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Seleção dos Sonhos da Inglaterra

 

Por Guilherme Diniz

 

Eles demoraram décadas para entender que existia bom futebol além mar. Quando perceberam, tiveram que correr bastante atrás do prejuízo até levantar uma Copa do Mundo, em 1966. Quatro anos depois, com outra grande seleção, tentaram o bicampeonato, mas ele ruiu diante da algoz de sempre, a Alemanha. Desde então, nunca mais eles venceram outra taça. Mas não foi por falta de talento, afinal, a quantidade de craques formada pela terra da Rainha sempre foi grande. A Seleção da Inglaterra pode não ser tão vencedora quanto deveria ser, mas craques de alto nível vestindo o manto com os three lions nunca faltaram. E essa enquete provou isso, com inesquecíveis goleiros, defensores fenomenais, meio-campistas geniais e atacantes arrebatadores. É hora de conhecer como ficou a Seleção dos Sonhos do English Team!

 

Inglaterra dos Sonhos – Escolha dos Leitores e Leitoras

 

Esquema tático: 4-4-2

Tradicionalmente, a Inglaterra joga no 4-4-2 e tal esquema não poderia ficar de fora nesta seleção dos sonhos. Ele foi o preferido por 49% dos leitores, seguido do 4-3-3. Essa formação iria privilegiar a criatividade dos meias escolhidos, bem como a construção de jogadas para os sublimes atacantes lá da frente. No sistema defensivo, nada de sustos com a dupla de zaga sensacional eleita por vocês.

O time: Gordon Banks; Gary Neville, Bobby Moore, Rio Ferdinand e Ashley Cole; Paul Scholes, Steven Gerrard, David Beckham e Bobby Charlton; Stanley Matthews e Gary Lineker. Técnico: Sir Alf Ramsey.

Os Escolhidos

 

Goleiro: Gordon Banks

Ele costumava dizer que “minha mente não tem que divagar”. E ela não divagava. Muito menos seus reflexos impressionantes, sua elasticidade notável e seu senso de colocação impecável. No gol, aquele sujeito de sorriso enorme e largo se transformava. Não havia tempo para sorrir. Apenas para defender. Da maneira que fosse. Com um tapa de leve que empurrava a bola para a linha de fundo ou um soco forte. Mas valia também um toque improvável em uma cabeçada fulminante do maior jogador de todos os tempos para que sua fama e talento ficassem eternizados para sempre na maior defesa do século XX. Essas foram algumas das características de Gordon Banks, maior goleiro inglês da história e um dos maiores na posição que o mundo já viu.

A defesa do século de Banks na cabeçada de Pelé.

 

Momento único na história das Copas.

 

Campeão da Copa de 1966 e com números formidáveis debaixo das traves do English Team, Banks marcou época com regularidade, milagres incríveis, a fama de realizar defesas acrobáticas e por tirar da boca dos atacantes o grito de “gol” e forçá-los a mastigar as três letrinhas por mais algum tempo (normalmente, até o final do jogo). Embora tenha ganhado fama pela seleção e por suas atuações em Copas, Banks jamais defendeu um grande clube do futebol inglês e títulos foram escassos na carreira do goleiro. Mesmo assim, ele tratou de abocanhar diversos prêmios individuais e até uma Ordem do Império Britânico. Foram 73 jogos pela Inglaterra e apenas 57 gols sofridos. Além disso, Banks não sofreu gols em 35 partidas e perdeu apenas nove jogos! Leia mais sobre ele clicando aqui.

 

Essa foi a maior barbada da enquete. Com 94,3% dos votos, Banks superou sem susto algum David Seaman, seu principal concorrente, que somou 2,9%. O terceiro lugar ficou com David James, presente em várias equipes do English Team neste século, com 1,7%.

 

Lateral-Direito: Gary Neville

Um símbolo do Manchester United, Neville jogou toda a carreira no clube inglês e foi o dono da lateral-direita da equipe por 20 anos. Ganhou uma enxurrada de títulos no clube  – entre eles duas Ligas dos Campeões da UEFA, dois Mundiais de Clubes e oito Campeonatos Ingleses – e foi um dos melhores na posição por muitos anos. Ótimo tanto na cobertura da zaga quanto no apoio ao ataque, Gary Neville brilhou, também, na seleção da Inglaterra, disputando as Copas de 1998 e 2006 (acabou de fora do Mundial de 2002 por causa de uma lesão no pé). Foram 85 jogos pelo English Team entre 1995 e 2007.

