Nascimento: 13 de Outubro de 1931, em Nouex-les-Mines, França. Faleceu em 03 de Março de 2017, em Angers, França.
Posições: Meia-atacante, atacante, centroavante e ponta.
Clubes: Angers-FRA (1949-1951), Stade de Reims-FRA (1951-1956 e 1959-1967) e Real Madrid-ESP (1956-1959).
Principais títulos por clubes: 4 Campeonatos Franceses (1952-1953, 1954-1955, 1959-1960 e 1961-1962), 1 Copa Latina (1953) e 1 Campeonato Francês da Segunda Divisão (1965-1966) pelo Stade de Reims.
3 Ligas dos Campeões da UEFA (1956-1957, 1957-1958 e 1958-1959), 1 Copa Latina (1957) e 2 Campeonatos Espanhóis (1956-1957 e 1957-1958) pelo Real Madrid.
Principais títulos individuais:
Bola de Ouro de Melhor Jogador da Europa (Ballon d´Or): 1958
Bola de Prata de Melhor Jogador da Europa (Ballon d´Or): 1959
Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1958
Eleito o 21º Melhor Jogador do Século XX pela revista France Football
Eleito um dos 50 Melhores Jogadores do Século XX pela Planète Foot: 1996
Eleito um dos 100 Melhores Jogadores do Século XX pela revista World Soccer: 1999
Eleito o 50º Melhor Jogador do Século XX pela revista Placar: 1999
Eleito o 43º Melhor Jogador do Século XX pela IFFHS
Eleito o 18º Melhor Jogador Europeu do Século XX pela IFFHS
Eleito o 2º Melhor Jogador Francês do Século XX pela IFFHS
Eleito um dos 1000 Maiores Esportistas do Século XX pelo jornal The Sunday Times
FIFA 100: 2004
Eleito o 68º Melhor Jogador da História das Copas pela revista Placar: 2006
Condecorado com a Ordem Nacional da Legião de Honra: 2008
Eleito para a Seleção dos Sonhos da França do Imortais: 2020
“O eterno Napoleão do futebol”
Por Guilherme Diniz
Certa vez, após mais uma de suas brilhantes partidas, aquele baixinho de apenas 1,67m de altura que deixava os mais altos e imponentes zagueiros no chão recebeu demasiados elogios e um singelo apelido do jornalista inglês Desmond Hackett: “Napoleão do futebol”. Mas por que tal referência ao célebre líder político e militar francês? É pelo fato de o tal baixinho controlar o jogo como poucos, fazer da bola sua posse única e conquistar territórios (ou melhor, fãs) como nenhum outro. Raymond Kopaszewski, mais conhecido como Raymond Kopa, foi um dos mais temidos e destemidos meias de seu tempo e um dos mais brilhantes e completos jogadores de ataque de toda a história do futebol francês e mundial. Habilidoso, velocíssimo, técnico, sagaz, dono de uma visão de jogo e raciocínio fantásticos e encantador de plateias pleno, Kopa ajudou a transformar o Stade de Reims no maior clube da França e em um dos mais fortes times de todo o Velho Continente. Além disso, conseguiu ser titular no seleto Real Madrid de Di Stéfano e ainda levou a França a um histórico terceiro lugar na Copa do Mundo de 1958, torneio onde ele foi o principal responsável por fazer de Just Fontaine o artilheiro máximo do Mundial com incríveis 13 gols. É hora de relembrar.
Fuja dessas minas, garoto!
Kopa nasceu em Nouex-les-Mines, norte da França, e herdou do pai, polonês, o sobrenome cheio de consoantes e incomum para um francês. Filho de mineiro, Kopa começou a trabalhar ainda criança nas minas de carvão da região localizadas a 612 metros abaixo da terra. Com apenas seis anos, sofreu um acidente quando uma rocha caiu de um carrinho e lhe amassou o dedo indicador da mão esquerda, que teve de ser amputado. Por causa disso, ele passou a receber uma pensão por invalidez e começou a tomar gosto pelo futebol a partir dali. O jovem virou celebridade no time da cidade jogando no ataque e arrancava os mais variados elogios pela velocidade que exibia e a soberba técnica com a bola nos pés – mesmo com o aspecto frágil e a baixa estatura.
Em 1949, chegou até as finais de um concurso nacional de jovens jogadores e só não foi o campeão por causa da pouca altura e pela descendência polonesa. No entanto, a grande exposição rendeu ao jovem o primeiro contrato profissional no mesmo ano junto ao Angers, da cidade homônima localizada ao oeste da França. Por lá, Kopa ficou apenas dois anos, mas o suficiente para mostrar ainda mais seu talento fora de série e conseguir outro contrato, dessa vez com o Stade de Reims do técnico Albert Batteux, que iniciara sua trajetória como treinador em 1950, mesmo ano que pendurou as chuteiras como jogador do próprio Reims.
