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Esquadrão Imortal – Bahia 1988

Bahia 1988
Em pé: João Marcelo, Ronaldo, Paulo Rodrigues, Tarantini, Paulo Róbson e Claudir. Agachados: Marquinhos, Bobô, Charles, Zé Carlos e Gil.
 

Grandes feitos: Campeão Brasileiro (1988) e Campeão Baiano (1988).

Time base: Ronaldo (Sidmar); Zanata (Tarantini), João Marcelo, Pereira (Claudir / Newmar) e Paulo Róbson (Edinho); Paulo Rodrigues (Osmar), Gil, Zé Carlos e Bobô; Charles (Renato) e Marquinhos (Sandro). Técnico: Evaristo de Macedo.

 

 

“O Brasil é teu, Bahêa!”

Por Guilherme Diniz

Quando o árbitro Dulcídio Wanderlei Boschilia apitou a final do Campeonato Brasileiro de 1988, disputada em 19 de fevereiro de 1989, todos os santos, orixás, artistas, cantores e milhões de torcedores tricolores podiam, enfim, comemorar. Depois de quase 30 anos, o Esporte Clube Bahia, soberano do Nordeste, era mais uma vez campeão nacional. E não foi somente um título brasileiro conquistado por aqueles jogadores vestidos em branco, vermelho e azul. A equipe baiana conquistou centenas de milhões de simpatizantes por todo Brasil, dos tricolores gremistas no sul, passando por paulistas até chegar à linda Salvador. Com um futebol envolvente, rápido e decisivo, o time tricolor fez história ao derrotar grandes forças não só no caldeirão da Fonte Nova, mas também fora dela. Ronaldo, João Marcelo, Paulo Róbson, Gil, Zé Carlos e, sobretudo, Bobô e Charles jogavam com amor ao Bahia, paixão pela vitória e amparados pelas rezas e apoio de fervorosos tricolores. Uma pena que depois daquele Bahia, jamais houve outro igual. É hora de relembrar os feitos daquele esquadrão.

 

Ordem: conquistar o Brasil

Evaristo de Macedo: técnico teve a "simples" missão de levar o Bahia ao título brasileiro de 1988.
Evaristo de Macedo: técnico teve a “simples” missão de levar o Bahia ao título brasileiro de 1988.

 

 

Em 1988, o EC Bahia estava de tédio. Motivo? A equipe tricolor não tinha rivais à altura dentro de casa e era bicampeã estadual. Por isso, o presidente do clube, Paulo Maracajá, trouxe para aquela temporada o técnico Evaristo de Macedo, que tinha a missão de levar o clube ao título do Campeonato Brasileiro. O Campeonato Baiano nem sequer foi mencionado, pois era obrigação. Com praticamente a mesma base dos dois anos anteriores, o time tricolor era muito bom, e Macedo aproveitou essa herança para deixar a equipe ainda melhor com a incorporação de jovens das categorias de base. O zagueiro João Marcelo e o atacante Charles foram alguns dos talentos que seriam aproveitados pelo treinador. A dupla se juntou ao grupo que tinha o experiente lateral Zanata, o ponta Zé Carlos e o craque Bobô, maestro do meio de campo e principal nome tricolor. Por isso, o Campeonato Baiano seria apenas um torneio preparatório para o Brasileiro. E a torcida não queria saber mais de só um título regional, como bem disse Lourinho, líder de uma torcida organizada da equipe, para a revista Placar em janeiro de 1988:

“Quem aparecer na Fonte Nova tem de levar pau do Bahia! Pode ser qualquer um: Flamengo, Internacional, São Paulo…”.

Recado dado. Era hora de trabalhar.

 

No embalo do TRIelétrico!

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O torneio estadual, claro, foi levado a sério pelo Bahia, que conquistou o tricampeonato consecutivo. A equipe venceu três das quatro fases do torneio e perdeu apenas um clássico para o Vitória (1 a 0). Nas outras partidas, empates em 0 a 0, 1 a 1 e 0 a 0 e vitórias por 1 a 0, 3 a 1, 4 a 0 e 3 a 0, este último o jogo que definiu o tricolor como campeão incontestável, com mais de 70 mil torcedores na Fonte Nova para ver os gols de Renato, Pereira e Osmar. O jogo terminou antes mesmo dos 45 minutos por conta de uma briga entre Tonhão, goleiro do Vitória, e Osmar, arisco atacante tricolor. De nada adiantaram as tentativas do Vitória para anular a partida, pois o Bahia foi mesmo tricampeão. O atacante Osmar, que sob o comando de Evaristo de Macedo melhorou muito nas finalizações, foi o artilheiro do torneio com 19 gols. A campanha da equipe foi maravilhosa: 37 jogos, 21 vitórias, 10 empates e seis derrotas, com 74 gols marcados e apenas 21 sofridos. No fim, festa da massa do Bahia e puro carnaval ao som do trio elétrico, ou melhor, do TRIelétrico!

