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Seleção dos Sonhos das Copas

 

Por Guilherme Diniz

 

Ao longo deste ano, fizemos a série “10 Mais das Copas”, com os maiores e mais emblemáticos jogadores e técnicos dos Mundiais. Com o término da série, escalamos agora a Seleção dos Sonhos das Copas, com os maiores craques reunidos em dois times, o A e o B, como sempre fazemos em nossos Times dos Sonhos. Confira como ficaram as equipes e, para ler ainda mais, navegue pela nossa série especial clicando aqui!

 

Time A:

Taffarel; Djalma Santos, Bobby Moore, Beckenbauer e Nilton Santos; Didi, Matthäus, Zidane e Maradona; Pelé e Ronaldo. 

 

No time A, os mais bem colocados estão reunidos. No gol, o brasileiro Taffarel, campeão do mundo em 1994, vice em 1998 e dono de atuações memoráveis com a camisa da seleção. Nas laterais, mais dois brasileiros: Djalma Santos e Nilton Santos, ambos bicampeões do mundo em 1958 e 1962 e incontestáveis em suas posições. A dupla de zaga seria formada por duas lendas excepcionais: o alemão Beckenbauer e o inglês Bobby Moore. No meio, o brasileiro Didi e o alemão Matthäus dariam proteção para o francês Zidane e o argentino Maradona criarem as jogadas ofensivas para a dupla ofensiva formada pelos brasileiros Pelé e Ronaldo arrasarem com os rivais. No comando técnico, o italiano Vittorio Pozzo, único bicampeão mundial. Que timaço!

 

Time B:

Yashin; Carlos Alberto Torres, Cannavaro, Passarella e Maldini; Obdulio Varela, Xavi, Cruyff e Meazza; Garrincha e Gerd Müller.

Na escalação B, o russo Yashin seria o guardião da meta, que seria muito bem protegida pela dupla de zaga formada pelo italiano Cannavaro e pelo argentino Passarella. Nas laterais, o brasileiro Carlos Alberto Torres, pela direita, e o italiano Paolo Maldini, na esquerda. No meio, força e criatividade com o uruguaio Obdulio Varela e o espanhol Xavi, que liberariam o holandês Johan Cruyff e o italiano Giuseppe Meazza de grandes obrigações defensivas. No ataque, o brasileiro Garrincha e o alemão Gerd Müller seriam os homens-gol desse timaço comandado pelo brasileiro Mário Zagallo.

 

Goleiros

Taffarel (Brasil)

 

Copas disputadas: 3 (1990, 1994 e 1998)

Jogos: 18 (4 jogos em 1990; 7 jogos em 1994; 7 jogos em 1998)

Títulos: 1 (1994). Vice-campeão em 1998

 

Se existe um goleiro com a história mais marcante e cheia de emoção em Mundiais, esse alguém é Taffarel, nosso campeão. O camisa 1 do Brasil em três Copas foi simplesmente um gigante quando o assunto era o maior torneio do futebol. Em 1990, na Itália, sofreu apenas dois gols em quatro jogos, mas viu o Brasil ser eliminado pela rival Argentina já nas oitavas de final. A redenção veio em 1994, quando o arqueiro só levou três gols em sete jogos, fez defesas pontuais e contribuiu para o forte sistema defensivo do time de Parreira. Na final, contra a Itália, defendeu um pênalti e garantiu o 3 a 2 que selou o tetracampeonato.

Mas foi em 1998 que Taffarel aumentou ainda mais seu peso em Mundiais – que, por incrível que pareça, nunca foi devidamente reconhecido pela FIFA ou outras publicações. O craque fez o que pôde para ajudar o Brasil naquele Mundial em um time muito exposto defensivamente e com seus zagueiros vivendo fases ruins. O grande jogo de Taffarel foi na semifinal, contra a Holanda, quando o camisa 1 não se cansou de evitar gols de Kluivert a cada subida do atacante nas bolas aéreas, e ainda defendeu dois pênaltis de maneira espetacular na marca da cal – de Ronald de Boer e Cocu – garantindo os 4 a 2 que colocaram o Brasil na final. 

Goleiro brasileiro foi destaque na Folha de S.Paulo do dia 08 de julho de 1998.

 

Contra a França, o camisa 1 nada pôde fazer para conter Zidane, porém, sem Taffarel, o Brasil não teria chegado até ali. Ele foi, sem dúvida, o mais emblemático goleiro brasileiro em Copas. E uma lenda que merecia muito mais reconhecimento no cenário internacional. Leia mais sobre Taffarel clicando aqui!

Lev Yashin (URSS)

 

Copas disputadas: 4 (1958, 1962, 1966 e 1970)

Jogos: 13 (5 jogos em 1958; 4 jogos em 1962; 4 jogos em 1966)

Premiações

  • Entre as Copas de 1994 e 2006, o prêmio ao melhor goleiro do Mundial levou o nome de Lev Yashin Award em sua homenagem.

 

Certas pessoas marcaram tanto a história da humanidade que viraram referência em seus campos de atuação, seja na política, na matemática, na filosofia, na arte. Isso cabe, também, ao futebol, que já teve nomes fantásticos e famosos, jogadores exuberantes e mitos que cravaram de alguma maneira seus nomes na história. Mas nenhum jogador talvez tenha virado uma referência tão grande e tão marcante, a ponto de superar décadas e gerações infindáveis, quanto Lev Yashin. O lendário goleiro da extinta União Soviética, com seu imponente uniforme negro, que lhe deu o apelido de “Aranha Negra”, foi o melhor e mais brilhante goleiro do século XX e o responsável por transformar para sempre as funções de um arqueiro debaixo das traves. 

Contra o Brasil, Yashin sofreu diante de Garrincha e Cia.

 

Yashin colocou por terra ditos como “o goleiro não pode sair do gol”, “o goleiro deve ficar estático e pegar as bolas que vêm em sua direção” e “o goleiro não pode sair da pequena área”. Tudo balela. Yashin não só fez o contrário de tudo isso como determinou que a área era território dele e, por isso, atuava em toda sua extensão. Do alto de seus 1,89m, Yashin impunha respeito nos adversários, causava pânico nos atacantes e salvava tanto seu querido Dínamo de Moscou quanto a URSS de levarem gols e mais gols. Yashin foi um paredão, um monstro, um gênio. 

Em Copas, o craque fez um punhado de defesas marcantes, a começar pela Copa de 1958, quando defendeu um pênalti no duelo contra a Áustria e evitou que a URSS levasse uma goleada do futuro campeão Brasil. No entanto, o camisa 1 nunca conseguiu levar sua seleção ao título, embora tenha alcançado as quartas de final em 1958 e 1962 e as semifinais de 1966. Na Copa de 1970, já veterano, ele ficou na reserva. Em 2020, Yashin foi eleito para o Time dos Sonhos do Ballon d’Or, em uma prova de que sua lenda e seus feitos são imortais. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Laterais-Direitos

Djalma Santos (Brasil)

Copas disputadas: 4 (1954, 1958, 1962 e 1966)

Jogos: 12 (3 jogos em 1954; 1 jogo em 1958; 6 jogos em 1962; 2 jogos em 1966)

Títulos: 2 (1958 e 1962)

Premiações

  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1954, 1958 e 1962
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo da FIFA

 

Se o destino lhe impediu de dobrar a mão direita após um acidente, ele tratou de ganhar mais firmeza e força para lançar a bola com as mãos e fazer dos arremessos laterais verdadeiros escanteios. Se lhe deram apenas 90 minutos para jogar futebol na Copa do Mundo de 1958, ele simplesmente anulou o perigoso sueco Skoglund e se transformou, em apenas um jogo, no melhor lateral-direito daquele mundial. Detalhe: os tais 90 minutos foram válidos pela final da Copa. Além disso, ele jogou até os 41 anos, foi um sinônimo de elegância e genialidade pela direita e um símbolo do futebol brasileiro. Djalma Santos é uma lenda do esporte e um ícone quando pensamos em craque da lateral-direita. 

