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Esquadrão Imortal – Atlético-PR 2001

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Em pé: André Luís, Nem, Rogério Corrêa, Cocito, Fabiano, Igor, Douglas, Kléberson e Flávio. Agachados: Souza, Adriano Gabiru, Rogério Souza, Kléber, Pires, Alessandro, Ilan e Alex Mineiro.

 

Grandes feitos: Campeão Brasileiro (2001) e Campeão Paranaense (2001). Conquistou o primeiro título nacional da história do clube.

Time base: Flávio; Gustavo, Nem e Rogério Corrêa (Igor); Alessandro, Cocito (Pires), Kléberson, Adriano (Souza) e Fabiano; Kléber (Ilan) e Alex Mineiro. Técnicos: Flávio Lopes, Mário Sérgio e Geninho.

 

“O temível Furacão do Brasil. E a temível Arena do Furacão”

Por Guilherme Diniz

Em 1949, surgiu na cidade de Curitiba (PR) a lenda do Furacão. Uma equipe vestida em rubro-negro e composta apenas por jovens arrebatou os adversários no Campeonato Paranaense e faturou o título estadual de maneira épica (10 vitórias, um empate e uma derrota em 12 jogos, com média de 4,08 gols por jogo!). Mais de meio século se passou e a lenda do tal Furacão ressurgiu, dessa vez com uma força sobrenatural e que atingiu todo o Brasil. Não importava a cidade, o Furacão se impunha em campo e vencia quase sempre com vários gols, às vezes de goleada. Mas era jogando em casa, em uma Arena construída especialmente para o deslize e ataque daquele vento incontrolável que os estragos eram maiores. Viradas. Goleadas. Consagração de um iluminado camisa 9. Um ataque rápido, criativo e devastador. A pulsação de uma fanática torcida. E um feito para a história.

Em 2001, o Clube Atlético Paranaense conquistou seu primeiro título do Campeonato Brasileiro e escreveu seu nome na galeria de imortais do futebol nacional. Com uma campanha digna, brilho tático e técnico e um conjunto entrosadíssimo, a equipe comandada pelo técnico Geninho e por Flávio, Fabiano, Alessandro, Kléberson, Adriano, Kléber e Alex Mineiro despachou adversários que eram até considerados mais fortes do que ela para erguer um troféu que até então apenas o maior rival havia conseguido no estado do Paraná. Naquele ano, porém, tudo ficou igual. Com vantagem para o Furacão, que teve um aproveitamento muito melhor que o Coritiba de 1985. É hora de relembrar.

 

Da prata se projeta o ouro. E uma Arena

A Arena da Baixada: estádio foi inaugurado em 1999 e virou um marco positivo na história do Atlético-PR.
A Arena da Baixada: estádio foi inaugurado em 1999 e virou um marco positivo na história do Atlético-PR.

 

Muito antes de formar o esquadrão de 2001, o Atlético-PR começou a escrever seu futuro lá no ano de 1995, quando conquistou o título do Campeonato Brasileiro da Série B (representado por uma estrela de prata acima do distintivo do clube), que teve um sabor especial pelo fato de o rival, Coritiba, ter ficado com o vice. Em 1996, a equipe fez uma ótima campanha na Série A e chegou até as oitavas de final. Na temporada seguinte, a diretoria do clube tomou uma decisão radical e anunciou que iria demolir o antigo estádio Joaquim Américo para a construção de uma arena, que teria como principal objetivo ser a mais moderna do Brasil (e da América Latina) e ajudar a inserir o Atlético no rol dos principais clubes do país. O que mais chamou a atenção foi que a demolição do Joaquim Américo acontecia apenas três anos após a reinauguração do estádio, que havia passado por uma reforma. Porém, tudo aquilo se mostrou mais do que acertado.

As obras seguiram a todo vapor e, em junho de 1999, o clube inaugurou sua imponente Arena da Baixada, que consumiu aproximadamente US$ 35 milhões e só não teve seu projeto de mais de 40 mil lugares posto em prática pelo fato de o espaço destinado à área reta localizada no lado da rua Brasílio Itiberê estar ocupado por uma escola. No jogo inaugural, a equipe venceu o Cerro Porteño-PAR por 2 a 1, com gols de Lucas e Vanin. Naquele time que entrou em campo e era comandado pelo técnico Antonio Clemente, vários jogadores que seriam fundamentais para a campanha de 2001 já vestiam o rubro-negro: o goleiro Flávio, o zagueiro Gustavo, o atacante Kléber e os meio-campistas Kléberson e Adriano, este um baixinho mirrado que rapidamente ganhou o apelido de “homem-gabiru”.

