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Esquadrão Imortal – Corinthians 1990

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Em pé: Giba, Jacenir, Marcelo Djian, Guinei, Márcio e Ronaldo. Agachados: Fabinho, Wilson Mano, Tupãzinho, Neto e Mauro.

 

Grande feito: Campeão Brasileiro em 1990 e Campeão da Supercopa do Brasil de 1991. Conquistou o primeiro título nacional da história do Corinthians.

Time base: Ronaldo; Giba, Marcelo Djian, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano, Neto (Ezequiel) e Tupãzinho; Fabinho e Mauro (Paulo Sérgio). Técnico: Nelsinho Baptista.

“O mais corintiano dos títulos”

Por Guilherme Diniz

O torcedor corintiano tinha pouquíssimas boas lembranças do Campeonato Brasileiro até 1990. Houve momentos marcantes, claro, como a invasão ao Maracanã em 1976 e a vitória nos pênaltis sobre a Máquina Tricolor do Fluminense na semifinal, mas aí vinha a lembrança da derrota na decisão para o Internacional de Falcão. Nos anos 80, veio a Democracia Corintiana e grandes exibições de Sócrates e companhia, mas também novas derrotas em momentos decisivos e nada de títulos. Multicampeão em São Paulo, o Corinthians não tinha um só título de âmbito nacional. Isso doía demais no coração do torcedor, ainda mais pelo fato de os rivais já terem não só uma, mas várias taças nacionais. No entanto, naquele ano de 1990, o sofrimento acabou. E de maneira inesquecível.

Com uma equipe aguerrida, raçuda, vibrante e com a cara, aura e identidade típicas da história do clube, o Corinthians faturou seu primeiro título brasileiro em cima do favorito São Paulo de Telê Santana em dois jogos marcantes e que até hoje vivem na memória da Fiel. Olhando os jogadores, um a um, não era possível identificar uma equipe técnica e plástica como outros times que o Corinthians teve ou que teria nos anos posteriores. Mas aquele esquadrão de Ronaldo, Marcelo Djian, Márcio, Wilson Mano, Neto e Tupãzinho tinha o mais puro coração alvinegro no bico da chuteira, amor pela vitória e a ânsia em acabar com aquele jejum agonizante. O Corinthians conquistou uma enxurrada de títulos depois de 1990, mas nenhum time foi como aquele. É hora de relembrar.

 

Terrão de futuro

Alguns dos jovens do terrão: Ailton, Márcio, Ronaldo, Edmundo, Marcelo e Marcos Roberto.
Alguns dos jovens do terrão: Aílton, Márcio, Ronaldo, Edmundo, Marcelo e Marcos Roberto.

 

Depois de anos marcantes com a equipe liderada por Sócrates que ficou conhecida como a Democracia Corintiana, o Corinthians se enfraqueceu depois de 1985 e começou a investir nas categorias de base para tentar frear o sucesso do rival São Paulo, que conquistaria em 1986 o título do Campeonato Brasileiro. Em 1988, o clube conseguiu montar um time de jovens promissores que ajudaram o Corinthians a conquistar o campeonato paulista daquele ano. O goleiro Ronaldo e o zagueiro Marcelo Djian eram alguns dos garotos que começavam a demonstrar muita personalidade e segurança com a camisa alvinegra, além dos meio-campistas Wilson Mano e Márcio e o atacante Viola.

Naquela decisão estadual, o Corinthians quase perdeu o caneco por culpa de um jogador que não tinha pinta nenhuma de atleta, mas que decidia jogos com muito talento e capacidade exuberante de marcar golaços em cobranças de falta e de bicicleta: Neto, autor do gol do Guarani no empate em 1 a 1 na primeira partida da final (de bicicleta…). Na volta, Viola fez o dele e deu a taça para o Timão.

