in

10 Maiores Volantes das Copas

 

Por Guilherme Diniz

 

Neste texto, integrante de nossa série especial 10 Mais das Copas, elencamos os maiores volantes da história dos Mundiais. Lembrando que o foco nessas listas são os jogadores que brilharam exclusivamente em Copas, por isso, muitas lendas não irão aparecer por aqui ou não estarão em uma posição tão relevante quanto outros que brilharam mais na competição, ok? Boa leitura!

OBS.: temos um empate na 5ª posição. Por isso, a lista contém, na verdade, 11 atletas.

 

11º Osvaldo Ardiles (Argentina)

Copas disputadas: 2 (1978 e 1982)

Jogos: 11 (6 jogos em 1978; 5 jogos em 1982)

Gols: 1 (1982)

Títulos: 1 (1978)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1978

 

Foi o motor do meio de campo da Argentina campeã do mundo em 1978 e um dos principais volantes dos anos 1970 e 1980 do país. Tinha um fôlego privilegiado e técnica apurada para desarmar adversários, dar passes precisos e armar contra-ataques. Disputou ainda a Copa de 1982 e conseguiu ser ídolo no Tottenham-ING mesmo quando estourou a Guerra das Malvinas entre ingleses e argentinos. Só um craque para conseguir isso… Foram 53 jogos e oito gols pela seleção de 1973 até 1983.

 

10º Dunga (Brasil)

Copas disputadas: 3 (1990, 1994 e 1998)

Jogos: 18 (4 jogos em 1990; 7 jogos em 1994; 7 jogos em 1998)

Títulos: 1 (1994) / Vice-campeão em 1998

Premiações

  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1994 e 1998

 

Ele viu seu nome marcar a decepção brasileira na Copa do Mundo de 1990. Mas soube dar a volta por cima com um futebol vibrante, cheio de raça, qualidade nos passes, técnica no domínio de bola e muita liderança. Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, foi um dos maiores símbolos da Seleção Brasileira nos anos 1990 e um dos craques mais injustiçados do nosso futebol. O estigma do Mundial da Itália sempre perseguiu o volante por causa do defensivismo do Brasil naquela Copa e do apelido “Era Dunga”. Só que o que muita gente nunca entendeu é que Dunga tinha qualidades excepcionais para um meio-campista. Após virar capitão do Brasil na Copa de 1994, Dunga comandou o meio de campo da seleção de Parreira com desarmes precisos e construiu muitos ataques que até resultaram em gols. Sua imagem erguendo aos céus a Taça FIFA foi o maior “cala a boca” aos críticos que tanto o azucrinaram na época.

Em 1990, Dunga ficou marcado pelo fracasso da seleção diante da Argentina de Maradona…

 

Mas o capitão deu a volta por cima em 1994.

 

Dunga marca o quarto gol brasileiro na disputa por pênaltis contra a Holanda, na semifinal de 1998.

 

Anos depois, mesmo com a idade chegando, o volante seguiu com muito vigor e liderança até a Copa de 1998. Com desarmes precisos, bons passes e seu estilo raçudo, capitaneou o Brasil no vice-campeonato mundial. A fatídica derrota para a França foi o último jogo do capitão com a camisa do Brasil. Dunga disputou 91 jogos com a camisa da seleção e marcou seis gols. Podem dizer o que quiserem, mas ele foi um dos maiores volantes do futebol brasileiro. Os títulos e sua presença nos dois All-Star Teams das Copas de 1994 e 1998 só confirmam isso.

 

9º Bastian Schweinsteiger (Alemanha)

Copas disputadas: 3 (2006, 2010 e 2014)

Jogos: 20 (7 jogos em 2006; 7 jogos em 2010; 6 jogos em 2014)

Gols: 2 (2 em 2006)

Títulos: 1 (2014)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 2010

 

Revelado pelo Bayern no início dos anos 2000, Bastian Schweinsteiger consolidou-se ao longo dos anos como um dos maiores craques da história do futebol alemão. Inteligentíssimo, capaz de atuar em qualquer posição do meio de campo, seja para defender ou atacar, e com imensa qualidade nos passes, plena visão de jogo, força nos chutes, nos desarmes e precisão nos lançamentos, o jogador foi o grande motor da seleção alemã entre 2010 e 2014 e titular em todos os times montados pelo técnico Joachim Löw. Disputou as Copas de 2006, 2010 e 2014 e foi o líder em assistências para gols na Copa de 2010 com três passes, mesmo número de Thomas Müller, Mesut Özil, Kaká e Dirk Kuyt. Colecionou títulos em Munique, esteve no esquadrão do Treble de 2012-2013 e é o 4º com mais jogos pela Nationalelf na história: 121 jogos, além de 24 gols marcados.

