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Jogos Eternos – Alemanha 0x2 Brasil 2002

 

Data: 30 de junho de 2002

O que estava em jogo: o título da Copa do Mundo da FIFA de 2002.

Local: International Stadium, Yokohama, Japão.

Árbitro: Pierluigi Collina (ITA)

Público: 69.029 pessoas

Os Times:

Alemanha: Kahn; Linke, Ramelow e Metzelder; Frings, Hamann, Schneider, Jeremies (Asamoah) e Bode (Ziege); Klose (Bierhoff) e Neuville. Técnico: Rudi Völler.

Brasil: Marcos; Lúcio, Edmílson e Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson e Roberto Carlos; Ronaldinho (Juninho Paulista); Rivaldo e Ronaldo (Denílson). Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Placar: Alemanha 0x2 Brasil. Gols: Ronaldo-BRA, aos 22’ e aos 34’ do 2º T.

 

“Ressurreição Fenomenal”

 

Por Guilherme Diniz

 

Por mais incrível que possa parecer, até aquela 17ª edição da Copa do Mundo da FIFA, os dois maiores titãs da história do torneio – Brasil e Alemanha – jamais haviam se enfrentado na competição. Nem na fase de grupos, nem na reta final. Era algo curioso, intrigante. E quis o destino que o primeiro encontro fosse exatamente em uma final. Atípica final. Não pelas camisas, mas pelo contexto. Antes da Copa começar, nenhum dos dois era cotado como favorito. Aliás, passavam bem longe por conta dos problemas físicos de alguns jogadores, desfalques e desempenhos contestáveis nas Eliminatórias. Mas eles estavam lá, em Yokohama, provando que em Copa do Mundo a história pesa demais. O Brasil era favorito. Mas a Alemanha jamais poderia ser menosprezada.

Quando a bola rolou, o gol teimava em não sair. Culpa da falta de pontaria dos atacantes. Dos goleiros. Dos zagueiros. Até que, no segundo tempo, o goleiro tido como intransponível falhou. E um atacante decisivo aproveitou para abrir o placar: Ronaldo. Minutos depois, Rivaldo recebeu de Kléberson, mas não tocou na bola. Deixou ela passar num corta-luz para Ronaldo. O camisa 9 chutou e fez mais um. Era o gol do título. O gol do penta. Da primeira seleção a vencer os sete jogos disputados. Do maior artilheiro em uma Copa desde 1970. Do craque que igualou os 12 gols de Pelé em Mundiais. Do homem tido como aposentado que deu a maior volta por cima do futebol. O título da ressurreição de uma seleção destroçada quatro anos antes. Simplesmente fenomenal. É hora de relembrar.

 

Pré-jogo

Ronaldo marca o gol de bico, contra a Turquia, que colocou o Brasil na final.

 

França, Argentina, Itália, Inglaterra e Espanha. Essas eram as equipes tidas como favoritas ao título mundial na Copa do Mundo da Coreia do Sul e do Japão em 2002. Mesmo com sete títulos no total, Brasil e Alemanha “corriam por fora” por conta dos anos difíceis que viviam. O Brasil, após a derrota na final de 1998, passou por problemas nas Eliminatórias e, pela primeira vez, correu até o risco de não se classificar. A vaga veio no sufoco e, em 2001, a equipe chegou a ser eliminada na Copa América para a seleção de Honduras. Para piorar, o atacante Ronaldo vivia um calvário pessoal por conta das lesões no joelho que o atormentavam, principalmente a ocorrida em 12 de abril de 2000, na final da Copa da Itália, quando seu joelho “se deformou” ao vivo, em uma cena chocante para todo o mundo.