Em uma das fotos mais clássicas do futebol brasileiro, Djalma Santos vibra junto com Pelé e Garrincha um dos cinco gols da final contra a Suécia.

 

Poucos tiveram a ousadia de Djalma em partir ao ataque e dar preciosos cruzamentos para seus companheiros. Raros foram os jogadores capazes de anular um adversário e ainda esbanjar força física e talento nos passes e tabelas com o meio de campo. E só Franz Beckenbauer e Philipp Lahm conseguiram ser eleitos para três All-Star Teams da Copa do Mundo da FIFA como Djalma Santos conseguiu. Façanha restrita a imortais e jogadores que marcaram seus nomes não só com a camisa de suas seleções, mas também com a de clubes. Djalma Santos foi uma lenda na Portuguesa e deu poder de combate à Academia do Palmeiras que tanto azucrinou a vida do Santos de Pelé

À esquerda, após a conquista do primeiro título mundial da seleção.

 

Djalma com a camisa da seleção da FIFA.

 

Djalma Santos disputou sua primeira Copa em 1954 e, mesmo com apenas três jogos disputados, foi eleito para a seleção do torneio. Em 1958, foi reserva do lateral De Sordi até a final, quando jogou demais e entrou de novo na seleção do Mundial. Em 1962, foi titular absoluto, venceu o bicampeonato e fez a trinca de All-Star Teams. Um ano depois, Djalma Santos estava na seleção da FIFA ao lado de lendas como Yashin, Puskás, Denis Law, Di Stéfano, Kopa, Eusébio e Gento. O último Mundial do craque foi em 1966, quando disputou dois jogos da fraca campanha do Brasil. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Carlos Alberto Torres (Brasil)

Copas disputadas: 1 (1970)

Jogos: 6 (6 jogos em 1970)

Gols: 1 (em 1970)

Títulos: 1 (1970)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1970

 

Ele foi o último homem na Terra a levantar a Taça Jules Rimet. No alto das arquibancadas do Estádio Azteca, mais de 100 mil pessoas ovacionaram o Capita e a seleção brasileira tricampeã da Copa do Mundo do México de 1970. E o Grand Finale dos 4 a 1 sobre a Itália teve assinatura do lateral-direito brasileiro, que concluiu em um chutaço de primeira o gol coletivo mais bonito da história dos Mundiais. Carlos Alberto Torres disputou apenas uma Copa na carreira, mas o fez com maestria e um desempenho sensacional. Com o respeito do elenco e a confiança do técnico Zagallo, Carlos Alberto era o principal estandarte defensivo do time brasileiro. Se o jogo estava complicado, era bola para ele que tudo ficava bem. Se o time precisava de mais brio, ele tratava de colocar todos no eixo. E se a jogada exigisse um drible, um lance artístico, ele o fazia com uma classe rara.

Carlos Alberto (à esq.) fuzila para marcar o gol do título do Brasil na final de 1970.

 

 

Com um fôlego privilegiado, visão de jogo e uma liderança notável, Carlos Alberto foi um dos maiores defensores de toda a história não só do Brasil, mas do futebol. Podia atuar perfeitamente, também, na zaga. A primeira Copa do Capita poderia ter sido a de 1966, mas o craque ficou de fora da convocação final do técnico Vicente Feola e viu a seleção ser eliminada ainda na primeira fase. Felizmente, a injustiça foi superada em 1970 e o lateral disputou todos os jogos do Brasil na campanha do tri. Carlos Alberto disputou 53 jogos e marcou oito gols pela seleção. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Laterais-Esquerdos

Nilton Santos (Brasil)

Copas disputadas: 4 (1950, 1954, 1958 e 1962)

Jogos: 16 (4 jogos em 1954; 6 jogos em 1958; 6 jogos em 1962)

Gols: 1 (em 1958)

Títulos: 2 (1958 e 1962)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1958

 

Lateral que ataca, hoje em dia, virou balela. Mas, se voltarmos ao tempo, mais precisamente até a década de 1950, isso era algo impensável no futebol. Quem pensaria em deixar a defesa, apoiar o ataque, ter fôlego para voltar e ainda correr o risco de ver uma “avenida” em suas costas? Uma pessoa: Nilton Santos. Este imortal do futebol marcou época como o mais talentoso, rápido, técnico e completo lateral-esquerdo do século XX, sendo sempre lembrado por acabar com o paradigma do lateral preso à defesa. Nilton foi exemplo de lealdade e amor a um só clube, a uma só estrela, o Botafogo, onde ficou de 1948 até 1964. A única camisa diferente que vestiu em toda sua carreira foi a amarela ou azul da seleção brasileira. O craque apoiava o ataque com a mesma precisão que defendia, e ainda se tornou um ótimo zagueiro perto da aposentadoria. Conhecido como “A Enciclopédia do Futebol”, por sua imensa sabedoria sobre o esporte, tanto na prática quanto na teoria, Nilton era, também, um sábio da vida, sempre alegre e fiel ao amigo Garrincha.

Após ver do banco de reservas a tragédia do Maracanazo, em 1950, sem ser utilizado pelo técnico Flávio Costa, Nilton Santos virou titular da seleção na Copa de 1954 e disputou os três jogos do Brasil, que acabou eliminado já na fase inicial após a derrota por 4 a 2 para a Hungria de Puskás, na partida que ficou conhecida como a “Batalha de Berna”, quando jogadores dos dois times brigaram entre si numa confusão danada, que tirou até o sereno e calmo Nilton Santos do sério, levando o craque à expulsão.

A volta por cima veio em 1958, quando o lateral brasileiro, contrariando as orientações do treinador Vicente Feola, começava a mostrar sua ótima vocação ofensiva ao ir constantemente à linha de fundo. Numa dessas investidas, na vitória sobre a Áustria por 3 a 0, Nilton foi avançando, driblando, tabelou com Mazzola e fez um dos gol(aço)s do Brasil. Um fato curioso é que, nesse jogo, Feola teria dito para Nilton: “volta, volta!”. Após o gol, ele disse: “muito bom, muito bom!”. O Brasil seguiu firme até a final e goleou a Suécia por 5 a 2, levantando a Jules Rimet pela primeira vez. Nilton Santos foi eleito para o All-Star Team da Copa e confirmou a ótima fase que vivia na carreira. 

Em pé: Vicente Feola (técnico), Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gylmar. Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Paulo Amaral (preparador físico).

 

Quatro anos depois, o craque foi mais uma vez titular absoluto na trajetória do bicampeonato e usou uma artimanha para ajudar a classificar o Brasil para a etapa final. No jogo contra a Espanha, vencido pela seleção canarinho por 2 a 1, a vitória poderia não ter ocorrido não fosse um gesto de pura malandragem de Nilton Santos. O jogo estava 1 a 0 para a Espanha quando Nilton cometeu um pênalti claro em um jogador espanhol. Quando o árbitro chegava próximo à área, Nilton, com toda a tranquilidade do mundo, deu singelos dois passos para fora da área, fazendo com que a falta fosse marcada fora dela. Os brasileiros respiraram aliviados, os espanhóis ficaram possessos e o Brasil conseguiu virar o jogo.

Em todas as partidas do bicampeonato, Nilton Santos esbanjou vitalidade, força, precisão estupenda nos desarmes e um fôlego incomparável. Ele e Djalma Santos formaram sem dúvida alguma a melhor dupla de laterais da história do Brasil. E, sem dúvida, da história das Copas. Aos contestadores, ambos têm duas Copas do Mundo para acabar com qualquer discussão. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Paolo Maldini (Itália)

Copas disputadas: 4 (1990, 1994, 1998 e 2002)

Jogos: 23 (7 jogos em 1990; 7 jogos em 1994; 5 jogos em 1998; 4 jogos em 2002)

Premiações

  • Vice-campeão da Copa do Mundo de 1994
  • Eleito para o All-Star Team de todos os tempos da Copa do Mundo (eleição de 2002)
  • Eleito para os All-Stars Teams das Copas do Mundo de 1990 e 1994

 

Absoluto na lateral-esquerda do melhor Milan de todos os tempos, ele também exerceu tal função com maestria na seleção italiana em três Copas do Mundo – 1990, 1994 e 1998. Nos anos 2000, virou zagueiro. E também jogou nessa posição em uma Copa pela Azzurra (2002). Paolo Maldini é uma lenda incontestável e referência da clássica escola de zagueiros da Itália, além de ser um dos mais completos defensores de todos os tempos – e eleito para o Ballon d’Or Dream Team de 2020, da France Football. Durante muito tempo, Maldini foi o recordista em jogos pela Nazionale com 126 partidas disputadas (e sete gols marcados) entre 1988 e 2002, até ser superado por Fabio Cannavaro e Gianluigi Buffon. 

