade….

  3. Eu tinha 13 anos quando vi essa Seleção jogar (muito) e ganhar a Copa daquele ano, com muito merecimento. A partir de então, tornei-me uma grande fã da Argentina, do seu bonito futebol, e, é a 2ª Seleção em meu coração, na torcida em Copas do Mundo. (O Brasil, claro que, é a minha Seleção de coração, de amor, sempre.)

    Estou torcendo para ver uma grande final entre Brasil e Argentina na Copa, dia 13 de julho de 2014.
    Será um Jogo inesquecível, certamente.

  4. Sou angolano, mas amo essa seleção alvi-celeste, este titulo foi muitp importante para esse pais, apesar das controversas dessa copa, mas eu ainda acho que na altura o tecnico Cesar Menotti deveria levar o menino prodigio na epoca ” Maradona”.

  5. Apesar de todas as controvérsias e polêmicas da Copa de 1978 (descritas acima), esse seleção da Argentina era a melhor e, por isso, merecia o título. Jogadores, como o Mario Kempes, poderiam levar um time “nas costas”. Essa geração marcou o início de um respeito pelo futebol argentino, quando falamos de Europa.

    Muito bom texto. Parabéns!

  6. Oi pessoal,achei o site recentemente,gosto muito de ler sobre equipes antigas.
    A parte que mais gosto é “Os personagens”,quando vocês descrevem jogador por jogador,muito legal.
    Gostaria de fazer um pedido especial,sou fã incondicional do Futebol Argentino,se não fosse dar muito trabalho para vocês,gostaria de conhecer mais sobre o San Lorenzo de 1968 até 1974,o Huracán e o Rosário Central da década de 70,o Newell’s Old Boys do fim da década de 80 e começo de 90,o River de Di Stefano,o Vélez de 70 e 80,o Boca do final de 70,Argentinos Jrs de 85…enfim,mais sobre o futebol Argentino.
    Obrigado pessoal,parabéns pelo site !!!

Esquadrão Imortal – Parma 1991-1995

Esquadrão Imortal – Sporting 1945-1949