O retorno de Ronaldo ao futebol era tido como impossível pela gravidade da lesão. Mas, com muita fisioterapia, força de vontade e exercícios, o jogador foi progredindo e, em 2002, o técnico Luiz Felipe Scolari confiou no retorno do camisa 9 e o convocou em março daquele ano, para um amistoso contra a Iugoslávia. Em maio, Ronaldo marcou seu primeiro gol com a amarelinha desde 1999, na goleada de 4 a 0 sobre a Malásia. Com uma imensa cicatriz no joelho e entrando no ritmo aos poucos, o atacante poderia encontrar no Mundial a sequência necessária para provar seu valor. Após a convocação de Felipão, o ceticismo aumentou por causa da não-inclusão de Romário, vivendo grande fase na época. Felipão nutria uma antiga mágoa com o Baixinho e, por isso, não levou o craque do tetra para o Mundial. O técnico acreditava em seus jogadores e nos “erres” Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho.

Rivaldo, uma das estrelas do Brasil na Copa.

 

Quando a Copa começou, o Brasil teve dificuldades apenas na estreia, contra a forte Turquia, mas venceu por 2 a 1. Em seguida, goleada contra a China por 4 a 0 e triunfo sobre a Costa Rica por 5 a 2. Nas oitavas, duelo angustiante contra a Bélgica e vitória por 2 a 0, gols de Rivaldo e Ronaldo. Nas quartas, jogaço contra a favorita Inglaterra e vitória de virada por 2 a 1, gols de Rivaldo e um antológico de Ronaldinho. Na semifinal, a equipe reencontrou a Turquia e venceu por 1 a 0, no famoso gol de bico de Ronaldo.

Ronaldinho brilhou no duelo contra a Inglaterra.

 

Pela terceira vez seguida, o Brasil estava na final. Com o moral elevado, Ronaldo tinindo, Rivaldo decisivo e o time jogando muito bem coletivamente e defensivamente em um pouco usual 3-5-2, esquema tático muito criticado na época, mas uma tendência em equipes vencedores no país, como o Athletico-PR campeão brasileiro de 2001 e o Grêmio campeão da Copa do Brasil do mesmo ano. Mesmo jogando assim, o Brasil tinha força ofensiva com as subidas de seus laterais e ainda a facilidade para Edmílson avançar um pouco para o meio, por ser o mais técnico dos três zagueiros brasileiros. O time de Felipão jogava pressionando a saída de bola dos rivais, um jeito “moderno” na época e no padrão europeu, tática que surpreendeu os rivais e possibilitou boas alternativas ofensivas. Vale lembrar que várias equipes daquela Copa usaram o esquema 3-5-2, incluindo o rival do Brasil na final: a Alemanha.

Em 2001, Alemanha levou de cinco da Inglaterra jogando em casa.

 

Após a conquista da Copa de 1990 e da Eurocopa de 1996, a Nationalelf vivia um período de reconstrução e passou por momentos conturbados nas Eliminatórias. O maior deles foi a derrota por 5 a 1 em casa para a Inglaterra, revés que mandou os alemães para a repescagem. Nela, a equipe conseguiu superar a Ucrânia e foi para o Mundial bastante desacreditada. Na fase de grupos, o time do técnico Rudi Völler goleou a frágil Arábia Saudita (8 a 0), empatou em 1 a 1 com a Irlanda e venceu Camarões (2 a 0). Nas oitavas, vitória por 1 a 0 sobre o Paraguai, outra por 1 a 0, sobre os EUA, nas quartas de final, e mais uma por 1 a 0, sobre a Coreia do Sul, na semifinal – neste jogo, o time acabou sofrendo o prejuízo de perder o meia Michael Ballack para a decisão, pois o craque levou o segundo cartão amarelo exatamente no duelo contra os sul-coreanos.

Ballack e Klose: principais nomes ofensivos da Alemanha em 2002.

