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Craque Imortal – Fabio Cannavaro

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Nascimento: 13 de Setembro de 1973, em Nápoles, Itália.

Posição: Zagueiro

Clubes: Napoli-ITA (1992-1995), Parma-ITA (1995-2002), Internazionale-ITA (2002-2004), Juventus-ITA (2004-2006 e 2009-2010), Real Madrid-ESP (2006-2009) e Al-Ahli-EAU (2010-2011).

Principais títulos por clubes: 1 Copa da UEFA (1998-1999), 2 Copas da Itália (1998-1999 e 2001-2002) e 1 Supercopa da Itália (1999) pelo Parma.

2 Campeonatos Espanhóis (2006-2007 e 2007-2008) e 1 Supercopa da Espanha (2008) pelo Real Madrid.

Principais títulos por seleção:

1 Copa do Mundo (2006) e 2 Campeonatos Europeu Sub-21 (1994 e 1996) pela Itália.

 

Principais títulos individuais:

Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 2006

Bola de Ouro da Revista France Football: 2006

2º Melhor Jogador da Copa do Mundo da FIFA: 2006

Eleito para o Time da Copa do Mundo da FIFA: 2006

Melhor Jogador do Campeonato Italiano: 2006

Jogador Italiano do Ano: 2006

Melhor Zagueiro do Campeonato Italiano: 2005 e 2006

Eleito para o time da UEFA do Ano: 2006

Eleito para o FIFPro World XI: 2006 e 2007

Eleito para o Time da Eurocopa: 2000

Eleito para a Seleção dos Sonhos da Itália do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos do Real Madrid do Imortais: 2021

 

“Il Muro di Berlino”

Por Guilherme Diniz

É impossível não se lembrar da Copa do Mundo de 2006 sem falar sobre o capitão italiano Fabio Cannavaro. Há décadas que uma Copa não via um zagueiro jogar tanto, mas tanto, como Cannavaro jogou naquele mundial. Baixo para um defensor (1m75cm) ele supria a falta de altura pela impulsão absurda, pelo fôlego privilegiado e pelo vigor físico. O capitão que teve o privilégio de erguer a taça do mundial depois de 24 anos para a Azzurra ganhou o apelido de “Muro de Berlim” depois daquele mundial devido ao seu desempenho monstruoso. Ídolo nacional e querido no Napoli, Parma e Juventus, o zagueiro não foi de vencer muitos títulos por clubes, mas isso não enfraquece em nada sua carreira recheada de glórias e prêmios individuais. Ele foi, também, o primeiro (e até hoje único) zagueiro a vencer o prêmio de Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, um feito histórico. É hora de relembrar a trajetória fantástica desse brilhante zagueiro.

 

Despontando na “terra” de Maradona

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Nascido em Nápoles, Cannavaro começou no futebol desde cedo por influência do pai, Pasquale Cannavaro, que jogava no pequenino Giugliano. O jogador deu seus primeiros chutes e investidas em um time da província napolitana de Bagnoli, até ser descoberto por olheiros do Napoli, seu time de infância, que logo o levou para os lados do San Paolo, em 1988.

 

“Esse tem futuro!”

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No Napoli, Cannavaro começou como gandula do time nos jogos em San Paolo, justamente na era dourada do time celeste, que contava com astros do futebol como Maradona, Ciro Ferrara e Careca. Em 1990, Cannavaro foi gandula, também, na Copa do Mundo da Itália, e viu sua Azzurra ser eliminada, nos pênaltis, para a Argentina de seu ídolo Maradona. Mal sabia o jovem que anos mais tarde ele seria protagonista de uma Copa…

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Depois do “estágio” como gandula, Cannavaro passou a integrar as equipes juvenis do time do Napoli. Certa vez, durante um treino com os titulares do time celeste, Cannavaro deu uma entrada dura em Maradona, inflamando prontamente um dirigente do time que o recriminou. Porém, Dieguito se mostrou surpreso e contestou: “é assim mesmo, isso significa que você está no caminho certo!”. Ouvir aquilo, do maior ídolo da história do Napoli, foi o ponto chave para Cannavaro partir com tudo em busca do sonho de ser titular da equipe, como zagueiro. O futuro craque fez sua estreia no time napolitano em março de 1993, em um clássico contra a Juventus, em Turim. Porém, o zagueiro seria titular do time justo no período de decadência do clube, que já não tinha mais as estrelas do final da década de 80 e passava por uma terrível crise financeira.

