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Esquadrão Imortal – Monaco 1996-1998

Em pé: Lilian Martin, Sylvain Legwinski, Patrick Blondeau, Martin Djetou e Sonny Anderson. Agachados: Franck Dumas, Emmanuel Petit, Fabien Barthez, Enzo Scifo, John Collins e Victor Ikpeba.

 

Grandes feitos: Campeão do Campeonato Francês (1996-1997), Campeão da Supercopa da França (1997) e Semifinalista da Liga dos Campeões da UEFA (1997-1998).

Time-base: Barthez; Blondeau (Lilian Martin / Sagnol), Grimandi (Diawara / Christanval), Dumas (Irles) e Petit (Léonard / Di Meco / Pignol); Djetou, Benarbia (Enzo Scifo / Costinha), Legwinski e Collins (Henry); Sonny Anderson (Trezeguet) e Ikpeba. Técnico: Jean Tigana.

 

“Forjando a primeira estrela”

 

Por Guilherme Diniz

 

Demorou, mas quando a França conseguiu seu primeiro título mundial, em casa, na Copa de 1998, o fez com estilo e um dos maiores esquadrões da história dos Mundiais. O que poucos sabem é que boa parte dos craques presentes naquele timaço compuseram, também, a equipe do Monaco do início da segunda metade da década de 1990, campeão francês em 1996-1997, semifinalista da Copa da UEFA da mesma temporada e semifinalista da Liga dos Campeões da UEFA de 1997-1998. Um time que marcou época com uma geração de ouro de futebolistas que se tornaram membros da elite do esporte mundial nos anos seguintes com nomes como Barthez, Petit, Henry, Trezeguet e Thuram. Além deles, o clube do Principado ainda teve talentos como Ikpeba, Sonny Anderson, Dumas, Collins, Enzo Scifo e o técnico Jean Tigana, ex-craque que se mostrou talentoso, também, com a prancheta. É hora de relembrar.

 

Novos rumos

Com Arsène Wenger (erguendo o troféu da Copa da França de 1991 na foto), Monaco viveu grandes momentos.

 

Entre 1987 e 1994, o Monaco viveu grandes momentos sob o comando do técnico Arsène Wenger, que conduziu o clube aos títulos do Campeonato Francês de 1987-1988, da Copa da França de 1990-1991, além de ter alcançado o vice-campeonato da Recopa da UEFA de 1991-1992, ao perder para o Werder Bremen-ALE a decisão. Além de Wenger, o Monaco daquela época teve nomes como George Weah, Jürgen Klinsmann, Ramón Díaz, Lilian Thuram, Youri Djorkaeff, Glenn Hoddle, Mark Hateley e Patrick Battiston, que ajudaram o alvirrubro a topar de frente contra o poderoso Olympique de Marselha multicampeão do começo dos anos 1990 e campeão europeu de 1993. Por conta do escândalo de manipulação de resultados que acometeu o Campeonato Francês de 1992-1993, Wenger decidiu deixar a França em busca de novos rumos e foi dirigir o Nagoya Grampus Eight-JAP para depois ir ao Arsenal-ING, onde construiu uma carreira brilhante e que mudaria os rumos do futebol inglês na virada do século. 

Wenger priorizava muito o condicionamento físico dos atletas, como visto nessa foto de 1992.

 

A diretoria do Monaco se viu desamparada, ainda mais depois das partidas dos craques daqueles anos de ouro, entre eles Lilian Thuram, que foi jogar no Parma a partir de 1996. Os monegascos tentaram uma nova era com três treinadores, todos sem sucesso. Foi só em 1995 que o clube, enfim, teria um recomeço digno com a contratação de Jean Tigana, ex-craque do timaço da França dos anos 1980, que começava sua carreira de técnico e tinha o Lyon como único trabalho até então. Além de Tigana, a diretoria trouxe também ex-jogadores do Olympique, que foi rebaixado para a segunda divisão após o escândalo de manipulação de resultados, e trouxe o goleiro Fabien Barthez, o atacante Sonny Anderson e o defensor Di Meco. Já com nomes importantes como Petit, Dumas, Ikpeba, além dos pratas da casa Trezeguet e Henry, o Monaco tinha um elenco muito equilibrado que poderia render mais com um trabalho sólido e paciente.

Jean Tigana, técnico do Monaco na segunda metade dos anos 1990.