Quando chegou ao clube, Kopa não foi titular logo de cara por causa do esquema tático do time. Ele só virou peça chave a partir de 1952, quando Batteux deslocou o holandês Bram Appel para o lado direito e deixou Kopa mais centralizado, como um camisa 10, a fim de organizar o jogo e também marcar seus golzinhos, claro. A mudança surtiu efeito rapidamente e fez o Reims jogar de maneira mais fluída e com muito mais qualidade graças a Kopa, que começaria a escrever os laureados capítulos de sua carreira.
Transbordando talento
Ágil, inteligente e muito criativo, Kopa foi fundamental para o título nacional do Reims na temporada 1952-1953, quando marcou 13 gols e contribuiu com várias assistências para o artilheiro Bram Appel. O título serviu para ele calar os críticos que diziam que ele driblava sem objetivo e prendia demais a bola. Na verdade, ele deixava o jogo mais bonito com fintas desconcertantes que sempre terminavam com um passe sublime para o companheiro mais próximo ou mesmo um gol plástico anotado por ele próprio. Esse jeito abusado de jogar era uma recomendação do próprio técnico Batteux, que “ameaçava” o meia dizendo: “no dia em que você não driblar mais, não hesitarei em lhe tirar do time!”. Foi na mesma época que o craque ganhou suas primeiras convocações para a Seleção Francesa, estreando em Colombes, no dia 05 de outubro de 1952, em um amistoso contra a Alemanha vencido por 3 a 1 pelos franceses. Em seu terceiro jogo com o manto azul, Kopa marcou dois gols na vitória por 3 a 1 sobre a Irlanda do Norte e não saiu mais do time. Em 1954, o jovem fez parte do elenco que viajou até a Suíça para a disputa da Copa do Mundo e esteve em campo nos dois jogos da equipe francesa. Na estreia, derrota por 1 a 0 para a Iugoslávia. Em seguida, vitória por 3 a 2 sobre o México (com um gol de Kopa), mas insuficiente para a classificação.
De volta ao Reims, Kopa seguiu jogando o fino da bola, venceu mais títulos e virou o maior talento de seu país na época. Tal fama aumentou na temporada 1955-1956, quando o time francês disputou a primeira edição da história da Liga dos Campeões da UEFA e alcançou a final, contra o Real Madrid. Jogando em Paris, o Reims abriu 2 a 0 e poderia ter feito 3 a 0 se Kopa não tivesse um gol tirado em cima da linha por um jogador madrileno. Na sequência, o time espanhol chegou ao empate, Hidalgo colocou o Reims mais uma vez em vantagem, mas foi o Real o vencedor do duelo, que terminou 4 a 3 para os merengues. A derrota na primeira final europeia doeu para os franceses, mas Kopa deixou o gramado praticamente com o destino selado.
É que os espanhóis ficaram encantados com o futebol primoroso do pequeno francês e fizeram questão de contratar o craque já para a temporada 1956-1957 por cerca de 520 mil francos. Vale lembrar que um ano antes, em 1955, Kopa já havia arrebatado os espanhóis com uma atuação de gala na vitória da França por 2 a 1 sobre a Espanha, em Madrid, com um dos gols anotados pelo craque e que rendeu aplausos dos mais de 125 mil torcedores presentes no estádio Santiago Bernabéu – ocasião que fez nascer a expressão “Napoleão do futebol” após uma crônica do jornalista Desmond Hackett sobre a atuação do baixinho.
Sempre há espaço para um craque
Quando chegou ao Real, Kopa temeu por sua titularidade ao perceber que Di Stéfano, o grande nome do time, já ocupava a posição onde o francês estava habituado a jogar. No entanto, crente do ótimo jogador que tinha em mãos, o técnico José Villalonga Llorente deslocou o baixinho para a ponta-direita (e não para a esquerda como muitos livros dizem, afinal, o titular da esquerda do Real era Francisco Gento) e não se arrependeu. Jogando ao lado de Di Stéfano, Gento, Mateos e Rial, Kopa virou titular absoluto do ataque merengue e conquistou na temporada 1956-1957 o título do Campeonato Espanhol e a Liga dos Campeões, esta última com atuações decisivas do craque francês, que marcou o gol da classificação na vitória por 2 a 0 sobre o Rapid Wien-AUT, nas oitavas de final, foi garçom nos bailes sobre o Nice-FRA, nas quartas, e anotou mais um gol em um dos duelos contra o Manchester United-ING, na semifinal.
