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Craque Imortal – Klinsmann

Fußball-WM 1998 - Jürgen Klinsmann jubelt

Nascimento: 30 de Julho de 1964, em Göppingen, Alemanha.

Posição: Atacante

Clubes: Stuttgart Kickers-ALE (1981-1984), Stuttgart-ALE (1984-1989), Internazionale-ITA (1989-1992), Monaco-FRA (1992-1994), Tottenham Hotspur-ING (1994-1995 e 1997-1998), Bayern München-ALE (1995-1997) e Sampdoria-ITA (1997-1998).

Principais títulos por clubes: 1 Copa da UEFA (1990-1991) e 1 Supercopa da Itália (1989) pela Internazionale.

1 Copa da UEFA (1995-1996) e 1 Campeonato Alemão (1996-1997) pelo Bayern München.

 

Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo (1990), 1 Eurocopa (1996) e 1 US Cup (1993) pela Alemanha.

 

Principais títulos individuais e artilharias:

Jogador Alemão do Ano: 1988 e 1994

Jogador de Futebol do Ano pela Football Writer´s Association: 1995

Artilheiro Mundial do Ano pela IFFHS: 1995 (17 gols)

Artilheiro da Bundesliga: 1987-1988 (19 gols)

FIFA 100: 2004

Eleito para a Seleção dos Sonhos da Alemanha do Imortais: 2020

Eleito para o Time dos Sonhos da Inter de Milão do Imortais: 2022

Eleito para o Time dos Sonhos do Bayern München do Imortais: 2022

 

“O Alemão Artístico”

Por Guilherme Diniz

Durante décadas os atacantes da Alemanha foram tachados de “durões”, rompedores e simples fazedores de gols, sem a habilidade de jogadores latinos e, principalmente, brasileiros. Porém, essa mesma Alemanha passou a mudar seu histórico com um craque que mostrou que o país produzia, sim, artistas da bola, daqueles que não marcam apenas gols, mas que driblam, constroem jogadas, tabelam e assinam pinturas eternas. Jürgen Klinsmann, o loirinho arisco de Göppingen, encantou o planeta por anos com um futebol bonito de se ver e como nunca antes os alemães haviam imaginado ver (e olha que eles já haviam contemplado mestres como Beckenbauer, Gerd Müller, Rummenigge, entre outros). Klinsmann pegava os goleiros desprevenidos, era um oportunista nato, inteligente e tinha um chute certeiro com a perna direita. Campeão do mundo e da Europa pela seleção, o craque fez o caminho inverso ao de muitos jogadores colecionando mais títulos de expressão por seu país do que por clubes, além de ter anotado gols em todas as competições que jogou com a camisa da Alemanha, da Eurocopa de 1988 até a Copa do Mundo de 1998. É hora de relembrar a carreira de um dos mais divertidos atacantes dos anos 80 e 90.

 

Garotinho goleador

O pequeno Klinsmann (segundo em pé da esquerda para a direita).
O pequeno Klinsmann (segundo em pé da esquerda para a direita).

 

Segundo dos quatro filhos do casal Siegfried e Martha Klinsmann, o pequeno Jürgen começou a jogar futebol com nove anos de idade em sua cidade natal, Göppingen, no distrito de Gingen. Como atacante, o garotinho franzino e rápido anotou 106 gols em apenas uma temporada, com recorde de 16 gols em um só jogo (!) na vitória de seu time, o Gingen, por 20 a 0 sobre o Aichelberg. Klinsmann mostrava desde cedo um talento fantástico com a bola nos pés, noção de tempo perfeita, oportunismo e vocação para colocar a bola nas redes. Aos 14 anos, ingressou no Stuttgart Kickers, onde assinou seu primeiro contrato profissional dois anos depois. Nesse tempo, os pais de Klinsmann exigiram que o garoto ao menos terminasse sua formação como padeiro, uma tradição familiar. O jovem cumpriu a exigência e concluiu o curso em 1982, mesmo ano em que começou sua carreira profissional na segunda divisão alemã. Mesmo sem estar num grande clube, o atacante precisou de apenas três temporadas como profissional para chamar a atenção de todos com muitos gols e jogadas preciosas. Em 35 partidas, marcou 19 gols, desempenho que chamou a atenção do Stuttgart, que contratou a jovem promessa em 1984.

