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O histórico do Boca contra clubes brasileiros em mata-matas de Libertadores

 

Por Guilherme Diniz

Atualizado 2023

 

Se existe um clube que causa pavor em equipes brasileiras na Libertadores, ele se chama Boca Juniors. Os xeneizes parecem ter prazer em eliminar as equipes do país vizinho. E não foram poucas. Aliás, foram aos borbotões. Até hoje, nos 25 duelos eliminatórios entre brasileiros e Boca, os xeneizes saíram vencedores em impressionantes 18 deles. Perderam apenas 7, sendo três finais, mas souberam se vingar no devido momento, na devida hora. Verdugos natos, sabem devolver a mágoa. E seguem como os mais indigestos rivais que qualquer equipe brasileira pode ter. Confira a seguir todos esses encontros:

 

As 7 vitórias brasileiras 

 

1963 – Santos (final)

O lendário esquadrão de Pelé, Coutinho e companhia venceu de maneira categórica os argentinos na edição de 1963. No primeiro jogo, no Maracanã, vitória alvinegra por 3 a 1. Na volta, em La Bombonera, o Rei deu show e comandou a vitória por 2 a 1 que deu ao Peixe o bicampeonato.

 

2008 – Fluminense (semi)

Conca vibra contra o Boca: campanha do Flu até a final de 2008 foi digna de cinema.

 

A campanha histórica do Flu na Liberta de 2008 terminou com um amargo vice-campeonato, mas o tricolor superou os argentinos pelo caminho na semifinal. No primeiro jogo, disputado em Avellaneda, empate em 2 a 2. Na volta, no Maracanã, o Flu saiu perdendo, mas virou para 3 a 1 e carimbou a vaga na final.

 

2012 – Corinthians (final)

Sheik marcou dois na final de 2012. Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

 

Demorou, mas quando o Timão venceu a Libertadores, o fez justamente contra o temido Boca. No primeiro jogo, em La Bombonera, empate em 1 a 1. Na volta, no Pacaembu, Emerson Sheik fez os dois gols da vitória por 2 a 0 que deu o título invicto ao clube paulista. 

 

2020 – Santos (semi)

Foto: AE.

 

Em uma Libertadores atípica por conta da pandemia da COVID-19, com adiamentos e estádios sem torcida, o Peixe se tornou o primeiro clube brasileiro a superar os argentinos duas vezes na história dos mata-matas da Libertadores. No primeiro jogo, em La Bombonera, empate sem gols. Na volta, na Vila Belmiro, show santista em um inapelável 3 a 0.

 

2021 – Atlético-MG (oitavas)

Éverson é erguido pelos companheiros: atuação de gala contra o Boca! Foto: Pool via Reuters / Bruna Prado / Direitos Reservados.

 

O Galo campeão do Triplete deixou a Libertadores de 2021 nas semifinais de maneira invicta e, pelo caminho, superou o Boca nas oitavas de final em duelos tensos que terminaram sem gols tanto na ida, em La Bombonera, quanto na volta, no Mineirão. A decisão da vaga foi para os pênaltis e o Galo superou os argentinos por 3 a 1.

 

2022 – Corinthians (oitavas)

Cássio e Benedetto em Boca x Corinthians — Foto: Staff Images / CONMEBOL.

 

O angustiante duelo entre o Timão e os xeneizes foi nas oitavas de final de 2022. Na ida, em São Paulo, o clube alvinegro perdeu um pênalti e o empate sem gols levou muita gente a acreditar na vitória do Boca em La Bombonera, ainda mais pelos desfalques que acometeram o Corinthians para a volta. E, em um roteiro de cinema, o clube paulista venceu nos pênaltis por 6 a 5 após um novo 0 a 0, placar que ficou “na conta” do atacante Benedetto, que perdeu um pênalti no tempo regulamentar, perdeu um gol feito sozinho dentro da área e mandou no último anel das arquibancadas o pênalti que poderia decidir o confronto na disputa de penalidades. Três chances, três erros. Um verdadeiro pesadelo para os xeneizes. E delírio puro aos alvinegros, que vingaram a derrota nas oitavas de final de 2013.