 

8º Johan Neeskens (Holanda)

Copas disputadas: 2 (1974 e 1978)

Jogos: 12 (7 jogos em 1974; 5 jogos em 1978)

Gols: 5 (5 em 1974)

Vice-campeão em 1974 e 1978

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1974
  • Chuteira de Prata da Copa do Mundo de 1974 – 5 gols

 

O que o fabuloso Ajax tricampeão europeu nos anos 1970 e a Holanda vice-campeã mundial em 1974 e 1978 tiveram em comum? Todos foram movidos por um mesmo “pulmão mecânico” que jamais fraquejou ou necessitou de reparos. Aquela peça fundamental trabalhava limpidamente e com uma eficiência impressionante que municiava as demais engrenagens num ritmo acelerado, inovador e único. Era a totalidade do futebol. E a tona dos maiores esquadrões que o futebol holandês já teve. 

Neeskens fuzila e abre o placar para a Holanda na final da Copa de 1974.

 

Se Johan Cruyff foi o coração e o mais famoso craque total, Neeskens foi o pulmão e o maestro de uma era inesquecível do futebol holandês. Com 17 gols em 49 jogos pela seleção entre 1970 e 1981, o craque brilhou não só pelo Ajax e pela Holanda, mas também pelo Barcelona e até no New York Cosmos. Preciso nos desarmes, passes, criação de jogadas e elemento de ataque, Neeskens é até hoje um dos mais lendários jogadores holandeses de todos os tempos. Sua grande Copa foi em 1974, quando marcou cinco gols, fez partidas memoráveis e esbanjou categoria no timaço comandado por Rinus Michels. Neeskens se movimentava como poucos e fazia de tudo naquele meio de campo. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

7º Andrea Pirlo (Itália)

Copas disputadas: 3 (2006, 2010 e 2014)

Jogos: 11 (7 jogos em 2006; 1 jogo em 2010; 3 jogos em 2014)

Gols: 1 (1 em 2006)

Títulos: 1 (2006)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 2006
  • Bola de Bronze da Copa do Mundo de 2006

 

Elegância, frieza e talento para bolas paradas. De qualquer distância, sob qualquer circunstância. Podia ser em um jogo simples de começo de campeonato. Ou final de Copa do Mundo. A precisão era a mesma. A seriedade, idem. Ele marcava gols, claro, mas sua maior virtude era arquitetá-los. Assim, fez artilheiros. Heróis improváveis. E, com sua emblemática camisa 21, se tornou um dos maiores meio-campistas de todos os tempos. Andrea Pirlo foi tudo isso e muito mais. Ídolo de gerações, o italiano se transformou em uma lenda do futebol mundial. Como dono do meio de campo, Pirlo mostrava que não era só com a bola nos pés que ele fazia mágica. Ele tinha também uma visão de jogo impressionante.

Ambidestro, cobrava faltas incríveis e nunca se cansou de mandar escanteios na cabeça dos mais diversos companheiros que resultaram em gols, além de desarmar adversários e iniciar jogadas e contra-ataques. Ao lado de Gattuso, Andrea Pirlo compôs um meio de campo inesquecível na Itália em 2006 e ajudou a construir o caminho do tetracampeonato da Azzurra com passes perfeitos e lances memoráveis. 

Pirlo cobra seu pênalti na final da Copa: fim de todos os traumas em grande estilo! Foto: PA.