 

Em sua primeira temporada, Tigana conduziu o Monaco ao 3º lugar na Ligue 1 da temporada 1995-1996 com o terceiro melhor ataque do torneio – 64 gols em 38 jogos, a maioria de Sonny Anderson, artilheiro da Ligue 1 daquele ano com 21 gols. Disciplinador, Tigana sabia cobrar e elogiar no tempo certo e era muito exigente com o elenco e consigo mesmo. 

Ele sabia que não contava com estrelas nem com o poder aquisitivo de outras equipes, mas o treinamento árduo iria formar um esquadrão muito competitivo e que podia atuar de diferentes maneiras em cada jogo graças à inteligência tática e técnica de vários atletas do grupo, entre eles Petit (lateral, meio-campista e até ponta), Djetou (zagueiro e volante) e Grimandi (zagueiro e meio-campista). Mas seria no ataque que Tigana iria aproveitar muito bem o talento que tinha à disposição com Collins e Legwinski mais abertos, como meias, e Ikpeba, Sonny Anderson e Henry os fazedores de gols nas diferentes competições da temporada. 

 

Jornada próspera

Sonny Anderson, goleador do esquadrão monesgasco.

 

Com uma defesa segura e um ataque que dificilmente passava em branco, o Monaco começou a temporada com altos e baixos até se firmar de vez como candidato ao título nacional. Depois de bater o Nantes, fora de casa, por 3 a 1, empatou com o Montpellier em casa em 1 a 1, perdeu para o Guingamp por 2 a 1 e voltou a vencer na 4ª rodada, com triunfo por 2 a 0 sobre o Cannes. Depois de enfiar 5 a 1 no Lens, a equipe empatou dois jogos seguidos (em 0 a 0, contra PSG e Lyon), e bateu o Le Havre por 2 a 1, fora. Foi só a partir da 11ª rodada, quando venceu o Rennes por 3 a 1, que o Monaco, enfim, não saiu mais do pelotão de cima da tabela ao alcançar a segunda colocação. A equipe ficou cinco jogos sem perder, com quatro vitórias e um empate, destaque para os 4 a 1 sobre o rival Nice, com dois gols de Ikpeba e dois de Sonny Anderson, dupla mais do que afiada e a preferida do técnico Tigana. 

Um novato Thierry Henry (ainda de dreads!) pelo Monaco.

 

Pelo lado esquerdo do ataque, Collins e o novato Thierry Henry se revezavam e davam muita velocidade e criatividade ao time. No setor defensivo, Petit conseguia ajudar como lateral-esquerdo, volante ou até meia, podendo criar jogadas e também ajudar na marcação, enquanto Dumas era o principal defensor. Trezeguet, também um dos jovens do time, ainda não tinha espaço, mas entrava bem quando exigido.

Entre as rodadas 17 e 26, o Monaco não perdeu, emendou oito vitórias e dois empates, e assumiu a liderança da Ligue 1 na rodada 21, topo de onde o time não sairia mais. Um jogo simbólico e que provou a boa fase da equipe foi a vitória sobre o vice-líder PSG por 2 a 0, gols de Legwinski e Sonny Anderson, vitória imensamente comemorada não só pela manutenção da liderança, mas também pela dificuldade do adversário, que tinha na época nomes como Raí, Leonardo, Lama, Loko e N’Gotty.

Petit, um dos principais jogadores do Monaco e ídolo da torcida.

 

Ikpeba fez uma parceria memorável com Sonny Anderson no ataque monegasco.

 

Paralelo à disputa da Ligue 1, os monegascos foram avançando na Copa da UEFA de 1996-1997. Depois de superar com facilidade o Hutnik Kraków-POL por 4 a 1 no agregado, a equipe enfrentou o Borussia Mönchengaldbach-ALE na segunda fase e venceu na Alemanha por 4 a 2, gols de Collins, Ikpeba (2) e Henry, em seu primeiro gol em uma competição da UEFA. Na volta, o Monaco perdeu por 1 a 0, mas a vaga ficou com os alvirrubros na soma do placar agregado (4 a 3). Nas oitavas de final, a equipe não tomou conhecimento do Hamburgo-ALE e aplicou 3 a 0 no duelo de ida, em casa, gols de Sonny Anderson, Ikpeba e Blondeau, e venceu na Alemanha por 2 a 0, gols de Ikpeba e Benarbia. Nas quartas, mais duas vitórias convincentes, dessa vez sobre o Newcastle United-ING: 1 a 0, fora, gol de Sonny Anderson, e 3 a 0, em casa, gols de Legwinski e Benarbia (2). 