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Em 1989, o Corinthians decidiu buscar no rival Palmeiras aquele mesmo Neto que brilhara em 1988 com a camisa do Guarani e contratou o meia, que seria um divisor de águas no Parque São Jorge. Já sem Viola (emprestado ao pequeno São José-SP e depois ao Olímpia-SP), o time conseguiu repor a peça de ataque com a chegada de Tupãzinho e trouxe do Novorizontino (vice-campeão paulista de 1990) o técnico Nelsinho Baptista, que teria como desafio dar à equipe um padrão de jogo consistente e que pudesse ter sucesso no Brasileirão que estava para começar.

 

Mais Corinthians impossível

O goleiro Ronaldo: segurança, identidade e personalidade.
O goleiro Ronaldo: segurança, identidade e personalidade.

 

Nelsinho Baptista formou uma equipe de jogadores aguerridos e que tinha na força de vontade e na raça os pontos fortes para encarar qualquer adversário. No sistema defensivo, Ronaldo garantia a segurança no gol com muita elasticidade, defesas maravilhosas e muita personalidade, gritando, cobrando e posicionando seus zagueiros, o eficiente Marcelo Djian e o esforçado Guinei. Nas laterais, Giba e Jacenir sabiam apoiar o ataque, mas tinham na marcação seus pontos fortes.

Do meio para frente, Márcio e Wilson Mano eram carrapatos que tocavam bem e davam a proteção para o craque do time, Neto, resolver a parada do jeito que fosse: de falta, de longe, de bicicleta, com dribles e até de cabeça. Quando ele não resolvia, o pequenino Tupãzinho aparecia para guardar, além dos pontas Fabinho e Mauro. O atacante Paulo Sérgio era outro que podia agregar ao ataque presença de área e grande visão de jogo. Pronto. Com o time formado, era hora de tentar um bom papel no Campeonato Brasileiro, que tinha o São Paulo de Telê e Raí como franco favorito.

 

O básico para o mata-mata

O volante corintiano Márcio disputa a bola entre os santistas Axel e Sérgio Manoel.
O volante corintiano Márcio disputa a bola entre os santistas Axel e Sérgio Manoel.

 

No Brasileiro de 1990, 20 clubes disputariam o título em um formato de disputa até que mais simples pelos “padrões” da época: turno único e um mata-mata com jogos de ida e volta na fase decisiva. O Corinthians não era nem de longe favorito. Equipes como São Paulo, Grêmio, Bahia e Atlético-MG eram muito mais cotadas que os alvinegros. A condição de figurante foi ainda mais rechaçada no começo do torneio, quando o Corinthians perdeu para Grêmio (3 a 0, fora), Cruzeiro (1 a 0, em casa) e empatou sem gols com o Vitória (fora) nas três primeiras partidas. A equipe só se reencontrou no clássico contra o Palmeiras, quando Neto e Wilson Mano marcaram os gols da vitória por 2 a 1.

Na quinta rodada, vitórias por 2 a 1 sobre o São José fora de casa (gols de Neto e Tupãzinho) e 1 a 0 sobre o Fluminense, empate em 1 a 1 contra o São Paulo (gol de Neto) e vitórias sobre a Inter de Limeira (1 a 0, gol de Paulo Sérgio), Flamengo (2 a 1, gols de Paulo Sérgio e Tupãzinho) e Náutico (1 a 0, gol de Neto). Ao término do primeiro turno, o Timão conseguiu ficar na segunda colocação do grupo A, atrás apenas do Atlético.

O capitão Neto: camisa 10 foi o grande (e único) craque do time.
O capitão Neto: camisa 10 foi o grande (e único) craque do time.

 

No segundo turno, a equipe começou mal ao empatar três jogos seguidos contra Bragantino (2 a 2), Bahia (0 a 0) e Portuguesa (0 a 0), além de perder para o Botafogo (1 a 0) e empatar novamente contra o Vasco (0 a 0). Só na sexta rodada o time reencontrou o caminho das vitórias em outro clássico, contra o Santos, quando Dinei fez o gol da vitória por 1 a 0. Na rodada seguinte, derrota para o Goiás por 3 a 1, vitória maiúscula sobre o Atlético em Minas por 3 a 1 (gols de Mauro, Neto e Giba) e derrota para o Internacional por 3 a 0. Com oito vitórias, seis empates e cinco derrotas em 19 jogos, a equipe conseguiu a classificação para as quartas de final graças ao desempenho no primeiro turno. O time alvinegro ficou na quarta posição geral, atrás apenas de Grêmio, Atlético e São Paulo. A equipe de Nelsinho Baptista era duramente criticada por não jogar bonito nem ter o futebol vistoso dos rivais, o que deixava os jogadores irritados e loucos para provar o quanto os críticos estavam errados. E nada melhor que um bom desempenho na reta final para enterrar de vez os bajuladores.