 

Na Copa de 2006, Pirlo anotou um gol e deu três assistências para gols, incluindo a do gol de Materazzi na final contra a França. O meia também converteu sua cobrança na disputa de pênaltis que deu a taça aos italianos. Marcello Lippi, técnico da Itália na época, dizia que Pirlo “era um líder silencioso e falava com seus pés”. Pirlo disputou as Copas de 2006, 2010 e 2014, é o 5º jogador com mais partidas pela Azzurra na história – 116 jogos – e marcou 16 gols pela Itália. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

5º Gérson (Brasil)

Copas disputadas: 2 (1966 e 1970)

Jogos: 5 (1 jogo em 1966; 4 jogos em 1970)

Gols: 1 (1 em 1970)

Títulos: 1 (1970)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1970
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 1970

 

Ele não era muito de cabecear, não gostava de marcar e costumava ficar centralizado em uma posição. No entanto, aquele meio-campista tinha uma perna esquerda capaz de verdadeiras obras de arte e de realizar lançamentos superiores a 40 metros de distância como quem os fazia com as mãos. Ninguém jamais lançou como ele e com tamanha precisão. Ninguém colocou bolas nos peitos, pés e cabeças de tão longe e com tanta classe. E nenhum jogador na história do futebol brasileiro foi tão precioso como um legítimo armador de jogadas e, claro, gols, como Gérson, o “cérebro” da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1970, no México, e ídolo em todos os clubes por onde passou. 

Contra a Itália, Gérson marcou o golaço que recolocou o Brasil na luta pelo título.

 

Com um repertório infindável de jogadas, desde cobranças de faltas magníficas até chutes com o mais puro veneno, o craque superou críticas e maus momentos para entrar na história com um futebol virtuoso e sem frescuras. Se fosse preciso, ele dava bicão. Se fosse preciso, ele dividia e até quebrava a perna de algum rival mal intencionado. E, se fosse preciso, ele construía uma jogada que resultaria em um gol de cinema. Após disputar apenas um jogo na Copa de 1966, Gérson foi impecável na Copa do México com passes, lançamentos, chutes de média e longa distâncias e o responsável pelo compasso daquele timaço, definindo quando acelerar e quando frear. Ao lado de Clodoaldo, fez a dupla de meio de campo que dava suporte para Rivellino, Jairzinho, Pelé e Tostão acabarem com as zagas rivais. Na final contra a Itália, Gérson deixou sua marca com um lindo gol, e faturou ainda a Bola de Prata do Mundial. Um craque imortal das Copas que você pode conhecer mais clicando aqui!

 

5º Falcão (Brasil)

Copas disputadas: 2 (1982 e 1986)

Jogos: 7 (5 jogos em 1982; 2 jogos em 1986)

Gols: 3 (3 em 1982)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1982
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 1982

 

Ele podia reger um time inteiro como um maestro, um Toscanini. Tinha fibra, classe e vigor, como um Puro-Sangue. Era elegante, desarmava, criava, marcava gols. Mudou para sempre a história do Internacional, transformando o clube gaúcho no maior vencedor do Campeonato Brasileiro nos anos 1970. Mudou também a história da Roma, multicampeã italiana e quase campeã da Europa. Foi ídolo do Papa João Paulo II. E um dos artistas do Brasil de 1982. Falcão foi tudo isso e muito mais. Exuberante, estrondoso, craque. Embora tenha disputado como titular absoluto apenas uma Copa na carreira – em 1986 ele ficou na reserva, entrou em dois jogos e não foi chamado em 1978 – Falcão simplesmente desfilou pelos gramados da Espanha no Mundial de 1982. 

Falcão chuta…

 

… E mostra toda sua vibração.

 

Além de dar proteção à zaga com seus desarmes e um senso de posicionamento perfeito, o meio-campista ainda marcou três gols: dois na fase de grupos e um no épico contra a Itália, gol que empatou o jogo e deu esperança ao Brasil. A imagem do craque correndo e gritando, com as veias saltadas em puro êxtase, entrou para a história dos Mundiais. Porém, minutos depois, o carrasco Paolo Rossi fez mais um e eliminou a brilhante seleção brasileira da Copa. Falcão ganhou a Bola de Prata como 2º Melhor Jogador daquele Mundial e entrou para o All-Star Team da Copa. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

4º Obdulio Varela (Uruguai)