Bergomi tenta desarmar Henry, enquanto Djorkaeff observa bem de perto. Choque de titãs no Inter x Monaco daquela temporada!

 

O sonho de conquistar o primeiro título continental estava próximo, mas, na semifinal, a equipe não conseguiu superar a Inter de Milão-ITA (ainda sem Ronaldo Fenômeno), mas com Zamorano, Bergomi, Pagliuca, Zanetti e Winter, que venceu o Monaco na ida, em Milão, por 3 a 1, e segurou a derrota por 1 a 0 na casa monegasca, resultado que colocou os italianos na decisão – perdida para o Schalke 04-ALE. Ikpeba foi o vice-artilheiro daquela Copa da UEFA com 7 gols, um gol atrás de Ganz, da Inter. Mas a temporada teria um final feliz para o esquadrão de Tigana.

 

Campeões!

Henry e Barthez pelo Monaco.

 

No dia 03 de maio, pouco depois da eliminação na Copa da UEFA, o Monaco celebrou seu título francês sem nem precisar entrar em campo. Faltando três rodadas para o fim, a equipe se beneficiou do tropeço do PSG e faturou o troféu de campeão francês depois de nove anos de jejum. Nas três rodadas finais, o time empatou com o Caen (2 a 2), venceu o Nancy (3 a 1) e bateu o Nantes (2 a 1). Para aumentar o simbolismo da conquista, o título veio em meio às comemorações dos 700 anos do reinado da Casa de Grimaldi no Principado. Em 38 jogos, o Monaco somou 79 pontos (12 a mais do que o PSG), venceu 23 jogos, empatou 10, perdeu apenas cinco, marcou 69 gols (melhor ataque) e sofreu 30 (melhor defesa). Sonny Anderson, com 19 gols, foi o artilheiro da equipe no torneio. 

 

Reformulação e o quase na Liga dos Campeões

Em pé: Lilian Martin, Philippe Christanval, Philippe Léonard, Martin Djetou e Djibril Diawara. Agachados: Thierry Henry, Fabien Barthez, Ali Benarbia, John Collins, David Trezeguet e Victor Ikpeba.

 

Na temporada 1997-1998, o Monaco passou por uma reformulação por conta da exposição que seus jogadores tiveram com o título. Sonny Anderson deixou o clube para substituir Ronaldo no Barcelona, Petit e Grimandi assinaram com o Arsenal de Wenger e o veterano Enzo Scifo voltou ao Anderlecht para os últimos momentos de sua carreira. Porém, Trezeguet ganharia espaço no ataque do time, bem como Henry, e a diretoria trouxe novos nomes como o lateral Sagnol, o defensor Diawara, o volante Costinha e o atacante/meia Giuly, de 20 anos, incorporado na metade da temporada e que iria brilhar principalmente no começo dos anos 2000 com a camisa monegasca.

Trezeguet e Henry: dupla foi campeã do mundo em 1998 com a França.

 

Uma das escalações do Monaco da época.

 

Em julho de 1997, a equipe começou a temporada vencendo a Supercopa da França com goleada de 5 a 2 sobre o rival Nice. No Campeonato Francês, o time até que se mostrou competitivo, mas terminou na 3ª colocação, 11 pontos atrás do campeão Lens. Mas foi na Liga dos Campeões da UEFA que o Monaco fez bonito e por pouco não alcançou sua primeira final. Na fase de grupos, os monegascos foram líderes na chave F com quatro vitórias, um empate e uma derrota, com destaque para os 4 a 0 sobre o Bayer Leverkusen-ALE (dois gols de Ikpeba e dois de Henry), 5 a 1 sobre o Lierse-BEL (dois gols de Trezeguet, um de Ikpeba, um de Collins e um de Henry), e os 3 a 2 sobre o Sporting-POR (dois gols e Henry e um de Trezeguet). 

