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Por Guilherme Diniz
Barcelona e Internazionale já realizaram grandes jogos ao longo da história da UEFA Champions League. Bem antes, a dupla também se enfrentou na antiga Copa das Cidades com Feiras, precursora da Copa da UEFA (atual Liga Europa), com vitórias do Barcelona nas quartas de final de 1959-1960 e classificação da Inter nas oitavas de final da época 1969-1970. Quando o assunto é UCL, espanhóis e italianos já se enfrentaram 14 vezes, com seis vitórias do Barça, três da Inter e cinco empates, a maioria em fases de grupos. Em fases eliminatórias, a dupla se encontrou duas vezes, ambas em semifinais: a primeira em 2009-2010, quando a Inter de Mourinho superou o Barça de Guardiola em dois jogos lendários. Depois, em 2024-2025, quando os italianos voltaram a despachar o Barça em mais dois jogaços. Confira a seguir como foram os duelos entre blaugranas e nerazzurris na maior competição de clubes da Europa.
Sumário
2002-2003 – Fase de Grupos
Turno: Barcelona 3×0 Inter
Returno: Inter 0x0 Barcelona
O primeiro encontro entre Barça e Inter na UCL aconteceu na temporada 2002-2003, quando a competição ainda tinha duas fases de grupos antes da etapa eliminatória. Após superarem a primeira fase, espanhóis e italianos avançaram para o Grupo A da segunda fase, ao lado de Newcastle United-ING e Bayer Leverkusen-ALE. No primeiro jogo, em Barcelona, o time da casa venceu a Inter por 3 a 0, em gols de Saviola, Cocu e Kluivert. Foi uma partida bem convicente do time da casa, que contava ainda com Puyol e Frank de Boer na zaga, Reiziger na lateral-direita, Xavi no meio e Overmars na ponta-direita. A Inter tinha o goleiro Toldo, o lateral-direito Zanetti, uma dupla de zaga de respeito formada por Fabio Cannavaro e Gamarra, e um ataque com Vieri e Recoba, este expulso no segundo tempo.
No returno, a Inter empatou sem gols com o Barça no Giuseppe Meazza e avançou em segundo lugar na chave com 11 pontos, atrás do próprio Barça, com 16. Ambos avançaram para as quartas de final e a Inter despachou o Valencia, enquanto o Barça acabou eliminado diante da Juventus. A nerazzurri parou na semifinal, em duelos quentes contra o rival Milan, que acabou campeão.
2009-2010 – Fase de Grupos
Turno: Inter 0x0 Barcelona
Returno: Barcelona 2×0 Inter
Campeão de um impressionante Sêxtuplo em 2009, o Barça era o maior esquadrão do planeta naquela época e imenso favorito a levantar o título mais uma vez. E tudo levava a crer que o timaço de Guardiola seria mesmo o campeão. Na fase de grupos, a equipe superou os rivais e terminou na primeira colocação com 11 pontos, após três vitórias, dois empates e uma derrota. Nos duelos contra a Inter, os blaugranas empataram sem gols no Giuseppe Meazza, no turno, e venceram a volta por 2 a 0 no Camp Nou, com gols de Piqué e Pedro. Mas, tempo depois, haveria o troco nerazzurri…
2009-2010 – Semifinal
Jogo de ida: Inter 3×1 Barcelona
Jogo de volta: Barcelona 1×0 Inter – Inter classificada com o placar agregado de 3 a 2
Praticamente ninguém apostava num tropeço do Barcelona no primeiro jogo das semifinais da Liga dos Campeões da UEFA de 2009-2010, mesmo este jogo sendo no abarrotado Giuseppe Meazza, em Milão, com mais de 79 mil torcedores. Mas os secadores dos nerazzurri tiveram uma grande surpresa naquele dia 20 de abril de 2010. Mourinho armou um time pronto e impecável para derrotar o maior esquadrão do mundo naquela noite. Com duas linhas de quatro e apenas Milito como centroavante de ofício, o técnico português fez a armadilha perfeita para Guardiola, treinador do Barça. Mourinho, que começou sua carreira de técnico exatamente no clube catalão, como aprendiz de Louis van Gaal, sabia o modo de jogo do time e a dificuldade para os espanhóis quando enfrentavam uma equipe com duas linhas de quatro.