 

Neto resolve!

Bola parada e Neto: pura simbiose.
Bola parada e Neto: pura simbiose.

 

Nas quartas de final, o Corinthians teve pela frente o Atlético-MG dos já veteranos Carlos e Éder. No primeiro jogo, o Pacaembu estava lotado para empurrar o Timão em busca de uma vitória para dar mais tranquilidade para a volta, em Minas. O Galo começou melhor e aproveitou uma bobeada da zaga para abrir o placar com Gérson, de cabeça, aos 15´. O gol não desanimou o Corinthians, que teve em Neto a estrela para a virada. O camisa 10 comandou as ações de ataque, driblou, chutou de tudo quanto era jeito e chamou a responsabilidade num jogo tão importante. Depois de tanto arriscar, eis que Neto empatou o jogo de um jeito pouco comum: de cabeça, após um cruzamento preciso de Paulo Sérgio: 1 a 1. Foi o bastante para a Fiel se encher de alegria e dar ainda mais combustível para o time ir pra cima.

Apenas dez minutos depois, Paulo Sérgio fez outra boa jogada, dessa vez pelo lado esquerdo, e cruzou para Tupãzinho. O atacante não conseguiu dominar, mas a bola sobrou para Neto encher o pé e virar: 2 a 1. Festa no Pacaembu! A vitória por 2 a 1 dava ao Timão a vantagem do empate para seguir rumo às semifinais. E foi isso que aconteceu. Em BH, Nelsinho Baptista armou um time ultradefensivo e manteve o 0 a 0, placar que colocou o alvinegro entre os quatro melhores do torneio.

O corintiano Tupãzinho na partida contra o Bahia.
O corintiano Tupãzinho na partida contra o Bahia.

 

Na semifinal, o Corinthians encarou o Bahia de Charles e Gil Sergipano. Os tricolores não tinham mais a força de 1988, quando faturaram o Brasileiro, mas ainda contavam com muita velocidade e força ofensiva, qualidades que foram apresentadas ao Corinthians logo aos dois minutos de jogo no Pacaembu, palco do primeiro jogo, quando Wágner Basílio abriu o placar. De novo, o Corinthians saía atrás jogando em casa. Mas quem disse que a torcida ligava? O alvinegro seguiu firme e conseguiu o empate no começo do segundo tempo num gol contra de Paulo Rodrigues.

Seis minutos depois, falta para o Corinthians. Neto foi para a bola e marcou mais um de seus golaços precisos em bola parada: 2 a 1. Na volta, a estratégia do jogo contra o Atlético foi repetida e o Corinthians segurou o 0 a 0 na Fonte Nova, resultado que colocou a equipe paulista na final do Campeonato Brasileiro depois de 14 anos. Mas o adversário na decisão não seria nada fácil: o São Paulo de Telê Santana, Zetti, Cafu e Raí.

O Corinthians de 1990: na prática, o time de Nelsinho não tinha um centroavante de ofício, mas Neto e a movimentação dos atacantes não deixavam o torcedor sentir falta de um matador.
O Corinthians de 1990: na prática, o time de Nelsinho não tinha um centroavante de ofício, mas Neto e a movimentação dos atacantes não deixavam o torcedor sentir falta de um matador.