Nas quartas de final, o Monaco encarou o fortíssimo Manchester United-ING e, após empate em 0 a 0 em casa, os monegascos arrancaram um empate em 1 a 1 em pleno Old Trafford (gol de Trezeguet) e se garantiram nas semifinais graças ao critério de gols marcados fora, ainda em vigor na época. Na semifinal, o adversário foi a duríssima Juventus-ITA de Del Piero (em fase esplendorosa) e Zidane. Na ida, em Turim, Del Piero marcou três nos 4 a 1 da Juve. Na volta, no Stade Louis II, Léonard, Henry e Spehar fizeram os gols da vitória do Monaco por 3 a 2, resultado que não ajudou a classificar a equipe, derrotada no agregado por 6 a 4.

 

À espera do novo milênio

O time vice-campeão da Liga dos Campeões da UEFA de 2003-2004. Em pé: Ibarra, Édouard Cissé, Roma, Morientes, Zikos e Bernardi. Agachados: Givet, Giuly, Rothen, Julien Rodríguez e Evra.

 

A partir de 1999, o Monaco perdeu mais nomes em seu elenco, o técnico Tigana deixou o clube e a equipe só iria retomar a coroa na Ligue 1 em 1999-2000, com o quarteto Trezeguet, Giuly, Marco Simone e Marcelo Gallardo. Na época 2003-2004, os monegascos brilharam na Liga dos Campeões da UEFA, quando alcançaram pela primeira vez a decisão, mas acabaram derrotados pelo Porto de Mourinho. Dali em diante, a equipe viveu momentos tenebrosos, foi rebaixado, quase faliu e foi comprado em 2011 pelo bilionário Dmitry Rybolovlev, que colocou o Monaco nos trilhos até o time retornar aos mais competitivos da França e levantar o Campeonato Francês de 2016-2017 com um esquadrão avassalador relembrado aqui. Mas o time de 1996-1997 segue até hoje na memória do torcedor como um dos mais brilhantes já formados pelo Monaco em sua história e por ter tido expoentes da geração francesa campeã do mundo em 1998. Um esquadrão imortal.

 

Os personagens:

 

Barthez: dono de uma vasta coleção de títulos com a camisa azul da França e recordes, entre eles o de ser o goleiro com mais jogos sem levar gols na histórias das Copas do Mundo (em 17 partidas, ele não levou gols em 10), Fabien Barthez é um dos mais talentosos arqueiros de sua geração, e, para muitos, o maior que a França já produziu. Mesmo com pouco mais de 1,80m de altura, o carequinha compensava a “baixa” estatura com posicionamento pleno embaixo das traves, velocidade nas saídas do gol e uma elasticidade rara, além de ser arrojado e não temer os atacantes adversários no mano a mano. 

Após um período de glórias em Marselha, o craque foi para o Monaco e catapultou de vez sua carreira, ganhando a titularidade na seleção francesa campeã da Copa do Mundo de 1998. Naquele Mundial, Barthez foi uma das principais figuras dos Bleus pelas defesas, pelas saídas de bola e a segurança absoluta. Em 2000, ele seguiu no time campeão da Euro e foi um dos símbolos de uma era inesquecível da equipe francesa. O craque esteve também nas Copas de 2002 e 2006 e foi o primeiro goleiro a vencer o Brasil em duas partidas de mata-matas de Copas (na final de 1998 e nas quartas de final de 2006, em ambas sem levar gols). Pelo Monaco, Barthez disputou 196 jogos entre 1995 e 2000 e faturou os Campeonatos Franceses de 1996-1997 e 1999-2000.

Blondeau: lateral-direito revelado pelo Martigues, Blondeau chegou em 1989 ao Monaco e permaneceu no principado até 1997, sendo um dos destaques defensivos do time no período e ganhando até duas convocações para a seleção francesa. Era eficiente no apoio ao ataque e marcava gols.

Lilian Martin: também lateral, chegou em 1996 ao Monaco e disputou 26 jogos na campanha do título francês. Tinha características mais de marcação e não ia muito ao ataque. Sofreu com uma lesão na temporada seguinte que prejudicou sua estadia na equipe.

Sagnol: o lateral teria uma carreira de destaque nos anos seguintes, em especial com a camisa do Bayern München-ALE. No Monaco, jogou de 1997 até 2000 e cravou sua titularidade principalmente entre 1998 e 2000, ajudando a equipe a vencer a Ligue 1 de 1999-2000. Sagnol acumulou 93 jogos pelo Monaco.

Grimandi: podia jogar como meio-campista e zagueiro, mas atuou mais nesta última posição entre 1991 e 1997. Era muito eficiente na marcação e no posicionamento e foi jogar no Arsenal tempo depois a pedido do técnico Arsène Wenger, que trabalhou com Grimandi no Monaco.

