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Esquadrão Imortal – Criciúma 1991-1992

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Em pé: Jair, Sarandi, Soares, Jairo, Gélson e Itá; No meio: Vilmar, Wilson, Evandro, Evélton, Almir, Alexandre e Omar; Sentados: Everaldo, Vanderlei, Grizzo, Adilson Gomes, Jairo Lenzi, Roberto Cavalo e Zé Roberto.

 

Grandes feitos: Campeão Invicto da Copa do Brasil (1991), Campeão Catarinense (1991) e 5º colocado na Copa Libertadores da América (1992). Conquistou um dos títulos mais importantes da história do futebol de Santa Catarina.

Time base: Alexandre; Sarandí, Vilmar (Evandro), Altair e Itá; Roberto Cavalo, Gélson, Grizzo (Emerson Almeida) e Zé Roberto; Soares (Vanderlei) e Jairo Lenzi. Técnicos: Luiz Felipe Scolari (1991), Lori Sandri (1991) e Levir Culpi (1992).

“Muito prazer, Criciúma. Bem vindo à história, Felipão”

Por Guilherme Diniz

Praticamente imbatível dentro de casa, copeiro ao extremo, cheio de vontade e com jogadores capazes de decidir uma partida na base da raça ou mesmo da técnica. Esse roteiro parece familiar? Se você acompanhou o futebol dos anos 90 e viu os times do Grêmio campeão da América e do Brasil entre 1995 e 1996 ou o Palmeiras campeão da América de 1999, deve ter identificado essas características. Porém, muito antes de o tricolor gaúcho e o alviverde paulista fazerem história com títulos memoráveis e jogos marcantes, o treinador dessas duas equipes já havia começado a dar mostras de seu trabalho com um time de Santa Catarina que despontou para o Brasil da noite para o dia: o Criciúma.

Em 1991, Luiz Felipe Scolari se apresentava ao futebol levando o clube amarelo, preto e branco ao título invicto da Copa do Brasil pra cima (que ironia) do Grêmio. Jogando de maneira inteligente, concentrada e taticamente perfeita, o Criciúma conquistou o maior título nacional da história do futebol catarinense e coroou naquele ano um período inesquecível que começou em 1989 com o título estadual. Falando nisso, o Tigre ainda faturou o tricampeonato catarinense em 1991 em um estádio Heriberto Hülse lotado e aos escombros por causa de uma reforma já visando a disputa da Copa Libertadores de 1992, quando o Criciúma voltou a brilhar e alcançou as quartas de final. É hora de relembrar as façanhas de um dos ícones do futebol sulista dos anos 90.

 

O professor vem do Oriente

Felipão: no Criciúma, o técnico começaria sua inquestionável trajetória de sucesso e títulos.
Felipão: no Criciúma, o técnico começaria sua inquestionável trajetória de sucesso e títulos.

 

Depois de deixar de lado o nome Comerciário e virar Criciúma lá nos anos 70, o Tigre começou a brigar de igual para igual com os rivais Avaí, Joinville e Figueirense no final da década de 80 pelo posto de maior time do estado. Em 1986, 1989 e 1990 a equipe faturou os títulos estaduais e passou a viver sua melhor fase na história com um grupo de jogadores muito unido e que jogava o suficiente para conseguir as vitórias. Em 1991, a diretoria traçou desde o início da temporada planos ambiciosos em busca do sucesso não só dentro do estado de Santa Catarina, mas também fora dele. Para isso, os mandatários do clube decidiram repatriar um treinador gaúcho em início de carreira que havia tido destaque no futebol do Kuwait: Luiz Felipe Scolari. A fama do bigodudo pelo Sul do Brasil já existia desde quando ele dirigiu equipes modestas do Rio Grande do Sul com um estilo de comando bastante sério e com foco na competitividade e na união do grupo, bebendo da fonte de Carlos Froner, uma lenda do futebol dos pampas e principal expoente de Felipão.

O Criciúma não tinha estrelas, mas o elenco entrosado poderia dar liga com um bom treinador.
O Criciúma não tinha estrelas, mas o elenco entrosado poderia dar liga com um bom treinador.