Na Copa de 1990, Maldini brilhou e ajudou a Itália a alcançar o 3º lugar.

 

Maldini era perito em desarmar adversários, sabia sair jogando com uma classe impressionante, cobria os espaços, recuava, atacava, enfim, era o lateral dos sonhos de qualquer time. Mas apenas o Milan teve o privilégio de contar com essa lenda. Sua camisa número 3 foi aposentada tamanha importância do capitano ao clube rossonero. Maldini foi também capitão da Itália em alguns jogos da Copa de 1994 e capitão pleno nas Copas de 1998 e 2002. Uma pena o jogador não ter vencido um Mundial, pois ele ficaria em ótimas mãos. As grandes chances do craque foram em 1990 – quando a Itália caiu na semifinal diante da Argentina, após empate no tempo regulamentar e derrota nos pênaltis – e em 1994, quando a Azzurra foi para a final, mas perdeu para o Brasil.

 

Aliás, o Mundial de 1994 foi sem dúvida um dos melhores da carreira do craque, que fez jogos espetaculares e foi um dos pilares da zaga italiana, que sofreu bastante com a ausência de Franco Baresi, lesionado. Na decisão, Baresi voltou e jogou ao lado de seu companheiro de Milan no miolo de zaga. Com um fôlego inacabável e desarmes assustadores, Maldini simplesmente anulou a dupla Bebeto e Romário e o jogo ficou mesmo no 0 a 0. Se você pegar uma compilação dos lances do defensor naquele jogo (e em outros daquela Copa), vai perceber o quão estupendo ele era. Veja abaixo:

 

 

Após se aposentar da seleção, Maldini viu a Itália levantar a Copa do Mundo em 2006, justamente a primeira sem o defensor após quatro torneios. Mesmo assim, o craque foi eleito para o Time dos Sonhos das Copas do Mundo, em eleição da própria FIFA realizada em 2002. Maldini é um dos recordistas em jogos de Copas com 23 partidas disputadas. Leia mais sobre Maldini clicando aqui!

 

Zagueiros

Franz Beckenbauer (Alemanha)

Copas disputadas: 3 (1966, 1970 e 1974)

Jogos: 18 (6 jogos em 1966; 5 jogos em 1970; 7 jogos em 1974)

Gols: 5 (4 gols em 1966; 1 gol em 1970)

Títulos: 1 (1974) / Vice-campeão em 1966

Premiações

  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1966, 1970 e 1974
  • Melhor Jogador da Copa do Mundo de 1966 pelo Clarín
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 1966
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo da FIFA

 

O futebol alemão já era campeão mundial quando, em 1964, exatamente 10 anos depois do primeiro título, conheceu um jogador que seria o maior símbolo do esporte na Alemanha por duas décadas. Esse craque mudaria para sempre o futebol no país com uma elegância e eficiência nunca antes vista na história, além da extrema liderança em campo. Suas atuações brilhantes, fabulosas e seguras deram a ele o título de “Der Kaiser” (O Imperador, em alemão). Franz Beckenbauer foi, sem dúvida, o maior jogador alemão da história do futebol, e também um dos cinco ou seis maiores de todos os tempos. O craque podia jogar plenamente na zaga, formidavelmente no meio de campo e até como lateral. Para melhorar, ainda marcava gols. 

Charlton e Beckenbauer: estrelas se anularam na final da Copa de 1966.

 

Foi um dos grandes líderes do super Bayern München da década de 1970 e capitão da Alemanha nos títulos da Eurocopa, em 1972, e da Copa do Mundo, em 1974. Depois de pendurar as chuteiras, conseguiu se igualar ao brasileiro Zagallo e ser o segundo homem a vencer uma Copa do Mundo tanto como jogador quanto como técnico. Além disso, Beckenbauer é um dos três jogadores eleitos para três All-Star Teams diferentes de Copas (os outros são Philipp Lahm e Djalma Santos). 

Beckenbauer já mostrou muita liderança e competência como titular da Alemanha na Copa de 1966. Atuando mais à frente da zaga, o craque marcou dois gols na goleada de 5 a 0 sobre a Suíça, logo na estreia. Após empate sem gols contra a Argentina no segundo jogo, a Alemanha venceu a Espanha por 2 a 1 e garantiu vaga nas quartas de final. Beckenbauer novamente deu show e foi essencial na goleada de 4 a 0 sobre o Uruguai, quando marcou um dos gols. Na semifinal, páreo duro contra a URSS e vitória por 2 a 1 com mais um gol do Kaiser. Na final, a Alemanha não resistiu à Inglaterra, mas Beckenbauer se consagrou como um dos melhores daquele Mundial – e ainda o 3º maior artilheiro com 4 gols.

Beckenbauer imobilizado: uma cena para a história das Copas.

 

Em 1970, o craque foi titular mais uma vez e marcou um gol na vitória por 3 a 2 sobre a Inglaterra, nas quartas de final. Mas foi na semifinal contra a Itália que Beckenbauer fez história. Na reta final do jogo, o craque teve uma fratura na clavícula justo quando a Alemanha já havia feito todas as suas substituições. Com isso, num gesto de superação, o jogador seguiu em campo com uma bandagem apoiando o braço e jogou toda a prorrogação desse jeito, num dos acontecimentos mais marcantes da Copa. A dolorosa derrota por 4 a 3 não abalou a Alemanha, que correu atrás do terceiro lugar na Copa ao vencer o Uruguai por 1 a 0.

Beckenbauer e Sepp Maier: amigos e campeões do mundo.

 

O sonho de ser campeão foi realizado quatro anos depois, em casa, quando a Alemanha derrotou a poderosa Holanda de Cruyff por 2 a 1, de virada, em mais um torneio com o brilho de Beckenbauer, perfeito na zaga ao lado de Schwarzenbeck e líder nato do time. Falar em Beckenbauer é falar em Copa do Mundo. Simbiose completa. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Bobby Moore (Inglaterra)

Copas disputadas: 3 (1962, 1966 e 1970)

Jogos: 14 (4 jogos em 1962; 6 jogos em 1966; 4 jogos em 1970)

Títulos: 1 (1966)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1966
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo da FIFA

 

Clássico, impecável, sublime e eterno. O único homem a levantar uma Copa do Mundo pela seleção de futebol da Inglaterra foi, acima de tudo, um mito do esporte. E um cavalheiro. Robert Frederick Chelsea Moore, mais conhecido como Bobby Moore, foi um dos maiores zagueiros da história do futebol mundial e o maior nome do futebol inglês em todos os tempos. Simplesmente perfeito nos desarmes (Jairzinho que o diga…), na antecipação e em saber o que um habilidoso atacante ou meia ia fazer, Bobby Moore era o maior dos dramas para qualquer adversário, e a certeza de eficiência e nobreza na grande área para a torcida a favor. 

Os capitães Seeler e Moore.

 

Pelé e Moore após o duelo de 1970.

 

Foi capitão do English Team nas Copas de 1966 e 1970 e entrou para a história por suas atuações em ambos os Mundiais, ainda mais depois da partida contra a histórica seleção brasileira em 1970, quando Pelé disse que Moore era o “maior defensor que ele já havia enfrentado”. E com certeza foi. É impossível não se lembrar da atuação de gala do capitão naquele jogo, principalmente no emblemático lance em que desarmou com uma precisão impressionante o craque brasileiro Jairzinho. Certa vez, o técnico do Celtic, Jock Stein, disse que “deveria haver uma lei contra Bobby Moore, pois ele sabe o que vai acontecer 20 minutos antes de todo mundo”.