 

Brilhando na Azzurra Sub-21

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Cannavaro esteve presente no selecionado da Itália que venceu, em 1994, o Campeonato Europeu Sub-21. Comandado por Cesare Maldini, o time azul tinha ótimos jogadores como Toldo, Pannucci, Del Piero, Inzaghi, Vieri e Delvecchio. A equipe liderou a fase de classificação com sete vitórias e um empate em oito jogos. No mata-mata, a Azzurra venceu República Tcheca, França e Portugal, conquistando o título. Ele repetiria a dose em 1996, faturando o bicampeonato do torneio. Depois de brilhar pela eficiência e muita garra, Cannavaro mudou de ares em 1995. Seu time, o Napoli, o negociou com o Parma, equipe que vivia o oposto dos celestes com muito dinheiro e vivendo uma franca e meteórica ascensão no país.

 

Mostrando talento

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Em seu novo clube, Cannavaro iria viver anos mágicos. O Parma era uma das grandes forças da Itália naquela metade da década de 90 com um time muito forte e competitivo, que já tinha uma aura copeira pela conquista da Copa da UEFA de 1995, a Recopa Europeia de 1993, a  Supercopa da UEFA de 1993 e a Copa da Itália de 1992. Era copa que não acabava mais! Cannavaro rapidamente ganhou a titularidade da equipe e mostrou porque seria considerado um dos maiores zagueiros da Itália. Esbanjando técnica, posicionamento impecável e simplesmente fabuloso nos desarmes, o zagueiro virou xodó da torcida. Suas atuações o levaram para a Copa do Mundo de 1998, onde a Itália chegou apenas até as quartas de final, perdendo para a França, nos pênaltis. Mas naquele ano começaria, também, o caminho para os canecos do ano seguinte.

 

Enfim, títulos!

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Na temporada 1998-1999, o Parma deu show. A equipe tinha um esquadrão que aliava muita técnica no ataque com uma precisão cirúrgica na defesa, com jogadores do naipe de Buffon, Thuram, Sensini, Dino Baggio, Verón, Chiesa, Crespo, Mussi, Asprilla e, claro, Cannavaro. O time partiu em busca do bicampeonato da Copa da UEFA ao eliminar o Fenerbahce (TUR) por 3 a 2 no placar agregado. Na fase seguinte, o time eliminou o Wisla Kraków (POL) pelo mesmo placar. Nas oitavas de final, foi a vez de deixar para trás o Rangers, da Escócia, com 1 a 1 em Glasgow e 3 a 1 na Itália. Nas quartas de final, um show contra o Bordeaux (FRA). Na primeira partida, na França, vitória dos franceses por 2 a 1. Na volta, show da dupla Crespo e Chiesa, que marcaram dois gols cada na goleada por 6 a 0 do Parma. Nas semifinais, mais duas vitórias: 3 a 1 no Atlético de Madrid, na Espanha, e 2 a 1 na Itália. O time chegava a mais uma final europeia.

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Na decisão, o time mostrou autoridade e muito entrosamento na vitória por 3 a 0 sobre o Olympique de Marselha, com gols de Crespo, Vanoli e Chiesa. Cannavaro conquistava seu segundo título por um clube (o primeiro foi a Copa da Itália, uma semana antes) e se firmava de vez como um dos grandes nomes daquele Parma. Meses depois, o terceiro caneco da temporada: a Supercopa da Itália, com vitória de 2 a 1 sobre o Milan.

 

Raspando a mão na taça

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Depois de brilhar em 1999, Cannavaro compôs a ótima zaga da Itália na Eurocopa de 2000. Ao lado de Maldini, Nesta e Iuliano, a Azzurra era uma das favoritas ao título, ao lado da então campeão mundial França. Na fase de grupos, a Itália se garantiu em primeiro lugar do grupo B com três vitórias em três jogos: 2 a 1 na Turquia, 2 a 0 na Bélgica e 2 a 1 na Suécia. Nas quartas de final, vitória por 2 a 0 sobre a Romênia. Nas semis, empate sem gols contra a Holanda. Nos pênaltis, a Itália venceu por 3 a 1 e se garantiu na final. Os italianos tiveram pela frente o ótimo time da França de Zidane, Deschamps, Henry e Trezeguet. O jogo foi muito pegado e a França não conseguia passar pela zaga italiana, muito menos por Cannavaro, que fazia uma ótima competição. Depois de muita insistência, o jogo terminou empatado em 1 a 1. Na prorrogação, Trezeguet marcou o gol de ouro que deu o título aos franceses. Cannavaro perdia a chance de ser campeão pela primeira vez na carreira com a camisa principal da Azzurra. O título teria que esperar.