 

Mesmo sem brilhar, a equipe estava na final muito por conta do sólido sistema defensivo dos zagueiros Metzelder, Ramelow e Linke e do goleirão Oliver Kahn, eleito antes mesmo da final o melhor jogador da Copa e vazado apenas uma vez em todo Mundial – ele foi o primeiro goleiro a vencer a honraria. Vivendo a melhor fase da carreira e campeão da Europa e do mundo um ano antes pelo Bayern München, o camisa 1 de fato realizava uma Copa espetacular, com defesas absurdas e muita imponência debaixo das traves. Se Kahn permanecesse sem levar gols na decisão, certamente entraria para o rol dos maiores da história dos Mundiais. Só que a FIFA foi um pouco premeditada e deveria esperar o fim da decisão para conceder tal prêmio. Vai que alguém jogasse melhor…

Oliver Kahn: colosso no gol da Alemanha.

 

A Alemanha da final. Em pé: Hamann, Klose, Bode, Metzelder e Linke. Agachados: Jeremies, Ramelow, Schneider, Frings, Kahn e Neuville.

 

Como “mandante” no sorteio, a Alemanha jogou com seu uniforme tradicional, enquanto o Brasil foi a campo com camisa amarela, calção azul e meias azuis, ao invés de vestir as meias brancas. Nas vésperas do jogo, do lado do Brasil, Ronaldo foi o mais procurado pela imprensa, obviamente, que queria saber como ele estava e se as lembranças de 1998 não iriam voltar. Mas o atacante foi esperto e mudou radicalmente seu corte de cabelo para desfocar a narrativa: ao estilo Cascão, da Turma da Mônica, o cabelo do craque passou a ser mais comentado do que seu joelho ou os problemas de quatro anos antes. Isso foi ótimo para o bem-estar do camisa 9 e do elenco brasileiro.

O “cascudo” Ronaldo e o técnico Felipão.

 

Era visível a alegria do time no dia da final. Bem diferente de 1998, os atletas demonstravam confiança, serenidade e foco. Com quase 70 mil pessoas, o estádio Internacional de Yokohama tinha a torcida predominantemente brasileira. Em uma noite sem chuva e com tempo firme, a expectativa era de um jogo histórico. E o tão aguardado encontro das seleções mais emblemáticas dos Mundiais.

 

Primeiro tempo – Faltou pontaria

A Alemanha começou marcando muito bem o ataque brasileiro, tentando forçar um dos homens de trás do Brasil a sair para conduzir a bola e, com isso, ganhar brechas para atacar, em especial nas bolas aéreas. Só que a zaga canarinho estava impecável, principalmente Roque Júnior, que cobria muito bem o setor esquerdo da grande área. Por outro lado, o ataque alemão não conseguia ser eficiente na marcação da saída de bola do Brasil como planejava Rudi Völler. Aos 7’, a defesa alemã falhou e Kléberson recuperou a bola, chutou de fora da área e obrigou o goleiro Oliver Kahn a realizar sua primeira defesa. Dois minutos depois, resposta alemã em bola cruzada na área, mas a zaga brasileira conseguiu afastar o perigo e evitar que a bola chegasse em Klose, atacante que brigava pela artilharia da Copa com Ronaldo.

Aos 18’, Ronaldinho tabelou com Ronaldo, que chutou no canto direito, mas para fora. Aos 29’, outra chegada com a dupla Ronaldinho e Ronaldo, mas Kahn saiu bem do gol e atrapalhou a finalização do camisa 9. Aos 40’, Jeremies chutou de longe e a bola foi por cima. Àquela altura, muitos questionavam a ausência decisiva de Rivaldo. É que o camisa 10 sofria com dores no tornozelo esquerdo e usava uma bota de proteção por dentro da chuteira, por isso, o meia pouco aparecia e jogava no sacrifício. Dois minutos depois do chute de Jeremies, Cafu lançou Kléberson, que foi ao ataque como elemento surpresa. Na época, era pouco comum um volante avançar tanto quanto o camisa 15. Ele chutou, mas a bola passou à esquerda do gol.

Kléberson em disputa de bola com Klose: brasileiro foi o grande nome do meio de campo canarinho.