O desarme espetacular de Moore pra cima de Jairzinho. Foto: Arquivo / The Telegraph.

 

Sua importância para a Inglaterra é tão grande que existe uma estátua do capitão em frente ao estádio de Wembley com os seguintes dizeres escritos pelo célebre colunista do Daily Mail Jeff Powell: “Jogador impecável. Defensor majestoso. Herói imortal de 1966. Primeiro inglês a levantar o troféu da Copa do Mundo. Filho favorito da Zona Leste de Londres. O maior ídolo do West Ham United. Patrimônio nacional. Mestre de Wembley. Dono do jogo. Extraordinário capitão. O maior cavalheiro de todos os tempos.” Leia mais sobre Moore clicando aqui!

 

Daniel Passarella (Argentina)

Copas disputadas: 3 (1978, 1982 e 1986)

Jogos: 12 (7 jogos em 1978; 5 jogos em 1982)

Gols: 3 (1 gol em 1978; 2 gols em 1982)

Títulos: 2 (1978 e 1986)

Premiações

  • Eleito para os All-Star Teams das Copas de 1978 e 1982

 

O jogo está terminando e o time adversário cruza uma bola na área. Nela, um atacante com mais de 1,90m divide espaço com um zagueiro “tampinha” de 1,74m. Você torce para o time desse zagueiro. Tudo está perdido, certo? Errado. Esse zagueiro sobe mais alto que o atacante grandalhão, corta a bola para fora da área e garante a vitória e a tranquilidade para você e toda uma torcida. Proeza? Com certeza. Digna de craque. E de um campeão do mundo. Esse tal zagueiro ganhou fama com um talento estrondoso dentro e fora da área, impulsão de jogador de basquete, categoria imensa para sair jogando como um legítimo camisa 10, personalidade forte que repelia os fracotes e um faro para gols maior do que o de muito atacante por aí. Daniel Passarella teve essas e muitas outras qualidades que o tornaram um dos maiores zagueiros de todos os tempos, além de lhe render a honra de ser o maior de toda a história do futebol argentino. 

Líder nato, capitão da Argentina campeã do mundo em 1978 e um símbolo do River Plate, o craque esbanjou talento, força e determinação por quase duas décadas inteiras, além de se tornar o único jogador de seu país a ostentar em sua galeria de prêmios duas medalhas de campeão do mundo (contando a de 1986, quando ele foi campeão sem jogar). Quando foi campeão, em 1978, Passarella viveu o momento mais mágico e impagável de sua carreira. A ostentação foi tão grande que pouquíssimos jogadores conseguiram tocar a taça no gramado, como bem lembrou o artilheiro Mario Kempes: 

 

“Daniel não queria dar a taça a ninguém, nem mesmo consegui tocá-la. Fiel ao seu estilo, com os cotovelos para cima, ele a mantinha longe de todos. Não queria nem mesmo entregá-la ao responsável da segurança que veio buscá-la no vestiário!”.

 

Em 1982, o bi não veio, mas Passarella foi um dos poucos a se salvar do fracasso argentino por ter tido grandes atuações e encantar a todos com seus desarmes precisos (e também ríspidos, quando necessário), seus incríveis cortes de cabeça após tiros de meta dos adversários e um lindo gol de falta na partida contra a Itália. Após a Copa, o craque começou a entrar em desavença com Maradona pelo fato de o novo técnico da seleção, Carlos Bilardo, afirmar que apenas Dieguito tinha lugar cativo na equipe, o que desagradou profundamente o capitão, que teria sua braçadeira perdida para o baixinho da camisa 10. Mesmo assim, Passarella seguiria nas convocações e foi um dos destaques nas Eliminatórias para a Copa de 1986. No entanto, o craque não teve sorte nem clima para ser titular na Copa de 1986. 

Passarella justificando sua posse obsessiva em 1978…

 

Em razão de sua briga com Maradona, o técnico Carlos Bilardo não escalaria o defensor como titular no México. Para piorar, Passarella sofreu uma grave infecção intestinal que o tirou de combate nos primeiros jogos da equipe e, consequentemente, da competição. A ausência de Passarella não foi sentida pela Argentina, que caminhou rumo à final graças, sobretudo, a Maradona, que vivia uma fase esplendorosa e impressionante na época. Passarella se tornou o primeiro e único argentino bicampeão do mundo, embora ele preferisse ter conquistado a medalha no campo, jogando com seus companheiros. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Fabio Cannavaro (Itália)

Copas disputadas: 4 (1998, 2002, 2006 e 2010)

Jogos: 18 (5 jogos em 1998; 3 jogos em 2002; 7 jogos em 2006; 3 jogos em 2010)

Títulos: 1 (2006)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 2006
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 2006

 

Antes de tudo, vamos deixar uma coisa bem clara: Baresi e Scirea jogaram mais do que Cannavaro. Mas, como aqui estamos falando exclusivamente de Copa do Mundo, o defensor ganhou essa posição simplesmente porque teve, em 2006, uma das maiores atuações de um zagueiro em toda a história das Copas – talvez a maior. Pegue toda a campanha da Itália no Mundial. Sete jogos. Apenas dois gols sofridos. Veja as investidas dos adversários. E veja onde estava Cannavaro. Em todo lugar. Em todos os cantos. Um leão da grande área e fora dela. Ele tirou bola até de bicicleta naquela Copa! E iniciou o maior contra-ataque da história da Itália na épica semifinal contra a Alemanha, quando tomou a bola para si e deixou com Totti, que tocou para Gilardino e este para Del Piero fechar os 2 a 0 que colocou a Azzurra na final. Nela, o capitão se transformou no “Muro di Berlino” e ajudou a Itália a levantar o tetracampeonato. Ele jogou tanto, mas tanto, que naquele ano se transformou no primeiro – e até hoje único! – zagueiro a ser eleito o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA. “Só” isso…

Cannavaro tirou bola da retaguarda italiana até de bicicleta!

 

Antes de se imortalizar, Cannavaro disputou sua primeira Copa em 1998, compondo a zaga titular ao lado de Costacurta, Bergomi e Maldini. A Azzurra alcançou as quartas de final e Cannavaro foi um dos mais regulares atletas do time italiano. No entanto, a seleção foi eliminada nos pênaltis para a anfitriã França. Em 2002, fez dupla com Alessandro Nesta e ajudou a Itália a se classificar para as oitavas de final. Só que os cartões amarelos sofridos na fase de grupos deixaram o defensor de fora da etapa final. Sem ele nem Nesta (machucado), a Itália foi eliminada pela Coreia do Sul. Após a glória de 2006, Cannavaro capitaneou a Itália no Mundial de 2010, só que uma Itália envelhecida e sem grandes nomes sucumbiu já na fase de grupos. Cannavaro deixou a seleção após aquela Copa, mas seu nome ficou para sempre na história dos Mundiais. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Volantes

Lothar Matthäus (Alemanha)

Copas disputadas: 5 (1982, 1986, 1990, 1994 e 1998)

Jogos: 25 (2 jogos em 1982; 7 jogos em 1986; 7 jogos em 1990; 5 jogos em 1994; 4 jogos em 1998)

Gols: 6 (1 gol em 1986; 4 gols em 1990; 1 gol em 1994)

Títulos: 1 (1990) / Vice-campeão em 1982 e 1986

Premiações

  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1986 e 1990
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 1990

 

Meio-campista cheio de técnica, vigor, força de marcação, precisão no desarme, chute poderoso e muita liderança. Além de tudo isso, tinha um raro senso de posicionamento, era exímio passador e sempre aparecia no ataque como um verdadeiro meia. Lothar Matthäus é uma lenda absoluta e um dos maiores craques da história não só de seu país, mas também de todos os tempos. Seu debute no Borussia Mönchengladbach, em 1979, fez com que ele recebesse já em 1980 uma vaga na Alemanha que disputou (e venceu) a Eurocopa daquele ano. A partir dali, sua carreira decolou e Matthäus disputou cinco Copas do Mundo (um recorde!).