 

Estadia em Milão e em Turim

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Depois de ganhar mais uma Copa da Itália pelo Parma, em 2002, e de ver a Itália ser “garfada” e eliminada na Copa de 2002 pela anfitriã Coreia do Sul, Cannavaro foi jogar na Internazionale. No time de Milão, o zagueiro sofreu com contusões e não conseguiu brilhar como havia brilhado no Parma. Em 2004, Cannavaro foi negociado pela Inter e partiu para a Juventus, onde reencontrou seu grande amigo Buffon. Na Juve, o zagueiro voltou a jogar o fino e brilhou muito, vencendo títulos individuais e ajudando a equipe alvinegra a faturar dois campeonatos italianos, em 2005 e 2006. Porém, por conta de um escândalo de manipulação de resultados, os títulos foram revogados, e Cannavaro viu todo o esforço em campo resultar na perda dos dois scudettos. Em 2006, ele foi para a Copa do Mundo como capitão e, assim como toda a nação italiana, estava mordido e pronto para dar a volta por cima.

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Rumo a Berlim

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O primeiro jogo da Itália na Copa foi contra a perigosa seleção de Gana, dos craques Essien, Gyan, Muntari e Appiah. O jogo foi truncado, com os ganeses se defendendo como podiam, mas a Itália abriu o placar no final do primeiro tempo com Pirlo. No segundo tempo, o atacante Iaquinta ampliou e definiu a primeira vitória da Azzurra. O jogo seguinte foi contra os EUA. Gilardino abriu o placar para os italianos aos 22´do primeiro tempo. Poucos minutos depois, a equipe sofreria o gol de empate, contra, de Zaccardo. Seria um dos únicos dois gols que a sólida defesa italiana sofreria naquela Copa. O jogo decisivo para garantir os italianos na próxima fase foi contra a República Tcheca. A Itália sofreu, mas abriu o placar com Materazzi, que entrou no lugar do lesionado Nesta. No segundo tempo, o sempre talismã Inzaghi fechou o placar que garantiu a classificação para as oitavas de final.

 

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Jogo duro e jogo fácil

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Nas oitavas, a Itália encarou a Austrália, que havia eliminado o Uruguai na repescagem para a Copa e dado muito trabalho ao Brasil na fase de grupos. O jogo parecia ir para a prorrogação, com as equipes muito inseguras em ir ao ataque e a Austrália jogando claramente para tentar a decisão por pênaltis, o carma dos italianos. Foi então que o improvável aconteceu. Nos acréscimos, perto do juiz apitar o final do jogo, pênalti para a Itália. Totti iria cobrar. Se fizesse, a Itália iria para as quartas de final. Se errasse, o jogo iria para a prorrogação. Totti partiu, bateu… E marcou! Itália, no sufoco, nas quartas de final. O adversário seguinte foi a Ucrânia. Contra um time fraco, a Itália venceu por 3 a 0, com gols de Zambrotta e Luca Toni, que, enfim, desencantou e anotou dois. Era hora da semifinal. Um páreo duríssimo contra os donos da casa: a Alemanha.

 

Teste para cardíacos

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A semifinal colocava frente a frente dois rivais históricos, ambos tricampeões mundiais, que inclusive já haviam decidido uma Copa, em 1982, vencida pelos italianos. Para os alemães, era a chance de vingar a derrota da Copa da Espanha e ter a chance de passar os italianos em números de títulos. Para a “Azzurra”, eliminar o rival em sua casa, e poder conquistar o título na final, como os alemães fizeram na Itália, em 1990, era tudo o que eles queriam. O jogo foi extremamente competitivo e equilibrado, mas com maior posse de bola dos italianos. Os italianos se apoiavam nas jogadas de escanteio: foram 12 contra apenas 4 dos alemães. E foi partindo de um escanteio que a Itália conseguiu seu feito histórico. Já na prorrogação, com um zero a zero angustiante no placar, Pirlo bateu forte de fora da área, e Lehmann colocou para escanteio. Del Piero cobrou, mas a zaga rebateu. A bola sobrou para Pirlo, que deu um passe na medida para Grosso marcar, aos 119 minutos: 1 a 0 Itália.