2023 – Fluminense (final)

Cano, autor do primeiro gol da final. Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP

 

O mais recente duelo dos xeneizes contra um clube brasileiro foi na final de 2023, no Maracanã. A torcida argentina invadiu o Rio, fizeram uma festa enorme nas praias de Copacabana, mas em campo deu tricolor. O time brasileiro abriu o placar com Cano, no primeiro tempo, até que Advíncula empatou no segundo tempo. O Flu sentiu o gol, mas tentou nos minutos finais a vitória e por pouco não fez com Diogo Barbosa. Na prorrogação, o tricolor sabia que os argentinos eram perigosos nas cobranças de pênaltis por causa do goleiro Romero. Por isso, trataram de fazer o segundo gol o quanto antes. E fizeram na primeira etapa, com John Kennedy. O jogo ficou dramático, mas o placar de 2 a 1 deu o primeiro título da Libertadores ao Fluminense. E o terceiro vice seguido do Boca nas três finais que disputou desde o título de 2007 (2012, 2018 e 2023).

 

As 18 vitórias do Boca

 

1977 – Cruzeiro (final)

 

Curiosamente, a primeira Libertadores conquistada pelo Boca foi em cima de um brasileiro. Em 1977, os xeneizes derrotaram o Cruzeiro (campeão de 1976) após vitória por 1 a 0 em La Bombonera, vitória do Cruzeiro por 1 a 0 no Mineirão e triunfo argentino nos pênaltis por 5 a 4 no terceiro jogo (empatado em 0 a 0), disputado em Montevidéu.

 

1991 – Corinthians (oitavas)

Nas oitavas de final de 1991, o Boca de Batistuta eliminou o Corinthians, campeão brasileiro no ano anterior, com uma vitória por 3 a 1 em La Bombonera e empate em 1 a 1 na volta, em SP.

 

1991 – Flamengo (quartas)

Na etapa seguinte, os argentinos superaram outro clube brasileiro: o Flamengo, que até venceu a partida de ida, no Maracanã, por 2 a 1, mas foi derrotado por 3 a 0 em La Bombonera na volta, com dois gols de Latorre e um de Batistuta. O Boca só iria cair na semifinal, diante do futuro campeão Colo-Colo.

 

2000 – Palmeiras (final)

 

Começou neste ano de 2000 o início da era de ouro do Boca na Libertadores e do terror para os clubes brasileiros. Comandado por Carlos Bianchi e Riquelme, os xeneizes venceram o Palmeiras de Felipão na decisão após empate em 2 a 2 em La Bombonera e triunfo nos pênaltis por 4 a 2, após empate sem gols no Morumbi. Sem vencer a Liberta desde 1978, enfim, o Boca renasceu.

 

2001 – Vasco da Gama (quartas)

Na campanha do bi, os xeneizes passaram sem sustos sobre o então campeão brasileiro, o Vasco, nas quartas de final, com show de Schelotto, que marcou o gol da vitória por 1 a 0 no primeiro jogo, em São Januário, e mais dois nos 3 a 0 da volta, em La Bombonera.

 

2001 – Palmeiras (semi)

Caçado, Riquelme escapou de todos e deu um baile no Palestra.

 

Os tensos duelos contra o Verdão na semi de 2001 ficaram marcados pelo show de Riquelme, que chamou os brasileiros para dançar e só aumentou sua mitologia na competição. Os dois jogos terminaram empatados em 2 a 2 e, na volta, no Parque Antártica, o Boca venceu nos pênaltis por 3 a 2, com gols de Riquelme tanto no tempo normal quanto na disputa de penalidades.

 

2003 – Paysandu (oitavas)

O Papão da Curuzu conseguiu vencer o Boca em plena La Bombonera no duelo de ida das oitavas de final de 2003, em uma das maiores façanhas da história. Porém, o experiente Boca de Bianchi meteu 4 a 2 nos paraenses e se classificou.

 

2003 – Santos (final)

Quatro décadas depois, o Boca, enfim, conseguiu sua vingança sobre o Santos. Encarando o jovem time de Diego e Robinho, o clube argentino venceu o duelo de ida por 2 a 0, em La Bombonera, e venceu também a volta, no Morumbi, por 3 a 1, com show de Tevez e Delgado. 

 

2004 – São Caetano (quartas)

Vice-campeão continental em 2002, o Azulão voltou a ir bem em uma Libertadores naquele ano de 2004, mas caiu nos pênaltis para o Boca após empate em 0 a 0 em SP e nova igualdade em 1 a 1 em Avellaneda. Na marca da cal, os xeneizes venceram por 4 a 3. 