 

Quando chegou à Santa Catarina, o treinador encontrou um grupo de jogadores simples e sem estrelas, mas que poderia dar liga se um treinamento dinâmico e balanceado fosse aplicado com foco no talento dos meio-campistas Roberto Cavalo, Gélson e Grizzo e dos atacantes Jairo Lenzi e Soares. No primeiro semestre, Felipão teria apenas uma tal de Copa do Brasil como desafio principal e foi ela o grande foco do trabalho (com menosprezo total ao Campeonato Brasileiro da Série B). Como a competição era curta e ainda dava ao campeão uma vaga na Copa Libertadores da América de 1992, o técnico conscientizou seus jogadores que aquele torneio não poderia ser menosprezado ou tratado como impossível. Jogando com obediência tática e ofensiva em casa e muita inteligência fora dela, o Criciúma poderia cumprir um bom papel na Copa. A questão era colocar a teoria em prática.

 

Com a força do caldeirão

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Na primeira fase da Copa do Brasil, o Criciúma eliminou facilmente o Ubiratan (MS) após empatar em 1 a 1 (fora) e golear por 4 a 1 jogando em casa. Nas oitavas de final o time catarinense teve seu primeiro grande desafio: o Atlético-MG. Favoritíssimo, o clube mineiro vinha de uma goleada por 11 a 0 pra cima do Caiçara-PI e pensava em repetir o feito diante de um desconhecido Criciúma. No entanto, Felipão começou a mostrar seu jeito de armar equipes copeiras ao montar um esquema extremamente eficaz na defesa e com seus jogadores jogando essencialmente nos erros do adversário. Na partida de ida, em Santa Catarina, Vanderlei marcou o gol da vitória do Tigre por 1 a 0. Mesmo com a vitória, os catarinenses viajaram até Belo Horizonte com total desconfiança por parte da imprensa, mas calaram o Independência com um gol de falta marcado por Roberto Cavalo. A equipe conseguiu segurar os nervos após quatro cartões amarelos, venceu o jogo por 1 a 0 e saiu de Minas com a vaga nas quartas de final.

Jairo Lenzi (à dir.): letal pela esquerda do ataque do Tigre.
Jairo Lenzi (à dir.): letal pela esquerda do ataque do Tigre.

 

O adversário seguinte do Tigre foi o Goiás de Túlio Maravilha. Na ida, no Serra Dourada, o 0 a 0 não saiu do placar e o Criciúma se segurou como pôde após Vanderlei ser expulso de campo. Na volta, a equipe mostrou a força de seu caldeirão lotado e goleou o time esmeraldino: 3 a 0, gols de Jairo Lenzi, Gélson e Grizzo. Na semifinal, a equipe catarinense teve que encarar outro caldeirão: o Baenão, do Remo. Com uma torcida toda contra e muita pressão, o Criciúma mostrou nervos de aço e muito sangue frio para vencer os paraenses por 1 a 0, gol de Soares. Na volta, foi a vez da turma de Felipão ter o apoio de sua torcida no Heriberto Hülse, que empurrou o esquadrão amarelo, branco e preto rumo à vitória por 2 a 0 (gols de Soares e Chico Monte Alegre, contra) e à final inédita da Copa do Brasil. Era hora de fazer história. E de encarar o Grêmio.

 

Os copeiros somos nós!

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Outra vez o Criciúma chegava a um confronto daquela Copa do Brasil de 1991 como zebra. Afinal, o adversário era o Grêmio, primeiro campeão da história do torneio, em 1989, e que lutava para voltar aos bons tempos que o consagraram no começo dos anos 80 (e que só voltariam sob o comando de Felipão…). O duelo de ida, no Olímpico, seria fundamental para o clube catarinense construir uma boa vantagem e aproveitar a fase ruim de um rival que havia sido rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro semanas antes da decisão. A imprensa gaúcha, como não poderia deixar de ser, começou com o ufanismo ao dizer que o Grêmio “já estava na Libertadores” e que o Criciúma “tremeria” ao ver os dizeres “Grêmio – Campeão do Mundo” no estádio Olímpico. Porém, o que ninguém pelas bandas de Porto Alegre sabia era que o Tigre não tinha medo de letreiros, muito menos de camisa pesada. Felipão enervou seus jogadores com o entusiasmo que só ele possui e com menos de 20 minutos de jogo os catarinenses já venciam por 1 a 0 com um gol de cabeça marcado pelo zagueiro Vilmar.

