Grandes feitos: Vice-campeão da Copa Libertadores da América (2002) e Vice-campeão Brasileiro (2000 e 2001).
Time base: Sílvio Luiz; Japinha (Mancini / Russo), Daniel, Dininho (Serginho) e César (Marcos Paulo / Rubens Cardoso); Claudecir (Simão / Marcos Senna), Adãozinho, Aílton e Esquerdinha (Anaílson); Wágner (Magrão / Robert) e Adhemar (Somália). Técnico: Jair Picerni.
“Quem tem medo do Azulão?”
Por Guilherme Diniz
As zebras sempre aparecem no futebol, seja no Brasil, seja em qualquer lugar do mundo. Elas são adoráveis, deixam o jogo mais divertido e ajudam a mostrar que o favoritismo jamais vence uma partida. No entanto, as zebras aparecem, aprontam algumas vezes e vão embora, sem nunca mais voltar. São breves, como um piscar de olhos. Mas não foi isso o que aconteceu entre 2000 e 2002 no futebol brasileiro. Um esquadrão vestido de azul, que jogava aos berros de “pega, pega, pega!” de seu treinador se transformou, da noite para o dia, em um dos maiores clubes do país e também um dos mais temidos. Eles foram batizados no maior templo do futebol, o Maracanã, com uma vitória improvável sobre o Fluminense. Todos ficaram estupefatos com aquilo. Mas os céticos já diziam: “é zebra, na próxima, cai”. Mas eles não caíram. Eles eram os jogadores do São Caetano, o “Azulão do ABC”, segundo time de todo mundo em São Paulo e, quiçá, no Brasil inteiro naquela época. Se não conquistou taças, a novata e pequena equipe paulista fez história com um futebol solidário, competitivo e muito organizado. Jogar contra aquele time era terrível. Não importava se eles estavam no Anacleto Campanella, no Palestra Itália, no Maracanã ou no Mineirão. O São Caetano jogava para ganhar. A marcação era implacável, os laterais apoiavam e defendiam com precisão e o ataque resolvia na base da velocidade, dos chutes de longa distância e dos dribles. Foram três finais em três anos, entre elas uma de Libertadores. Mas o troféu teimou em não ir para o ABC. Mesmo assim, eles já haviam feito história. É hora de relembrar.
Os benefícios da bagunça homérica
Uma das maiores zonas ocorridas no futebol brasileiro permitiu ao São Caetano desfrutar de momentos mágicos. Depois de ser rebaixado no Campeonato Brasileiro de 1999 por causa do “caso Sandro Hiroshi” (leia mais aqui), o Gama-DF obteve na justiça comum o direito de disputar qualquer competição nacional em 2000, vencendo a queda de braço com a CBF – que se viu impedida de organizar o Campeonato Brasileiro. Com isso, coube ao Clube dos 13 a realização de um torneio nacional (sem o apoio da CBF) batizado de Copa João Havelange, com absurdos 114 times (seriam 116, mas Interporto e Rio Branco desistiram da disputa) divididos em módulos. Essa tal Copa permitiu a clubes grandes que estavam na segunda divisão (como Bahia e Fluminense) a subir para a primeira, o que acabou gerando polêmicas, discussões e brincadeiras como “paguem a série B!” que perduram até hoje. Além disso, os campeões dos módulos inferiores iriam se juntar aos melhores colocados da primeira divisão e teriam a chance de se sagrar campeões. Isso mesmo. Um time do módulo verde e branco, que equivalia à terceira divisão, poderia disputar a fase final e ser campeão da primeira! É ou não é “maravilhosa” a organização (?) do futebol brasileiro?