 

Puro talento

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Com a camisa do Stuttgart, Klinsmann pôde, enfim, mostrar a todos que seria um atacante diferente no futebol do país. Em sua primeira temporada, o craque marcou 15 gols e melhorou a média nos anos seguintes. Em 1985-1986 e 1986-1987 foram 16 gols em cada um dos campeonatos nacionais, feito que ajudou o time a beliscar uma vaga na Recopa da UEFA de 1986-1987. Na competição europeia, porém, a equipe sucumbiu diante do Torpedo Moscow-URSS e perdeu os dois jogos disputados nas oitavas de final. Cada vez melhor, Klinsmann conseguiu, na temporada 1987-1988, ser pela primeira vez artilheiro do Campeonato Alemão com 19 gols (incluindo uma bicicleta antológica em um duelo contra o Bayern München). Aquela temporada foi sem dúvida uma das melhores do craque, que foi chamado pela primeira vez para a seleção alemã, pela qual disputou as Olimpíadas de Seul em 1988 e ficou com a medalha de bronze. Ainda naquele ano, Klinsmann foi eleito o melhor jogador alemão do ano e um dos principais do país.

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O técnico da seleção à época, Franz Beckenbauer, convocou o atacante para a disputa da Eurocopa de 1988, que foi disputada na própria Alemanha. Na competição, Klinsmann anotou um gol na vitória por 2 a 0 sobre a Dinamarca na fase de grupos, mas não conseguiu evitar a derrota para a Holanda de Gullit, van Basten e Rijkaard nas semifinais por 2 a 1. Mesmo com o revés, o jogador soube a partir daquele momento que poderia esperar por novas convocações, principalmente com uma Copa do Mundo prestes a acontecer, em 1990.

 

Tinha um Maradona no meio do caminho…

Klinsmann comemora um gol, com Maradona ao fundo: amargo vice-campeonato.
Klinsmann comemora um gol, com Maradona ao fundo: amargo vice-campeonato.

 

Depois de participações razoáveis na Bundesliga, o Stuttgart conseguiu mostrar suas garras em solo europeu ao realizar uma ótima campanha na Copa da UEFA da temporada 1988-1989. A equipe eliminou Tatabánya-HUN, Dinamo Zagreb-CRO, Groningen-HOL, Real Sociedad-ESP e Dinamo Dresden-ALE e chegou à grande final. Nela, os alemães tiveram a dura missão de encarar o Napoli-ITA de Maradona e Careca, que se aproveitou da ausência de Klinsmann no primeiro jogo da final e venceu por 2 a 1. Na volta, em Stuttgart, Klinsmann fez um gol, mas seu time levou três e ficou no empate em 3 a 3, resultado que deu o título europeu ao clube napolitano. Mais uma vez Klinsmann não sabia o que era um título. Mas os tempos de vices e decepções estavam com os dias contados.

 

Itália: terra das glórias

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Se na Alemanha Klinsmann nasceu, cresceu e despontou para o futebol, foi na Itália que o craque se tornou um dos maiores do planeta e conquistou seus tão sonhados títulos, seja por clube, seja por seleção. Logo após a final da Copa da UEFA de 1988-1989, o alemão aceitou uma proposta da Internazionale-ITA, que formou um inesquecível trio germânico em seu elenco com Matthäus, Brehme e Klinsmann. O atacante conquistou rapidamente seu espaço no time e o respeito da torcida por aprender a falar o idioma local e se enturmar com tudo e todos, além de sua habitual simpatia. Logo em sua primeira temporada no Calcio, Klinsmann conquistou a Supercopa da Itália, marcou 13 gols e foi o artilheiro da equipe no Campeonato Italiano, mesmo sob um futebol pegado e defensivo. Naquele ano, porém, ele não conquistou um título pela Inter (o Scudetto ficou com o Napoli de Maradona). Mas seria ali, na Itália, que o troféu da vida dele seria conquistado com maestria: a Copa do Mundo.