Era o estopim para os italianos fazerem a festa. Quem poderia imaginar que um lateral quase irreconhecível pudesse marcar um gol decisivo, em plena semifinal? Ninguém! Pouco tempo depois, a Itália encaixou um contra-ataque mortal, habilidade na qual eles são peritos, com uma roubada de bola estupenda de Cannavaro, passe de Totti, drible de Gilardino e conclusão de Del Piero: Itália 2×0 Alemanha. Os italianos, contra tudo e todos, estavam na final. E eliminavam os rivais que fizeram a festa na “bota” em 1990.

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A mais saborosa das revanches

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O moderno Olympiastadion, em Berlim, foi palco de uma das mais marcantes finais das Copas. De um lado, a França, campeã de 1998, dona de uma equipe fortíssima que havia desbancado os grandes favoritos na fase de mata-mata (Espanha, Brasil e Portugal) e que contava com o craque absoluto Zidane, além de Henry, Vieira, Makélelé, Thuram, Abidal, Malouda e Ribéry. Do outro, a Itália, tricampeã mundial, com uma zaga perfeita, com um meio campo aguerrido e sempre dona da bola quando enfrentava um adversário, e com craques como Cannavaro, Buffon, Pirlo, Zambrotta e Totti. A Itália tinha a grande chance de vingar as eliminações na Copa de 1998 e a perda da final da Eurocopa de 2000, ambas para os franceses. Já os “bleus” poderiam consagrar de vez uma geração de ouro, e colocar o craque Zidane em um patamar gigantesco no futebol. Seria um jogo histórico. E foi.

Logo no início de jogo, pênalti para a França. Zidane partiu e bateu com cavadinha, cheio de estilo. Pode alguém fazer golaço de pênalti? Pode, se esse alguém for Zidane. França 1×0. Todos pensavam que a Itália teria dificuldade para furar a boa defesa francesa, mas foi justamente um defensor quem colocou o time novamente no jogo. Pirlo cobrou escanteio, e Materazzi empatou, de cabeça. 1×1. A igualdade seguiria até o final, levando o jogo para a prorrogação. Cannavaro jogou tudo e mais um pouco nos primeiros 90 minutos daquela final, tirando bolas até de bicicleta!

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Buffon magnífico e Zidane chocante

Na prorrogação, as equipes ficaram num misto de arriscar para ganhar e defender para evitar problemas. Numa de suas investidas, a França teve uma chance de ouro com Zidane. O craque cabeceou forte para o gol. Porém, Buffon fez uma das defesas mais fabulosas da história das Copas. Coisa de cinema. Mas outra coisa de cinema, mais precisamente de um filme de terror, chamou a atenção. Depois de ser provocado por Materazzi, Zidane deu uma cabeçada no peito do jogador italiano, fora do olhar do árbitro argentino Horácio Elizondo. Porém, o quarto árbitro avisou o argentino, que expulsou o jogador francês. Seria o fim da carreira do maior jogador que a França já teve. Um triste fim. Fim da polêmica, fim de jogo. A Copa seria decidida, pela segunda vez, nos pênaltis. E, de novo, como em 1994, a Itália seria uma das protagonistas.

 

Fantasma enterrado

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A Itália teria pela frente um antigo fantasma: os pênaltis. A equipe sucumbira em todas as decisões desse tipo que disputara nas últimas copas. Foi eliminada nas semifinais de 1990, em casa, para a Argentina, perdeu a final para o Brasil, em 1994, e foi eliminada nas quartas de final em 1998, para a França. Em 2002, a eliminação foi mais na base do apito. Eles conseguiriam exorcizar de vez esse mal? Pirlo iniciou as cobranças para a Itália. E marcou. Wiltord bateu o primeiro da França, e fez. Herói e figura polêmica naquela partida, Materazzi recebeu uma sonora vaia da torcida rival na hora da sua cobrança. Zagueirão batendo pênalti. Perigo? Que nada! Ele fez. O cobrador seguinte da França seria o carrasco dos italianos na Euro 2000: Trezeguet. Mas ele carimbou a trave de Buffon. Doce ironia… De Rossi, ausente desde o segundo jogo da fase de grupos, converteu a terceira cobrança da Itália. Abidal fez o segundo da França. O craque Del Piero anotou o quarto da Itália. Os fantasmas estavam sendo enterrados, gol após gol! Sagnol fez o terceiro dos franceses. Era a última cobrança da Itália. Estava nos pés de Fabio Grosso o tetra do país. Se ele fizesse, a Itália seria campeã. Um erro poderia levar a disputa para as cobranças alternadas em caso de gol da França no último pênalti deles. Grosso olhou para os céus, correu… Bateu… E marcou!