Pois bem. O São Caetano, que não tinha nada a ver com isso, disputou naquele ano o Módulo Amarelo, da segunda divisão. A equipe comandada por Jair Picerni era até então desconhecida, sem fama alguma no país e fundada em 1989. Praticamente um pré-adolescente no futebol nacional. Depois de liderar a primeira fase com 11 vitórias em 17 jogos, o Azulão passou por CRB, Náutico e Paysandu até chegar à final do Módulo, que já lhe garantia uma vaga na fase final. O time paulista empatou o primeiro jogo em 1 a 1 e perdeu o segundo para o Paraná por 3 a 1. A derrota não abalou nem um pouco os paulistas, que já estavam felizes por poder jogar contra um grande clube nas oitavas de final: o Fluminense. Seriam duas partidas, uma em casa e outra no Rio, com o favoritismo todo para o tricolor carioca. Ninguém, absolutamente ninguém apostava em um triunfo daqueles jogadores desconhecidos e mal sabiam quem eram Sílvio Luiz, Daniel, Serginho, Japinha, César e um tal de Adhemar…
O debute para o Brasil
No primeiro jogo entre São Caetano e Fluminense, em São Paulo, o tricolor abriu logo 2 a 0 com Magno Alves e Roger, dando sinais de que terminaria ali a saga do São Caetano em uma divisão superior. Porém, Adhemar, Aílton e Serginho viraram para 3 a 2 ainda no primeiro tempo na base da velocidade, talento e vontade. Nos acréscimos da segunda etapa, Agnaldo jogou uma ducha de água fria no time paulista e decretou o empate em 3 a 3. Se quisesse se classificar, o São Caetano teria que vencer o Fluminense com toda uma torcida contra e em pleno Maracanã. Tarefa impossível? Não para o Azulão.
No Maraca, quase 60 mil pessoas viram nascer o São Caetano “pega, pega”. Depois de um primeiro tempo com total domínio azul, o Flu voltou mais aceso na segunda etapa e atacou constantemente o time paulista, só que parava na marcação dos carrapatos de Jair Picerni e na garra daqueles jogadores que não se intimidaram nem um pouco com o tamanho do Maracanã, a torcida e a pressão. Foi então que aos 27´, o Azulão teve uma falta a seu favor de longe, muito longe. Um tiro direto era algo de extrema irresponsabilidade. Seria mais coeso uma jogada ensaiada ou uma tabela. Mas o São Caetano tinha Adhemar, desconhecido por todos, mas dono de um chute venenoso. Ele partiu… Bateu e marcou um golaço! Bola no ângulo! São Caetano 1×0 Fluminense. O Maracanã ficou em silêncio. Como podia algo daquilo acontecer? Mas aconteceu. O jogo seguiu, o time paulista não deu mais chances, e a vaga era do São Caetano. O impossível aconteceu. E o Maracanã ficou azul.
Futebol de campeão
A vitória sobre o Fluminense fez crescer o interesse pelo clube do ABC. Todos começaram a se perguntar quem era o time, de onde tinha saído o tal de Adhemar, como eles se sentiam depois da epopeia no Rio… Enfim, a fama tomava conta dos jogadores. Mas não havia tempo para descanso nem para flashes. O adversário seguinte foi o Palmeiras de Arce, Taddei, Juninho, Galeano, Tuta e Basílio. No primeiro jogo, em um Palestra Itália lotado, Wágner e César abriram o placar para o Azulão em apenas oito minutos com muito toque de bola e um futebol rápido. O Palmeiras diminuiu com Arce, mas Adhemar, de novo de falta, fez 3 a 1. Um minuto depois, Taddei diminuiu. Na segunda etapa, mais emoção. Pênalti para o Palmeiras e Arce empata: 3 a 3. Mas o São Caetano tinha Adhemar, que marcou mais um e decretou o placar final: 4 a 3. Tempo depois, o mesmo Adhemar foi expulso por reclamação e deixou o Azulão em apuros. Sorte que o resultado ficou inalterado. Na volta, mesmo sem Adhemar, o São Caetano mostrou outra vez um futebol ofensivo e rápido e empatou em 2 a 2 (depois de estar perdendo por 2 a 0), conseguindo mais uma épica classificação. Era hora da semifinal. E de encarar o Grêmio.