Muito tranquilo durante a partida, o Criciúma não deixava o Grêmio aplicar seus contragolpes ou levar perigo ao goleiro Alexandre. Só aos 38´do 2º tempo que o ferrolho catarinense foi desarmado com um gol de pênalti do tricolor gaúcho marcado por Maurício. O gol, claro, foi uma ducha de água fria nos comandados de Felipão, mas o placar de 1 a 1 ainda era ótimo ao Criciúma, que precisava apenas de um empate sem gols para celebrar o maior título de sua história.

Festa do Tigre no Sul: o Brasil é amarelo, preto e branco!
Festa do Tigre no Sul: o Brasil é amarelo, preto e branco!

 

No dia 02 de junho de 1991, o estádio Heriberto Hülse recebeu mais de 20 mil pessoas para a partida de futebol mais importante do novato Criciúma e da cidade de Criciúma, que simplesmente parou. A partida, infelizmente, foi um filme de horror para quem gostava de futebol bem jogado e não teve grandes oportunidades por causa da tensão que envolvia o jogo e o nervosismo das duas equipes, além da maestria do Criciúma em jogar com o regulamento embaixo do braço. Depois de 90 minutos sem gols, a torcida do Tigre catarinense pôde celebrar: o Criciúma era campeão invicto da Copa do Brasil de 1991 com seis vitórias e quatro empates em 10 jogos. De quebra, a equipe ainda garantia uma vaga na Copa Libertadores da América de 1992, que seria o primeiro torneio internacional disputado pelo clube na história. Tudo parecia um sonho. Mas era realidade. Aqueles jogadores – e Felipão – eram de carne e osso.

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O Criciúma campeão do Brasil em 1991: time coeso, equilibrado e muito forte pelo lado esquerdo, com Jairo Lenzi em ótima fase.
O Criciúma campeão do Brasil em 1991: time coeso, equilibrado e muito forte pelo lado esquerdo, com Jairo Lenzi em ótima fase.

 

Chave de ouro com tri

Gol de Emerson deu o tricampeonato estadual ao Criciúma.
Gol de Emerson deu o tricampeonato estadual ao Criciúma.

 

Após o título nacional, as propostas de outros clubes bombardearam o Criciúma, que não conseguiu manter Felipão no comando técnico e colocou Lori Sandri no lugar. Mesmo sem o treinador, a equipe encerrou de maneira brilhante um ano que jamais deveria acabar para qualquer torcedor do Tigre. Com consistência e seu habitual equilíbrio, o Criciúma faturou o tricampeonato consecutivo do Campeonato Catarinense. A campanha foi incontestável: 39 jogos (isso mesmo! Um absurdo!), 20 vitórias, 13 empates, seis derrotas, 54 gols marcados (melhor ataque) e 29 sofridos.

O jogo que decidiu o título foi disputado no dia 15 de dezembro, contra a Chapecoense, num Heriberto Hülse com poucas (mas barulhentas) pessoas e muitos escombros por causa das obras de melhoria do estádio já com foco na Libertadores de 1992. O 0 a 0 não saía do placar quando, no final do jogo, o garoto Emerson Almeida, de 19 anos, entrou no lugar de Grizzo, recebeu de Vanderlei e marcou o gol do título estadual. O tento fez explodir o estádio e a festa foi enorme ao final do jogo, que teve invasão no gramado, jogadores perdendo peças de seus uniformes para os torcedores e tudo mais. Era o êxtase que aquele time havia provocado em uma gente que provava experiências inéditas e marcantes de torcer por um time vencedor.