 

Hora do dever

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Depois do título estadual, o Bahia voltou todas as suas atenções para o Campeonato Brasileiro. Naquele ano, como consequência da briga envolvendo CBF e Clube dos 13 em 1987, o torneio foi mais compacto, com 24 times, algo fichinha perto dos mais de 30, 40 clubes que normalmente disputavam a competição. Seriam dois turnos com dois grupos cada que classificariam os oito melhores times para o mata-mata, que começaria apenas em janeiro de 1989. Uma curiosidade é que nas duas primeiras fases da disputa, as vitórias valeriam três pontos e partidas empatadas teriam cobranças de pênaltis, que renderiam pontos extras. No mata-mata, as vitórias voltariam a valer dois pontos. Coisas da “genial” organização (?) do futebol brasileiro…

Zé Carlos vibra: uma das estrelas do ataque tricolor.
Zé Carlos vibra: uma das estrelas do ataque tricolor.

 

 

O Bahia, mesmo embalado pelo tricampeonato estadual, não começou bem o Brasileiro. Nos primeiros oito jogos, foram apenas três vitórias – e todas em casa: 1 a 0 no Vitória, 1 a 0 no Flamengo e 2 a 0 no Atlético-PR. A equipe empatou com Bangu (1 a 1, em casa), Goiás (2 a 2, fora), Atlético-MG (1 a 1, fora) e Sport (1 a 1, em casa) e perdeu fora de casa para o Fluminense por 3 a 0. O time se reencontrou somente na 9ª rodada depois de uma atuação de gala contra o São Paulo, no Morumbi, quando se impôs e venceu por 2 a 0, gols de Bobô e Zé Carlos. No jogo seguinte, vitória por 1 a 0 em casa contra o Palmeiras, gol de Pereira. Àquela altura, o time de Evaristo de Macedo já mostrava muita segurança na defesa, sempre bem protegida com João Marcelo e Pereira, além dos suplentes Claudir e Newmar. No final do primeiro turno, o tricolor perdeu fora de casa para o Internacional por 3 a 0 (três gols de Nílson) e empatou em 0 a 0 com a Portuguesa em São Paulo. Terceiro colocado, o Bahia teria que lutar pela vaga na fase final no segundo turno.

 

Problemas e sorte de campeão

Bobô em ação: craque, elegante e preciso no meio de campo.
Bobô em ação: craque, elegante e preciso no meio de campo.

 

 

No segundo turno, o Bahia começou bem ao vencer o Cruzeiro em casa por 2 a 1. Mas aí vieram tropeços contra Vasco (0 a 0, fora), Guarani (0 a 0, fora) e uma inesperada derrota para o Botafogo em plena Fonte Nova por 1 a 0. O revés foi a gota d´agua para a torcida tricolor ficar furiosa e exigir um empenho maior do time. Renato, atacante titular da equipe, foi um dos mais criticados e foi sacado do time a pedido da torcida. Com isso, o jovem Charles ganhou a chance de mostrar seu valor. E como mostrou! No jogo seguinte do tricolor, em casa, contra o Corinthians de Ronaldo, Biro-Biro e Viola, o Bahia conseguiu uma suada vitória no segundo tempo graças justamente a Charles. Aos 29´, Pereira, sempre ele, abriu o placar. Aos 45´, Zé Carlos cruzou na área, Marquinhos ajeitou para Charles, que dominou com estilo e, sem deixar a bola cair, marcou um golaço: 2 a 0. O Bahia vencia o jogo, continuava na briga pela classificação e ainda tinha a grata revelação de uma promissora estrela.

Charles: o jovem atacante explodiu justo quando o Bahia mais precisava.
Charles: o jovem atacante explodiu justo quando o Bahia mais precisava.