Xodó
Sem paulistas na semifinal da Copa João Havelange, o São Caetano virou o time de quase todo mundo em São Paulo (exceto dos palmeirenses, cabreiros pela eliminação nas quartas…). A equipe teve o apoio de tricolores, corintianos, lusitanos, santistas e até colorados, claro, para o jogo de ida da semifinal, no Palestra Itália, contra o Grêmio de Danrlei, Marinho, Ânderson Polga, Zinho, Ronaldinho Gaúcho e Warley. E a “torcida de babel” não se decepcionou. O Azulão entupiu o Grêmio de chutes, mas Danrlei fazia milagres. Até que no final do primeiro tempo, pênalti para o time azul. Adhemar bateu e fez: 1 a 0. No segundo tempo, Adhemar mostrou outra vez seu lado iluminado, recebeu na direta, cortou o zagueiro e fez um golaço: 2 a 0. Era o 21º gol dele na competição. Artilheiro! Mas o Grêmio é o Grêmio.
Um ainda garoto Ronaldinho avançou pela esquerda, deixou o marcador e marcou um lindo gol: 1 a 2. Mas nem deu tempo de comemorar, pois Adhemar cobrou um escanteio na cabeça de Daniel, que aumentou a vantagem azul: 3 a 1. Era lindo de se ver. O estádio inteiro vibrava e se enchia de alegria com aquele time alegre, despojado e sem medo de atacar. Até “olés” se ouviam no Palestra Itália. Como jogava aquele Azulão. O Grêmio ainda diminuiu com Ronaldinho, mas a vitória foi do São Caetano: 3 a 2.
Na volta, o São Caetano tinha que encarar outro templo do futebol: o lotado estádio Olímpico Monumental, em Porto Alegre. A massa gaúcha tinha plena certeza da vitória e ficou ainda mais crente quando Serginho, contra, abriu o placar: 1 a 0. Quem esperava um Azulão tenso e preocupado com o revés se enganou. Depois de desperdiçar várias chances no primeiro tempo, o São Caetano acertou o pé e empatou com César, de pênalti. Tempo depois, contra-ataque rápido dos paulistas e a bola sobra com Adhemar, que vira: 2 a 1. Doze minutos depois, novo contra-ataque e o zagueiro gremista põe a mão na bola dentro da área: pênalti. César bate e define mais um triunfo histórico do time paulista: 3 a 1. O São Caetano estava na final da Copa João Havelange. O título antes inimaginável agora era realidade. Mas seria necessário superar outro grande time: o Vasco de Romário.
Quando a bagunça prejudica
O São Caetano estava na final da Copa contra o Vasco graças a uma bagunça “burrocrática” do futebol brasileiro. No entanto, outra bagunça iria ter o efeito inverso para o time paulista. Depois de empatar em 1 a 1 no primeiro jogo da final, em São Paulo, a equipe tinha tudo para repetir o filme das etapas anteriores: jogar fora de casa, com a torcida contra e vencer o jogo. A partida decisiva foi no mirrado São Januário e não no Maracanã. Mais de 30 mil ingressos foram vendidos, mas no dia do jogo muitos entraram sem pagar. Quando o jogo começou, o São Caetano mandava na partida, encurralava o Vasco e logo iria fazer o gol.
Mas aí o desastre aconteceu: parte do alambrado da arquibancada do estádio cedeu por causa do excesso de público e centenas de pessoas caíram. Uma confusão tomou conta do local, o mandatário vascaíno Eurico Miranda queria que a partida continuasse, mas as autoridades não deixaram por questões claras de segurança. Diante de um verdadeiro inferno, o jogo foi adiado e remarcado para janeiro de 2001. Isso fez com que o time paulista perdesse o embalo e, já sem o pique de dezembro, fosse derrotado por 3 a 1 para o Vasco, perdendo uma taça tida como ganha por quase todo mundo. Foi uma pena. Será que terminava ali a saga do Azulão?
Filosofia mantida
Em 2001, depois de ficar em quinto lugar no Campeonato Paulista e ser eliminado nas oitavas de final da Libertadores apenas nos pênaltis para o Palmeiras, o São Caetano conseguiu manter parte da base do ano anterior e suprir as saídas de César, Claudecir e a estrela Adhemar. Chegaram Mancini, Simão, Marcos Paulo, Anaílson e outros jogadores que puderam manter a máxima de Jair Picerni: marcação acirrada, toque de bola rápido e com qualidade e muita velocidade. Dito e feito, a equipe deu show no primeiro turno do Campeonato Brasileiro (que, infelizmente, ainda não era por pontos corridos) e provou não ser zebra.