Copas disputadas: 2 (1950 e 1954)

Jogos: 7 (4 jogos em 1950; 3 jogos em 1954)

Gols: 2 (1 em 1950; 1 em 1954)

Títulos: 1 (1950)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1950
  • Bola de Bronze da Copa do Mundo de 1950
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1950 pelo Clarín

 

A pele mulata lhe deu o apelido de Negro. A ascendência sobre os companheiros, seja do Peñarol, seja da seleção uruguaia, o fizeram Jefe. E o futebol praticado em campo, com uma garra exuberante, força, vontade e amor à camisa, o transformaram num mito. O meio-campista uruguaio Obdulio Varela fez história como um dos maiores craques do futebol mundial nas décadas de 1940 e 1950, sendo o principal responsável pela façanha Celeste na Copa do Mundo de 1950, quando encheu de brio seus companheiros e foi o líder do Maracanazo, como ficou conhecida a vitória de virada por 2 a 1 do Uruguai sobre o Brasil, em pleno Maracanã, na final daquele mundial. 

Varela encorajou seus companheiros antes do duelo a não olhar para cima (evitando a intimidação com as 200 mil pessoas), tentou abafar a comemoração do gol do Brasil alegando que o mesmo havia sido irregular e capitaneou uma seleção como poucos já fizeram em uma Copa. Após a partida, Varela caminhou pelas ruas de Copacabana e viu de perto o drama que ele e seus companheiros haviam causado aos brasileiros, chegando até a consolar algumas pessoas, como ele descreveu em depoimento ao site da FIFA:

 

“A tristeza de todos era tanta que terminei sentado em um bar bebendo com eles. Quando me reconheceram, pensei que iriam me matar. Felizmente foi tudo o contrário, me parabenizaram e ficamos bebendo juntos.”

 

Além de ser mítico com a camisa da seleção, Varela foi referência e ídolo com o manto aurinegro do Peñarol, levantando seis campeonatos nacionais. Forte como um touro, técnico e que ainda aparecia no ataque para marcar gols, Varela era um volante completo, único, e que jamais se entregou em campo. O craque disputou as Copas de 1950 e 1954 e fez uma falta danada na semifinal que o Uruguai acabou perdendo apenas na prorrogação para a mágica Hungria. Como havia se machucado no duelo anterior, na vitória sobre a Inglaterra por 4 a 2, o capitão não jogou e a Celeste acabou eliminada.

Um raro registro de Varela recebendo a Jules Rimet, já sob o cair da noite no Maracanã. Foto: Arquivo Diário Associados / Acervo IMS.

 

Os uruguaios até hoje dizem que se Varela estivesse em campo, a equipe sul-americana teria vencido os húngaros – pois, mesmo sem ele, ainda conseguiram levar o jogo para a prorrogação. Varela disputou 52 jogos e marcou oito gols com a camisa celeste. A definição plena do craque foi descrita certa vez por Nelson Rodrigues: “Varela não atava as chuteiras com cordões, mas com as veias”. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

3º Xavi (Espanha)

Copas disputadas: 4 (2002, 2006, 2010 e 2014)

Jogos: 15 (3 jogos em 2002; 4 jogos em 2006; 7 jogos em 2010; 1 jogo em 2014)

Títulos: 1 (2010)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 2010

 

Quando a bola chegava aos pés daquele craque, o relógio parava. Era a alquimia do tempo. Ele mexia na ordem natural das coisas e transformava o jogo. Abria espaços para os companheiros, fechava para os rivais. Encontrava lacunas vistas apenas por ele para os passes precisos que resultavam em gols históricos, decisivos. Enquanto muitos tinham o privilégio de ficar dois, três minutos com a bola durante todo um jogo, ele permanecia muito mais. Quatro. Cinco. Parecia ter a bola a todo momento, a todo instante. E, sempre que a recebia, o tempo parava. Não precisava ficar correndo e correndo. Bastava ter a bola. E fazer o que deveria ser feito. Foi assim durante 17 anos vestindo azul e grená. Foi assim nos anos de esplendor com a camisa da Espanha. Foi assim na tradução literal de um estilo de futebol. 