 

Na primeira, em 1982, o craque ainda não era titular, mas disputou duas partidas. Em 1986, o meio-campista garantiu sua vaga no time titular e foi um dos destaques da equipe vice-campeã do mundo. Coube ao craque marcar individualmente simplesmente Diego Maradona e, durante boa parte do jogo, Matthäus cumpriu a missão com maestria. Mas, ninguém é perfeito… No único lance que Matthäus não grudou como deveria em Dieguito, o craque argentino conseguiu dar um passe para Burruchaga fazer 3 a 2 e decretar o título argentino.

Anos depois, Maradona admitiu que Matthäus foi “o maior rival que teve na carreira”. O troco do alemão veio em 1990, quando Matthäus capitaneou a Alemanha campeã do mundo na Copa de 1990 em cima da Argentina de Dieguito, comandando o meio de campo e ainda aparecendo na frente para marcar gols – foram 4 no Mundial. Em 1991, Matthäus foi eleito pela FIFA o primeiro Melhor Jogador do Mundo da história. Em 1994, mais uma vez foi titular do time no Mundial dos EUA, mas a Alemanha acabou eliminada nas quartas de final para a Bulgária de Stoichkov.

Matthäus e Vogts, em 1994. Foto: Getty Images.

 

Veterano, Matthäus ainda disputou sua 5ª Copa em 1998, mas o envelhecido time alemão não foi longe. Matthäus ostenta até hoje o recorde de jogos disputados pela Alemanha na história: 150 partidas, além de 23 gols, entre 1980 e 2000. Ele é também o recordista em jogos na história das Copas com impressionantes 25 partidas disputadas. Em 2020, foi eleito para o Ballon d’Or Dream Team. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Didi (Brasil)

Copas disputadas: 3 (1954, 1958 e 1962)

Jogos: 15 (3 jogos em 1954; 6 jogos em 1958; 6 jogos em 1962)

Gols: 3 (2 gols em 1954; 1 gol em 1958)

Títulos: 2 (1958 e 1962)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1958
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1958

 

Elegante, clássico, soberano, impecável, perfeito. Adjetivos dos mais variados tipos e com as mais diversas conotações podem ser utilizados para descrever a qualidade e importância para o futebol brasileiro e mundial de Waldir Pereira, o Didi, simplesmente o pai da primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, em 1958. Inventor da “folha seca”, aquela cobrança de falta que cai lentamente no fundo gol adversário, e de lances como o passe de trivela, Didi foi ídolo no Botafogo e um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial. Tinha a calma e a aura do craque. Sabia cadenciar o jogo como ninguém, era líder e transpirava confiança em todos os companheiros de time.

Didi e Kopa, antes do duelo entre Brasil e França.

 

Sua genialidade ficou marcada para sempre e fez o eterno dramaturgo Nelson Rodrigues batizar o meio-campista de “O Príncipe Etíope”, pela elegância em campo e pela aparência do jogador. Didi rapidamente encantou os torcedores alvinegros quando chegou em General Severiano e virou uma referência no futebol nacional por sua classe, técnica e maestria. Seus lançamentos para Garrincha quase sempre resultaram em gols, numa das parcerias mais incríveis do clube alvinegro. 

Didi consola um emocionado Pelé após a conquista do título de 1958.

 

E, em 1962, ergue a taça mais uma vez.

 

Pela seleção, Didi disputou a primeira Copa em 1954, mas o time canarinho foi eliminado nas quartas de final para a poderosa Hungria. A desforra veio em 1958, quando o craque deslumbrou a Suécia com um futebol espetacular e liderou o escrete sul-americano na vitória de virada sobre os anfitriões na decisão. Didi ganhou da imprensa internacional o apelido de “Mr. Football”, além de ser eleito o melhor jogador do Mundial. Em 1962, o volante seguiu em alto nível e mais uma vez liderou o Brasil rumo ao bicampeonato com mais jogos sublimes, passes perfeitos, senso de cobertura e disposição. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Xavi (Espanha)

Copas disputadas: 4 (2002, 2006, 2010 e 2014)

Jogos: 15 (3 jogos em 2002; 4 jogos em 2006; 7 jogos em 2010; 1 jogo em 2014)

Títulos: 1 (2010)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 2010

 

Quando a bola chegava aos pés daquele craque, o relógio parava. Era a alquimia do tempo. Ele mexia na ordem natural das coisas e transformava o jogo. Abria espaços para os companheiros, fechava para os rivais. Encontrava lacunas vistas apenas por ele para os passes precisos que resultavam em gols históricos, decisivos. Enquanto muitos tinham o privilégio de ficar dois, três minutos com a bola durante todo um jogo, ele permanecia muito mais. Quatro. Cinco. Parecia ter a bola a todo momento, a todo instante. E, sempre que a recebia, o tempo parava. Não precisava ficar correndo e correndo. Bastava ter a bola. E fazer o que deveria ser feito. Foi assim durante 17 anos vestindo azul e grená. Foi assim nos anos de esplendor com a camisa da Espanha. Foi assim na tradução literal de um estilo de futebol. 

Xavi foi o principal nome do meio de campo da Espanha na Copa de 2010…

 

… E levantou a taça!

 

Xavi traduziu aos leigos o que era o tiki-taka. Foi a essência da Espanha que deixou dezenas de tropeços no passado para se tornar bicampeã da Europa e campeã do mundo. Foi o homem com assustadores 91% de precisão nos passes na Copa do Mundo que venceu, em 2010. Foi um dos ícones da maior fase da história do Barcelona ao lado de seu “irmão gêmeo”, Andrés Iniesta, e de Messi, claro. Foi o senhor do tempo. Dos passes. Da bola. Do futebol. Um dos maiores meio-campistas de todos os tempos. Disputou 133 jogos e marcou 13 gols pela Espanha. Óbvio que ele ganharia uma vaga nessa lista. Leia muito mais sobre ele clicando aqui!

 

Obdulio Varela (Uruguai)

Copas disputadas: 2 (1950 e 1954)

Jogos: 7 (4 jogos em 1950; 3 jogos em 1954)

Gols: 2 (1 em 1950; 1 em 1954)

Títulos: 1 (1950)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1950
  • Bola de Bronze da Copa do Mundo de 1950
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1950 pelo Clarín

 

A pele mulata lhe deu o apelido de Negro. A ascendência sobre os companheiros, seja do Peñarol, seja da seleção uruguaia, o fizeram Jefe. E o futebol praticado em campo, com uma garra exuberante, força, vontade e amor à camisa, o transformaram num mito. O meio-campista uruguaio Obdulio Varela fez história como um dos maiores craques do futebol mundial nas décadas de 1940 e 1950, sendo o principal responsável pela façanha Celeste na Copa do Mundo de 1950, quando encheu de brio seus companheiros e foi o líder do Maracanazo, como ficou conhecida a vitória de virada por 2 a 1 do Uruguai sobre o Brasil, em pleno Maracanã, na final daquele mundial. 

Varela encorajou seus companheiros antes do duelo a não olhar para cima (evitando a intimidação com as 200 mil pessoas), tentou abafar a comemoração do gol do Brasil alegando que o mesmo havia sido irregular e capitaneou uma seleção como poucos já fizeram em uma Copa. Após a partida, Varela caminhou pelas ruas de Copacabana e viu de perto o drama que ele e seus companheiros haviam causado aos brasileiros, chegando até a consolar algumas pessoas, como ele descreveu em depoimento ao site da FIFA:

 

“A tristeza de todos era tanta que terminei sentado em um bar bebendo com eles. Quando me reconheceram, pensei que iriam me matar. Felizmente foi tudo o contrário, me parabenizaram e ficamos bebendo juntos.”