 

Aos 44’, em tabela entre a dupla Ronaldinho e Ronaldo, quem apareceu mais uma vez para chutar foi Kléberson, que arriscou e mandou a bola na trave! Já eram três chutes do volante ao gol. Era um dos melhores do Brasil em campo e que conseguia quebrar a marcação alemã, que se dedicava mais aos “erres” e aos laterais brasileiros. Aos 46’, Ronaldo recebeu de Roberto Carlos e chutou forte, mas Kahn defendeu com as pernas. Quando o árbitro italiano Pierluigi Collina encerrou o primeiro tempo, parecia que o duelo iria para a prorrogação. A não ser que os atacantes brasileiros calibrassem melhor a pontaria.

 

Segundo tempo – Fenômeno

Gilberto Silva disputa a bola com Schneider.

 

Lembra que os atacantes alemães não marcaram bem a saída de bola do Brasil na primeira etapa? Pois foi isso que o Brasil fez a partir do segundo tempo com seus “erres”. E, mesmo com Cafu e Roberto Carlos presos na marcação, Kléberson foi o grande coringa que mudou o jogo com seus avanços e passes precisos que desnortearam a zaga alemã, além da boa presença de Ronaldinho. Antes desse cenário, logo aos 2’, a Alemanha teve um escanteio a seu favor e Jeremies conseguiu cabecear, mas Edmílson cortou. Aos 4’, Neuville cobrou falta com muita força e Marcos espalmou com perfeição, fazendo a bola ainda tocar a trave e ir para fora. Foi a primeira grande chance alemã no jogo.

O Brasil em campo: 3-5-2 parecia defensivo, mas time mostrou muito volume de jogo e pressão no campo adversário, principalmente no segundo tempo.

 

Aos 7’, escanteio cobrado pelo Brasil e Gilberto Silva apareceu para cabecear. Kahn defendeu e, no rebote, o volante tentou chutar, mas fez falta no goleiro. Entre os 10’ e os 18’, a Alemanha foi mais incisiva no ataque, mas as chegadas de Linke, Hamann e Neuville pouco assustaram o goleiro Marcos. A ausência de Michael Ballack fazia muita falta na criação alemã. Enquanto isso, na área técnica, Felipão participava ativamente do jogo com seu jeito energético, orientando, gritando, jogando junto e pedindo calma em lances de mano a mano de seus defensores para evitar faltas desnecessárias. O jogo se encaminhava para sua metade final e um gol naquele momento seria um divisor de águas para qualquer equipe. E uma tática daquele time brasileiro, enfim, deu resultado.

Aos 22’, Ronaldo recebeu na entrada da área de Gilberto Silva, tentou a arrancada, mas foi desarmado por dois defensores. O craque levantou rapidamente e viu a bola com um defensor. Astuto, Ronaldo tratou de roubar a redonda com insistência, raça. De novo com ela, Ronaldo tocou para Rivaldo esperando uma tabelinha providencial. Porém, o camisa 10 chutou forte, com o pé machucado, em sua primeira e única finalização no jogo. Opção errada? Que nada! Kahn tentou agarrar, mas a bola escapuliu. Na sobra, Ronaldo apareceu como um foguete e chutou forte para o gol vazio: 1 a 0.

 

Explosão em Yokohama! Enfim, o Brasil conseguia furar a meta alemã. E da maneira mais surpreendente possível: em um erro de Oliver Kahn, tão absoluto, tão impecável, tão temido. Era o 7º gol de Ronaldo na Copa, que quebrava o “estigma dos seis” que perdurava em Mundiais desde 1978 e igualava os sete gols do polonês Lato, em 1974. O artilheiro já estava na história. Mas ainda tinha jogo.

Aos 26’, Jeremies chutou de fora da área, mas a bola foi à direita do gol – era impressionante a falta de pontaria dos alemães, que dos 18 chutes que deram ao gol no jogo, erraram 14, enquanto o Brasil finalizou 10 vezes, cinco no gol, duas dentro dele e apenas cinco erradas. A abertura no placar fez com que os treinadores começassem a mexer em seus times. Do lado alemão, Völler colocou Bierhoff, talismã do título da Euro de 1996, Asamoah e Ziege, também estrela no time de 1996, nos lugares de Klose (apagadíssimo), Jeremies e Bode, respectivamente. Já Felipão mudaria o time pela primeira vez apenas aos 40’, quando Juninho Paulista entrou no lugar de Ronaldinho.