Jornal "Lance!" destaca o estádio do Furacão.
Jornal “Lance!” destaca o estádio do Furacão.

 

Em 1999, o time terminou na 9ª posição do Campeonato Brasileiro, disputou a antiga Seletiva para a Libertadores e garantiu seu lugar na principal competição do continente, em 2000. Nela, após uma ótima primeira fase (cinco vitórias e um empate após despachar Nacional-URU, Alianza Lima-PER e Emelec-EQU), o Furacão caiu nos pênaltis para o Atlético-MG e deu adeus ao sonho de um título sul-americano logo em sua estreia continental. Embora tenha conquistado apenas um título estadual em 2000, ficou claro que o grupo de jogadores do Atlético possuía qualidade para render mais. Só faltava alguém para impor um consistente padrão de jogo. E domar as saideiras dos jovens na noite curitibana.

 

O bi, a crise e Geninho

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No primeiro semestre de 2001, o Atlético se reforçou com a contratação do atacante Alex Mineiro e, após ser eliminado na Copa do Brasil, o time deu a volta por cima no Campeonato Paranaense e conquistou o bicampeonato sobre o Paraná Clube mesmo tendo empatado os três jogos da decisão – fruto do regulamento, que beneficiava o time de melhor campanha na primeira fase, no caso, o Furacão. Depois do torneio estadual, o técnico Flávio Lopes deixou o comando da equipe para a entrada de Mário Sérgio, que ratificou o esquema 3-5-2 como principal do time para a disputa do Campeonato Brasileiro e ajudou na contratação do meia Souza e do atacante Ilan.

Com o padrão de jogo definido e seu linguajar “do campo” para conversar com os jogadores, Mário Sérgio teve um ótimo início no torneio nacional. Na estreia, em casa, contra o forte Grêmio de Tite (que tinha Danrlei, Anderson Polga, Tinga e Zinho), Kléber e Kléberson fizeram os gols da vitória por 2 a 0 do Furacão. Em seguida, triunfo fora de casa por 2 a 1 sobre o Cruzeiro. Também fora de casa, a equipe empatou com o São Caetano em 0 a 0 e voltou para a Arena na 4ª rodada, quando goleou o Flamengo por 4 a 0 (gols de Gustavo, Alex Mineiro, Kléber e Rodriguinho). A força do alçapão funcionou mais uma vez na vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG. Na 6ª rodada, o primeiro revés: 2 a 1 para o São Paulo, no Morumbi.

Geninho (de vermelho): técnico soube domar os baladeiros e levou o Furacão até a reta final do Brasileirão.
Geninho (de vermelho): técnico soube domar os baladeiros e levou o Furacão até a reta final do Brasileirão.

 

Depois daquele jogo, começaria uma maré negra no clube paranaense. Em São Januário, na 7ª rodada, a equipe não jogou nada, teve dois jogadores expulsos e perdeu por 4 a 0 para o Vasco, na pior partida do Furacão em todo o campeonato. Precisando da vitória, em casa, contra o Santos, a equipe só empatou em 1 a 1 e o ambiente azedou de vez quando o técnico Mário Sérgio criticou publicamente as saídas noturnas de vários jogadores, um dos motivos para a queda de rendimento do time. A frase mais profunda do treinador na época foi:

“Ou o Atlético acaba com a noite ou a noite acaba com o Atlético”.

Depois do episódio, Mário Sérgio chegou a entregar o cargo, mas foi convencido pelos jogadores a ficar. Porém, mais duas derrotas na sequência (2 a 0 para o Palmeiras, fora, e 2 a 1 para o Fluminense, em casa) determinaram o fim da estadia do treinador em Curitiba. Para seu lugar, a diretoria agiu rápido e trouxe Geninho, pouco conhecido no cenário nacional. O novo técnico não mexeu na estrutura tática do time e também adotou o 3-5-2, mas fez com que os jogadores passassem a jogar com mais garra, ofensividade e com foco total no ataque, principalmente pelo meio de campo, com a bola passando por Kléberson, Adriano, Kléber e Alex Mineiro. Além disso, Geninho cobrou mais disciplina e soube, aos poucos, domar os festeiros do elenco para fortalecer o profissionalismo do grupo.