 

Além de ser mítico com a camisa da seleção, Varela foi referência e ídolo com o manto aurinegro do Peñarol, levantando seis campeonatos nacionais. Forte como um touro, técnico e que ainda aparecia no ataque para marcar gols, Varela era um volante completo, único, e que jamais se entregou em campo. O craque disputou as Copas de 1950 e 1954 e fez uma falta danada na semifinal que o Uruguai acabou perdendo apenas na prorrogação para a mágica Hungria. Como havia se machucado no duelo anterior, na vitória sobre a Inglaterra por 4 a 2, o capitão não jogou e a Celeste acabou eliminada.

Um raro registro de Varela recebendo a Jules Rimet, já sob o cair da noite no Maracanã. Foto: Arquivo Diário Associados / Acervo IMS.

 

Os uruguaios até hoje dizem que se Varela estivesse em campo, a equipe sul-americana teria vencido os húngaros – pois, mesmo sem ele, ainda conseguiram levar o jogo para a prorrogação. Varela disputou 52 jogos e marcou oito gols com a camisa celeste. A definição plena do craque foi descrita certa vez por Nelson Rodrigues: “Varela não atava as chuteiras com cordões, mas com as veias”. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Meias

Diego Maradona (Argentina)

Copas disputadas: 4 (1982, 1986, 1990 e 1994)

Jogos: 21 (5 jogos em 1982; 7 jogos em 1986; 7 jogos em 1990; 2 jogos em 1994)

Gols: 8 (2 gols em 1982; 5 gols em 1986; 1 gol em 1994)

Títulos: 1 (1986) / Vice-campeão em 1990

Premiações

  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1986
  • Bola de Bronze da Copa do Mundo de 1990
  • Chuteira de Prata da Copa do Mundo de 1986 (5 gols)
  • Jogador com mais assistências da Copa do Mundo de 1986 (5 assistências)
  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1986 e 1990
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo
  • Eleito para o Time dos Sonhos da Copa do Mundo (2002)

 

Com uma história digna de filme, cheia de drama, ação, aventura, suspense e até ficção, a carreira de Maradona e sua vida sempre estiveram ligados à seleção e às Copas do Mundo. De seu primeiro Mundial, em 1982, até o último, em 1994, Maradona foi o símbolo máximo da equipe alviceleste. Em 1986, teve um dos desempenhos individuais mais impressionantes da história das Copas – talvez o maior. O que ele jogou no México foi algo imensurável, só vendo para crer. Deu cinco passes para gols (incluindo o gol do título, na final contra a Alemanha), marcou o gol mais polêmico das Copas e também o mais bonito no mesmo jogo, classificou com dois gols seus a Argentina para a final e encontrou os espaços que precisava para derrotar a Alemanha na decisão. O México se rendeu à genialidade de Maradona naquele ano mágico e que consagrou de vez Dieguito como um dos maiores craques de todos os tempos, dono de uma habilidade fora do comum, extrema velocidade, muita inteligência dentro das quatro linhas e uma perna esquerda simplesmente fenomenal.

 

Em 1990, conseguiu dividir uma cidade – Nápoles – quando sua Argentina encarou a anfitriã Itália nas semifinais da Copa. Melhor para ele, que saiu vencedor nos pênaltis. E, nas oitavas, conseguiu destroçar o Brasil com um passe sensacional para o lendário gol de Caniggia que tirou o escrete canarinho do Mundial. Na decisão, porém, Maradona levou o troco da Alemanha e a Argentina ficou com o vice. Em 1994, marcou mais um gol em uma Copa, mas acabou deixando o Mundial após a comprovação de doping após o uso de efedrina, uma droga usada para emagrecer e com efeito estimulante. Com uma vida errática fora de campo, Maradona foi Dios dentro dele. E isso ninguém pode negar. Foram 91 jogos, 34 gols e quatro Copas do Mundo disputadas. Uma lenda. O nosso número 1 incontestável neste Top 10 de Maiores Meias das Copas. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Zinédine Zidane (França)

Copas disputadas: 3 (1998, 2002 e 2006)

Jogos: 12 (5 jogos em 1998; 1 jogo em 2002; 6 jogos em 2006)

Gols: 5 (2 gols em 1998; 3 gols em 2006)

Títulos: 1 (1998) / Vice-campeão em 2006

Premiações

  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 2006
  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1998 e 2006
  • Eleito para o Time dos Sonhos da Copa do Mundo (2002)

 

Para muitos, é o maior jogador da história do futebol francês em todos os tempos. E atributos nunca lhe faltaram: elegância, técnica, pleno controle de bola, passes perfeitos, precisão cirúrgica na bola parada e nos dribles secos. Absoluto. Virtuoso. Único. Foi decisivo sempre que a França precisou dele (exceto uma vez…), magnífico quando seus clubes também precisavam dele e primoroso quando o público queria ver um bom futebol. Venceu 3 vezes o prêmio de Melhor Jogador do Mundo da FIFA e também os mais desejados títulos possíveis pela França (Copa do Mundo e Eurocopa), pela Juventus (campeonatos nacionais, Mundial de Clubes…) e pelo Real Madrid (Liga dos Campeões da UEFA, campeonatos nacionais, Mundial de Clubes…). 

Zidane em ação: maestro foi o dono da final de 1998. Foto: Getty Images.

 

Zidane foi sinônimo de seleção francesa, de carrasco do Brasil e um craque que desequilibrou nos mais diversos momentos por seu país: marcou os dois gols da final da Copa de 1998 contra o Brasil, e, como capitão da França na Copa de 2006, fez o seguinte: acabou com a Espanha nas oitavas de final (marcou um golaço nos 3 a 1); destroçou o Brasil nas quartas de final (deu o passe para o gol da vitória por 1 a 0, deu chapéu em Ronaldo, dribles, etc…), fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre Portugal de Felipão nas semifinais e se tornou um dos raros jogadores a marcar gols em duas finais de Copas na história, ao fazer um golaço de pênalti (sim, ele conseguia fazer isso…) pra cima de Buffon (só isso…) no empate em 1 a 1 contra a Itália. 

A carreira de Zidane estava perfeita até aquela decisão, mas… Aconteceu a cabeçada em Materazzi e ele foi expulso. Nos pênaltis, deu Azzurra. Mesmo assim, Zidane é até hoje uma das maiores lendas que o futebol já viu. Em 108 jogos pela seleção, Zizou marcou 31 gols. É de se imaginar o patamar que a carreira do craque iria atingir se ele tivesse vencido aquela Copa de 2006. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Johan Cruyff (Holanda)

Copas disputadas: 1 (1974)

Jogos: 7 (7 jogos em 1974)

Gols: 3 (3 gols em 1974)

Vice-campeão em 1974

Premiações

  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1974
  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1974
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo
  • Eleito para o Time dos Sonhos da Copa do Mundo (2002)

 

O maior gênio do futebol holandês em todos os tempos e um dos maiores jogadores de toda história é presença obrigatória em qualquer Top 10 das Copas. Ele poderia estar em um Top 10 de Atacantes, Volantes, Laterais, enfim, o que você quiser, afinal, ele foi o maior Jogador Total do futebol e capaz de atuar em qualquer posição. Podemos dividir o futebol holandês em a.C. e d.C. (antes de Cruyff, depois de Cruyff) tamanha sua importância para o reconhecimento do país no cenário esportivo e também nos clubes pelos quais jogou. No Ajax, Cruyff foi uma lenda, tricampeão da Liga dos Campeões da UEFA, multicampeão nacional, estandarte do Futebol Total e jogador que dá nome ao estádio do clube, a Johan Cruyff Arena. 