O técnico português se baseou principalmente nos jogos do Barça na Liga de 2008-2009, contra o Chelsea, quando o clube só avançou graças ao critério dos gols marcados fora de casa, além dos jogos disputados contra os catalães na primeira fase. Com o jogo rolando, a Inter tinha pouca posse de bola, mas era extremamente perigosa quando atacava. Porém, quem abriu o placar foi o Barcelona, aos 19´, com Pedro. Onze minutos depois, Sneijder empatou. No segundo tempo, com apenas três minutos, Maicon virou. Aos 61´, Milito deixou sua marca e decretou a vitória maiúscula da Internazionale: 3 a 1, com atuação magistral do meio de campo composto por Thiago Motta, Cambiasso e Sneijder, que anularam as ações de Iniesta, Xavi, Pedro e Daniel Alves, principalmente pelo lado direito, impossibilitando o time catalão de armar suas jogadas por esse lado e de ficar trocando passes no campo de ataque.
No gol, Julio César foi mais uma vez impecável, confirmando a fase esplendorosa que viva em Milão, como numa defesa sensacional após cabeçada de Sergio Busquets. A Inter esteve, depois do terceiro gol, mais próxima de aplicar uma goleada no Barça do que o time catalão diminuir o placar. Com o término do jogo, muita festa em Milão e a esperança de uma final depois de 38 anos (a última havia sido contra o Ajax de Cruyff, em 1972, que venceu por 2 a 0).
No dia 28 de abril de 2010, o Camp Nou estava lotado, maravilhoso e pintado de azul e grená para uma partida decisiva. Mais de 96 mil pessoas esperavam ver o Barça reverter a vantagem da Inter, conseguir chegar a mais uma final de Liga dos Campeões e repetir o feito do Milan de van Basten, o último a vencer duas taças seguidas em 1989 e 1990. Pep Guardiola foi para o tudo ou nada contra uma Inter que jogava para chegar a uma improvável e surpreendente final. O jogo foi uma luta entre ataque e defesa, com a Inter totalmente recuada e apostando apenas nos contra-ataques e erros do adversário. Mas as poucas investidas da equipe italiana viraram praticamente nulas logo aos 28´do primeiro tempo, quando Thiago Motta, tão preciso no primeiro jogo, foi expulso.
Com 10 homens, não restava outra opção a Mourinho: voltar ao passado glorioso da Inter e aplicar um verdadeiro Catenaccio com a equipe toda recuada. A Inter deu apenas um chute a gol contra oito do Barcelona, que teve nove escanteios a seu favor. O jogo começou a ficar nervoso e violento, com 35 faltas no total, uma enormidade se tratando de futebol europeu. O tempo passava e a Inter ficava mais perto da final, até que Piqué, aos 84´, marcou, enfim, o primeiro gol do jogo.
Com 1 a 0 no placar, o Barcelona precisava de mais um golzinho para avançar para a final. Mas a Inter não deixou o time catalão chegar ao seu gol novamente e conseguiu a vaga na sonhada decisão. Ao apito do árbitro, Mourinho protagonizou uma das cenas mais emblemáticas da história do futebol europeu ao correr loucamente pelo gramado do Camp Nou e provocando a torcida catalã, despertando o ódio que até hoje perdura por lá. Jogadores do Barça tentavam conter a euforia do treinador, em vão. Até mesmo o sistema de irrigação do gramado foi ligado para esfriar a comemoração dos italianos e de Mourinho. Na final, a Inter bateu o Bayern e foi campeã. Relembre clicando aqui!