Aos 34’, o Brasil engatilhou outro ataque pela direita, com Cafu, que deixou com o volante Kléberson. O jogador, simplesmente monstruoso no jogo, desceu em velocidade e tocou no meio da área para Rivaldo. O meia sabia que seu temido pé esquerdo não estava tão afiado naquele dia. Por isso, ele preferiu abrir as pernas para efetuar o corta-luz. O destino da bola? Ronaldo. O camisa 9 dominou, preparou e chutou rente à trave esquerda de Kahn, para que ele não pegasse de jeito nenhum: 2 a 0. Gol de craque. Gol de quem sabe. Gol do Fenômeno. Gol do penta.

Ronaldo bate no cantinho para decretar o penta. Foto: Getty Images.

 

Era a prova definitiva de quem mandava no mundo. De quem deveria ter sido o Bola de Ouro da Copa. Do artilheiro com 8 gols, a maior artilharia em uma Copa desde 1970, ano dos 10 gols de Gerd Müller, curiosamente, alemão. Era o 12º gol de Ronaldo em Mundiais, que se igualou a Pelé na artilharia de Copas. “Só isso”… Dali em diante, o Brasil seguiu no “pega, pega” de Felipão. Atento, o time sabia que um gol nos minutos finais poderia ressuscitar a Alemanha. Ela era especialista nisso. Quase azedou o título da Argentina em 1986, quando saiu perdendo e empatou antes de Burruchaga decretar a vitória albiceleste. Foi assim em 1974, quando saiu perdendo para a Laranja Mecânica e virou. E foi assim em 1954, quando levou 2 a 0 da Hungria e virou para 3 a 2. Era um titã perigoso. Hostil. E, aos 37’, Bierhoff recebeu na área, quase na marca do pênalti, e bateu de primeira. Mas, no gol, estava Marcos, que fez a defesa do jogo e mandou a bola para longe dali. Naquela noite, o Brasil não iria levar gols. De ninguém.

Aos 45’, Felipão decidiu ganhar um tempo e colocou Denílson no lugar de Ronaldo. Era uma forma de homenagear uma lenda. O estádio inteiro aplaudiu o craque, o nome do jogo, que escreveu naquela noite uma antologia para a história das Copas. Nos três minutos de acréscimos, Denílson ainda teve tempo de aplicar seus dribles e deixar a já cansada defesa alemã em paranoia. Até dava para fazer o terceiro, mas do jeito que estava, estava perfeito. Um ainda jovem Kaká também queria entrar, mas durante todo o último minuto do jogo, a bola não saiu e não houve brecha para o árbitro Collina deixar o brasileiro jogar pelo menos alguns segundos uma final de Copa. Quando Denílson aplicou mais uns de seus dribles perto da área alemã e foi derrubado, Collina marcou a falta e encerrou o jogo.

Cafu ergue a taça.

 

Brasil pentacampeão mundial. O primeiro penta. O primeiro a vencer TODOS os sete jogos disputados. Irretocáveis 100% de aproveitamento, assim como a seleção de 1970, que venceu todos os seis jogos disputados. Festa brasileira no Japão. Festa da mais emblemática seleção do mundo. Da única que participou de todos os Mundiais. Aquela que sempre competiu para ganhar. De preferência, com show. Como deram show Marcos, Lúcio, Edmílson, Roque Júnior, Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Roberto Carlos, Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo, este o personagem máximo de uma glória eterna na volta por cima mais bonita da história. De “acabado” a campeão do mundo e artilheiro. A ídolo. A lenda. Naquele dia 30 de junho de 2002, a Copa do Mundo foi conquistada de maneira fenomenal.