Festa na “bota”! A Itália, depois de 24 anos, conquistava o seu sonhado tetracampeonato mundial, e enterrava de vez a sina de perder em decisões por pênaltis. Itália 5×3 França. Era a consagração de Cannavaro, soberano na zaga da Itália e que jogou muito naquela Copa. Ele erguia, depois de 24 anos, a Copa do Mundo para a Azzurra, e conseguia o que muitos dos mais brilhantes defensores (e capitães) italianos como Maldini e Baresi não conseguiram.

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Melhor do planeta

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O título da Copa do Mundo foi crucial para fazer Cannavaro o primeiro zagueiro eleito melhor jogador do mundo pela FIFA, além de vencer a Bola de Ouro da Revista France Football. Era o auge e a premiação definitiva para o primor e para o ano incrível que Cannavaro teve em 2006. Porém, aquele seria, infelizmente, o último grande momento do já mito do futebol.

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Pouco brilho na Espanha e na volta a Turim

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Depois que a Juventus foi punida pelo escândalo de resultados na Itália e rebaixada para a Série B, Cannavaro foi um dos jogadores a deixar a equipe de Turim. O zagueiro, em alta, foi contratado pelo Real Madrid para vestir a camisa 5, que fora de Zidane. O zagueiro ficou em Madrid de 2006 até 2009 e faturou dois títulos nacionais e uma Supercopa da Espanha. Porém, ele não conseguiu repetir as atuações de antes e foi ofuscado pelo brilhantismo do Barcelona e de atacantes como Messi e Torres, que lhe deram muito trabalho em muitas das competições no período.

Em 2009, o zagueiro voltou para um breve período na Juventus, onde também não repetiu o brilho, prejudicado por contusões. Para piorar, Cannavaro foi pego em um exame antidoping pelo uso de cortisona para evitar complicações alérgicas por conta de uma picada de abelha. O processo não teve grandes consequências por conta da atuação dos médicos da Juventus, mas isso abalou um pouco a reputação do craque.

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Recorde e drama

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Em 2009, Cannavaro superou Maldini e se tornou, na época, o jogador que mais vezes vestiu a camisa da seleção italiana ao atuar em sua 127ª partida. O recorde poderia ter sido ainda maior, porém, se a Itália não tivesse protagonizado tamanho papelão na Copa do Mundo de 2010. O time repetiu o fracasso da França, em 2002, e do Brasil, em 1966, e foi eliminada ainda na primeira fase do mundial como detentora do título. A equipe não venceu nenhuma partida e o capitão Cannavaro viu seu futebol sofrer contestações. Ali, ele decidiu abandonar a seleção para sempre.

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O fim de uma lenda

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Depois do fiasco na Copa, Cannavaro se aventurou jogando pelo Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, de 2010 até 2011, pelas gordas cifras oferecidas. Jogando já em ritmo de treino, o zagueiro sofreu um problema no joelho que o tirou da temporada de 2011, forçando o italiano a se aposentar do futebol naquele mesmo ano. Era o fim de um dos maiores zagueiros da história do futebol e um dos mais técnicos e precisos que a Itália já teve. Líder, motivador e brilhante, Cannavaro marcou seu nome como o capitão do tetra e responsável por colocar a Azzurra de novo no topo do mundo. Suas exibições no Parma, na Juventus e na seleção da Itália ficaram eternizadas como exemplo a ser seguido para qualquer jogador que queira ser um zagueiro. Um “senhor” zagueiro. O “Muro de Berlim”, que tirou bola da área da Itália, em plena final de Copa, de bicicleta, é um imortal do futebol.

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Número de destaque:

Disputou 136 jogos pela Seleção da Itália.

 

Extra:

Raça, técnica, arte

Veja lances geniais da carreira do “capitano” nos dois vídeos abaixo.

 

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Comentários encerrados

4 Comentários

  1. Na minha humilde opinião Cannavaro é o maior zagueiro que eu vi. Apesar da pouca idade sempre acompanhei futebol, vi muitos jogos e muitos jogadores e não vi nenhum zagueiro com a mesma garra, liderança, precisão, talento e técnica. Seus desarmes precisos e seu posicionamento impecável fizeram do baixinho Cannavaro um gigante do mundo futebolístico. O futebol agradece.

Esquadrão Imortal – Cruzeiro 1975-1976

Time dos Sonhos do Milan