Neville começou bem atrás no início da votação, mas conseguiu a virada e terminou com a vaga na lateral-direita da Inglaterra dos Sonhos com 42,5% dos votos, à frente de Trent Alexander-Arnold (18,8%) e Phil Neal (15,6%), estes dois grandes nomes de diferentes esquadrões do Liverpool nos anos 2010 e nos anos 1970 e 1980, respectivamente. George Cohen, campeão do mundo em 1966 com a seleção, terminou na 4ª colocação, com 10% da preferência.

 

Lateral-Esquerdo: Ashley Cole

 

Joia criada no Arsenal da virada do milênio, o mundialmente famoso lateral-esquerdo Ashley Cole despontou jogando o fino no clube londrino. Preciso no apoio ao ataque, perfeito na defesa com desarmes fantásticos e muito dedicado, Cole colecionou títulos no time de 1998 até 2006. Foi ídolo da torcida até se transferir, em 2006, para o Chelsea, o que custou uma perda de popularidade por grande parte dos torcedores. Mesmo assim, seu desempenho está marcado para sempre entre os Gunners. O craque foi presença constante, também, na seleção, pela qual disputou as Copas de 2002, 2006 e 2010 e acumulou 107 jogos disputados (é o 6º jogador com mais partidas na história do English Team). Uma curiosidade: Ashley Cole é o jogador com mais títulos da Copa da Inglaterra na história: 7 taças.

Com quase 80% dos votos, Ashley Cole dominou a preferência e desbancou o campeão mundial Ray Wilson, que somou apenas 12,2% dos votos. Graeme Le Saux, presente na seleção inglesa dos anos 1990 e no grande Chelsea daquela época, foi o 3º colocado com 3,8%.

 

Zagueiro: Bobby Moore

Foto: Getty Images.

 

“Jogador impecável. Defensor majestoso. Herói imortal de 1966. Primeiro inglês a levantar o troféu da Copa do Mundo. Filho favorito da Zona Leste de Londres. O maior ídolo do West Ham United. Patrimônio nacional. Mestre de Wembley. Dono do jogo. Extraordinário capitão. O maior cavalheiro de todos os tempos.” Essas palavras, assinadas por Jeff Powell, colunista do Daily Mail, estão cravadas na estátua de Bobby Moore em frente ao estádio de Wembley. São profundas, diretas. E mais do que perfeitas para definir um dos maiores – senão o maior – zagueiros de todos os tempos. Clássico, impecável, sublime e cavalheiro, Moore era simplesmente perfeito nos desarmes, na antecipação e em saber o que um habilidoso atacante ou meia ia fazer. Era a certeza de eficiência e nobreza na grande área para a torcida a favor. Foi capitão do English Team nas Copas de 1966 e 1970 e entrou para a história por suas atuações em ambos os Mundiais, ainda mais depois da partida contra a seleção brasileira em 1970, quando Pelé disse que Moore era o “maior defensor que ele já havia enfrentado”. E com certeza foi.

É impossível não se lembrar da atuação de gala do capitão naquele jogo, principalmente no emblemático lance em que desarmou com uma precisão impressionante o craque brasileiro Jairzinho. Certa vez, o técnico do Celtic, Jock Stein, disse que “deveria haver uma lei contra Bobby Moore, pois ele sabe o que vai acontecer 20 minutos antes de todo mundo”. E como sabia… Bobby Moore é o 5º jogador com mais jogos pela Inglaterra na história (108 partidas e dois gols marcados). Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Zagueiro: Rio Ferdinand

Um dos maiores zagueiros do mundo entre 2004 e 2011, Ferdinand foi peça fundamental para o sucesso defensivo do Manchester United multicampeão no período. Leal, perfeito no desarme e na antecipação, foi ele quem levantou a taça da Liga dos Campeões de 2008 como capitão dos Red Devils. Com quase 1,90 de altura, o zagueiro quebrou os estereótipos dos defensores “brucutus” que por muito tempo perpetuaram no futebol inglês ao expor seu jogo elegante e técnico, com passes precisos, domínio de bola e visão de jogo, qualidades que contribuíram para sua constante carreira também na seleção inglesa, pela qual disputou as Copas de 2002 e 2006 – ele seria capitão em 2010, mas sofreu uma contusão no joelho que o tirou do Mundial da África do Sul. Ferdinand disputou 81 jogos e marcou três gols pela Inglaterra entre 1997 e 2011.