 

A primeira Copa

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Titular e uma das principais referências do ataque da Alemanha, Klinsmann estreou na maior vitrine do futebol mundial na Copa da Itália de 1990. A seleção alemã começou o mundial no Grupo D, ao lado de Iugoslávia, Colômbia e Emirados Árabes Unidos. A estreia foi ótima e mostrou a todos que os alemães eram mais uma vez fortes candidatos ao título: 4 a 1 na Iugoslávia, gols de Matthäus (2 golaços, diga-se de passagem), Klinsmann e Völler. Na partida seguinte, mais uma goleada: 5 a 1 nos EAU, gols de Völler (2), Klinsmann, Matthäus e Bein. Classificados, os alemães tiraram o pé na partida contra a Colômbia e apenas empataram em 1 a 1, com o gol da Alemanha marcado por Littbarski. Era hora das oitavas de final.

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Nela, a Alemanha encarou a Holanda, que disputava sua primeira partida contra a Alemanha em mundiais desde o 2 a 2 da Copa de 1978, quando os holandeses eliminaram os alemães. Em 1982 e 1986, a Laranja não disputou o Mundial e chegava à Itália como favorita e campeã europeia, tendo eliminado o time de Klinsmann durante aquele torneio, em 1988.  Mas o craque e sua trupe queriam vingar a eliminação na Euro e partiram pra cima daquela Holanda que havia decepcionado na primeira fase ao empatar seus três jogos, mesmo com van Basten, Gullit, Rijkaard, Koeman, Winter e van Breukelen em campo. Depois de um primeiro tempo morno e polêmico, com a cusparada de Rijkaard em Völler e expulsão de ambos de campo, a Alemanha liquidou o jogo na segunda etapa, com gols de Klinsmann, aos 51´, aproveitando um cruzamento da esquerda e tocando de primeira, e Brehme, aos 82´. Koeman ainda descontou aos 89´, mas era tarde: a Alemanha estava classificada. Era o fim da linha para uma Holanda maravilhosa no papel, mas sem comando e inspiração dentro das quatro linhas.

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Nas quartas de final, a Alemanha enfrentou a boa seleção da Tchecoslováquia e definiu a partida aos 25´do primeiro tempo, com um gol do capitão Matthäus. Os checos tentaram o empate, mas sucumbiram e ainda tiveram Moravcik expulso de campo no segundo tempo. A Alemanha estava em mais uma semifinal. E o adversário seria uma pedreira: a Inglaterra de Lineker e Paul Gascoigne.

 

Mestres dos pênaltis

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Inglaterra e Alemanha protagonizaram mais um duelo emocionante em Copas naquele dia 4 de julho de 1990, em Turim. Com vários craques em campo, o jogo teve muito equilíbrio, com a Inglaterra ligeiramente melhor em suas investidas ao ataque e com o perigoso Gary Lineker ameaçando a meta de Illgner. Mas, no segundo tempo, Brehme marcou o primeiro gol do jogo para os alemães, aos 15´, após cobrança de falta ensaiada e um petardo característico do lateral alemão. Faltando 10 minutos para o fim do jogo, Parker cruzou, a zaga alemã se atrapalhou, e Lineker empatou: 1 a 1. O placar prevaleceu, o jogo foi para a prorrogação e depois para os pênaltis.

Na decisão, os jogadores alemães comprovaram mais uma vez serem os reis do sangue frio em disputas na marca da cal. Klinsmann não bateu, mas seus companheiros Brehme, Matthäus, Riedle e Thon marcaram os 4 gols da Alemanha. Pearce e Waddle desperdiçaram seus chutes pela Inglaterra e a Alemanha venceu por 4 a 3, se garantindo pela terceira vez seguida na final de uma Copa do Mundo. O adversário seria novamente a Argentina, como em 1986. Será que a equipe conseguiria, enfim, acabar com a síndrome de vices?