2018-2019 – Fase de Grupos
Turno: Barcelona 2×0 Inter
Returno: Inter 1×1 Barcelona
Quase uma década depois, a dupla se reencontrou na UCL, de novo em uma fase de grupos. Os tempos não eram dos melhores nem para blaugranas nem para nerazzurris, afinal, os titãs daquela época eram Real Madrid, Liverpool e Bayern. No turno, o Barça venceu os italianos por 2 a 0, gols de Rafinha e Jordi Alba. No returno, Malcom abriu o placar para os espanhóis em Milão no final do segundo tempo, mas Icardi empatou. O resultado deixou o Barça mais perto da vaga para a fase final, consumada após 14 pontos em seis jogos. Já a Inter terminou apenas na terceira colocação e teve que se contentar com uma vaga nada Liga Europa – onde caiu diante do Eintracht Frankfurt-ALE. Os blaugranas avançaram até as semifinais, quando enfrentaram o Liverpool e venceram por 3 a 0 o duelo da ida, no Camp Nou, mas tomaram 4 a 0 em Anfield e foram eliminados de maneira impressionante. Leia mais clicando aqui!
2019-2020 – Fase de Grupos
Turno: Barcelona 2×1 Inter
Returno: Inter 1×2 Barcelona
Em um repeteco da temporada anterior, o Barça voltou a encarar a Inter na fase de grupos e se deu bem. Na ida, em casa, os espanhóis venceram de virada por 2 a 1, com dois gols de Luis Suárez após o tento inicial de Lautaro Martínez. Na volta, mesmo com um time absolutamente reserva, o Barça superou a Inter – que tinha na época nomes como Handanovic, Godín, De Vrij, D’Ambrosio, Brozovic, Biraghi, Lukaku e Lautaro (!) – e venceu por 2 a 1, gols de Carles Pérez e Ansu Fati, com Lukaku descontando para os italianos. O Barça avançou novamente em primeiro lugar, enquanto a Inter ficou em terceiro e se classificou para a Liga Europa.
Os espanhóis chegaram até as quartas de final, mas certamente teriam preferido nem chegar, pois sofreram o histórico 8 a 2 do Bayern München, campeão invicto e com 100% de aproveitamento daquela temporada. Já a Inter foi para a final da Liga Europa com grande campanha, mas acabou derrotada pelo titã do torneio, o Sevilla, que levou mais uma taça para casa.
2022-2023 – Fase de Grupos
Turno: Inter 1×0 Barcelona
Returno: Barcelona 3×3 Inter
Na temporada em que venceu o título de La Liga, o Barça caiu precocemente na UCL e foi eliminado ainda na fase de grupos, enquanto a Inter conseguiu a vaga com o segundo lugar. No duelo entre a dupla no turno, em Milão, a nerazzurri venceu por 1 a 0, em gol de Çalhanoglu nos acréscimos do primeiro tempo. No returno, o Camp Nou viu um jogaço: Dembélé abriu o placar para o Barça, aos 40’, e Barella empatou, aos 50’. Lautaro virou o jogo, aos 63’, e Lewandowski empatou, aos 82’. Gosens deixou a Inter na frente, aos 89’, mas Lewa marcou mais um nos acréscimos e fechou o placar em 3 a 3.
A Inter seguiu até a final, onde encarou o Manchester City de Guardiola e perdeu por 1 a 0, dando adeus ao sonho do tetracampeonato. Já o Barça avançou à Liga Europa e caiu diante do Manchester United nos playoffs após empate em casa (2 a 2) e derrota no Old Trafford (2 a 1).
2024-2025 – Semifinal
Jogo de Ida: Barcelona 3×3 Inter
Jogo de volta: Inter 4×3 Barcelona – Inter classificada com o placar agregado de 7 a 6
Exatos 15 anos depois dos jogos de 2010, Barça e Inter duelaram novamente por uma vaga na decisão da Liga dos Campeões de 2024-2025. Foi o duelo entre o melhor ataque do torneio (Barcelona, com 37 gols) contra a forte defesa da Inter, melhor defesa dessa UCL com apenas cinco gols sofridos em 12 jogos e equipe que mais jogos ficou sem sofrer gols – 8 partidas. A certeza era uma só: dois jogos imperdíveis e que certamente entrariam para a história da competição! E, de fato, foram.