Foram 18 vitórias, cinco empates e apenas quatro derrotas em 27 jogos, com 48 gols marcados e 25 sofridos (melhor defesa). A equipe se classificou para as quartas de final e tinha a vantagem de jogar por empates até a decisão por ter melhor campanha. No primeiro jogo, empate sem gols contra o Bahia e classificação para a semifinal. Nela, vitória de virada por 2 a 1 sobre o Atlético-MG com dois gols de Magrão e, acredite, mais uma final assegurada pelo Azulão. Será que o time faria justiça e levaria a taça que deveria ser sua na temporada anterior?
Devastados por um Furacão
Na final do Brasileiro de 2001, o São Caetano decidiria em casa o título. Antes, porém, era preciso enfrentar o forte Atlético-PR de Flávio, Kléberson, Adriano, Ilan e Alex Mineiro no caldeirão da Arena da Baixada, em Curitiba. Em 16 de dezembro, o Furacão começou com tudo e abriu o placar com Ilan aos quatro minutos. Aos 21´, Mancini empatou. No segundo tempo, Marcos Paulo virou para o São Caetano. Mas o artilheiro Alex Mineiro deu show e marcou três gols que decretaram a grande vitória rubro-negra por 4 a 2. A desvantagem no placar seria bem complicada de ser tirada pelo São Caetano na partida de volta.
Debaixo de chuva no ABC, o Azulão foi vítima dos próprios erros, do nervosismo e da forte marcação dos paranaenses, que seguraram o time paulista e ainda venceram o jogo por 1 a 0, gol de Alex Mineiro. Pela segunda vez seguida, o São Caetano era vice-campeão brasileiro. Os torcedores e simpatizantes não acreditavam, mas ainda sim estavam felizes por mais um feito incrível daquele time. Outra vez os céticos diziam: “agora essa festa acabou!”. Mas ainda tinha mais…
Os libertadores
Depois de dois vice-campeonatos nacionais, partidas maravilhosas e doses de azar em finais, o São Caetano entrou o ano de 2002 novamente com um bom time, com o mesmo treinador e a mesma pegada. Sem sucesso no Torneio Rio-SP (foi eliminado nas semifinais) e sem disputar o Campeonato Paulista (que teve apenas os chamados pequenos times do estado exatamente por causa do Rio-SP), o São Caetano priorizou, claro, a Copa Libertadores da América daquele ano. E o time fez história outra vez. Na primeira fase, ao lado de Cobreloa-CHI, Cerro Porteño-PAR e Alianza Lima-PER, o time venceu quatro jogos e perder apenas dois, com destaque para as vitórias sobre Cobreloa (3 a 0) e Alianza (4 a 0) em casa e Cerro Porteño (3 a 1 ) e Alianza (3 a 0) fora.
Nas oitavas de final, dois empates contra o Universidad Católica-CHI em 1 a 1 e vitória nos pênaltis por 4 a 2. Nas quartas, duelo contra o místico Peñarol-URU. Você acha que a tradição do adversário pesou contra o Azulão? Que nada! No primeiro jogo, no Uruguai, vitória aurinegra por 1 a 0. Na volta, em SP, vitória brasileira por 2 a 1 e outra decisão por pênaltis, vencida pelo São Caetano por 3 a 1. Semifinal à vista! Era hora de enfrentar o time de melhor campanha na fase de grupos, o América-MEX. No primeiro jogo, em SP, Somália e Adãozinho fizeram os gols da vitória por 2 a 0. Na volta, lá na Cidade do México, um heroico empate em 1 a 1 colocou o São Caetano em uma final simplesmente histórica. Um time com apenas 13 anos de vida estava na decisão da principal competição do continente, algo que naquela época gigantes como Corinthians, Fluminense, Botafogo e Atlético-MG nem sequer haviam conseguido. Imagine o Azulão campeão da América e disputando o Mundial contra o Real Madrid em dezembro de 2002? Seria surreal!