 

Sem medo do favorito

1990

Mesmo sendo um confronto todo tradicional, Corinthians e São Paulo faziam a final do Brasileiro de 1990 com apenas um favorito: o tricolor, uma equipe fortíssima que seria a base do time bicampeão mundial e da Copa Libertadores nos anos de 1992 e 1993. Comandados por Telê Santana, os são-paulinos tinha força defensiva (Zetti, Cafu, Leonardo e Antônio Carlos), talento no meio de campo (Bernardo, Elivélton e Raí) e velocidade no ataque (Mário Tilico e Eliel). Já o Corinthians depositava suas fichas no entrosamento, na garra e em Neto, o craque responsável por colocar o Timão na final. No primeiro jogo, debaixo de muita chuva, o Corinthians jogou com garra e determinação e não deu bola para a suposta vantagem do rival. Logo no começo do jogo, Neto cobrou uma falta para a área e Wilson Mano marcou o primeiro e único gol do jogo: 1 a 0. O Corinthians conseguia mais uma vitória importante pelo placar mínimo e crucial para o título. Um empate no duelo seguinte dava à equipe o primeiro caneco brasileiro.

Jogadores alvinegros saúdam a massa na decisão: tarde histórica.
Jogadores alvinegros saúdam a massa na decisão: tarde histórica.

 

Tupãzinho eterno

Tupãzinho marca: Brasil alvinegro.
Tupãzinho marca: Brasil alvinegro.

 

O jogo final do Brasileiro de 1990 foi presenciado por mais de 100 mil pessoas no Morumbi, sendo 80% delas corintianas. A expectativa por um título inédito era enorme do lado alvinegro. Já os tricolores não queriam de jeito nenhum “celebrar” um bi-vice-campeonato do torneio, afinal, em 1989 a equipe já havia perdido a taça para o Vasco. O jogo começou com muita pressão do São Paulo, mas Ronaldo e sua zaga estavam inspirados e garantiam o placar zerado ao Corinthians. Foi então que aos nove minutos do segundo tempo, Tupãzinho fez uma jogada mágica que seria decisiva para a conquista. O baixinho arrancou do meio de campo, tocou na direita para Fabinho, que devolveu para Tupãzinho.

O atacante deixou o defensor do São Paulo tonto com um drible sensacional e tocou para Fabinho, que chutou. A bola foi prensada e não entrou, mas Tupãzinho, de carrinho, conseguiu pôr a redonda dentro do gol, na raça, do jeito que o corintiano gosta: 1 a 0. O Morumbi era puro delírio! Se a partida já era difícil para o São Paulo, com aquele 1 a 0 ficava praticamente impossível. No embalo da massa, o Corinthians só administrou a vantagem no decorrer do segundo tempo e esperou o apito final do árbitro Edmundo Lima Filho para soltar o grito de campeão brasileiro!

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Enfim, acabava naquela tarde de 16 de dezembro de 1990 o estigma regional do Corinthians. O clube alvinegro era campeão nacional pela primeira vez e garantia seu lugar no Olimpo do futebol brasileiro. Era a consagração de um time sem estrelas, mas que esbanjava vontade e raça para vencer, além de contar com um inspiradíssimo Neto, nome maior daquele elenco e principal responsável pela conquista.

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Taça derradeira e o fim

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No comecinho de 1991, o Corinthians ainda faturou mais uma taça: a Supercopa do Brasil, que reunia os campeões nacionais em um duelo a exemplo do que acontece em vários países da Europa. O time alvinegro venceu o Flamengo (campeão da Copa do Brasil de 1990) por 1 a 0, gol de Neto, claro. Mas aquela temporada não seria boa para o time de Parque São Jorge. Na Libertadores, a equipe avançou para as oitavas de final com sofrimento e caiu diante do Boca Juniors-ARG. Vários atletas deixaram o time na sequência e o Corinthians só voltaria a brilhar em 1995, com uma nova safra de talentos que formaria a base do “Todo Poderoso Timão” bicampeão brasileiro em 1998 e 1999 e campeão mundial em 2000. Um dado interessante é que de 1990 até 2002, o Corinthians chegaria às finais de todos os campeonatos brasileiros em anos de Copa do Mundo (1990 – vitória, 1994 – derrota, 1998 – vitória e 2002 – derrota).