 

Uma das vagas nesse miolo de zaga do English Team era de Bobby Moore, claro, que confirmou o favoritismo com 92% dos votos. Já a segunda posição foi mais disputada, com Rio Ferdinand vencendo com 45,4%, enquanto John Terry, ídolo do Chelsea, ficou na terceira posição com 29,3%. Jack Charlton, campeão do mundo em 1966, ficou na quarta colocação com 17,2% dos votos.

 

Volante: Paul Scholes

Eterno ídolo e craque do Manchester United – seu único clube na carreira, Scholes foi um dos mais completos meio-campistas de sua época e elogiado por dezenas de lendas do esporte – até mesmo por Pelé, que certa vez disse que ele “teria feito ainda mais gols se tivesse jogado ao lado do inglês”. Motor dos esquadrões campeões europeus e do mundo nos anos 1990 e 2000 dos Red Devils, Scholes tinha notável visão de jogo, chegava como elemento surpresa nas defesas rivais e marcava muitos gols – foram 169 gols em 774 jogos, fruto de sua juventude, quando atuava como atacante. Tinha uma qualidade excepcional nos passes, um de seus maiores atributos. Scholes se aposentou em 2011, mas voltou atrás e jogou até 2013. Seu problema era o excesso de vontade em algumas jogadas e divididas, o que lhe rendia vários cartões. Pela seleção inglesa, disputou 66 jogos, marcou 14 gols e esteve nas Copas de 1998 e 2002.

 

Volante: Steven Gerrard

O lema “This is Anfield” que tanto amedronta os rivais antes da entrada no gramado de Anfield Road ganhou, a partir de 1998, a companhia de outro. Na verdade, de uma lenda. De um ser que vestiu o manto do Liverpool FC como parte integrante de si. E que, após utilizar pela primeira vez a braçadeira de capitão, iria levar o clube ao fim dos tempos difíceis e da escassez de títulos. Ele comandaria vitórias épicas. Ele iria impulsionar o feito mais incrível da história do futebol europeu, o Milagre de Istambul. E jogaria tanto em outra decisão que ela seria batizada com o singelo nome de The Gerrard Final, assim como outra lenda inglesa conseguiu décadas atrás – um tal de Sir Stanley Matthews. Aquele capitão era o torcedor em campo, aquele que nunca deixava o Liverpool caminhar sozinho. Com a bola nos pés, superava os adversários como um touro, em passadas largas, rápidas, imparáveis. Não fugia da briga, encarava tudo e todos. Tinha técnica, força, visão de jogo, precisão nos passes, nos chutes e o tento para gols históricos. Para ele, o futebol nunca foi só bater bola, mas sim lidar com tudo o que vem com ele.

Steven Gerrard catapultou seu nome na história como um dos mais talentosos e completos meio-campistas de todos os tempos, um dos maiores do futebol inglês (para muitos, o maior) e ícone de um Liverpool que conseguiu superar vários rivais poderosos e endinheirados na primeira década do século XXI. Com Gerrard, o time de Merseyside deixou os tempos sombrios de lado para retomar o orgulho e voltar ao pelotão de elite do futebol. Faltou um título da Premier League e alguma glória com a seleção, claro, mas isso não diminuiu o tamanho do craque em seu clube e também no esporte. Foram 114 jogos (ele é o 4º com mais partidas pela seleção na história) e 21 gols pelo English Team, o primeiro deles no histórico 5 a 1 sobre a Alemanha em Munique, em 2001. Gerrard disputou as Copas de 2006, 2010 e 2014, essas duas últimas como capitão. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Gerrard e Scholes jogaram juntos na seleção da Inglaterra por muito tempo e ganharam o direito de repetir a parceria nesta Inglaterra do Sonhos. O eterno capitão do Liverpool foi o grande campeão com quase 87% dos votos, enquanto Scholes teve 35,3%. Duncan Edwards, um cracaço e venerado como um dos mais lendários dos “Busby Babes” do Manchester United dos anos 1950, ficou com o 3º lugar ao somar 12,7% dos votos. Billy Wright, vigoroso meio-campista inglês dos anos 1950, e Nobby Stiles, o incansável “motor” da Inglaterra campeã do mundo em 1966, terminaram empatados na 4ª colocação com 6,9%. Para completar a sequência dos mais votados apareceu Bryan Robson, o “Capitão Marvel”, 10º jogador com mais jogos pelo English Team (90 partidas e 26 gols), com 6,4%.