 

 

Na partida seguinte, o mesmo Charles fez o gol da vitória por 1 a 0 pra cima do Criciúma, em Santa Catarina. Ainda no Sul, o time perdeu para o Coritiba por 2 a 0, mas se recuperou ao golear o Santos de Sócrates, em casa, por 5 a 1, gols de Zé Carlos (2), Marquinhos, Charles e Cássio (contra). Novamente em casa, o time derrotou o Grêmio por 3 a 1 com autoridade, ótimo toque de bola e muita força ofensiva. No entanto, a equipe terminou o segundo turno do grupo B na quarta colocação e fora da zona de classificação, mas uma ajudinha carioca colocou o Bahia nas quartas de final, pois o Vasco, que já havia se garantido pela campanha do primeiro turno, ficou outra vez na primeira posição. Com isso, os alvinegros acabaram abrindo uma vaga para o Bahia, que tinha o maior total de pontos ganhos entre os não classificados. Os orixás estavam trabalhando…

 

Imbatíveis da Fonte Nova

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Nas quartas de final, o tricolor encarou o Sport e empatou os dois jogos: 1 a 1 e 0 a 0, se classificando para a semifinal por ter melhor campanha. Nela, a equipe teria um duro teste: o Fluminense, mesmo time que havia goleado o Bahia no primeiro turno. No primeiro jogo, no Maracanã, o Bahia foi valente e segurou o empate em 0 a 0, com seu sistema defensivo funcionando perfeitamente. Na volta, a Fonte Nova recebeu seu maior público de todos os tempos: 110.438 pessoas. A festa foi gigantesca e a fanática torcida tinha a certeza que veria seu esquadrão em uma final nacional. No entanto, foi o Fluminense quem abriu o placar logo aos dois minutos com Washington. O gol não abalou a nação tricolor, que seguiu apoiando seu time. Aos 20´, Bobô aproveitou um cruzamento da direita e testou firme: 1 a 1. O carnaval voltava a Fonte Nova! No segundo tempo, muita tensão, até que Gil aproveita a bola rebatida na área do Flu e vira o jogo: 2 a 1. A torcida foi à loucura e alguns mais extasiados chegaram a  invadir o gramado.

Bahia e Flu em 1988: recorde de público na história da antiga Fonte Nova.
Bahia e Flu em 1988: recorde de público na antiga Fonte Nova.

 

 

Depois de uma breve interrupção, o jogo recomeçou e o Bahia seguiu todo no ataque, mas perdeu muitos gols. No fim, o placar ficou mesmo em 2 a 1 e o tricolor da boa terra estava de volta a uma decisão nacional. Era a chance de conquistar o Brasil. E de vingar outra derrota da primeira fase.

Bobô: decisivo contra o Flu e, mais tarde, contra o Inter.
Bobô: decisivo contra o Flu e, mais tarde, contra o Inter.
 

 

Quem é a zebra?

Bobô vence Taffarel e o jogo: 2 a 1.
Bobô vence Taffarel e o jogo: 2 a 1.

 

 

Na grande final do Brasileiro de 1988 (disputada em 1989), o Bahia enfrentou o Internacional de Taffarel, Luiz Carlos Winck e do artilheiro Nílson. Era o mesmo Inter que havia feito 3 a 0 no tricolor lá na primeira fase do torneio. Assim como no jogo contra o Flu, o Bahia queria a vingança. Mas não seria nada fácil, afinal, o colorado havia eliminado na semifinal o seu grande rival, o Grêmio, no chamado “Grenal do Século”, e vinha embalado. A imprensa tratava os gaúchos como francos favoritos, ainda mais pelo fato de o Inter ter a vantagem de dois empates para levar o tetra. Mas o Bahia não se importou com o oba-oba dos secadores e ficou na dele.

No primeiro jogo, na Fonte Nova, mais de 90 mil pessoas fizeram uma linda festa naquele dia 15 de fevereiro de 1989. Mandinga, candomblé, tudo foi feito para garantir a vitória tricolor naquele jogo. Mas, como na semifinal, o jogo foi dramático. O Inter abriu o placar aos 19´com Leomir. A torcida ficou assustada de novo, mas o Bahia tinha Bobô. Zé Carlos, sempre pela direita, cruzou na cabeça do craque, que marcou o gol de empate. Na segunda etapa, o mesmo Bobô aproveitou a confusão na área colorada e estufou as redes gaúchas: 2 a 1. De novo, de virada! Bobô seguiu infernal e ainda provocou a expulsão do zagueiro Nenê. A vantagem, que antes era gaúcha, agora era do Bahia. Um simples empate no Beira Rio dava o inédito título do Campeonato Brasileiro ao tricolor e, claro, o segundo caneco nacional. Era hora de fazer história.