A mais ganha das finais… Perdida
O São Caetano encontrou na final da Libertadores de 2002 o tradicional Olimpia-PAR, bicampeão e que tentava o tri em pleno centenário. No primeiro jogo, em Assunção, o São Caetano conseguiu o mais difícil: venceu os paraguaios em pleno Defensores del Chaco por 1 a 0, gol de Aílton. Bastava um empate no Pacaembu lotado de corintianos, são-paulinos, andreenses, santistas e tudo quanto é torcedor para a consagração eterna da Associação Desportiva São Caetano. No primeiro tempo, Aílton, de novo, abriu o placar para a equipe brasileira: 1 a 0. O título era do Azulão! Era…
Ainda no primeiro tempo, o técnico Jair Picerni foi expulso por reclamação e, na segunda etapa, o nervosismo, a ausência dos gritos de “pega, pega” e a proximidade de fazer história mexeram com a cabeça dos jogadores. A equipe fez muitas faltas, não conseguiu repetir o futebol eficiente e seguro que demonstrara em toda a competição e permitiu a virada paraguaia: 2 a 1. Como não havia critério de gols marcados fora, o jogo terminou assim e a final foi decidida nos pênaltis. Nela, Marlon e Serginho erraram, o Olimpia foi perfeito e venceu por 4 a 2. Pela terceira vez em três anos, o São Caetano era… Vice. Aquele, sem dúvida, foi o mais doloroso de todos. Nunca uma Copa Libertadores esteve tão ganha. E nunca ela foi tão perdida…
Justiça tardia
Depois do vice-campeonato continental, o São Caetano sentiu o baque e perdeu o pique. Desgastado, Jair Picerni deixou a equipe para comandar o Guarani e, posteriormente, trazer o Palmeiras de volta à elite do Campeonato Brasileiro em 2003. Em 2004, sob o comando de Muricy Ramalho e com várias caras novas, o Azulão conseguiu, enfim, uma taça: o Campeonato Paulista, vencido sem problemas contra outro time do interior, o Paulista. Depois dessa taça, equipe e diretoria se perderam totalmente e a tragédia com a morte em campo do zagueiro Serginho, no mesmo ano de 2004, culminou com o fim da magia do Azulão, que perdeu a fama que tinha em campo e de bom pagador e exemplo de organização fora dele.
Mesmo sem uma taça naqueles anos incríveis, o São Caetano conseguiu o mesmo que equipes como Hungria de 1954, Holanda de 1974 e o Brasil de 1982: brilhou, mas não levou. Ainda sim, é de se guardar na memória os bons momentos daquele time que virou o xodó de muita gente e que não jogava por música, mas por três palavrinhas: “pega, pega, pega!”. E pegou. A imortalidade no futebol nacional.
Os personagens:
Sílvio Luiz: depois de ficar três anos parado após uma fracassada passagem pelo Flamengo, Sílvio Luiz voltou ao futebol e conseguiu alcançar o estrelato no São Caetano daqueles anos de ouro. Alto (1,98m), seguro e imponente debaixo das traves, o goleirão foi um dos maiores do país por vários anos e ganhou até chances na seleção. Depois de vários vices, comemorou como nunca a conquista do Paulista de 2004. Deixou o Azulão em 2006 após quase uma década de clube e nunca mais foi o mesmo.
Japinha: ficou no clube apenas seis meses em 2000, por empréstimo, e foi muito bem na lateral-direita. Tinha velocidade e apoiava bem o ataque. Deixou a equipe para jogar no Bahia em 2001.
Mancini: o polivalente Mancini chegou ao Azulão em 2001 como promessa do Atlético-MG e mostrou que era mesmo craque. Jogou muito tanto na lateral quanto como meia e ajudou o time a chegar a final do Brasileiro daquele ano. Deixou o ABC na temporada seguinte para jogar novamente pelo Galo e, posteriormente, pela Roma.
Russo: chegou ao São Caetano em 2002 como esperança para a lateral-direita, principalmente pelas boas atuações que teve pelo Sport que lhe levaram, inclusive, para a seleção brasileira. Mas não foi bem por não marcar direito e deixar avenidas às suas costas. Foi para o Vasco ainda em 2002 e sumiu do mapa.