 

Meia: Bobby Charlton

Ele teve todas as características de um jogador exuberante: velocidade, técnica apurada, inteligência fora do comum, pioneirismo tático, força nos chutes, faro de gol e espírito vencedor, além de cavalheirismo e exemplo de fair play. Mas o inglês, que ostentou durante muito tempo o recorde de gols com a camisa do English Team (49 gols em 106 jogos), foi um autêntico imortal ao driblar a morte, quando resistiu ao trágico desastre aéreo de Munique, que matou oito jogadores do Manchester United (time de Charlton) em 06 de fevereiro de 1958, além de vários outros tripulantes. O futuro astro do futebol mundial teve ferimentos graves, mas conseguiu sobreviver e continuar sua carreira mesmo com as cicatrizes físicas e, principalmente, mentais.

Emocionado, Charlton carrega a Taça Jules Rimet.

 

Para o bem do futebol, Charlton se transformou num craque fora de série e viveu seu auge nos anos 1960, quando conduziu o Manchester United a títulos inesquecíveis – como a Liga dos Campeões da UEFA de 1967-1968 – e a Inglaterra ao triunfo em sua primeira (e única) Copa do Mundo. Irresistível com a bola nos pés, símbolo de uma geração de ouro do futebol inglês e considerado por muitos como o maior jogador da história de seu país, Sir Bobby Charlton marcou época com qualidades únicas e paixão pelo esporte que ele tanto ajudou a engrandecer. Ele disputou não só a Copa de 1966, mas também as de 1958, 1962 e 1970. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Meia: David Beckham

 

É muito difícil encontrar alguém que não conheça o inglês com pinta de galã de Hollywood que se aventurou no mundo do futebol e fez fortuna muito mais por seu desempenho fora dos gramados do que dentro dele. No entanto, esse mesmo inglês conseguiu provar com títulos e lances sublimes que tinha tanta qualidade com a bola nos pés quanto diante das câmeras dos paparazzi e das agências de publicidade. David Beckham foi um dos maiores fenômenos comerciais da história do futebol e quebrou todos os recordes possíveis de vendagens, aparições na mídia e retornos financeiros aos seus clubes.

De garoto promissor das categorias de base do Manchester United a mais bem pago do mundo, Beckham conquistou torcedores por onde passou com uma habilidade incrível para bater na bola, dar passes magistrais ou cobrar faltas exuberantes. Aliás, foram de falta as maiores obras primas de Beckham, seja pelo United, seja pela seleção inglesa, pela qual é o 3º na lista dos recordistas de jogos disputados na história com 115 partidas, além de 17 gols marcados. Beckham é um dos recordistas em assistências na história da Premier League com 152 assistências em 265 jogos, acumulou 394 jogos e 85 gols pelo Manchester United e disputou as Copas de 1998, 2002 e 2006 pela Inglaterra. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Bobby Charlton somou 90,2% dos votos e carimbou sem sustos sua vaga nessa seleção, mas a disputa pela segunda vaga foi a mais acirrada de toda a enquete, pois Beckham obteve apenas quatro votos a mais do que Frank Lampard, ídolo do Chelsea dos anos 2000 e 2010, vencendo o meia dos Blues por 49,4% contra 47,1%. Quem também apareceu entre os mais votados foi Paul Gascoigne, polêmico craque inglês dos anos 1980 e 1990 e principal nome da Inglaterra na Copa do Mundo de 1990.

 

Atacante: Stanley Matthews

 

Ninguém jogou por tanto tempo e em alto nível quanto aquele inglês. Ninguém tinha fôlego para alcançá-lo em corridas. E ninguém foi capaz de ser eleito “Sir” pela Rainha Elizabeth II antes dele. Além de tudo isso, ele foi um exemplo de craque, cavalheiro, ídolo e de talento com a bola nos pés, talento este único e igualado apenas por uma pessoa, o brasileiro Mané Garrincha. Sir Stanley Matthews, mítico ponta-direita inglês, foi um marco na história do futebol mundial e um dos mais incríveis jogadores de todos os tempos. Atleta desde sempre e futebolista dos 14 aos 50 anos (!), Matthews deixa no chinelo jogadores como Dino Zoff, Nilton Santos e Roger Milla, sempre citados como os mais longevos da história. O primeiro Sir do futebol mundial construiu uma carreira sólida graças a treinos, dieta balanceada, isenção de vícios e paixão pelo futebol. Seus dribles desconcertantes o transformaram em o “Mago do Drible”, apelido ganho pelos ingleses que tanto o idolatraram.