 

Recuperação

Kléberson, Ilan e Alex Mineiro.
Kléberson, Ilan e Alex Mineiro.

 

Na estreia de Geninho, o Furacão deu um chega pra lá na crise e venceu a Portuguesa, em casa, por 3 a 1 (dois gols de Kléber e um de Alex Mineiro). Foi a deixa para o Furacão começar a causar estragos e permanecer 12 rodadas sem conhecer uma derrota sequer: 4 a 4 com o Internacional, fora, 3 a 2 no Corinthians, em casa, 3 a 1 no Botafogo, fora, 5 a 1 no Santa Cruz, fora, 1 a 1 com o Paraná, em casa, 5 a 1 na Ponte Preta, fora, 3 a 2 no América-MG, em casa, 0 a 0 com o Coritiba, fora, 2 a 0 no Botafogo-SP, fora, 2 a 1 no Goiás, em casa, e um inesquecível 6 a 3 no Bahia, em casa. Já classificado para o mata-mata, a equipe deu uma relaxada e perdeu, fora, para o Juventude por 2 a 0. No restante da primeira fase, vitórias sobre Sport (2 a 1, em casa) e Vitória (4 a 2, fora), empate com o Guarani (2 a 2, em casa), e derrota para o Gama (4 a 1, fora).

Com um bom começo, uma queda e uma recuperação irrepreensível, o Furacão terminou na segunda posição (atrás apenas do São Caetano) da fase de classificação com 15 vitórias, seis empates, seis derrotas, 58 gols marcados (melhor ataque) e 40 sofridos em 27 partidas. Com isso, a equipe teria a vantagem de jogar em casa os duelos únicos das quartas de final e de uma possível semifinal. Na decisão, disputada em dois jogos, a equipe só não jogaria a finalíssima em casa se encarasse o Azulão.

Para manter a concentração do elenco, Geninho pediu à diretoria do clube que os jogadores ficassem concentrados no moderno CT do Caju durante a fase final do torneio a fim de evitar excessos, bebedeiras e problemas extracampo. Para aumentar ainda mais a “segurança”, a psicóloga Suzy Fleury foi contratada para ajudar os atletas a suportar a pressão dos jogos e realizou trabalhos motivacionais, dinâmicas de grupo e atendimentos individuais. Decisões muito bem acertadas e que teriam enorme peso no resultado final.

 

Fazendo Kaká chorar

Nas quartas de final, o Atlético-PR teve pela frente o São Paulo de Rogério Ceni, Belletti, Fábio Simplício, Júlio Baptista, Kaká e França, uma equipe com vários talentos no papel, mas que sofria com problemas internos e de egos. Jogando ao lado de sua fanática torcida, o Furacão não deixou o tricolor aprontar e abriu o placar aos 28´do primeiro tempo, com Kléber. Na segunda etapa, Adriano, de pênalti, empatou, mas aí a Arena começou a pulsar, o Furacão aumentou sua força e Alex Mineiro, aos 36´, definiu a vitória por 2 a 1 e a classificação às semifinais. Um fato marcante naquele jogo foi a marcação implacável do volante Cocito (xodó da torcida rubro-negra) no ainda jovem Kaká, que não suportou a pressão (e as faltas) do rival e chorou quando foi substituído justamente por causa de uma falta do volante rubro-negro.

A base do Atlético-PR de 2001: mesmo com três zagueiros, o sistema defensivo do time não era lá muito confiável. No entanto, um ataque devastador garantiu gols, viradas e o título ao clube paranaense.
A base do Atlético-PR de 2001: mesmo com três zagueiros, o sistema defensivo do time não era lá muito confiável. No entanto, um ataque devastador garantiu gols, viradas e o título ao clube paranaense.

 

A vitória no melhor jogo

"Alex Noel" fez a alegria da torcida do Furacão na reta final: oito gols em quatro jogos.
“Alex Noel” fez a alegria da torcida do Furacão na reta final: oito gols em quatro jogos.

 

Naquele campeonato, apenas uma equipe havia derrotado o Atlético-PR em plena Arena: o Fluminense. E era este mesmo Fluminense o adversário dos paranaenses na semifinal do dia 09 de dezembro. Será que os tricolores repetiriam a dose? Ou o Furacão ganharia sua vingança? O fato é que a Arena da Baixada foi palco do melhor jogo da competição, totalmente aberto, com equipes jogando um futebol de muita qualidade e puramente ofensivo. Não havia precauções ou retrancas. O negócio era gol! Para o deleite dos torcedores.