Jogando em casa na primeira partida, o Barcelona levou um susto daqueles quando, aos 30 segundos, Thuram recebeu dentro da área e tocou de letra para fazer um golaço e abrir o placar para os italianos. Tempo depois, em outra bola na área blaugrana, Dumfries aumentou a vantagem nerazzurri e deixou a torcida catalã temerosa. Mas o Barça tinha o melhor ataque da UCL e provou isso ainda no primeiro tempo: Lamine Yamal, em um golaço aos 24’, e Ferrán, aos 38’, empataram o jogo e colocaram os blaugranas de novo na partida. No segundo tempo, a Inter voltou a ficar em vantagem com Dumfries, aos 63’, mas, em jogada ensaiada dois minutos depois, Raphinha recebeu de fora da área e mandou um petardo de primeira que bateu na trave, no goleiro, e entrou: outro golaço! O empate em 3 a 3 seguiu e foi justo pela partidaça das duas equipes.
Na volta, em Milão, os rivais fizeram outro jogo monumental, daqueles para se recordar por muito tempo e que honrou duas das maiores camisas da Europa. A Inter se impôs no primeiro tempo e, aproveitando os contra-ataques, abriu o placar com Lautaro Martínez, aos 21’. O Barça não conseguia uma brecha na zaga interista e a dona da casa levava perigo em suas investidas e com a zaga catalã jogando muito adiantada, um risco tremendo diante de um time muito forte nos contra-golpes. E, aos 44’, só com uma falta a zaga catalã impediu Lautaro de fazer o segundo, só que foi dentro da área e o árbitro marcou pênalti. Na cobrança, Çalhanoglu fez 2 a 0 e parecia que a vaga dos italianos na final estava garantida.
Maaas (é, sempre tem ele) o Barça ressurgiu e foi atrás da remontada. Logo aos 54’, Eric García aproveitou cruzamento de Gerard Martín e descontou. Apenas seis minutos depois, outra bola na área de Martín e Dani Olmo, de cabeça, empatou. O jogo ficou frenético, Lamine Yamal seguiu enervando a zaga italiana, mas o gol teimava em não sair. Isso até Raphinha, aos 87’, invadir a área, chutar, Sommer defender e, no rebote, marcar a virada blaugrana: 3 a 2. A final estava perto! E gol histórico do brasileiro, que igualou Cristiano Ronaldo (Real Madrid, em 2013-2014, 17 gols em 4 assistências) ao participar de 21 gols em uma só edição de UCL (13 gols e 8 assistências).
O gol foi um golpe duro à Inter, mas o time de Milão era valente. Aos 90’+3’, Dumfries cruzou rasteiro e Acerbi, completamente fora de posição, se antecipou na primeira trave e mandou para o gol de primeira. Novo empate em 3 a 3! Teríamos prorrogação! Embalada, a Inter chegou à virada logo aos 8’ do primeiro tempo extra, com Frattesi, aproveitando outra lacuna da (super) frágil zaga barcelonista e chutando de dentro da área, sem chances para o goleiro Szczesny. O relógio começou a correr e a chuva a temperar o gramado do Giuseppe Meazza.
No segundo tempo, o Barça mexeu e foi com tudo para o ataque, sempre pela direita, com Lamine Yamal imparável, mas ainda sem marcar naquela noite. Em uma nova chance, aos 9’, o craque chutou cruzado e Sommer fez uma defesa com a ponta dos dedos espetacular. Yamal tentou de novo dois minutos depois e, de novo, Sommer espalmou. Era ataque contra defesa. E a defesa (que também ataca!) venceu. A Inter se segurou e o placar de 4 a 3 colocou a nerazzurri na decisão europeia, como em 2010. Relembre esse jogo eterno clicando aqui!
Retrospecto Geral nos duelos Barça x Inter na UEFA Champions League
14 jogos
6 vitórias do Barcelona
3 vitórias da Inter
5 empates
23 gols do Barça
17 gols da Inter
2 duelos eliminatórios entre os dois, com classificação da Inter para as finais de 2009-2010 e de 2024-2025
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