Stanley Matthews (à esq.), na The Matthews Final.

 

No adeus, Matthews foi carregado por “apenas” Yashin (à esq.) e Puskás (à dir.).

 

Anos depois, o Brasil brindou o planeta com outro craque tão talentoso quanto Matthews (Garrincha), mas os torcedores da terra da Rainha juram que Matthews foi muito melhor. O craque venceu o Ballon d’Or em 1956, foi carregado por Lev Yashin e Ferenc Puskás em sua partida de despedida dos gramados e ganhou até estátua. Foram 54 jogos e 11 gols pela seleção inglesa e idolatria plena no Stoke City e Blackpool, os únicos clubes que tiveram o privilégio de contar com o mago em sua carreira de 36 anos (!). Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Atacante: Gary Lineker

Imagine jogar por mais de uma década profissionalmente e não levar nenhum cartão amarelo ou vermelho. Imagine também ter um talento fora de série, marcar gols em profusão, esbanjar técnica em diversos campos do planeta, marcar 10 gols em duas Copas do Mundo e mesmo assim jamais vencer os títulos que merecia ou que sonhava. Pois é. Isso tudo aconteceu com Gary Lineker, um dos maiores atacantes da história do futebol inglês e mundial e um dos principais protagonistas de tempos complicados para a Seleção Inglesa no cenário internacional. Discreto, sereno e praticante do jogo limpo, Lineker era o oposto da maioria de seus concorrentes e se destacava pelos gols decisivos, pelas arrancadas fulminantes, pelo instinto predatório dentro da área, pela ótima média de gols, pelo posicionamento impecável e por um característico e virtuoso domínio de bola. Ídolo do Leicester City e do Tottenham, o inglês foi artilheiro da famosa “Copa de Maradona”, a de 1986, e é o 3º maior artilheiro do English Team com 48 gols em 80 jogos. Lineker disputou também a Copa do Mundo de 1990 e anotou 329 gols em 647 jogos na carreira. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Lineker foi o grande campeão entre os atacantes com 58% dos votos, seguido de Matthews, com 44,8%. A terceira posição ficou com Alan Shearer (36,8%), uma lenda do Newcastle e que brilhou nos anos 1990 em todo o futebol europeu com grandes médias de gols. Depois dele apareceu Wayne Rooney (29,3%), o maior artilheiro da história do English Team com 53 gols em 120 jogos, ídolo do Manchester United e figurinha carimbada nas várias convocações da Inglaterra nos anos 2000 e 2010. Quem também apareceu entre os mais votados foi Michael Owen (23,6%), xodó da torcida inglesa no final dos anos 1990 e responsável por partidas históricas da seleção, entre elas a goleada de 5 a 1 sobre a Alemanha em Munique já contada aqui no Imortais.

 

Técnico: Sir Alf Ramsey

Um dos grandes técnicos do futebol inglês, Ramsey conseguiu a proeza de conquistar de maneira consecutiva os títulos nacionais da terceira, segunda e primeira divisão com o Ipswich Town no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, feito que o credenciou ao cargo de técnico da Inglaterra em 1963. Mal sabia ele que seria o primeiro e único treinador campeão mundial com a seleção inglesa. Suas táticas – ele criou o tão famoso esquema 4-4-2 – e ótimas lições de motivação foram essenciais para a histórica conquista dos Three Lions. Ramsey seguiu no comando da seleção na Copa de 1970, mas não conseguiu superar a Alemanha na fase eliminatória. O treinador dirigiu a Inglaterra entre 1963 e 1974 e acumulou 69 vitórias, 27 empates e 17 derrotas em 113 jogos, aproveitamento de 61,1%.

Com mais de 50% dos votos, Alf Ramsey prevaleceu sobre seus concorrentes não só pelo conhecimento tático que tinha, mas, claro, pelo título mundial de 1966. Quem mais se aproximou dele foi Bobby Robson, comandante da Inglaterra nas Copas de 1986 e 1990, com 18,3%. O sueco Sven-Göran Eriksson, treinador da grande geração inglesa nas Copas de 2002 e 2006, ficou na terceira posição com 14,2%.