Xavi foi o principal nome do meio de campo da Espanha na Copa de 2010…

 

… E levantou a taça!

 

Xavi traduziu aos leigos o que era o tiki-taka. Foi a essência da Espanha que deixou dezenas de tropeços no passado para se tornar bicampeã da Europa e campeã do mundo. Foi o homem com assustadores 91% de precisão nos passes na Copa do Mundo que venceu, em 2010. Foi um dos ícones da maior fase da história do Barcelona ao lado de seu “irmão gêmeo”, Andrés Iniesta, e de Messi, claro. Foi o senhor do tempo. Dos passes. Da bola. Do futebol. Um dos maiores meio-campistas de todos os tempos. Disputou 133 jogos e marcou 13 gols pela Espanha. Óbvio que ele ganharia uma vaga nessa lista. Leia muito mais sobre ele clicando aqui!

 

2º Didi (Brasil)

Copas disputadas: 3 (1954, 1958 e 1962)

Jogos: 15 (3 jogos em 1954; 6 jogos em 1958; 6 jogos em 1962)

Gols: 3 (2 gols em 1954; 1 gol em 1958)

Títulos: 2 (1958 e 1962)

Premiações

  • Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo de 1958
  • Bola de Ouro da Copa do Mundo de 1958

 

Elegante, clássico, soberano, impecável, perfeito. Adjetivos dos mais variados tipos e com as mais diversas conotações podem ser utilizados para descrever a qualidade e importância para o futebol brasileiro e mundial de Waldir Pereira, o Didi, simplesmente o pai da primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, em 1958. Inventor da “folha seca”, aquela cobrança de falta que cai lentamente no fundo gol adversário, e de lances como o passe de trivela, Didi foi ídolo no Botafogo e um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial. Tinha a calma e a aura do craque. Sabia cadenciar o jogo como ninguém, era líder e transpirava confiança em todos os companheiros de time.

Didi e Kopa, antes do duelo entre Brasil e França.

 

Sua genialidade ficou marcada para sempre e fez o eterno dramaturgo Nelson Rodrigues batizar o meio-campista de “O Príncipe Etíope”, pela elegância em campo e pela aparência do jogador. Didi rapidamente encantou os torcedores alvinegros quando chegou em General Severiano e virou uma referência no futebol nacional por sua classe, técnica e maestria. Seus lançamentos para Garrincha quase sempre resultaram em gols, numa das parcerias mais incríveis do clube alvinegro. 

Didi consola um emocionado Pelé após a conquista do título de 1958.

 

E, em 1962, ergue a taça mais uma vez.

 

Pela seleção, Didi disputou a primeira Copa em 1954, mas o time canarinho foi eliminado nas quartas de final para a poderosa Hungria. A desforra veio em 1958, quando o craque deslumbrou a Suécia com um futebol espetacular e liderou o escrete sul-americano na vitória de virada sobre os anfitriões na decisão. Didi ganhou da imprensa internacional o apelido de “Mr. Football”, além de ser eleito o melhor jogador do Mundial. Em 1962, o volante seguiu em alto nível e mais uma vez liderou o Brasil rumo ao bicampeonato com mais jogos sublimes, passes perfeitos, senso de cobertura e disposição. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

1º Lothar Matthäus (Alemanha)

Copas disputadas: 5 (1982, 1986, 1990, 1994 e 1998)

Jogos: 25 (2 jogos em 1982; 7 jogos em 1986; 7 jogos em 1990; 5 jogos em 1994; 4 jogos em 1998)

Gols: 6 (1 gol em 1986; 4 gols em 1990; 1 gol em 1994)

Títulos: 1 (1990) / Vice-campeão em 1982 e 1986

Premiações

  • Eleito para os All-Star Teams das Copas do Mundo de 1986 e 1990
  • Bola de Prata da Copa do Mundo de 1990

 

Meio-campista cheio de técnica, vigor, força de marcação, precisão no desarme, chute poderoso e muita liderança. Além de tudo isso, tinha um raro senso de posicionamento, era exímio passador e sempre aparecia no ataque como um verdadeiro meia. Lothar Matthäus é uma lenda absoluta e um dos maiores craques da história não só de seu país, mas também de todos os tempos. Seu debute no Borussia Mönchengladbach, em 1979, fez com que ele recebesse já em 1980 uma vaga na Alemanha que disputou (e venceu) a Eurocopa daquele ano. A partir dali, sua carreira decolou e Matthäus disputou cinco Copas do Mundo (um recorde!).