Diawara: o zagueiro senegalês jogou apenas a temporada 1997-1998 no Monaco, mas foi muito eficiente e deu força defensiva ao time, em especial nos jogos da Liga dos Campeões da UEFA. Alto – tinha 1,85m -, era bom no jogo aéreo e na marcação. Atuou algumas vezes, também, como volante.

Christanval: zagueiro bom no jogo aéreo e na marcação, teve bons momentos na temporada 1997-1998 e, principalmente, na época 1999-2000, quando ajudou o time a vencer outra Ligue 1 e ficou com o prêmio de melhor jogador jovem da temporada. Foi convocado para a seleção francesa na Copa de 2002.

Dumas: foi a referência na zaga do Monaco naquela época e capitão do time. Disputou mais de 220 jogos pelo clube entre 1992 e 1999 e esteve em 36 dos 38 jogos da campanha do título francês de 1996-1997. Com boa visão de jogo e ótimo na marcação, ajudava bastante também no meio de campo.

Irles: o zagueiro permaneceu a carreira inteira no Monaco, de 1994 até 2002, mas nunca foi um titular absoluto. Foram apenas 11 jogos disputados na campanha do título francês de 1996-1997.

Petit: um dos mais talentosos jogadores franceses dos anos 1990, Emmanuel Petit começou nas categorias de base do Monaco no final dos anos 1980 e, em 1988, já estava no time titular. Com uma enorme consciência tática, polivalência e capaz de jogar como lateral, volante, meia e ponta, fez de tudo no Monaco entre 1988 e 1997 e provou sua estrela atuando em 29 jogos da campanha do título francês de 1996-1997, além de ter anotado o gol que selou a vitória por 3 a 0 da França sobre o Brasil na final da Copa do Mundo de 1998. Acabou deixando o Monaco em 1997 para jogar no Arsenal. Petit disputou 292 jogos e marcou cinco gols pelo Monaco na carreira.

Léonard: lateral-esquerdo, o belga disputou 19 jogos na campanha do título e permaneceu até 2003 no clube, alternando momentos como titular e reserva. Foi convocado constantemente para a seleção da Bélgica no período, pela qual disputou 26 jogos.

Di Meco: multicampeão pelo Olympique, o lateral não conseguiu muito espaço no time por causa de uma grave lesão e também das boas fases de Petit, Léonard e das variações táticas do técnico Tigana. Foi titular entre 1994 e 1996, mas praticamente não jogou entre 1996 e 1998, quando se aposentou.

Pignol: jogou de 1997 até 2000 no Monaco e atuava como lateral-esquerdo, lateral-direito ou zagueiro. Fez bons jogos na Liga dos Campeões.

Djetou: zagueiro com excelente preparo físico e forte na marcação, Djetou jogou de 1996 até 2001 no Monaco e fez uma boa dupla com Dumas no setor defensivo do esquadrão monegasco. Além de atuar mais centralizado, podia jogar um pouco mais pelo lado esquerdo da defesa para cobrir as investidas de Petit ou Léonard. Chegou a ser convocado para a seleção francesa em algumas ocasiões e esteve na lista dos pré-convocados para a Copa de 1998, mas acabou de fora da lista final e perdeu a chance de ser campeão do mundo.

Benarbia: depois de passar dez anos no Martigues, o argelino foi contratado pelo Monaco em 1995 e permaneceu até 1998, atuando no meio de campo como construtor de jogadas e também aparecendo na frente para finalizar. Disputou 35 jogos e marcou três gols na campanha do título francês de 1996-1997, ganhando o apelido de “argelino mágico” por conta de seu estilo de jogo refinado e de passes precisos. Foram 121 jogos e 12 gols pelo Monaco.

Enzo Scifo: fez excelentes jogos pelo Monaco entre 1993 e 1996, mas perdeu espaço no time campeão francês de 1996-1997. Mesmo assim, quando entrou, cumpriu seu papel com sua enorme visão de jogo e passes precisos que o consagraram no futebol italiano e, também, na seleção da Bélgica dos anos 1980. 

Costinha: antes de ser uma engrenagem fundamental no sucesso do Porto dos anos 2000, o português se revelou um dos mais incansáveis meio-campistas da época com a camisa do Monaco. Marcador implacável e que auxiliava o ataque e a defesa, conseguiu seu espaço no time a partir de 1997. Foi campeão francês em 1999-2000 e deixou o clube em 2001.