 

Reis do mundo

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O primeiro tempo da final da Copa de 1990 foi entediante para os mais de 70 mil torcedores. Nem Klinsmann com sua magia e velocidade conseguiu alegar o público, que arriscou até vaias no final da primeira etapa. No segundo tempo, a Alemanha voltou melhor, mais incisiva e disposta a vencer. Littbarski e Brehme assustavam o goleiro argentino com chutes de fora da área e a Argentina apelava para as faltas, a ponto de ter dois jogadores expulsos – um deles foi Monzón, que fez uma falta duríssima em cima de Klinsmann, num lance sem o mínimo espírito esportivo. Aos 40´, pênalti para a Alemanha. Os Hermanos reclamaram demais, mas o juiz não deu bola. Na cobrança, o especialista Brehme. No gol, outro especialista, Goycochea, carrasco da Itália na semifinal e iluminado naquele mundial com quatro pênaltis defendidos. O alemão bateu forte, o argentino acertou o canto, mas a bola entrou no gol: 1 a 0. Festa germânica!

A Argentina não teve forças para buscar o empate e o jogo ficou nisso: Alemanha 1×0 Argentina. Os alemães, depois de duas finais perdidas, eram tricampeões mundiais com o melhor ataque do torneio com 15 gols marcados. O título coroava de uma vez por todas uma geração de ouro do futebol do país e colocava Beckenbauer no mais alto patamar de imortalidade, ao vencer como técnico o mesmo troféu que ele mesmo erguera em 1974 como capitão da Alemanha. Naquela noite de 8 de julho, a Itália era amarela, negra e vermelha. Era totalmente alemã. E Klinsmann conquistava seu primeiro grande título como jogador profissional. E que título! Uma Copa do Mundo de futebol.

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Enfim, a grande glória por clube

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Depois da Copa, Klinsmann conseguiu alcançar seus objetivos pela Internazionale e levantou um grande troféu: a Copa da UEFA de 1990-1991, quando o craque foi um dos principais responsáveis pela taça. Ainda na primeira fase, foi dele o gol da classificação contra o Rapid Wien-AUT na prorrogação vencida por 3 a 1 (após derrota por 2 a 1 na ida). Na etapa seguinte, Klinsmann abriu o placar da goleada por 3 a 0 diante do Aston Villa-ING que classificou os italianos. Depois de passar em branco nas oitavas e nas quartas, o alemão voltou a marcar nas semifinais contra o Sporting-POR, ao anotar o primeiro gol da vitória por 2 a 0 que colocou o time de Milão na final.

A decisão foi um duelo doméstico entre Internazionale e Roma. No primeiro jogo, em Milão, vitória nerazurri por 2 a 0 (gols de Matthäus e Berti). Na volta, o 1 a 0 da Roma não foi suficiente para tirar o título da Inter, campeã da Copa da UEFA. No Campeonato Italiano, Klinsmann marcou 14 gols, ficou entre os principais artilheiros, mas não conseguiu ver sua equipe campeã (o título ficou com a Sampdoria).

 

Vacas magras e crises

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Na temporada 1991-1992, Klinsmann começou a viver momentos ruins. Sua Inter fez uma péssima campanha no Calcio e ficou apenas na oitava colocação. Para piorar, o arquirrival Milan foi o grande campeão (invicto) daquele ano. Intrigas começaram a aparecer e Matthäus, outrora companheiro, passou a ser inimigo, declarando que Klinsmann criava problemas para prejudicá-lo na Inter e na seleção. Na Alemanha, o atacante perdeu a titularidade absoluta e só a teve de volta em meados da Eurocopa de 1992, perdida para a Dinamarca de Brian Laudrup. Klinsmann decidiu abandonar a Inter em 1992 e foi jogar no futebol francês, vestindo o vermelho e branco do Monaco. Por lá, foram poucos momentos bons, com destaque apenas para os quatro gols marcados na Liga dos Campeões da UEFA de 1993-1994, quando o Monaco chegou às semifinais, mas perdeu para o Milan. Uma contusão prejudicou seu desempenho, a empatia não foi a mesma nos tempos de Itália e o craque não conquistou títulos no período em que ficou por lá (1992-1994).