 

Tigre da América

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Em 1992, Levir Culpi assumiu o comando técnico do Criciúma com o objetivo claro de levar a equipe catarinense o mais longe possível na Copa Libertadores. A diretoria apostava alto na competição e contou até com apoio do governo estadual na reforma do estádio Heriberto Hülse, que teve a capacidade ampliada para 25 mil torcedores. Sem reforços e com a mesma base do ano anterior, porém, seria complicado para o time levantar a taça continental, ainda mais com o São Paulo de Telê Santana no páreo. E a estreia da equipe foi exatamente contra o time paulista, campeão brasileiro de 1991 e com craques do naipe de Zetti, Cafu, Raí e Cia. Telê Santana decidiu poupar alguns titulares para a estreia do tricolor na competição e mal sabia o tamanho do erro que estava cometendo.

Diante de um rival empolgado, o São Paulo não viu a cor da bola e levou uma sacolada do Criciúma: 3 a 0, gols de Jairo Lenzi, Gélson e Adílson Gomes. A super estreia do Tigre encheu a torcida de esperança, que já começava a projetar voos ainda mais altos da equipe no decorrer da competição. Nos dois jogos seguintes, o Criciúma mostrou força e venceu o San José-BOL, fora, por 2 a 1, empatou com o Bolívar-BOL, fora, em 1 a 1. No terceiro jogo em apenas uma semana, o time catarinense voltou a enfrentar o São Paulo, dessa vez no Morumbi. Cansado por causa das viagens internacionais, o Tigre levou de 4 a 0 dos paulistas e viu o rival se vingar – com juros – da derrota na estreia da Liberta.

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Nas duas últimas partidas da primeira fase, a torcida catarinense fez a parte dela, o Criciúma venceu o San José (5 a 0) e o Bolívar (2 a 1) e se garantiu na primeira posição do grupo com quatro vitórias, um empate e apenas uma derrota em seis jogos. A campanha surpreendeu a todos e mostrou que aquele elenco continuava competitivo mesmo sem Felipão no comando. Era hora do mata-mata.

 

A queda e a honra

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Nas oitavas de final, o Criciúma teve pela frente o Sporting Cristal-PER e conseguiu duas vitórias marcantes: 2 a 1, fora de casa, e 3 a 2, em casa. Incrivelmente, os catarinenses estavam classificados para as quartas de final. No entanto, o adversário era o São Paulo, que só pensava no título e não tinha a opção de jogar no “não tenho nada a perder” do Criciúma. Na primeira partida, no Morumbi, o Tigre viajou até São Paulo em busca de um bom resultado em seu aniversário de 45 anos (13 de maio de 1992), mas o tricolor não entendeu assim e venceu o duelo por 1 a 0. Na volta, o Heriberto Hülse lotado vibrou com um belo gol de Soares, de cabeça, após cruzamento da esquerda de Jairo Lenzi, um tento de pura nostalgia que lembrou episódios ainda frescos da Copa do Brasil do ano anterior. A vitória parcial por 1 a 0 igualava o duelo e mantinha viva a esperança catarinense de disputar a semifinal. No entanto, o cansaço dos quatro jogos em oito dias daquele começo de temporada somado ao elenco pequeno do Criciúma deu força ao São Paulo, que empatou no segundo tempo com Raí e definiu o placar em 1 a 1. O São Paulo seguiu na Libertadores e foi campeão. Já o Criciúma foi aplaudido de pé pelos mais de 21 mil torcedores que o apoiaram naquela noite de 20 de maio de 1992.

 

Lembranças eternas

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Após a Libertadores, o Criciúma perdeu sua força copeira, não conseguiu manter a hegemonia no estado e só celebrou o acesso para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro naquele ano de 1992. Nos anos seguintes, a equipe virou apenas mais uma no cenário nacional e não conseguiu grandes resultados nos torneios de maior expressão, conseguindo apenas um título da Série B (2002) e da Série C (2006) e outros cinco campeonatos estaduais (1993, 1995, 1998, 2005 e 2013).