Legwinski: com 9 gols na época 1996-1997, o meia foi outro a se destacar no esquema tático do técnico Tigana com boa participação ofensiva e visão de jogo. Foi o que mais atuou na campanha do título francês – 37 jogos.

Collins: já experiente por suas passagens pelo Hibernian e pelo Celtic, o meia chegou em 1996 e fez grandes jogos pelo setor esquerdo do ataque da equipe na campanha do título de 1996-1997, quando disputou 28 jogos e marcou seis gols. Com a ascensão de Henry, perdeu espaço na temporada seguinte e foi jogar no futebol inglês.

Henry: o lendário atacante estreou pela equipe principal do Monaco em 1994, com 17 anos. Atuando como ponta esquerda, Henry já mostrava ao futebol francês aquela que seria uma de suas marcas registradas e repetida por muitos jogadores do mundo da bola nos anos seguintes: a jogada com o “pé trocado”. Com força física e habilidade incomuns, ele partia da esquerda para o meio, atacando a área e deixando seus marcadores para trás. Após clarear o espaço à sua frente, ele deferia o chute mortal, muitas vezes no canto esquerdo do goleiro, que nada podia fazer. O garoto que ainda usava “dreads” dava os primeiros passos para encantar o futebol francês. Na temporada 1996-1997, ele conquistou o título da Ligue 1 atuando em 36 jogos e marcando 9 gols, além de vencer o título de melhor jogador jovem da temporada. Henry permaneceu no Monaco até 1999, disputou 141 jogos e marcou 28 gols. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Sonny Anderson: o brasileiro marcou época no futebol francês como um dos mais prolíficos goleadores de seu tempo e da Ligue 1. No Monaco, seu faro artilheiro estava tinindo e foi artilheiro da Ligue 1 de 1995-1996 com 21 gols, seguiu anotando gols e mais gols e balançou as redes 19 vezes na temporada 1996-1997, quando conquistou o título. Com 67 gols em 113 jogos pelo Monaco, Sonny Anderson é o 8º maior artilheiro do clube na história. Foi contratado pelo Barcelona em 1997, mas não conseguiu repetir os bons tempos do principado. Retornou ao futebol francês nos anos 2000 para retomar o faro decisivo com a camisa do Lyon.

Trezeguet: o jovem despontou de vez no time na temporada 1997-1998, logo após o título francês, e fez uma cultuada parceria com Henry no ataque. Sempre bem colocado e decisivo, marcou 18 gols em 27 jogos na Ligue 1 e foi o artilheiro do time na competição. Foi dele, também, o gol que eliminou o badalado Manchester United nas quartas de final da Liga dos Campeões da UEFA de 1997-1998. Trezeguet é o 9º maior artilheiro do Monaco na Ligue 1 com 52 gols. Deixou o clube em 2000 para brilhar na Juventus.

Ikpeba: rápido, forte, sempre bem colocado e com arrancadas fulminantes, Ikpeba marcou época na seleção da Nigéria campeã olímpica de 1996 e foi um verdadeiro furacão pelo Monaco entre 1993 e 1999, quando se tornou o 4º maior artilheiro da história do clube com 79 gols e maior artilheiro em torneio continentais com 14 tentos. Em 1997, foi eleito o Futebolista Africano do Ano e marcou 13 gols em 31 jogos na caminhada do título francês. Um ídolo histórico da torcida monegasca, Ikpeba disputou 242 jogos e marcou 79 gols pelo clube. 

Jean Tigana (Técnico): com um estilo de comando rígido, às vezes autoritário, e muito disciplinador, Tigana conduziu com maestria o Monaco rumo ao título francês de 1996-1997 e aos holofotes do futebol europeu. Soube utilizar e rodar bem o elenco ao longo das temporadas e não teve receio algum de utilizar os jovens talentos em competições como a Liga dos Campeões. Ganhou a confiança dos jogadores e mereceu demais o título daquela temporada inesquecível, na qual foi eleito o treinador do ano na França. Após a Copa do Mundo de 1998, chegou até a ser cotado para assumir a seleção francesa, mas desmentiu qualquer proposta da Federação. Tigana comandou o Monaco de 1995 até 1999, com 92 vitórias, 37 empates, 41 derrotas em 170 jogos, aproveitamento de 54,1%.

 

 

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