 

Corinthians único

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A conquista do Timão no Brasileiro de 1990 abriu as portas para várias outras taças ao clube nos anos posteriores. O Corinthians montou equipes muito mais técnicas, fortes e que enchiam os olhos do torcedor – que até estranhava ver seu time jogar tão bem e tão dominador como os esquadrões de 1998-2000, 2005, 2009 e 2011-2012. Porém, nenhum time do Corinthians foi tão “cara de Corinthians” como o esquadrão de 1990. Jamais houve um Timão como aquele, capaz de vencer jogos nos minutos finais com gols chorados, derrubar favoritos jogando com raça e fibra, quebrando prognósticos na base do talento de um craque vestindo a camisa 10 e de quebrar um jejum terrível que perdurava por décadas. O Corinthians de 1990 é um xodó eterno da Fiel. Um esquadrão imortal.

 

Os personagens:

Ronaldo: com reflexos apurados, ótimo senso de colocação e extremamente identificado com a torcida do Corinthians, Ronaldo marcou época no time alvinegro com atuações inesquecíveis e muita personalidade. Era polêmico, falastrão e não levava desaforo para casa, muito menos erros de zagueiros que o deixava na mão. Com 602 jogos disputados, Ronaldo é o terceiro jogador que mais vestiu a camisa do Corinthians na história. Só não teve chances maiores na seleção brasileira por causa do temperamento e das brigas que arrumava dentro e fora de campo. Jogou 10 anos no Timão e é um ídolo do clube até hoje.

Giba: depois de passar por União São João e Guarani, o lateral Giba encontrou no Corinthians a chance de brilhar. E conseguiu. Jogou muito bem de 1989 até 1993 no clube alvinegro e foi um dos jogadores mais importantes na conquista do Brasileiro de 1990. Encerrou a carreira precocemente por conta de uma cirurgia malsucedida no joelho. Virou técnico de futebol, mas sem muito brilho.

Marcelo Djian: cria do Corinthians, o zagueiro Marcelo foi um dos maiores do clube nos anos 80 e 90 e peça mais do que fundamental na conquista do Brasileiro de 1990. Tinha muita tranquilidade, cometia poucas faltas e era muito seguro. Disputou mais de 340 partidas pelo Corinthians entre 1987 e 1993, ganhou a Bola de Prata em 1990 e foi vendido ao futebol francês. Quando voltou ao Brasil, em 1997, jogou no Cruzeiro e teve a ingrata tarefa de enfrentar seu ex-clube na final do Brasileiro de 1998. E Marcelo foi derrotado.

Guinei: ao lado de Marcelo, formou uma dupla de zaga que deu conta do recado quando mais o Corinthians precisava: na reta final do Brasileiro de 1990. Guinei poderia ter tido mais sucesso no clube alvinegro, mas duas atuações terríveis contra o Boca Juniors-ARG nas oitavas de final da Libertadores de 1991 abreviaram sua passagem por Parque São Jorge. Como acontece muito no Brasil, o zagueiro levou a culpa pela eliminação naquele ano. Uma injustiça, pois Guinei tinha crédito de sobra com o desempenho no Brasileiro do ano anterior.

Jacenir: foi o lateral-esquerdo do Corinthians campeão brasileiro de 1990. Tinha força na marcação e ajudava a zaga nos momentos de aperto. Não era tão eficiente no ataque como o companheiro Giba, mas arriscava algumas subidas.

Márcio: ao lado de Wilson Mano, era o cão de guarda do meio de campo do Corinthians com muita raça e força na marcação. Fez um ótimo campeonato nacional em 1990 e ganhou até chances na seleção brasileira. Quando se aposentou, virou técnico e comandou o próprio Corinthians em 2005.

Wilson Mano: era o mais versátil jogador do elenco do Corinthians e também um dos maiores xodós da torcida. Jogava de lateral, zagueiro, volante, meia e até atacante, sempre com muita eficiência e força de vontade. Foi dele o gol que abriu o caminho para a conquista do título brasileiro do Timão em 1990, no primeiro jogo contra o São Paulo. Disputou mais de 400 jogos pelo Corinthians na carreira.