Os pentacampeões. Em pé: Lúcio, Edmílson, Roque Júnior, Gilberto Silva, Marcos, Kaká, Vampeta, Ânderson Polga, Dida, Rogério Ceni e Belletti. Agachados: Ronaldinho, Ronaldo, Roberto Carlos, Kléberson, Rivaldo, Cafu, Júnior, Ricardinho, Luizão, Edílson, Denílson e Juninho Paulista.

 

Pós-jogo: O que aconteceu depois?

 

Alemanha: “Não há consolação. Foi o único erro que cometi em sete partidas e por isso eu fui brutalmente punido.” Foi assim que Oliver Kahn definiu o dolorido revés e sua atuação na final da Copa. Ele entrou em declínio após aquele fatídico jogo, mas sempre teve o respeito de todos e da torcida do Bayern. A seleção alemã seguiu sua reformulação após a derrota e, na Copa de 2006, com um time bem diferente de 2002, alcançou a semifinal, mas perdeu para a Itália e teve que se contentar com o terceiro lugar jogando em casa, posição conquistada após vitória sobre PortugalDe Felipão! Aquela disputa pelo bronze foi a última partida de Kahn pela Nationalelf. Se não serviu como vingança, pelo menos Kahn teve uma última alegria com o manto que defendeu 86 vezes.

Bem, falando em vingança, a Alemanha teve que esperar 12 anos para reencontrar o Brasil em uma Copa do Mundo. Foi em 2014. No Brasil. Semifinal. Mineirão. Ali, eles conseguiram uma vingança bem dada. E inesquecível… Você sabe qual é, certo? Não foi final, mas valeu por umas duas… Ou sete? Leia mais clicando aqui.

 

Brasil: a vitória naquela Copa marcou o fim de uma era do futebol brasileiro. Os craques que ajudaram o país a ficar no topo por pelo menos 12 anos começaram a cair de produção e, em 2006, um time mágico no papel foi pura decepção e caiu nas quartas de final para a França. Em 2010, o time perdeu de novo nas quartas de final (para a Holanda) e, em 2014, com Felipão de volta, passou seu maior vexame em um Mundial ao levar os 7 a 1 da Alemanha na semifinal em pleno Mineirão. Na disputa pelo terceiro lugar, nova sacolada (3 a 0 para a Holanda) e a confirmação de que o time tão encantador de anos atrás estava morto. Em 2018, houve um ligeiro progresso, mas a seleção canarinho mais uma vez caiu em uma fase de quartas de final (para a Bélgica). Em 2022, exatos 20 anos do penta, o time espera acabar com o jejum e reconquistar um título que só fica em solo europeu desde 2006. 

Extra:

Veja os melhores momentos da final.

 

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Comentários encerrados

6 Comentários

  1. Não poderia ter outro momento para falar dessa partida do que agora, em que se vão completar 20 anos dessa conquista. E não dá para não ler esse texto sem que venha os flashbacks.

  2. Vitória merecida do Brasil. Um tanto inesperado ver a Alemanha na final, o time recomecaria depois com outros grandes jogadores. A espera de ver nosso time fazer uma campanha otima outra vez.

  3. Quem viu jamais esquecerá. De um lado, a desacreditada mas duríssima Alemanha tricampeã do mundo que tinha muita força defensiva e um poderio aéreo ofensivo perigosíssimo, sem seu principal articulador, mas com seu venerado arqueiro que fazia um mundial espetacular. De outro, o Brasil, único tetracampeão do mundo, que embora não tivesse tropeçado, já tinha saído de sérios apuros em pelo menos 3 jogos anteriores pela força de seu grupo. Aquela noite no estádio Yokohama ficaria marcada para sempre. Primeiro tempo nervoso, com poucas chances. Segundo tempo antológico. Foi assim. Obrigado craques!

Dois exemplos do que significa ser justo

Esquadrão Imortal – São Paulo 2005-2006