Depois de várias oportunidades, foi o Fluminense quem abriu o placar no primeiro tempo, com Magno Alves. O gol assustou a torcida, mas o iluminado Alex Mineiro começou a escrever sua saga. Logo aos 4´da segunda etapa, o artilheiro empatou o jogo e, vinte minutos depois, virou para o Furacão. Magno Alves, aos 29´, voltou a deixar o Flu vivo, mas Alex Mineiro, aos 44´, decretou a vitória épica do rubro-negro por 3 a 2 num jogaço recheado de grandes jogadas, tabelinhas e bolas na trave. A vaga na final era o prêmio a um time que atacava sem parar e não se satisfazia com uma vantagem pequena no placar. Era preciso sempre mais e mais.

 

A Arena resolve!

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No dia 16 de dezembro, o Atlético-PR encarou o melhor time da fase de classificação e que havia surpreendido todo o Brasil: o São Caetano. A equipe do ABC Paulista havia sido vice-campeã da Copa João Havelange do ano anterior e repetia a sina competitiva ao alcançar sua segunda final em dois anos. Comandados por Jair Picerni, os azuis eram difíceis de ser batidos e apostavam em uma marcação extremamente sufocante e disciplinada. Porém, qual a chance de aqueles jogadores segurarem o Furacão dentro de sua casa? Zero! Com a Arena completamente lotada e a torcida gritando sem parar, o Atlético abriu o placar logo aos 4´, com Ilan. Aos 31´, Mancini empatou para o São Caetano, de falta.

No comecinho da segunda etapa, Mancini cobrou outra falta e Marcos Paulo virou para o Azulão. Pânico na Arena? Que nada. Alex Mineiro estava em campo. Dois minutos depois, o artilheiro empatou após receber de Alessandro. Aos 35´, a virada veio num golaço após o atacante tabelar na entrada da área paulista e passar por entre os zagueiros. No final do jogo, Alex Mineiro bateu o pênalti sofrido por Adriano e fechou a conta: 4 a 2. Pela segunda vez o camisa 9 marcava três gols num jogo. Já era o sétimo em apenas três jogos no mata-mata. O resultado dava ao Furacão a opção de até perder por um gol que ainda sim o título ficaria com os paranaenses.

 

Uma faixa eterna

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No dia da final, o técnico Geninho abusou do lado psicológico para fazer com que seus jogadores entrassem no estádio Anacleto Campanella entusiasmados e convictos de que seriam campeões brasileiros. Depois da preleção antes da subida ao gramado, Geninho pegou uma caixa e retirou dela várias faixas de “campeão brasileiro”. O treinador começou a colocá-las em cada jogador e disse que todos eles já eram campeões. Além disso, ele enfatizou:

“Não deixem que ninguém tire essa faixa de vocês!”.

O recado foi prontamente atendido pelos jogadores e a iniciativa se mostrou muito criativa e acertada. Em campo, o Furacão jogou com segurança e autoridade, não deixou o São Caetano aprontar e ainda venceu o jogo por 1 a 0, gol, claro, de Alex Mineiro, que se tornou o primeiro jogador na história dos Campeonatos Brasileiros a marcar quatro gols em uma série final, superando Reinaldo (Atlético-MG, 1980), Marcelinho Carioca (Corinthians, 1998), Guilherme (Atlético-MG, 1999) e Luizão (Corinthians, 1999), todos com três gols. Pronto. Pela primeira vez na história o Clube Atlético Paranaense era campeão brasileiro de futebol.

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A festa e a farra que tanto os rubro-negros não puderam fazer nos últimos meses podiam, enfim, ser extravasadas. E o time com melhor campanha e aproveitamento era premiado: 31 jogos, 19 vitórias, seis empates, seis derrotas, 68 gols marcados (melhor ataque) e 45 gols sofridos – aproveitamento de 67%. Alex Mineiro e Kléber foram os artilheiros do time na competição com 17 gols cada. Romário, do Vasco, marcou 21 gols e foi o goleador do ano.

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O fim e a espera pela nova Arena

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Em 2002, uma fracassada pré-temporada, a falta do pagamento do bônus do título de 2001 e pressões internas fizeram com que o Atlético-PR perdesse o brilho de outrora e virasse uma equipe comum. Na Libertadores, campanha pífia e última posição num grupo que tinha América de Cali-COL, Olmedo-EQU e Bolívar-BOL. No Brasileiro, um modesto 14º lugar. A equipe só voltaria a demonstrar brilho semelhante em 2004, quando por pouco não faturou o bicampeonato nacional (perdeu pontos importantes nas últimas rodadas, dando de bandeja a taça para o Santos de Robinho e Ricardinho).