O Bahia campeão brasileiro: Marquinhos caia pela ponta-esquerda, Bobô era o homem da articulação e Zé Carlos infernizava pela direita. Lá atrás, muita segurança e pouquíssimos gols sofridos. Fórmula de campeão.
O Bahia campeão brasileiro: Marquinhos e Charles davam velocidade ao ataque, Bobô era o homem da articulação e Zé Carlos infernizava pela direita. Lá atrás, muita segurança e pouquíssimos gols sofridos. Fórmula de campeão.
 

 

Contra tudo e todos, campeão!

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O Internacional apelou para as forças ocultas para tentar superar aquele brilhante Bahia na grande final, disputada em 19 de fevereiro de 1989 no repleto Beira Rio, em Porto Alegre, com mais de 60 mil pessoas. Uma gigantesca macumba foi feita por um pai de santo gaúcho e colocada dentro do vestiário tricolor, dando um trabalho danado para ser retirada. Mas aquele “trabalho” não afetou nem um pouco jogadores e comissão técnica do Bahia, que tinham plena convicção no título e fé no Senhor do Bonfim. O jogo, claro, foi disputado, cheio de lances viris e jogadas violentas. O Bahia demonstrava uma aplicação tática exemplar e muita vontade. Já o Inter esbarrava no sistema defensivo dos baianos e na falta de organização do ataque, além do goleiro Ronaldo, que fazia verdadeiros milagres.

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Na segunda etapa, o nervosismo tomou conta dos gaúchos, que não conseguiam criar chances de gol e ainda davam contra-ataques perigosos aos baianos. Depois de 90 minutos, estava sacramentada a epopeia: Bahia campeão brasileiro de 1988 depois de 29 jogos, 13 vitórias, 11 empates, cinco derrotas, 33 gols marcados e 23 sofridos. O Beira Rio, mudo, assistia a festa dos tricolores, que conquistavam seu segundo título nacional da história quase trinta anos depois da Taça Brasil de 1959, vencida sobre o Santos de Pelé. Naquele dia 19 de fevereiro, o Brasil era tricolor. Era de Ronaldo, de João Marcelo, de Paulo Rodrigues, de Zé Carlos, de Bobô, de Charles e, acima de tudo, de Evaristo de Macedo, o mentor daquele esquadrão guerreiro, talentoso e cheio de alegria que conquistou o país na base do futebol, da oração e da fé.

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O técnico Evaristo de Macedo com a réplica da famosa “taça das bolinhas” e a multidão tricolor no aeroporto.
 

 

Um Bahia para guardar no coração

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A conquista do Bahia encheu de orgulho a capital Salvador (com exceção dos torcedores do Vitória…) e a todos no Nordeste, com uma calorosa recepção da torcida no aeroporto. Era um título para mostrar que nem sempre os principais eixos do país vencem no futebol. Mais do que isso, os talentos de Bobô e Charles passaram a ser requisitados por todos para a seleção brasileira, mas ambos não tiveram muitas chances com o treinador da época, Sebastião Lazaroni. Caetano Veloso, célebre torcedor tricolor, eternizou os feitos do craque Bobô na música Reconvexo, interpretada por Maria Bethânia, no trecho:

“Quem não amou a elegância sutil de Bobô. Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo”.

Depois da conquista, o Bahia até que foi bem na Copa Libertadores de 1989 ao alcançar as quartas de final, mas foi eliminado pelo Internacional. Desde então, o time baiano só conquistou torneios regionais e vive passando por maus momentos decorrentes da falta de profissionalismo de seus falsos dirigentes. Com isso, resta à torcida tricolor esperar por novos tempos de glória e por uma nova leva de jogadores alegres, com amor à camisa e que façam como a turma de Bobô: transformar Salvador na capital da bola no Brasil, como o Bahia de 1988, um esquadrão imortal.

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Os personagens:

Ronaldo: cria das categorias de base do Bahia, substituiu Sidmar durante o Brasileiro de 1988 e não decepcionou. Com reflexos apurados, muita elasticidade e segurança, Ronaldo garantiu vários resultados positivos para o Bahia e foi fantástico na final contra o Inter, defendendo bolas dificílimas. Ídolo histórico no clube tricolor.

Sidmar: foi titular em grande parte do Brasileiro de 1988, mas deixou o time justo na reta final porque ficou sem contrato. Com isso, deixou o caminho livre para Ronaldo brilhar. No período em que esteve o gol tricolor, foi bem e não comprometeu.