 

Nova Copa e mais magia

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Se em 1994 o craque não foi bem em solo francês, nos EUA o artista deu show. Na Copa do Mundo daquele ano, Klinsmann marcou cinco gols em cinco jogos (vice-artilheiro) e carregou uma Alemanha já envelhecida nas costas até as quartas de final. Na fase de grupos, foi dele o gol da vitória sobre a Bolívia por 1 a 0. Contra a Espanha, de novo Klinsmann deixou sua marca no empate em 1 a 1. Contra a Coreia do Sul, dois gols do craque na vitória por 3 a 2, sendo um deles um golaço, um dos mais bonitos da história dos mundiais, quando o atacante recebeu da direita, ajeitou e girou num sem pulo maravilhoso. Nas oitavas de final, Klinsmann seguiu fenomenal e marcou outro gol na vitória por 3 a 2 sobre a Bélgica. Mas, contra a Bulgária, nas quartas, a Alemanha não resistiu ao talento de Stoichkov e perdeu por 2 a 1. Klinsmann deu adeus ao mundial, mas deixou sua arte para o mundo lhe aplaudir de pé.

 

O filme se repete. Só que na Inglaterra

Klinsmann e a famosa comemoração de "mergulhador" pelo Tottenham.
Klinsmann e a famosa comemoração de “mergulhador” pelo Tottenham.

 

Na temporada 1994-1995 Klinsmann trocou de clube mais uma vez e aceitou o desafio de jogar no hostil futebol inglês pelo Tottenham Hotspur. Muitos se perguntavam como a torcida e a imprensa local iriam se comportar diante de um dos algozes da Inglaterra na Copa de 1990, ainda mais pelo fato de os britânicos tacharem o craque de “mergulhador” por supostamente se atirar diversas vezes na grande área durante as partidas pedindo pênalti. Contra tudo e todos, Klinsmann respondeu da maneira como ele sempre fazia: com gols, simpatia e brincadeiras. Logo em sua estreia, o craque marcou um gol e comemorou mergulhando em campo, perto da torcida. Tempo depois, em uma coletiva, Klinsmann apareceu com uma máscara de mergulho (!). Brincadeiras à parte, Klinsmann marcou em apenas uma temporada na Premier League 21 gols, sendo o principal astro dos Spurs em campo. Para coroar um ano perfeito, Klinsmann foi eleito em 1995 o Jogador de Futebol do Ano na Inglaterra.

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Um ano depois, também na Inglaterra, Klinsmann assumiu a braçadeira de capitão da Alemanha na disputa da Eurocopa. Klinsmann estreou apenas na segunda partida do grupo C, contra a Rússia, depois de a Alemanha já ter vencido seu primeiro jogo contra a República Checa por 2 a 0. O atacante marcou dois gols na vitória por 3 a 0. Na partida seguinte, o empate sem gols contra a Itália garantiu os alemães na segunda fase.

Nas quartas de final, o capitão marcou de pênalti o primeiro gol da Alemanha contra a Croácia. Suker empatou, mas Sammer deu a vitória para a equipe alemã. Na semifinal, quem diria, os ingleses novamente. Klinsmann não marcou, o jogo ficou em 1 a 1 e a decisão foi para os pênaltis. Nela, a Alemanha deu novamente aula de categoria e venceu por 6 a 5 (converteu todas).

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Na final, outra vez a República Checa pelo caminho, e outra vez a Alemanha venceu. Bierhoff, atacante reserva que entrou na segunda etapa, marcou os dois gols da vitória por 2 a 1 após 1 a 1 no tempo normal. No mesmo solo onde Klinsmann havia recuperado seu bom futebol e sua alegria, ele conquistava um título de expressão pela Alemanha: a Eurocopa. Para coroar ainda mais um trabalho bem feito, ele tinha a honra de erguer a taça como capitão, recebendo o troféu das mãos da Rainha. Que moral!