Na decisão, contra a forte Fiorentina-ITA de Julinho Botelho (leia mais clicando aqui), Kopa foi mais uma vez soberbo atuando na ponta e também como meia, trocando de posição com Mateos. O Real venceu por 2 a 0 e faturou o bicampeonato europeu. As atuações do craque naquela temporada renderam a ele o bronze na eleição de Melhor Jogador da Europa realizada pela revista France Football. Mas seria apenas uma questão de tempo para ele tirar o companheiro Di Stéfano do trono de maior craque europeu…
O brilho na Suécia e a Bola de Ouro
Na temporada 1957-1958, Kopa viveu o auge da carreira. Na Espanha, o craque voltou a celebrar um título nacional e marcou oito gols em 27 jogos disputados, além de contribuir com várias assistências para boa parte dos 71 gols anotados pelo Real. Na Liga dos Campeões, o francês deixou sua marca na goleada de 6 a 0 sobre o Royal Antwerp-BEL, na primeira fase, fez dois gols no inesquecível 8 a 0 sobre o Sevilla-ESP, nas quartas de final, e teve outra atuação de gala na final vencida sobre o Milan-ITA por 3 a 2 (Kopa driblou vários italianos durante o jogo e fez a jogada do gol de Di Stéfano que abriu o placar). Com um ataque devastador, o Real Madrid não tinha adversários na Europa e causava frisson por onde passava. Kopa costumava dizer que aquele ataque não tinha preço e destacou, em entrevista ao site da FIFA, o prazer de se jogar pelo clube na época:
“Foram três anos fantásticos. O clima nos jogos era incrível, com 125 mil pessoas no Santiago Bernabéu agitando lenços brancos. Não tínhamos patrocinadores nem transmissões pela TV, por isso, disputávamos amistosos pelo mundo para sustentarmos o clube. Era mesmo outra época”. – Raymond Kopa.
Para coroar uma era magnífica na carreira, Kopa se concentrou para a disputa da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, com uma Seleção Francesa que tinha a base do ótimo Stade de Reims e um poder de fogo fantástico graças, claro, a Kopa, ao prolífico atacante Just Fontaine e ao talentoso Piantoni. Na estreia francesa no Mundial, contra o Paraguai, a dupla Kopa-Fontaine foi simplesmente devastadora. O baixinho deu os passes para os dois primeiros gols de Fontaine no jogo, no primeiro tempo, marcou o seu no segundo tempo e deu mais um passe para Vincent fechar o placar em 7 a 3 para os Bleus, que estrearam da melhor maneira possível na Copa. No duelo seguinte, contra a viril Iugoslávia, os leves franceses perderam por 3 a 2, mas Kopa voltou a dar um passe para Fontaine deixar sua marca. No duelo decisivo do Grupo B, os franceses venceram a Escócia por 2 a 1 com um dos gols marcados por Kopa, aos 22´do primeiro tempo.
Nas quartas de final, a França enfrentou a Irlanda do Norte e voltou a golear: 4 a 0, com mais dois gols de Fontaine originados após passes precisos de Kopa. A dupla parecia jogar por telepatia e deixava os rivais sem ação com tanta velocidade, técnica e dominância. Só um grande time poderia pará-los. E ele apareceu na semifinal: o Brasil, de Pelé, Garrincha e companhia, que soube aproveitar as chances e controlar o jogo para vencer por 5 a 2, embora a França tenha jogado boa parte da partida com 10 homens pelo fato de o zagueiro Jonquet ter sofrido uma contusão e na época não serem permitidas substituições.
Na disputa pelo terceiro lugar, a França goleou a Alemanha por 6 a 3, com um gol de pênalti anotado por Kopa. Foi a melhor colocação francesa na história das Copas na época e o time recebeu muitos elogios da imprensa, que qualificou a equipe como a segunda melhor da Copa, atrás apenas do campeão, Brasil, e a frente até mesmo da vice-campeã, Suécia. Kopa foi eleito para o time dos sonhos do Mundial e, meses depois, condecorado com a Bola de Ouro de Melhor Jogador da Europa, um prêmio justíssimo ao craque que foi o maestro da seleção dona do melhor ataque da Copa (23 gols em seis jogos!) e grande arma do exuberante Real Madrid tricampeão europeu.