 

Na primeira, em 1982, o craque ainda não era titular, mas disputou duas partidas. Em 1986, o meio-campista garantiu sua vaga no time titular e foi um dos destaques da equipe vice-campeã do mundo. Coube ao craque marcar individualmente simplesmente Diego Maradona e, durante boa parte do jogo, Matthäus cumpriu a missão com maestria. Mas, ninguém é perfeito… No único lance que Matthäus não grudou como deveria em Dieguito, o craque argentino conseguiu dar um passe para Burruchaga fazer 3 a 2 e decretar o título argentino.

Anos depois, Maradona admitiu que Matthäus foi “o maior rival que teve na carreira”. O troco do alemão veio em 1990, quando Matthäus capitaneou a Alemanha campeã do mundo na Copa de 1990 em cima da Argentina de Dieguito, comandando o meio de campo e ainda aparecendo na frente para marcar gols – foram 4 no Mundial. Em 1991, Matthäus foi eleito pela FIFA o primeiro Melhor Jogador do Mundo da história. Em 1994, mais uma vez foi titular do time no Mundial dos EUA, mas a Alemanha acabou eliminada nas quartas de final para a Bulgária de Stoichkov.

Matthäus e Vogts, em 1994. Foto: Getty Images.

 

Veterano, Matthäus ainda disputou sua 5ª Copa em 1998, mas o envelhecido time alemão não foi longe. Matthäus ostenta até hoje o recorde de jogos disputados pela Alemanha na história: 150 partidas, além de 23 gols, entre 1980 e 2000. Ele é também um dos recordistas em jogos na história das Copas com impressionantes 25 partidas disputadas, atrás apenas de Lionel Messi, que alcançou os 26 jogos em 2022. Em 2020, foi eleito para o Ballon d’Or Dream Team. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Menções Honrosas

 

Zito (Brasil)

Um dos maiores esquadrões de todos os tempos ficou conhecido pelos títulos, pelos gols em profusão e por Pelé. Mas o Santos de 1960-1969 só foi o que foi por causa de uma pessoa. Um gerente responsável por todos os outros atletas. Que não deixava a garotada parar de atacar ou relaxar quando a vitória estava consumada. Ele dava bronca. Puxava a orelha inclusive de Pelé. Tinha o respeito de todos. E sabia muito bem como exercê-lo. Foi o primeiro brasileiro a erguer, como capitão, a imponente taça da Copa Libertadores. Detalhe: por duas vezes seguidas e ambas fora de casa. 

Zito marca o gol da virada: Brasil rumo ao Bi!

 

Além disso, ele também brilhou e foi titular em outro timaço: o Brasil 1958-1962, bicampeão mundial. Que só foi bi graças aos desarmes, domínio no meio de campo e ao gol providencial do gerente na decisão da Copa de 1962, tento que virou o jogo pra cima da Tchecoslováquia e embalou a seleção ao título. José Ely de Miranda, mais conhecido como Zito, foi um dos maiores craques do futebol brasileiro no século XX. O volante é até hoje o 3º jogador que mais vestiu a camisa santista na história com mais de 700 partidas e um dos raros atletas com dois títulos mundiais por clubes e dois por seleção. Um jogador excepcional que não só marcava, mas também avançava ao ataque e serviu de inspiração para centenas de meio-campistas nas décadas seguintes. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Gennaro Gattuso (Itália)

Ícone do Milan dos anos 2000 e símbolo de raça e entrega nas partidas, Gennaro Gattuso foi um dos mais marcantes volantes do futebol italiano na virada do século e entrou de vez para a história do país como titular da Itália campeã do mundo em 2006. Embora não fosse técnico, o jogador tinha um notável senso de colocação e era um marcador implacável que não tirava o pé nas divididas e brigava pela bola como se não houvesse amanhã. Sua parceria com Andrea Pirlo foi uma das mais consagradas do Calcio. Jogou pela seleção entre 2000 e 2010, disputou 73 jogos e marcou um gol, além de marcar presença em três Copas do Mundo (2002, 2006 e 2010). Ele foi eleito para o All-Star Team do Mundial de 2006.