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Quanto mais velho, melhor

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Entre 1995 e 1997 Klinsmann mudou novamente de ares e foi jogar no Bayern München-ALE. Mesmo bem no Tottenham, o jogador não resistiu a uma oferta do maior clube da Alemanha e aceitou o desafio. Lá, o atacante reencontrou o desafeto Matthäus, de quem ouviu várias bobagens. Klinsmann calou a boca do defensor, manteve a boa média de um gol a cada duas partidas e deu show na temporada 1995-1996 ao marcar nada mais nada menos que 15 gols em 12 jogos do Bayern pela Copa da UEFA, um recorde na competição. Só nos duelos contra o Benfica-POR, nas oitavas de final, o atacante marcou seis gols (quatro num jogo e dois no outro). Eram tabelinhas, cabeçadas, dribles e chutes certeiros que maravilhavam a todos e, claro, a exigente torcida bávara. Na final, contra o Bordeaux-FRA, Klinsmann fez o gol do título na vitória por 3 a 1 do segundo jogo. Na temporada seguinte, o astro conquistou o tão sonhado título da Bundesliga e ajudou o time ao ser um dos artilheiros com 15 gols.

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A fase que vivia o craque era maravilhosa, como há tempos ele não tinha. Porém, sempre existem os bons e maus momentos. Em 1997, a relação com Matthäus ficou insuportável e o atacante decidiu voltar ao futebol italiano, onde defendeu a Sampdoria. Por lá, ficou pouco tempo e retornou ao Tottenham ainda na temporada 1997-1998. No Spurs, Klinsmann marcou nove gols decisivos que ajudaram o time a escapar do rebaixamento. Naquele ano, o jogador já pensava em encerrar a carreira, mas não antes de disputar sua terceira e última Copa.

 

Últimos lampejos e o fim

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Klinsmann disputou o Mundial da França em 1998 novamente como capitão de sua equipe. Na estreia, ele deixou o dele na vitória por 2 a 0 sobre os EUA. Na partida seguinte, empate em 2 a 2 com a Iugoslávia (gols de Mihajlovic, contra, e Bierhoff) e vitória por 2 a 0 sobre o Irã na última rodada da fase de grupos, com um gol de Klinsmann. Nas oitavas de final, a Alemanha suou, mas ganhou do México de virada por 2 a 1, com mais um gol de Klinsmann. Ele se tornava o primeiro jogador na história a marcar pelo menos três gols em três Copas consecutivas, algo só igualado pelo brasileiro Ronaldo e pelo compatriota Klose nos anos seguintes.

Mas a alegria do capitão durou pouco. Nas quartas de final, os alemães foram derrotados pela brilhante Croácia daquele ano por 3 a 0 e deram adeus ao mundial. Terminava ali a última Copa de Klinsmann, 17 jogos e 11 gols depois. O craque decidiu se aposentar de vez do futebol no final daquele ano de 1998, aos 34 anos (o craque ainda apareceu com a camisa do Orange County Blue Star, dos EUA, em 2003, mas apenas para relembrar os velhos tempos em poucas partidas).

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Um craque para a história

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Klinsmann deixou o futebol alemão mais triste depois de sua aposentadoria. Surgiram novos craques no país, claro, mas nenhum com a mesma qualidade e precisão com a bola nos pés, muito menos sua arte em produzir gols e jogadas tão bonitas e artísticas. Depois da aposentadoria, Klinsmann segue no futebol como técnico, tendo inclusive dirigido a Alemanha na Copa do Mundo de 2006, quando alcançou um honroso terceiro lugar. Ainda à procura da glória fora das quatro linhas, o craque permanece intacto na memória daqueles que o viram em campo, além de ter cravado seu nome na história por sua obra, seus títulos, sua irreverência, cavalheirismo e inteligência de um homem poliglota, engajado em projetos sociais (Klinsmann tem uma fundação, a Agapedia) e incapaz de negar um autógrafo para um fã. Coisa de artista. Coisa de craque imortal.

 

Números de destaque:

Disputou 108 jogos pela seleção da Alemanha e marcou 47 gols.

Disputou 17 jogos de Copa do Mundo e marcou 11 gols.

Disputou 534 jogos em sua carreira por clubes e marcou 233 gols.

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Comentários encerrados

Um Comentário

  1. Jogadoraço. De fato tinha uma agilidade de dar pesadelos em qualquer zagueiro e goleiro. Um cara super educado tambem. Poderia ter levado a seleção alemã ao tetra na copa de 2006, se igualando a Zagallo e ao Kaiser, sendo campeao como jogador e tecnico de copa do mundo. Mas caiu na semi-final com os lendários gols de Grosso e Del Piero, pela Itália.

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