Daniel: foi o titular absoluto da zaga do São Caetano entre 2000 e 2003. Bom nas jogadas aéreas, eficiente no desarme e muito seguro, Daniel foi um dos responsáveis pela eficiência do setor defensivo do time e até aparecia no ataque para marcar seus golzinhos de cabeça. Deixou o time em 2003 para ajudar o Palmeiras a subir para a Série A do Brasileiro.
Dininho: jogou de 1997 até 2005 no Azulão e foi outro grande zagueiro do time no período. Depois de vários vices, foi outro que comemorou muito a conquista do Paulista de 2004. Tinha muita qualidade para desarmar e não era de enfeitar. Fez uma dupla impecável com Daniel.
Serginho: o zagueiro e volante Serginho pode ser considerado o divisor de águas do São Caetano. Com ele, a equipe se consagrou como uma das mais competitivas do Brasil, capaz de histórias incríveis e foi campeã paulista de 2004. Sem ele, o time jamais voltou a brilhar e caiu no ostracismo. Muito eficiente e seguro, Serginho era um dos titulares do time em 2004 quando sofreu uma parada cardíaca em um jogo contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano, e morreu pouco tempo depois. A morte súbita do atleta chocou o país e iniciou uma conscientização para exames preventivos em jogadores para evitar novos acidentes. Uma pena que sua morte tivesse que acontecer para tudo mudar.
César: antes de explodir em 2000 pelo São Caetano, César foi presidiário. Isso mesmo! o lateral-esquerdo participou de um assalto e ficou preso durante seis meses. Quando saiu, conseguiu dar a volta por cima e encontrou no Azulão a chance da reconstrução. Jogou muito naquela Copa João Havelange e foi uma das estrelas da equipe. Seu futebol despertou o interesse da Lazio-ITA e o atleta foi para Roma já em 2001. Ficou por lá até 2006, passou ainda por Internazionale-ITA e Corinthians-BRA e sumiu.
Marcos Paulo: chegou em 2001 ao time do ABC e foi muito bem na lateral-esquerda. Não tinha a mesma eficiência ofensiva de César, mas foi bem.
Rubens Cardoso: chegou em 2002 e foi um dos destaques da zaga azul na campanha do vice-campeonato da Libertadores, marcando muito bem e garantindo a segurança pela esquerda. Deixou o time naquele mesmo ano para jogar no Palmeiras.
Claudecir: ao lado de César e Adhemar, o volante Claudecir foi uma das principais revelações do time do ABC naquela Copa João Havelange de 2000. Mostrou muita eficiência no meio de campo com desarmes, ótimos passes, habilidade e apoio ao ataque. Quando foi para o Palmeiras, em 2001, chegou a ser comparado com César Sampaio por conta de sua qualidade e caráter. Porém, uma lesão no joelho abreviou sua passagem no clube alviverde.
Simão: chegou em 2001 para dar mais qualidade ao meio de campo do Azulão e suprir a ausência de Claudecir e demonstrou muita regularidade no setor. Foi bem, mas não foi nem sombra de Claudecir.
Marcos Senna: volante de muito talento e precisão nos desarmes e passes, o hoje naturalizado espanhol Marcos Senna foi fundamental na campanha do vice da Libertadores de 2002 do Azulão. Fez ótimas partidas, mas não ficou muito na equipe do ABC e foi para a Espanha ainda naquele ano para fazer carreira no Villarreal.
Adãozinho: foi um dos principais nomes do meio de campo do Azulão naqueles anos de ouro e um dos que mais incorporaram o espírito “pega, pega” do técnico Jair Picerni. Além de marcar muito bem, Adãozinho apoiava constantemente o ataque com velocidade e rapidez nos passes. Foi fundamental para a ascensão meteórica do time naqueles anos.
Aílton: chegou veterano ao Azulão, em 2000, e foi um dos maiores artilheiros do time até 2002. Tinha tudo para ser o herói da conquista da Libertadores de 2002 quando marcou o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Olimpia, no Paraguai, e o gol que abriu o placar na volta, no Pacaembu. Mas, assim como todo o time, o atacante sucumbiu e a chance de fazer história foi por água abaixo. Se aposentou em 2003.