 

Bauer (Brasil)

Mais jovem do elenco brasileiro na Copa de 1950, o meio-campista foi um dos poucos afetados pelo Maracanazo a ponto de ganhar o apelido de “Monstro do Maracanã”, pelo nível técnico e grandes partidas realizadas ao longo daquela Copa do Mundo de 1950. Ídolo do São Paulo entre 1944 e 1957, período em que venceu cinco títulos paulistas, disputou 400 jogos e marcou 18 gols pelo tricolor. Tinha um domínio de bola impecável e matava a redonda no peito como poucos. Sua categoria contribuiu demais para a fama da linha média tricolor dos anos 1940. Ajudava o setor ofensivo com suas passadas largas e cruzamentos. Pela seleção, Bauer disputou mais de 25 partidas e foi capitão do escrete canarinho na Copa do Mundo de 1954.

 

Clodoaldo (Brasil)

Foi um dos maiores volantes da história do futebol nacional, dono de uma habilidade extrema para um defensor, ótimo passe, visão de jogo e velocidade. Era perito no desarme e tinha uma garra contagiante que o mantinha ligado o jogo todo e em busca de qualquer bola. Ele mesmo dizia que em campo era preciso dividir “até com a cabeça”. Clodoaldo foi uma das estrelas do Brasil campeão do mundo na Copa de 1970 e fez jogos primorosos. Partiu dele a sequência de dribles que originou o gol coletivo mais bonito da história das Copas: o quarto da vitória do Brasil sobre a Itália na final de 1970

 

József Bozsik (Hungria)

Eleito para o All-Star Team da Copa de 1954, o volante brilhou no meio de campo da mágica Hungria naquele Mundial. Além de desarmar os adversários como poucos, Bozsik armava jogadas ofensivas, dava passes primorosos, tinha visão de jogo e muita técnica. Jogou demais no Budapeste Honvéd e o clube até batizou seu estádio com o nome do craque: József Bozsik Stadium. 

 

Sócrates (Brasil)

Capitão da seleção brasileira na Copa de 1982, o meio-campista foi um dos destaques daquela equipe inesquecível e apresentou todo o primor e qualidade que tinha com a bola nos pés. Além de ajudar na marcação do meio de campo, Sócrates também aparecia no ataque e marcava gols, como os anotados contra a URSS, na estreia, e contra a Itália, na segunda fase. Em 1986, voltou a ser titular na seleção e marcou mais dois gols na campanha da equipe canarinha até as quartas de final. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Horst Eckel (Alemanha)

Com seus passes precisos para Rahn e Morlock, Eckel foi um grande garçom da Alemanha na conquista da Copa de 1954. Disputou dois Mundiais pela seleção, em 1954 e 1958, e foi um dos grandes nomes da equipe de Sepp Herberger. Outro craque que jogou grande parte da carreira na maior potência alemã da época, o Kaiserslautern, Eckel não só distribuía bem a bola como ajudava na contenção e proteção à zaga germânica. Na decisão contra a Hungria, teve um papel decisivo por neutralizar o cérebro das jogadas ofensivas dos magiares – Hidegkuti -, impedindo que a bola chegasse com frequência a Puskás e Kocsis. Eckel foi o último campeão do mundo de 1954 a falecer, em 2021, aos 89 anos.