 

Reservas Imediatos

 

Goleiro: David Seaman

Lateral-Direito: Trent Alexander-Arnold

Lateral-Esquerdo: Ray Wilson

Zagueiros: John Terry e Jack Charlton

Volantes: Duncan Edwards, Billy Wright e Nobby Stiles

Meias: Frank Lampard e Paul Gascoigne

Atacantes: Alan Shearer e Wayne Rooney

Auxiliar Técnico: Bobby Robson

 

O Imortais também escalou a sua seleção! Veja abaixo:

 

Inglaterra dos Sonhos – Escolha do Imortais

Esquema Tático: 4-4-2

O time: Gordon Banks; Phil Neal, Bobby Moore, Rio Ferdinand e Ashley Cole; Steven Gerrard, Duncan Edwards, Paul Gascoigne e Bobby Charlton; Stanley Matthews e Gary Lineker. Técnico: Sir Alf Ramsey.

 

Na Inglaterra dos Sonhos do Imortais, o sistema defensivo teria Phil Neal na lateral-direita e os mesmos craques da seleção montada por vocês: Moore, Ferdinand e Cole. No meio, o polivalente Duncan Edwards teria funções tanto de marcação quanto de criação, unindo-se a Gerrard, Bobby Charlton e Gascoigne no apoio ao ataque, este formado por Matthews e Lineker. Os reservas imediatos seriam: Peter Shilton para o gol, Ray Wilson para a lateral-esquerda, Viv Anderson para a lateral-direita, Sol Campbell e Emlyn Hughes como opções para a zaga, Billy Wright e Bryan Robson como volantes, David Beckham e Alan Ball como meias e Jimmy Greaves, Kevin Keegan, Alan Shearer e Michael Owen como atacantes.

 

Os escolhidos pelo Imortais ausentes na seleção dos leitores (as):

 

Lateral-Direito: Phil Neal

Um ícone na defesa do Liverpool e um dos maiores símbolos do clube, Neal atuou em mais de 600 jogos pelo clube inglês, de 1974 até 1985. Jogou cinco finais de Liga dos Campeões da UEFA e venceu 4 delas (1976-1977, 1977-1978, 1980-1981 e 1983-1984). Jogou a Copa do Mundo de 1982 pela seleção inglesa e ainda marcou diversos gols importantes – foram 59 gols pelo Liverpool, além de 50 jogos e cinco gols pela seleção inglesa. Phil Neal é um dos maiores vencedores de títulos da história do futebol inglês com 23 conquistas.

 

Volante: Duncan Edwards

Forte, vigoroso, inteligentíssimo, polivalente e um dos mais brilhantes jogadores da história do futebol inglês e do Manchester United, Duncan Edwards teve uma carreira curta (de 1953 até 1958) por conta do trágico acidente aéreo de Munique ocorrido em fevereiro de 1958, mas sua trajetória foi simplesmente inquestionável. Edwards podia atuar como meio-campista defensivo e também mais à frente, criando jogadas de ataque. Stanley Matthews certa vez disse que Edwards era “uma rocha em um mar revolto”, tamanho seu vigor e sua força para romper defesas ou interceptar atacantes com seus desarmes precisos. Além disso, ele chutava forte com as duas pernas, dava passes primorosos e tinha uma visão de jogo estupenda. Foram 18 jogos e cinco gols pela seleção inglesa na carreira.

 

Meia: Paul Gascoigne

O popular “Gazza” foi um dos maiores jogadores do futebol mundial em todos os tempos, estrela da seleção inglesa no começo dos anos 1990 e um ícone do esporte e dos tabloides naqueles anos. Energético, carismático, fanfarrão e, lá no fundo, sensível, Gazza fez história por aliar um talento magnífico com a bola nos pés e uma personalidade autodestrutiva ao mesmo tempo, conjunto que lhe custou uma carreira apenas breve no futebol. Em seus poucos anos em campo, Gazza marcou gols históricos, fez jogadas de gênio e provou ser um dos maiores mestres em driblar os adversários em velocidade, sempre com cortes curtos e precisos, em direção ao gol.