Desde então, os rivais do Criciúma jamais conseguiram repetir as façanhas de um time aguerrido, copeiro e que permanece vivo até hoje na memória de qualquer torcedor do Tigre, que sabe de cor a escalação daquele esquadrão campeão do Brasil, que fez bonito na Libertadores e foi o embrião para que Luiz Felipe Scolari mostrasse a todos seu talento como um dos maiores treinadores do futebol brasileiro e mundial e campeão de quase tudo o que disputou – incluindo uma Copa do Mundo com a Seleção Brasileira, em 2002. Assim como Felipão, aquele Criciúma de Alexandre, Sarandí, Vilmar, Altair, Itá, Roberto Cavalo, Gélson, Grizzo, Zé Roberto, Soares e Jairo Lenzi é, para o todo e sempre, imortal. E patrimônio da história futebolística de Santa Catarina.

 

Os personagens:

Alexandre: jogou de 1990 até 1996 no Criciúma e marcou seu nome na história do clube com grandes atuações, ótimas saídas do gol e muita agilidade. Era seguro e foi um dos pilares do sistema defensivo nos anos marcantes de 1991 e 1992.

Sarandí: era um dos operários do sistema defensivo do time e não costumava inventar. Fazia o básico, apoiava com regularidade o ataque e dava combate na marcação. Jogou de 1986 até 1992 no Criciúma e tinha esse apelido por causa de sua cidade natal (Sarandí, no Rio Grande do Sul). Seu nome verdadeiro é Idemar Angelo Tomasi.

Vilmar: o “xerife” da zaga do Tigre foi um herói na final da Copa do Brasil de 1991. Foi dele o gol que garantiu o título nacional ao Criciúma e que colocou o clube no mapa do futebol brasileiro naquele começo de anos 90. Vilmar era muito bom nas jogadas aéreas e não brincava em serviço.

Evandro: outro bom zagueiro do time, Evandro tinha uma regularidade marcante nas saídas de bola e sabia o que fazer com a bola no pé. Seguro, teve seu papel nas campanhas do time no período.

Altair: zagueiro muito firme na marcação e que não brincava em serviço, Altair foi um dos pilares da zaga do Criciúma na campanha do título da Copa do Brasil e na trajetória de sucesso na Libertadores. Fez uma inesquecível e segura dupla de zaga ao lado de Vilmar.

Itá: o lateral era o grande líder do time em campo. Guerreiro, capitão, muito aplicado taticamente e rápido nas jogadas de ataque, Itá foi um dos principais nomes daquele time do Criciúma. Começou a carreira como ponta-esquerda, mas se consagrou como lateral. Teve passagens, também, pelo Grêmio e pelo Avaí.

Roberto Cavalo: foi outro ídolo da torcida por seu futebol eficiente, sua marcação aplicada e seus chutes fortes de fora da área. Era um exímio cobrador de faltas e fez o Atlético-MG provar de seu talento na Copa do Brasil de 1991, quando marcou dessa maneira o gol que classificou o Criciúma para a sequência da competição. Após pendurar as chuteiras, virou técnico, mas sem o sucesso dos tempos de jogador.

Gélson: era o grande operário do meio de campo do Criciúma. Marcava, dava passes precisos, apoiava o ataque e ainda marcava vários gols. Foi essencial para o sucesso do time no período e conquistou quatro campeonatos estaduais entre 1989 e 1993, além da inesquecível Copa do Brasil de 1991.

Grizzo: para muitos, era o craque do Criciúma ao lado de Jairo Lenzi. Tinha uma ótima visão de jogo, sabia arquitetar jogadas de ataque e marcava gols importantes e decisivos. Fez partidas memoráveis com a camisa do clube e conquistou vários títulos naquele começo de anos 90. Em 1998, voltou a brilhar por um clube catarinense, dessa vez pelo Avaí, campeão da Série C do Brasileiro.

Emerson Almeida: cria das bases do Criciúma, Emerson foi o talismã do título catarinense de 1991, que simbolizou o tri consecutivo do Tigre. Com apenas 19 anos na época, o atacante mostrou estrela e caiu nas graças da torcida.