Neto: camisa 10, craque, letal nas bolas paradas, falastrão, polêmico, quase sempre fora de forma… Neto tinha de tudo um pouco em seus tempos de jogador, mas uma coisa era sempre ressaltada e visível: sua qualidade com a bola nos pés. O meia decidia jogos com a precisão de um craque fora do comum, visão de jogo formidável, lançamentos precisos e uma perna esquerda maravilhosa. Neto foi, sem dúvida, o grande astro do Corinthians na campanha do título brasileiro de 1990 e principal responsável pela conquista inédita. Muito identificado com a torcida e com o clube, o “xodó da Fiel” disputou mais de 220 jogos pelo Corinthians e marcou 80 gols. Teve poucas passagens pela seleção brasileira e poderia ter sido levado para a Copa do Mundo de 1990 não fosse a teimosia do técnico Sebastião Lazaroni. Hoje, é um dos mais famosos comentaristas esportivos (e do Corinthians!) do Brasil.

Ezequiel: era um dos talismãs do time na campanha do título de 1990, entrando no decorrer das partidas para manter a pegada da equipe e contribuir com seu futebol voluntarioso e de raça. Corria o campo todo e foi um dos grandes nomes do meio de campo da equipe nos anos 90, tendo participado de outras conquistas como a Copa do Brasil de 1995 e o Campeonato Paulista do mesmo ano.

Tupãzinho: rápido, ágil e muito habilidoso, Tupãzinho fez o torcedor esquecer de vez a saída de Viola com atuações marcantes naquele Campeonato Brasileiro de 1990. O atacante marcou gols importantes e decisivos, como o do título brasileiro diante do São Paulo na finalíssima. Se entendeu muito bem com Neto e foi a referência no ataque da equipe no torneio. Nos anos seguintes, perdeu a titularidade, mas manteve a sina de marcar em jogos importantes. Ídolo eterno da torcida alvinegra.

Fabinho: o ponta poderia ter entrado na história do Corinthians se tivesse feito o gol naquela jogada com Tupãzinho no segundo jogo da final. Mesmo assim, o jogador foi muito importante para o ataque do Corinthians com velocidade e muita habilidade. Disputou mais de 260 jogos pelo Corinthians.

Mauro: foi muito importante para o esquema tático do Corinthians de 1990 por dar liberdade para Neto brilhar e orquestrar as jogadas de ataque da equipe. Deixou a equipe em 1991 para jogar no Mogi Mirim.

Paulo Sérgio: muito disciplinado taticamente, Paulo Sérgio foi outro talismã do Corinthians na campanha do título brasileiro de 1990. Fez grandes partidas e ajudou a equipe na reta final do torneio. Fez fama posteriormente no futebol alemão e foi campeão mundial com a seleção brasileira na Copa de 1994.

Nelsinho Baptista (Técnico): teve várias passagens pelo Corinthians e comandou o time em 192 partidas, mas nenhuma foi tão marcante como a de 1990-1991. Nelsinho montou uma equipe extremamente competitiva e aguerrida que conseguiu uma improvável taça do Campeonato Brasileiro muito mais na base da raça do que do talento. O treinador soube como ninguém agregar espírito de equipe, vibração e a qualidade de Neto, Marcelo e Ronaldo para transformar uma equipe mediana em gigante. Curiosamente, outro episódio marcante na história do Corinthians também teve participação de Nelsinho, mas este bem mais trágico: ele era o comandante da equipe na campanha que levou o Timão à série B do Brasileiro de 2007. Um ano depois, comandou o Sport na conquista da Copa do Brasil justamente em cima do Corinthians. Mesmo com essas “manchas”, o treinador ainda é um dos grandes na história do clube alvinegro.

Um magricela Dinei com a taça do Brasileiro de 1990.
Um magricela Dinei com a taça do Brasileiro de 1990.

 

 

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