Gascoigne tinha um espírito vencedor único, se doava em campo como nenhum outro e vestia a camisa de seu clube ou de sua pátria para a vitória e nada menos que isso. Foi esse espírito que explicou sua reação ao levar o cartão amarelo mais famoso da história das Copas, em 1990, que o tiraria de uma possível final. Gazza não partiu pra cima do árbitro, não brigou com o adversário muito menos quis chamar a polícia. Ele chorou. Chorou muito. Copiosamente. E, naquele instante de mais pura dor e incapacidade em poder defender seu país em uma hipotética decisão de Copa do Mundo (o que não aconteceu, pois a Inglaterra perdeu para a Alemanha), Gascoigne entrava para sempre no coração dos torcedores ingleses. Uma pena que aquele bonachão tenha se metido em tanta encrenca… Foram 57 jogos e 10 gols pelo English Team. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Leia mais sobre a Inglaterra clicando aqui!

 

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Comentários encerrados

11 Comentários

  1. $-3-3

    Go- Gordon Banks (reflexos impecáveis)
    Za- Bobby Moore (Assisti a final de 66 na íntegra, foi o melhor desempenho de um jogador numa final de copa que eu já vi)
    Za- Billy Wright
    Ld- Jimmy Armfield (era para ser o lateral de 66, por lesão não jogou)
    Le- Hapgood (apoiava pouco, segundo consta ótimo defensor)
    Vo- Duncan Edwards (me baseei no depoimento de jogadores como Bobby Charlton, forte, veloz, marcador e boa saída, talvez um tipo de jogador intermediário entre Rijkaard e Gullit)
    Vo- Bryan Robson
    Ma- Bobby Charlton (soberbo meia, fez o Beckenbauer de gato e sapato na final de 66)
    Pd- Stanley Matthews (o Garrincha deles)
    Pe- Tom Finney
    At- Jimmy Greaves (também não se recuperou a tempo, em 66)

    Reservas:
    Go- Peter Shilton, Frank Swift;
    De- Neil Franklin, Phil Neal, Ray Wilson;
    Mc- Gerrard, Glenn Hoddle, Johnny Haynes, Gascoigne;
    At- Keegan, Lineker e Dixie Dean.

    Obs.: Se tivesse que adicionar um zagueiro ficaria em dúvida, pois, para mim Ferdinand, Terry e Tony Adams são do mesmo nível.

  2. Eu gostei bastante, meus onze ideais seriam: Banks no gol, Neal na lateral direita (acredito muito que daqui a uns anos vai ser o Arnold), Cole na esquerda, zaga de Moore e Ferdinand, dupla de volantes de Gerrard e Bryan Robson, meias Charlton e Gascoigne (até acho que há jogadores melhores, mas ele entra pela copa de 90) e a dupla de ataque com o Lineker e o Matthews. Quase igual a de vocês, tirando pelo Robson. Vocês planejam depois de cobrir as grandes seleções fazer os onze ideais de clubes?

  3. Faltou um maior destaque para o Michael Owen, Owen-The Golden Boy. O que o Owen jogou entre 1998-2002 foi um absurdo, é tão raro a gente ver um jogador inglês de tao puro talento e o Owen não era apenas talento, era técnica, habilidade, velocidade, drible, e faro de gol. Um dos gols mais bonito da última grande Copa, a Copa do Mundo de 1998 da França, tem a assinatura do Golden Boy inglês, onde o Owen com cara de menino parte numa arrancada fulminante e como se fosse uma McLaren de Senna, num só dibre de corpo deixa a defesa hermana sem reação e logo após fuzila o goeirao Roa da Argentina colocando a pelota no ângulo ( Golaço!!!) E uma das maiores duplas da história do futebol inglês foi Owen- Gerrard, no Liverpool juntos os marcaram época com destaque para os título da Copa e Supercopa da UEFA 2001, pena que o auge da lenda Gerrard pelo English Team foi de 2001-2014, e nesse período de 2002 adiante é a época que o imparável Owen praticamente vai se retirando da seleção inglesa devido às graves lesões que lamentavelmente encurtaram a carreira do craque e grande revelação do futebol inglês nos últimos 25 anos.

  4. Como já foi dito, o grande motivo da seleção inglesa não ter ganho mais Copas foi a soberba, já que eles se achavam os melhores por serem “os inventores” desse esporte. Independente de tudo, foi na Inglaterra onde surgiu o futebol moderno e eles mereciam estar entre os campeões da Copa do Mundo e também ganhar uma seleção dos sonhos desse site! Congratulations, Imortais! Wonderful!

    Por favor, Imortais, antes de começar com os times dos sonhos dos clubes, quero que faça de Portugal! Uma seleção dos sonhos portuguesa, com certeza!

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