Zanata: lateral-direito de muita técnica e poder ofensivo, Zanata foi ídolo no Bahia dos anos 80. Foi um dos titulares absolutos na campanha do tricampeonato estadual, mas deixou o time durante o Brasileiro de 1988 para jogar no Palmeiras. Deve ter se arrependido profundamente…

Tarantini: com a saída de Zanata, o bigodudo Tarantini assumiu a lateral direita do tricolor e foi muito bem com força na marcação e apoio ao meio de campo. Não atacava como seu antecessor, mas foi essencial para o baixo número de gols sofridos do Bahia no Brasileiro daquele ano.

João Marcelo: ótimo zagueiro e cria das bases do clube, João Marcelo tinha uma calma impressionante dentro da área, além de ser muito técnico e se impor fisicamente perante os atacantes rivais. Fez um Brasileiro sensacional em 1988 e foi um dos responsáveis pela qualidade defensiva daquele time na reta final. Jogou ainda no rival Vitória e disputou outra final de Brasileiro em 1993, mas perdeu para o super Palmeiras de Roberto Carlos, Edmundo e Cia.

Pereira: titular absoluto da zaga do Bahia na campanha do tricampeonato estadual e em grande parte do Brasileiro, o zagueiro Pereira viveu a mesma situação que o colega Sidmar: ficou sem contrato e não jogou na reta final. Mesmo assim, pode ser considerado campeão pelas ótimas partidas que fez e pelos gols importantes. Era bom em cobranças de falta e nas jogadas aéreas.

Claudir: zagueiro viril e que se impunha dentro da área, Claudir fez várias partidas como titular e jogou, inclusive, as finais contra o Inter. Manteve a segurança do setor com inteligência e vontade.

Newmar: chegou ao Bahia já consagrado pelas conquistas dos Brasileiros de 1981, pelo Grêmio, e de 1985, pelo Coritiba. Com isso, se tornou um dos poucos jogadores tricampeões nacionais com o título de 1988 pelo Bahia. Não foi titular, mas quando entrou, deu conta do recado.

Paulo Róbson: titular da lateral-esquerda do Bahia, foi um dos grandes nomes da conquista com seriedade na defesa e no ataque. Uma curiosidade é que também ostentava um largo bigode e fazia muitos torcedores pensarem que ele e Tarantini eram gêmeos, não só pela fisionomia, mas também pelo futebol apresentado na campanha do título brasileiro.

Edinho: foi lateral reserva do time e jogou na primeira partida da final contra o Inter. Disputou vários jogos como coringa, podendo atuar tanto na esquerda quanto na direita.

Gil: volante de muita garra e força no ataque, Gil foi herói na classificação do Bahia para a final. Foi dele o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense. Marcava muito e aparecia como elemento surpresa na frente. Depois do brilho em 1988, jogou no rival Vitória e passou por várias outras equipes em meados dos anos 90.

Paulo Rodrigues: era a elegância no meio de campo do Bahia. Não só marcava muito bem como também municiava o ataque com lançamentos precisos e passes eficientes. Seu auge foi exatamente naquele ano, mas já estava na casa dos 30 anos, tarde para almejar uma convocação para a seleção, por exemplo. Foi um grande ídolo da torcida.

Zé Carlos: foi o artilheiro do Bahia no Brasileiro de 1988 com nove gols e uma das principais peças de ataque. Jogava muito pela direita, como um verdadeiro ponta, e dava cruzamentos precisos para os atacantes (ou Bobô) fazerem a festa. Habilidoso e incansável, Zé Carlos foi genial naquele ano e muito querido pelos torcedores.

Bobô: com toques rápidos, grande visão de jogo e genialidade, Bobô foi, sem dúvida alguma, o maior nome do Bahia no tricampeonato estadual e, principalmente, no Brasileiro de 1988. O jogador virou ídolo instantâneo dos torcedores, ficou conhecido em todo o Brasil e orquestrou com muita habilidade o meio de campo e o ataque daquele Bahia inesquecível. Bobô é tido por muitos como o maior craque da história do clube e virou até letra de música de Caetano Veloso, que disse: “quem não amou a elegância sutil de Bobô”. E Veloso estava certo, pois todos amaram. Uma pena o craque não ter brilhado nos outros clubes que passou após 1988. Ele foi feito mesmo para o Bahia.