Esquerdinha: foi um cigano do futebol ao jogar por mais de duas dezenas de clubes, mas viveu seu grande momento, mesmo, no São Caetano entre 2000 e 2001. Atuava como meia ofensivo e apoiava muito o ataque com habilidade, velocidade e precisão. Tinha um fôlego invejável e era considerado o pulmão do time do ABC, chegando até a ser convocado para a seleção brasileira de Felipão. Quando saiu do time paulista, em 2002, jamais repetiu o bom futebol de antes.
Anaílson: jogando como meia ou atacante, o pequenino Anaílson infernizou as defesas adversárias no período em que jogou pelo São Caetano (entre 2001 e 2005). Com velocidade e habilidade, foi fundamental nas campanhas do Brasileiro de 2001, Libertadores de 2002 e do título paulista de 2004, este já como coringa e não como titular absoluto.
Wágner: jogava quase como um terceiro atacante do Azulão nas campanhas dos vices de 2000 e 2001 e ganhou destaque jogando com velocidade e habilidade. Não tinha muita precisão nos fundamentos e perdia alguns gols feitos, mesmo assim, foi importante para o sucesso do time. Em 2002, foi para a reserva e virou opção para o segundo tempo.
Magrão: volante de muita raça e entrega, Magrão jogou por vários anos pelo São Caetano e fez boas partidas pelo clube do ABC. Seu estilo de jogo despertou o interesse do Palmeiras, e foi para lá que o jogador foi em 2003 para vencer a Série B do Brasileiro.
Robert: chegou em 2002 ao São Caetano e teve contribuição na campanha do vice da Libertadores daquele ano. Deixou o clube já em 2003 para jogar no futebol japonês.
Adhemar: seus 22 gols lhe deram a artilharia da Copa João Havelange de 2000. Seus chutes potentes e de longa distância calaram estádios lotados. E seu futebol encantou para sempre os torcedores do Azulão e até dos times rivais. Adhemar foi um verdadeiro fenômeno e o principal responsável por colocar o São Caetano no mapa do futebol brasileiro. O atacante estava endiabrado naquele ano de 2000 e conduziu com gols, cobranças de falta precisas e golaços o time do ABC até um histórico vice-campeonato. Seu futebol o levou ao futebol alemão em 2001, mas, assim como vários jogadores da equipe paulista, Adhemar não se adaptou e nunca mais foi o mesmo. O jogador foi, sem dúvida, o maior ídolo do clube azul em sua curta história.
Somália: atacante trombador, Somália chegou ao Azulão em 2001 e ficou até 2004, participando dos vices do Brasileiro de 2001 e da Libertadores de 2002 e do título do Campeonato Paulista de 2004. Era perigo constante nas áreas adversárias e foi importante para o time no período. Depois da passagem pelo ABC, Somália começou a peregrinar por várias equipes.
Jair Picerni (Técnico): passou a carreira inteira convivendo com a fama de ser sempre vice e das chacotas com seu nome (Jair “Vicerni”…), mas o técnico foi o grande responsável pela montagem daquele São Caetano inesquecível de 2000-2002. Com foco na marcação implacável, o ataque rápido e a entrega em qualquer que fosse a partida, o treinador criou uma das equipes mais competitivas e marcantes do futebol brasileiro naqueles anos. O problema era seu azar incrível em decisões e o temperamento explosivo, que lhe custava expulsões bobas, como a da final da Copa Libertadores de 2002, um dos fatores cruciais para a perda de mais um título. Deixou o time logo após a competição continental e conseguiu, enfim, um troféu: da Série B de 2003 com o Palmeiras.
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Foi sem dúvida um fenômeno esse time.
Acho que ninguém tinha antipatia por eles.
Uma coisa meio boba que me marcou, era que em tempos de chuteira preta raiz, o Esquerdinha usava chuteira branca que se destacava muito na TV.
Sinistro. Time forte, coeso, ráoido, enfim… timaço.
Sensacional !!!
Esse time de 2004 em? Euller- Darley- Marcinho- Minero q isso ainda era muito bom grande time
Time muito forte, e difícil de ser batido.
O São Caetano foi a maior sensação do futebol brasileiro nos últimos tempos.
Era chato jogar contra aquele time. Batia de frente com os grandes e por alguns detalhes não conseguiu alcançar feitos maiores.