 

Na seleção, Cruyff disputou apenas uma Copa, a de 1974, o suficiente para colocá-lo entre os maiores do torneio com atuações mágicas, três gols em sete jogos e lances maravilhosos. No Barcelona, criou a ideologia do futebol bem jogado, da excelência nos passes, da dominância diante do adversário e arrancou aplausos até mesmo do rival Real Madrid. Além de tudo isso, colecionou títulos individuais (entre eles três Ballon d’Or) e foi ainda um técnico incrível, que levou o Barcelona a títulos históricos e inéditos nos anos 1990. Cruyff disputou 48 jogos e marcou 33 gols pela Holanda, é o 9º maior artilheiro da história da seleção e um personagem que merece sempre toda e máxima honraria e respeito. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Giuseppe Meazza (Itália)

Copas disputadas: 2 (1934 e 1938)

Jogos: 9 (5 jogos em 1934; 4 jogos em 1938)

Gols: 3 (2 gols em 1934; 1 gol em 1938)

Títulos: 2 (1934 e 1938)

Premiações

  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1934
  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1938

 

Simplesmente uma lenda do Calcio, bicampeão mundial com a lendária Azzurra de 1934-1938, ícone da Internazionale e craque que dá nome ao estádio San Siro, Giuseppe Meazza é presença obrigatória em qualquer lista de grandes craques das Copas. Com uma técnica rara, perito em dribles curtos em direção ao ataque e precisão cirúrgica nas finalizações ao gol, Meazza possui uma importância imensurável ao esporte italiano e contribuiu demais para o desenvolvimento do futebol no país. É considerado por muitos como o melhor futebolista do país em todos os tempos. 

Mesmo adepto da noite e festas, sempre rendia em campo e podia atuar como atacante, meia ou centroavante. Ao lado de Giovanni Ferrari e Eraldo Monzeglio, é um dos três jogadores italianos a ter no currículo duas Copas do Mundo, exatamente as duas que disputou. Meazza ostenta também o 2º lugar na lista dos maiores artilheiros da Azzurra: foram 33 gols em 53 jogos, três deles em Mundiais: dois na Copa de 1934 e um na Copa de 1938, quando ajudou a Itália a eliminar o Brasil de Leônidas da Silva e Domingos da Guia na semifinal. Leia mais sobre Il Peppino clicando aqui!

 

Atacantes

Pelé (Brasil)

Copas disputadas: 4 (1958, 1962, 1966 e 1970)

Jogos: 14 (4 jogos em 1958; 2 jogos em 1962; 2 jogos em 1966; 6 jogos em 1970)

Gols: 12 (6 gols em 1958; 1 gol em 1962; 1 gol em 1966; 4 gols em 1970)

Títulos: 3 (1958, 1962 e 1970)

Premiações

  • Chuteira de Prata da Copa do Mundo de 1958 – 6 gols
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1970
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 1958
  • Melhor Jogador Jovem da Copa do Mundo de 1958
  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1958 e 1970
  • Um dos quatro jogadores a marcar gols em duas finais de Copas do Mundo – 2 gols em 1958 / 1 gol em 1970
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo
  • Eleito para o Dream Team da Copa do Mundo – 2002

 

Recordes:

 

  • Maior campeão da história da Copa do Mundo com 3 troféus.
  • Vencedor mais jovem de uma Copa do Mundo com 17 anos e 249 dias
  • Mais jovem marcador em uma partida de Copa do Mundo com 17 anos e 239 dias, em Brasil 1×0 País de Gales, 1958
  • Jogador mais jovem a marcar um hat-trick em uma Copa do Mundo da FIFA: 17 anos e 244 dias, em Brasil 5×2 França, 1958
  • Jogador mais jovem a disputar uma final da Copa do Mundo da FIFA: 17 anos e 249 dias (1958)
  • Artilheiro mais jovem em uma final da Copa do Mundo da FIFA: 17 anos e 249 dias, em Brasil 5×2 Suécia, 1958
  • Maior número de assistências na história da Copa do Mundo da FIFA: 10 (1958–1970)
  • Maior número de assistências em um único torneio da Copa do Mundo da FIFA: 6 (1970)
  • Maior número de assistências em partidas da final da Copa do Mundo da FIFA: 3 (1 em 1958 e 2 em 1970)
  • Maior número de gols em partidas da final da Copa do Mundo da FIFA: 3 (2 em 1958 e 1 em 1970, recorde compartilhado com Vavá, Geoff Hurst e Zinédine Zidane)

 

A história do futebol se confunde com a de Pelé. E a história da Copa do Mundo possui um lastro como nenhum outro com o Rei. Houve uma época em que Pelé acreditava ser azarado em Copas, por ter se machucado tanto em 1962 quanto em 1966. Mas o que ele fez em 1958 e 1970 ninguém fez. Na Suécia, com apenas 17 anos, marcou seis gols, sendo um deles antológico, com direito a chapéu no zagueiro e finalização de primeira no gol. E, em 1970, foi a majestade em estado puro no México. Marcou quatro gols – um deles na final – e deixou na memória os quase-gols inesquecíveis contra a Tchecoslováquia – de meio de campo -, contra a Inglaterra, na cabeçada mortal que originou a defesa do século de Gordon Banks, e o corta-luz contra o Uruguai, quando usou o corpo para driblar Mazurkiewicz e só não marcou porque um cotoco de grama levantado pelo zagueiro desviou a trajetória da bola. 

Além de suas obras-primas, Pelé ainda deu inúmeros gols (10 para ser mais exato) e foi o garçom que qualquer atacante gostaria de ter. Mas quando precisava atacar, o Rei era único. Pelé imortalizou a camisa 10 como manto de craque e reinventou o futebol com uma genialidade jamais vista na história do esporte. Pará-lo era quase impossível. Seus dribles eram objetivos e encantadores, sem firulas. E seus gols… Ah, eram simplesmente magníficos. Falar de Pelé é falar de um ser imensurável, inexplicável. Para entendê-lo, só vendo seus vídeos, suas obras, seus gols. E ele soube como poucos esbanjar seu talento no maior dos palcos. Copa do Mundo sem Pelé seria um torneio comum. Com Pelé, virou o maior torneio de todos. Leia mais sobre o Rei clicando aqui!

 

Ronaldo (Brasil)

Copas disputadas: 4 (1994, 1998, 2002 e 2006)

Jogos: 19 (7 jogos em 1998; 7 jogos em 2002; 5 jogos em 2006)

Gols: 15 (4 gols em 1998; 8 gols em 2002; 3 gols em 2006)

Títulos: 2 (1994 e 2002) / Vice-campeão em 1998

Premiações

  • Artilheiro e Chuteira de Ouro da Copa do Mundo de 2002 – 8 gols
  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1998 e 2002
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1998
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 2002

 

O maior dos palcos viu as mais diferentes facetas e a volta por cima de um dos melhores atacantes de todos os tempos. Tudo começou em 1994, quando um garoto viu do banco a seleção brasileira ser tetracampeã. Quatro anos depois, ele era titular absoluto com a camisa 9 do Brasil e realizou partidas simplesmente inesquecíveis para qualquer amante do futebol. O apogeu do craque coincidiu justamente com uma época vertiginosa do futebol brasileiro. Ele e a amarelinha tinham uma simbiose perfeita. Suas arrancadas, gols e conquistas o transformaram num mito, o verdadeiro Fenômeno. Mas, na final, o peso do mundo em suas costas lhe causou uma convulsão que prejudicou não só ele, mas todo o time, que perdeu o título de maneira trágica para a França. 

O garoto Ronaldo viu o banco o Brasil ser campeão do mundo em 1994. Foto: Masahide Tomikoshi.