Osmar: foi o artilheiro do Campeonato Baiano de 1988 com 19 gols, mas deixou a desejar no Brasileiro e perdeu espaço para a dupla Charles e Marquinhos. Podia jogar como atacante ou meia-atacante, e tinha muita habilidade e velocidade.

Charles: ao lado de Bobô, Charles foi uma das estrelas do Bahia na reta final do Brasileiro. Marcou gols decisivos, infernizou zagas adversárias e mostrou um futebol virtuoso que arrebatou o coração dos tricolores. Seu lindo gol contra o Corinthians, aos 45 minutos do segundo tempo, lhe rendeu o apelido de “Anjo 45”. O sucesso de Charles foi tão grande que sua ausência em uma convocação para um jogo da seleção brasileira contra a Venezuela na Fonte Nova, em 1989, motivou um boicote à equipe de Lazaroni. Com isso, apenas 13 mil torcedores estiveram no estádio. Charles, posteriormente, ganhou chances na equipe verde e amarela, foi bem, mas perdeu a vaga para outros nomes como Bebeto e Renato Gaúcho. Seu talento chamou a atenção, inclusive, de Maradona, que comprou seu passe em 1991. Porém, o atacante não conseguiu repetir o futebol leve e bonito dos tempos de Bahia e sucumbiu no futebol argentino.

Renato: foi bem na conquista do Campeonato Baiano e era titular na campanha do Brasileiro de 1988 até ter sua “cabeça” pedida pela torcida, que se mostrava indignada com a falta de eficiência do atacante dentro da área. Com isso, saiu queimado da Fonte Nova e perdeu espaço para os jovens Marquinhos e Charles.

Sandro: outro atacante que acabou perdendo espaço no decorrer do Brasileiro, Sandro tinha habilidade como ponta-esquerda e foi muito importante na campanha do tricampeonato baiano.

Marquinhos: muito veloz, o atacante Marquinhos foi outra grata surpresa do Bahia na reta final do Brasileiro de 1988. Podia jogar como ponta ou como segundo atacante pela esquerda. Brilhou ainda no Cruzeiro do começo dos anos 90.

Evaristo de Macedo (Técnico): um dos maiores atacantes do futebol brasileiro nos anos 50 e 60 e ídolo de clubes como Flamengo e Barcelona, Evaristo de Macedo mostrou ter estrela, também, como técnico. Conseguiu montar uma equipe extremamente eficiente na defesa e precisa no ataque. O time conseguia impor dificuldades aos seus adversários não só na Fonte Nova, mas também fora de seus domínios. Jogar contra aquele Bahia era uma dureza. E Macedo conseguiu, depois de uma fracassada passagem pela seleção brasileira, dar a volta por cima. E em grande estilo.

Bobô (à esq.) ergue novamente a taça em amistoso que celebrou os 20 anos da conquista. Ao lado dele, Casemiro, que também jogou aquela histórica final.
Bobô (à esq.) ergue novamente a taça em amistoso que celebrou os 20 anos da conquista. Ao lado dele, Zé Carlos, mas com a camisa do Inter.
 

 

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Comentários encerrados

10 Comentários

  1. Esse Time do Bahia era excepcional. Bobô, Zanata e o “Príncipe” Charles sem dúvidas foram os grandes rostos da Conquista. Eu Sinceramente Espero que muito em breve, uma outra equipe da minha região Nordeste seja ela qual for, consiga conquistar o Campeonato Brasileiro por mais que pareça difícil com as equipes do eixo cada vez mais endinheiradas

  2. Pena que depois do título Maracajá e outros dirigentes arruinaram o Bahia,.,, o poder subiu na cabeça deles. O ex-goleiro Ronaldo me disse que Maracajá é o câncer do Bahia.

  3. Esse era o Bahia ,que eu ,queria ver sempre , muito ,fui em todos os jogos e não esqueço , Bahia e Fluminense , quê coisa linda aquela torcida ,mas de cem mil, torcedores ,

  4. Parabéns!! Como sempre excelente texto, este time jogava muito e me traz muitas recordações boas desta época…que tal lembrar de outro time brasileiro que fez história (apesar de não ter ganho títulos) em meados e final dos anos 80 o Guarani de Evair, João Paulo, Boiadeiro de 1986-1988, vice campeão Brasileiro e Paulista?
    Abraço!

    • guarani campeao brasileiro 1978 em cima do palmeiras e vice-campeao brasileiro 1986 contra o sao paulo 1987 modulo amarelo(segunda divisao) titulo dividido com o sport, esporte clube bahia unico campeao brasileiro do norte/nordeste!!!!!

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