 

2007 – Grêmio (final)

Riquelme com sua querida Liberta, pela terceira vez.

 

O maior triunfo do Boca sobre um brasileiro foi nessa final de 2007, sem dúvida alguma. E culpa de Riquelme, que teve provavelmente o maior desempenho individual em finais de toda a história da competição. Na ida, em La Bombonera, 3 a 0 inapelável com golaço de falta de Riquelme. Na volta, 2 a 0, mais dois de Riquelme. E a sexta taça continental ao Boca, maior campeão da década de 2000 e deste século XXI.

 

2008 – Cruzeiro (oitavas)

Antes de ser eliminado pelo Flu, o Boca superou o Cruzeiro nas oitavas de final de 2008 com duas vitórias por 2 a 1, tanto na ida, em La Bombonera, quanto na volta, no Mineirão.

 

2012 – Fluminense (quartas)

Na fase de grupos, o Flu venceu o Boca em plena La Bombonera, mas reencontrou o clube argentino nas quartas e viu a equipe argentina conseguir a vingança de 2008. Na ida, na casa xeneize, vitória do Boca por 1 a 0. Na volta, no Rio, o Flu vencia até os 46’ do segundo tempo, quando Santiago Silva empatou o jogo e classificou o time azul e ouro.

 

2013 – Corinthians (oitavas)

O Boca conseguiu uma saborosa (e polêmica) vitória sobre o então campeão Corinthians. Após vencer por 1 a 0 o duelo de ida, em La Bombonera, o Boca empatou em 1 a 1 na volta, no Pacaembu (gol de Riquelme), e ficou com a vaga. A polêmica se deu por conta da trágica e absurda arbitragem de Carlos Amarilla, que não marcou dois pênaltis claros para o Corinthians, apontou impedimento erroneamente em lance de Romarinho e anulou um gol de Paulinho.

 

2018 – Cruzeiro (quartas)

Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro E.C.

 

No ano em que disputou a maior final de todas contra o River (e perdeu), o Boca superou dois brasileiros no mata-mata. Nas quartas, a equipe passou pelo Cruzeiro após vitória por 2 a 0 na ida, em La Bombonera, e empate em 1 a 1 na volta, no Mineirão.

 

2018 – Palmeiras (semi)

Na etapa seguinte da Liberta de 2018, o Boca mais uma vez eliminou o Palmeiras com destaque para o atacante Benedetto, autor dos dois gols da vitória por 2 a 0 na ida, em Buenos Aires, e mais um no empate de 2 a 2 da volta, em SP.

 

2019 – Athletico-PR (oitavas)

Com relativa tranquilidade, o Boca superou o Athletico, campeão da Copa Sul-Americana do ano anterior, nas oitavas da Liberta de 2019. Na ida, em Curitiba, vitória argentina por 1 a 0. Na volta, em La Bombonera, vitória por 2 a 0.

 

2020 – Internacional (oitavas)

A última vitória do Boca sobre um brasileiro em um mata-mata foi nas oitavas de 2020. E com sufoco. Na ida, em Porto Alegre, vitória argentina por 1 a 0. Na volta, em La Bombonera, o Inter até venceu o jogo por 1 a 0, mas, nos pênaltis, o Boca venceu por 5 a 4 e se garantiu na etapa seguinte.

 

2023 – Palmeiras (semi)

Foto: Staff Images/Conmebol.

 

O clássico entre brasileiros e argentinos foi realizado pela terceira vez na história em uma semifinal de Libertadores. Com ligeiro favoritismo, o Palmeiras se segurou no primeiro jogo, em La Bombonera, mas não conseguiu criar grandes chances ofensivas. Na volta, no Allianz, o Boca abriu o placar com Cavani e ficou com um jogador a menos em boa parte do segundo tempo. O Palmeiras pressionou e chegou ao empate com o lateral Piquerez, mas o Boca jogou “a la Boca” e deixou claro que queria decidir aquela peleja nos pênaltis mais uma vez. E, assim como em 2000 e 2001, o Boca venceu mais uma vez. Romero, experiente e exímio pegador de pênaltis, defendeu os chutes de Rafael Veiga e Gustavo Gómez e garantiu a vitória por 4 a 2 e a vaga na decisão.

 

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