Em 2005, a equipe ainda alcançou uma inédita final de Libertadores, mas não pôde contar com sua Arena e foi presa fácil para o São Paulo. Desde então, a equipe passou por momentos complicados e deu a volta por cima em 2018 e 2019, quando faturou a Copa Sul-Americana e a Copa do Brasil em sua Arena renovada e, enfim, completa, impondo aos adversários o medo e a vibração que tanto jogaram junto com o time de 2001, que fez valer cada letrinha da palavra caldeirão. E cada km percorrido de um Furacão imortal.

 

Os personagens:

Flávio: um dos maiores ídolos recentes do clube, Flávio viveu grande fase em 2001 e fez defesas importantíssimas no caminho até o título. Dono de reflexos apurados e muito ágil, o goleiro levou segurança ao time quando mais foi preciso.

Gustavo: com mais de 1,90m, o zagueirão se impunha pela presença física e nas jogadas aéreas. Não tinha habilidade para sair jogando, por isso, dava chutão e afastava o perigo de qualquer maneira. Com problemas musculares, jogou as partidas decisivas no sacrifício e graças às injeções.

Nem: foi o capitão do Furacão na campanha do título e também esbanjava raça dentro e fora da área para compensar a falta de técnica. Líder, ajudou o técnico Geninho a domar os jovens “arteiros” e manter o foco no título. Viveu sua melhor fase na carreira justamente no Furacão. Depois, sumiu.

Rogério Corrêa: do trio da zaga, era o que tinha melhor técnica com a bola nos pés e também o mais rápido. Desarmava bem e ajudava o ataque com suas subidas e gols. Muito identificado com o clube, jogou até 2005 na Arena.

Igor: o zagueiro atuou relativamente bem em algumas partidas, mas não teve espaço no time titular por causa do trio Gustavo, Nem e Rogério Corrêa.

Alessandro: muito veloz e habilidoso, o lateral-direito viveu uma fase incrível pelo Furacão em 2001 e foi um dos principais jogadores do time no Brasileirão. Com constantes subidas ao ataque e cruzamentos certeiros, o lateral ganhou o carinho da torcida e até vestiu a camisa da Seleção Brasileira.

Cocito: com fama de mal e violento, Cocito foi um dos xodós da torcida do Atlético por seu espírito de entrega em campo e pela raça. Não tinha técnica alguma, mas sabia marcar as estrelas dos adversários e anulava as jogadas da maneira que fosse. Foi assim que Kaká, do São Paulo, Roger, do Fluminense, e Esquerdinha, do São Caetano, praticamente não aprontaram no mata-mata do Brasileiro de 2001. Cocito estava lá para impedir qualquer ação.

Pires: volante, atuou em várias partidas da equipe no torneio e foi titular em muitas delas, principalmente no início, mas Cocito ganhou a disputa e foi soberano até o final do Brasileiro.

Kléberson: um motorzinho no meio de campo do Furacão e capaz tanto de construir jogadas como desarmar os adversários com notável precisão, Kléberson foi um dos grandes nomes do Atlético na conquista do Brasileiro de 2001. O jogador podia jogar em quase todas as posições e foi a principal peça no esquema tático de Geninho. Sua polivalência lhe rendeu prêmios individuais, uma convocação para a Copa do Mundo de 2002 e a titularidade no time de Felipão, incluindo uma ótima atuação na final contra a Alemanha.

Adriano: o “Gabiru” ainda era um apelido interno e o meia era conhecido apenas como Adriano. Naquele ano, o alagoano jogou muito, marcou gols, deu assistências e foi uma das armas ofensivas do Atlético na conquista do Brasileiro. Adriano ficou de 1998 até 2004 na equipe e teve uma curiosa passagem pelo Internacional, onde marcou o gol do título mundial de 2006 do clube colorado como reserva e totalmente desprestigiado por todos. O futebol fraco continuou mesmo depois do título e o meia jamais jogou o que jogou no Furacão.

Souza: chegou com o status de estrela no clube e, em alguns momentos, até fez jus à fama. O meia marcou seis gols e participou de vários outros, mas não foi titular absoluto (se revezou com Adriano). Mesmo assim, teve contribuição na conquista do título nacional e ganhou o carinho da torcida.