Zé Roberto: jogava pelo lado direito do meio de campo e tinha um papel muito importante nas ações ofensivas da equipe. Era habilidoso, rápido e eficiente nos passes.

Soares: era o matador do Criciúma e um dos principais centroavantes do time. Fez gols importantíssimos no período de ouro da equipe e era perigo constante para as defesas rivais por causa de sua intensa movimentação. Se entendia muito bem com o ponta Jairo Lenzi e transformava os vários passes do companheiro em gols. Marcou 78 gols com a camisa do clube.

Vanderlei: uma lenda pelas bandas do Heriberto Hülse, o atacante Vanderlei jogou sete anos no Criciúma e se consagrou como o maior artilheiro da história do clube com 81 gols marcados. Teve destaque nas conquistas estaduais do começo da década de 90 e ainda na Copa do Brasil de 1991.

Jairo Lenzi: ponta-esquerda endiabrado, veloz, habilidoso, driblador e decisivo, Jairo Lenzi era o toque de malandragem naquele Criciúma imortal. Era um terror para qualquer marcador e fazia estragos nas defesas rivais, seja com gols (foram 51 no total entre 1990 e 1994) ou com passes na medida para os companheiros. Jogou tanto entre 1991 e 1992 que por pouco não foi convocado para a Seleção Brasileira. Ídolo da torcida do Criciúma e fundamental para o sucesso do time na época.

Luiz Felipe Scolari, Lori Sandri e Levir Culpi (Técnicos): Lori Sandri e Levir Culpi tiveram seus méritos no comando do Criciúma por manterem a pegada competitiva do time no segundo semestre de 1991 até o final do primeiro semestre de 1992. Porém, foi Luiz Felipe Scolari o principal responsável por fazer do Criciúma um clube conhecido em todo o Brasil. Vencer a Copa do Brasil de maneira invicta, com jogadores desconhecidos e oferecendo pouquíssimas chances aos rivais como aquele Criciúma venceu foi uma façanha inesquecível de Felipão, que comandou com pulso firme e uma já predestinada vocação para vencer um elenco pequeno, mas muito entrosado e unido. Um técnico mais do que imortal.

 

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Comentários encerrados

13 Comentários

  1. Como sempre, ótimos textos. Ótimas recordações.

    Apenas uma ressalva: ao que pesquisei, o jogo contra o Atlético-MG fora de casa foi no Independência e não no Mineirão.

    A real é que eu estava buscando este gol de falta do Roberto Cavalo, afinal, ele só fazia golaço.

    Se porventura encontrem este gol, por favor, informem o link.

    Grato.

  2. Parabens pelo artigo e pela bela homenagem a este que foi sem dúvida um dos maiores times da década de 90 no Brasil e que fez história no Tigrão não somente pelas campanhas e pelo time mas por representar o trabalho de uma região com valores e princípios dignos e mto carater.. assim se construi a base que aliado a mto trabalho e conhecimento técnico e comprometimento superou desafios e conquistou um continente…. Espero que o Tigre volte a ser o verdadeiro tigre e que possamos logo voltar p nosso lugar na série A e disputar uma outra Libertadores

  3. o sou São Paulino desde q nasci e sou vizinho de cidade de Criciúma, e o grande Telê Santana falou sim q se o Criciúma tivesse passado, eles seriam, campeões da libertadores daquele ano sem dúvida, só pq o São Paulo daquele ano foi inigualável, senão teria pra bater o Criciúma de 91-92

    • Realmente acredito que o Criciúma teria boas chances de se sagrar campeão, porem como mencionado no texto acima, “o cansaço dos quatro jogos em oito dias daquele começo de temporada somado ao elenco pequeno do Criciúma deu força ao São Paulo”, o São Paulo por sua vez conseguiu, por meio da forma “politica”, ir jogar “descansado”, mas que também não tira o mérito do São Paulo pois tinha um baita elenco

Grêmio x Internacional – Gre-Nal

Esquadrão Imortal – São Paulo 1991-1994