Tricampeão europeu e a volta para casa
Conhecido no mundo todo e com a fama nas alturas, Kopa voltou a brilhar na temporada 1958-1959. Em território espanhol, o craque não conseguiu levantar mais uma taça, mas faturou outro troféu continental na Liga dos Campeões. Nas oitavas de final, o francês marcou um dos gols na vitória por 2 a 0 sobre o Besiktas-TUR, foi garçom nos 7 a 1 sobre o Wiener Sport-Club-AUT, nas quartas, e manteve o futebol cerebral nos clássicos contra o Atlético de Madrid-ESP, na semifinal. Na decisão, o camisa 7 reencontrou seus velhos amigos do Stade de Reims, mas teve que deixar o coração de lado para ajudar o Real a vencer o duelo por 2 a 0 e faturar mais um título. Ainda em 1959, o craque voltou ao pódio do Ballon d´Or e ficou com o segundo lugar, atrás apenas de Alfredo Di Stéfano.
Ver novamente o Stade de Reims parece ter mexido com a cabeça de Kopa, que assinou um novo contrato com o clube alvirrubro e voltou à França para a temporada 1959-1960. Jogando ao lado de Fontaine, ele esperava reeditar a dupla tão marcante da seleção e vencer, enfim, uma Liga dos Campeões com a camisa do time de Champagne. Mas o máximo que ele conseguiu foi a glória nos Campeonatos Franceses de 1959-1960 e 1961-1962. Ainda em 1962, Kopa vestiu pela última vez a camisa da França em um amistoso contra a Hungria, em Colombes, vencido pelos magiares por 3 a 2. Nos anos seguintes, o baixinho seguiu firme no Stade de Reims, mas o clube entrou em tempos difíceis e até foi rebaixado. Em 1967, aos 35 anos, Kopa decidiu se aposentar de vez do esporte para se dedicar ao filho, que sofria de leucemia, e para reivindicar melhores condições de trabalho para os jogadores franceses.
Eterno Napoleão
Após pendurar as chuteiras, Kopa não se cansou de colecionar troféus individuais e nomeações em diversas listas dos melhores craques do século. O infernal driblador se tornou uma verdadeira lenda e seguiu no meio esportivo como comentarista de rádio e TV e jogando em partidas amadoras até os 70 anos. Em 2008, Kopa se tornou o primeiro futebolista a receber a Légion d´honneur (Ordem da Legião de Honra), a máxima ordem da França, por todos os seus serviços prestados ao esporte e por engrandecer o futebol francês por mais de uma década. Curiosamente, a ordem foi criada na longínqua data de 19 de maio de 1802 por ninguém mais ninguém menos que Napoleão Bonaparte. Definitivamente, a condecoração caiu muito bem em Kopa. Um craque imortal.
Leia mais sobre o Real Madrid dos anos 50 e sobre o Stade de Reims aqui no Imortais!
Números de destaque:
Disputou 463 jogos e marcou 99 gols pelo Stade de Reims.
Disputou 103 jogos e marcou 30 gols pelo Real Madrid.
Disputou 45 jogos e marcou 18 gols pela Seleção Francesa.
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Tinha pedido o Kopa aqui no blog e o que tenho a dizer é que o artigo ficou ótimo, Guilherme. Kopa é sem dúvidas um dos maiores jogadores da história e tanto fez pelo Reims e ajudou a fazer daquele Madrid eterno o maior time já visto. Quase ganhou uma copa, quem sabe se tivesse ficado com 11 em campo poderia ter sorte melhor. Saudades jogadores assim no futebol atual. Enfim, parabéns.
primeiro saudade de um novo post no blog agora o elogio mas uma vez EXCELENTE post que nao e novidade nesse achada que se tornou imortais do futebol quero te parabenizar e eu sei o quao cansativo e desgatant deve ser pesquisar em paginas jornal revistas ma studo vale a pena para ver esse resultado conhecer jogadores de todas as epocas e a historias videoes podem contar a nosso netos que nos vimos esse jogadores jogar e resgatar o futebol arte obrigado mesmo nao proxima nao demora tanto pra postar no blog porque e um vicio vicio do bem esse fantastico site espero comentar e te parabenizar mais vezes porque teu trabalho merece e vale a pena o esforço final a obra prima se os jogadores times jogos sao imortais voce eum imortal na escrita porque pra fazer isso tem que ser genio coisa que voce e
Muito obrigado mais uma vez pelos elogios, Pierre! Como estou com falta de tempo e concilio o blog com meu trabalho, tive que reduzir a quantidade de textos para um ou dois por semana. Espero que entenda. Abraços!