 

 

Nos anos seguintes, Ronaldo sofreu com as lesões e o atacante foi tido como aposentado. Mas ele deu exemplo, conseguiu a volta por cima e voltou como uma fênix para levar o Brasil ao título de 2002, com 8 gols – maior número desde 1970 – sendo dois gols na decisão, a síntese maior do que ele era capaz e de sua volta por cima, com certeza a mais bonita que o futebol já viu. Em 2006, mesmo longe de sua forma ideal, marcou três gols e se tornou o maior artilheiro da história das Copas com 15 gols em 19 jogos, posto perdido apenas em 2014 para o alemão Miroslav Klose. O fato é que Ronaldo foi um dos maiores craques de todos os tempos. Incontestável. Único. Imortal. E imortal das Copas. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Gerd Müller (Alemanha)

Copas disputadas: 2 (1970 e 1974)

Jogos: 13 (6 jogos em 1970; 7 jogos em 1974)

Gols: 14 (10 gols em 1970; 4 gols em 1974)

Títulos: 1 (1974)

Premiações

  • Artilheiro e Chuteira de Ouro da Copa do Mundo de 1970 – 10 gols
  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1970
  • Bola de Bronze da Copa do Mundo de 1970

 

Ele foi um dos mais letais e precisos goleadores da história do futebol, daqueles que dificilmente ficava um jogo sem marcar. Seus chutes eram certeiros, rasteiros, um terror para os goleiros. Seu faro apurado deixava o Bayern sempre com a certeza de que um placar de 1 a 0 era praticamente garantido antes mesmo do pontapé inicial, afinal, Gerd Müller, era um verdadeiro bombardeio. Com números incríveis e média de quase 1 gol por jogo em toda carreira, o baixinho troncudo fez história pelos bávaros conquistando um punhado de títulos, entre eles o tricampeonato europeu na década de 1970 e um Mundial Interclubes. 

Em 1970, Gerd Müller marcou 10 gols e foi o artilheiro máximo da Copa.

 

Em 1974, deixou sua marca na decisão e faturou o título mundial.

 

Pela seleção, Gerd Müller foi artilheiro da Copa de 1970 com 10 gols e campeão em 1974, quando anotou quatro gols, entre eles o do título mundial sobre a temida Holanda de Cruyff. Por muitos anos, o atacante ostentou a invejável marca de maior artilheiro da história das Copas do Mundo, com 14 gols, até ser superado por Ronaldo e pelo compatriota Klose décadas depois. Gerd Müller é o 2º maior artilheiro da história da Alemanha com 68 gols em 62 jogos, uma média impressionante de 1,10 gols por jogo! Ele é também o maior artilheiro da história da Bundesliga com 365 gols em 427 partidas e o maior artilheiro da história do Bayern München com 563 gols em 605 jogos. Uma máquina, simples assim! Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Garrincha (Brasil)

Copas disputadas: 3 (1958, 1962 e 1966)

Jogos: 15 (4 jogos em 1958; 6 jogos em 1962; 2 jogos em 1966)

Gols: 5 (4 gols em 1962; 1 gol em 1966)

Títulos: 2 (1958 e 1962)

Premiações

  • Artilheiro e Chuteira de Ouro da Copa do Mundo de 1962 – 4 gols
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1962
  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1958 e 1962
  • Eleito para o All-Star Team do Século XX da Copa do Mundo

 

Mané foi um dos maiores jogadores da história do futebol e tido como o maior driblador de todos os tempos. Os lances geniais, a fatal puxada de bola para a direita, os cortes secos e os zagueiros esfacelados no chão o fizeram receber o apelido de “O Anjo das Pernas Tortas”, “anjo” por ser dócil, simples e muito amigo, e a relação com as pernas pelo fato de elas serem visivelmente disformes e realmente tortas. Garrincha também foi a “Alegria do Povo” pelo fato de protagonizar lances geniais, de moleque, e jogar o simples e fácil do futebol. 

Ele é, ao lado de Romário e Maradona, um dos três ícones que tiveram a proeza de vencer uma Copa do Mundo praticamente sozinho. Foi em 1962, quando o Brasil depositou nele as esperanças de título após a contusão de Pelé. E o gênio deu conta do recado, passou por todo mundo e deu o bicampeonato mundial ao Brasil. Naquele ano, o craque se tornou o primeiro a vencer todos os principais prêmios que um jogador pode levar em uma Copa: Chuteira de Ouro, Bola de Ouro, eleito para o All-Star Team e título mundial. 

Antes de sua lenda em 1962, Garrincha entortou os rivais na Copa da Suécia, em 1958, quando iniciou a mais fabulosa parceria do futebol, ao lado de Pelé, ajudando o Brasil a levantar seu primeiro título mundial. Já perto da aposentadoria, o craque disputou a Copa de 1966 longe de seus melhores dias, mas ainda sim marcou um gol em solo inglês. Com jogadas exuberantes, Garrincha é uma lenda incontestável e patrimônio não só do futebol brasileiro, mas das Copas do Mundo. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Técnicos

Vittorio Pozzo (Itália)

 

Copas disputadas: 2 (1934 e 1938)

Jogos: 9 (5 em 1934; 4 em 1938)

Títulos: 2 (1934 e 1938)

Retrospecto: 8V 1E

 

Único técnico bicampeão mundial, campeão olímpico em 1936 e profundo conhecedor do futebol, Vittorio Pozzo foi um dos mais lendários treinadores do esporte e mantém até hoje recordes inigualáveis, o principal deles como único homem a vencer a Copa do Mundo da FIFA como técnico por duas vezes (e de maneira consecutiva!). Criador do Metodo, o esquema tático 2-3-2-3 que tinha como principais características a força no meio de campo e o contra-ataque rápido, os quais, segundo ele, eram perfeitos para o estilo de jogo dos italianos, Pozzo comandou a Itália durante incríveis 19 anos, de 1929 até 1948, além de passagens anteriores nos anos de 1912, 1921 e 1924.

Vittorio Pozzo, seus pupilos, e a taça Jules Rimet: único técnico bicampeão mundial. Foto: AFP / Colorização da foto: Daniel Farjoun.

 

Foram 97 jogos, 65 vitórias, 17 empates e apenas 15 derrotas, aproveitamento superior a 67%, jamais igualado por outro treinador à frente da seleção italiana. Se contarmos apenas o período de ouro dos 19 anos, o aproveitamento sobe a 68,97%, com 60 vitórias, 16 empates, 11 derrotas em 87 jogos, além de 224 gols marcados e 110 sofridos. Nos dois títulos, Pozzo formou um time muito forte e um dos mais lendários da história das Copas, com craques como Rava, Ferrari, Meazza, Schiavio, Piola entre outros, que construíram uma dinastia e fizeram da seleção a mais forte do planeta na época. Leia mais sobre Pozzo clicando aqui.

 

Mário Zagallo (Brasil)

 

Copas disputadas: 3 (1970, 1974 e 1998)

Jogos: 20 (6 em 1970; 7 em 1974; 7 em 1998)

Títulos: 1 (em 1970) / Vice-campeão em 1998

Retrospecto: 13V 3E 4D

 

Das cinco estrelas no escudo da seleção brasileira, quatro tiveram participação direta de uma pessoa. Um homem que sempre honrou ao máximo a Amarelinha. Primeiro, como jogador, ele foi a engrenagem do meio de campo e ataque que mais trabalhou nas conquistas das Copas de 1958 e 1962. Depois, foi o técnico da maior seleção de todos os tempos, a do tri de 1970. O tempo passou e lá estava aquele senhor de cabelos brancos como coordenador técnico no título de 1994. E poderia ter vindo outra taça em 1998 se não fosse uma série de problemas e erros de todos os lados que culminaram na derrota para a França de Zidane. Após se aposentar da seleção que tanto amou (e ainda ama), ele ainda levantou títulos no clube que defendeu lá na década de 1950, o Flamengo, com direito a uma taça épica do Carioca de 2001 contra o rival Vasco.

 

Ninguém tem mais Copas do que ele. Ninguém teve tanta paixão quanto ele. Ninguém comandou a seleção mais vezes do que ele. E ninguém pode contestar o trabalho de Mário Jorge Lobo Zagallo, um dos maiores técnicos da história do futebol e responsável por grandes avanços táticos ao longo dos anos não só aqui, mas também em outros países. Com uma simbiose impressionante na seleção, seu trabalho no time de 1970 até hoje é cultuado não só pela campanha espetacular com 100% de aproveitamento, mas pelas variações táticas do time, pela intensidade e pelo preparo físico dos jogadores no México, que sobravam diante dos rivais principalmente no segundo tempo. Embora tenha sucumbido em 1974 e 1998, Zagallo alcançou a imortalidade em Copas com 20 jogos e 13 vitórias (justamente seu número predileto), o 3º na lista dos que mais acumularam vitórias em Mundiais. Leia mais sobre Zagallo clicando aqui!

 

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