Fabiano: muito regular, hábil e veloz, o lateral foi absoluto pela esquerda do campo rubro-negro em 2001 e teve grande participação na campanha do título nacional. Fez ótimas partidas, apoiava o ataque e até marcou um gol no torneio.

Kléber: o atacante fez uma dupla letal e eficiente ao lado de Alex Mineiro naquele ano de 2001. Legítimo atacante oportunista, Kléber (que ainda não era conhecido pelo sobrenome Pereira) marcou 22 gols no Campeonato Paranaense e outros 17 no Brasileiro. Costumava marcar gols bonitos e também perder chances claras. Depois de brilhar em Curitiba, teve uma boa passagem no Santos e no futebol mexicano.

Ilan: por causa da concorrência e do entrosamento entre Kléber e Alex, Ilan não conseguiu ser titular no time de 2001, mas marcou quatro gols no Brasileiro e teve sua contribuição na conquista (incluindo um na final). Nos anos seguintes, jogou com mais regularidade, brilhou, chegou até a seleção, mas caiu de rendimento.

Alex Mineiro: oito gols em quatro jogos. Dois hat-tricks seguidos. Golaços. Quatro gols nos dois jogos da decisão. Se existia alguém predestinado ao sucesso naquele elenco do Furacão ele atendia pelo nome de Alex Mineiro. O atacante mostrou um faro de gol impressionante e provou como nunca ser o camisa 9 do melhor ataque do torneio. Rápido, habilidoso e com um chute certeiro, o artilheiro foi o nome do título rubro-negro e craque do Brasileiro daquele ano, ganhando, inclusive, a Bola de Ouro. Xodó da torcida, Alex Mineiro foi o próprio furacão em pessoa naquele ano.

Flávio Lopes, Mário Sérgio e Geninho (Técnicos): Lopes ganhou o título estadual, Mário Sérgio ajudou a moldar o 3-5-2 atleticano, mas foi Geninho o grande mestre de 2001. Inteligente e conhecedor das qualidades e limitações de seu time, ele sabia que a única maneira daquele Atlético dar certo era atacando os adversários sem dó. A tática funcionou perfeitamente, afinal, com Adriano, Kléberson, Fabiano, Alessandro, Kléber e Alex Mineiro trabalhando na frente, o ponto fraco do time – a defesa – não teria com o que se preocupar. Isso explica os jogos alucinantes e recheados de gols da equipe ao longo do torneio e a enorme pressão nas partidas disputadas na Arena. Vale destacar, também, o trabalho emocional que o treinador utilizou com o grupo. Sem dúvidas, mereceu demais o título. Bem como o Furacão e sua torcida.

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Comentários encerrados

13 Comentários

  1. Não torço pro São Paulo, mas que bonito ver no texto o trecho sobre a substituição do Kaká contra o São Paulo, “não suportou a pressão e as faltas e saiu chorando” devido a marcação honesta do “cão de guarda”, se fosse em um jogador do Atlético será que o texto seria igual?

  2. Grande time. Mas ainda o de 2004 pra mim foi um dos melhores que vi jogar, acabou perdendo o título brasileiro nas últimas rodadas por bobeira. 95-96 também merece ser lembrado!

  3. Parabéns pelo texto!!
    Emocionante para mim, como torcedora do furacão, que tinha apenas 4 anos quando foi campeão brasileiro, saber um pouco mais da história do meu clube do coração. Obrigada, excelente trabalho.

  4. vendo e relembrando meu furacão lindo sendo campeão, saudades, esses vídeos deveriam ser mostrados antes dos jogos para que atuais jogadores dessem mais valor a camisa rubro negra.

  5. Cara, não tem como descrever em palavras o trabalho que voce vem fazendo nesse site. É simplesmente incrivel. Parabéns e continua a trazer um pouco mais da historia do futebol a todos nós. E que nos emocionam. Saudades de Berkgamp, Fernando Redondo… Parabéns

  6. Este foi de longe o melhor e mais surpreendente Campeonato Brasileiro que eu já,tinha 11 anos na época,lembro que fiquei muito bravo quando o São Paulo levou 7×1 do Vasco em São Januário.
    Excelente texto pessoal,parabéns !!!

Seleções Imortais – Alemanha 1954

Esquadrão Imortal – Palmeiras 1972-1974