 

Mário Coluna (Portugal)

Eleito para o All-Star Team da Copa de 1966, Coluna esbanjou vigor, força e talento no meio de campo da seleção portuguesa e foi o maior responsável pelas açucaradas bolas recebidas e guardadas nas redes por Eusébio. Capaz de atuar mais recuado e também mais à frente, como meia, o craque tinha técnica, estilo e competitividade. Ele se consagrou como um dos mais completos meio-campistas da história e parte integrante da era de ouro do futebol português, nos anos 1960. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Josef Masopust (Tchecoslováquia)

A seleção tcheca vice-campeã do mundo na Copa de 1962 só alcançou tal posição graças ao talento e genialidade de Masopust, vencedor do Ballon d’Or daquele ano e um dos mais talentosos meio-campistas do futebol mundial nos anos 1950 e 1960. Capaz de atuar mais recuado, desarmando rivais, e também na construção de jogadas, Masopust anotou o gol de sua seleção na final da Copa, mas o time perdeu para o Brasil. Mesmo em uma seleção que não se arriscava muito no ataque, Masopust ainda marcou 10 gols em 63 jogos com a camisa tcheca. Em 1962, ele venceu a Bola de Prata da Copa e foi eleito para o All-Star Team.

 

Toni Kroos (Alemanha)

Criativo, inteligente, sempre presente no ataque e eficiente na marcação, além de demonstrar muita qualidade tática, Toni Kroos jogou muito na Copa do Mundo de 2014 e ajudou demais na conquista da Alemanha, sendo eleito, inclusive, para o All-Star Team do torneio. Esteve presente na Copa de 2010 e na Copa de 2018, marcando um golaço de falta nesta última.

 

N’Golo Kanté (França)

Disputou os sete jogos da França na Copa de 2018 e demonstrou o mesmo futebol dos tempos de Leicester City que o consagrou como um dos maiores volantes do futebol mundial. Incansável, foi o principal destruidor de jogadas dos adversários e grande artífice do esquema tático de Deschamps. Recuperou 61 bolas, deu 365 passes e correu 68,5 km em 595 minutos. Um verdadeiro gigante no bicampeonato dos Bleus.

 

Xabi Alonso (Espanha)

Um dos mais completos meio-campistas de seu tempo, capaz não só de ajudar na marcação e proteger a defesa como também iniciar ataques, Xabi Alonso foi um craque icônico do futebol espanhol e presença em alguns dos mais vencedores times do século XXI. Ele foi titular do Liverpool campeão europeu de 2005, esteve no Real Madrid entre 2009 e 2014 e completou sua carreira no Bayern multicampeão alemão entre 2014 e 2017. Pela seleção, foram duas Eurocopas e uma Copa do Mundo conquistadas, além de 114 jogos e 16 gols marcados – ele é o 8º jogador com mais partidas pela Fúria na história. Era perito em passes de longa distância, em desarmes, tinha plena visão de jogo e demonstrava eficiência também no jogo aéreo. Só ficava um pouco estressado algumas vezes, algo que acabava lhe rendendo alguns cartões desnecessários. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Edgar Davids (Holanda)

Davids, motor turbo do meio de campo da Holanda em 1998

 

Extremamente rápido, habilidoso, capaz de deixar os companheiros na cara do gol e também de marcar os seus, Davids foi simplesmente monstruoso na Copa de 1998. O que ele jogou naquele Mundial foi algo impressionante. Desarmou, passou, cruzou, marcou… Enfim, foi completo, como bem sabiam os torcedores do Ajax e da Juventus, clubes por onde ele mais desfilou suas virtudes. Davids disputou 74 jogos e marcou seis gols entre 1994 e 2005 pela seleção. Ele foi eleito para o All-Star Team da Copa de 1998.

 

Patrick Vieira (França)

Campeão do mundo com a França em 1998 – ele atuou em dois jogos, incluindo na final contra o Brasil -, Vieira começou a figurar como titular absoluto dos Bleus só a partir de 2002, mas a França caiu já na fase de grupos. O grande Mundial do craque foi em 2006, quando liderou, ao lado de Makélélé e Zidane, o fabuloso meio de campo francês que alcançou o vice-campeonato. Altamente técnico, imbatível no jogo aéreo com seus 1,93m de altura e sinônimo de segurança e controle de bola no meio de campo, Vieira jogou de 1997 até 2009 nos Bleus e é o 6º jogador com mais partidas na história da seleção da França com 108 jogos e seis gols marcados.

 

Jean Tigana (França)

Ele marcava, passava, recuperava bolas, dividia, organizava o meio de campo e fazia tudo o que seu time precisava. Tudo com técnica, visão de jogo, fôlego que beirava o infinito e muita categoria. Jean Tigana foi um dos maiores meio-campistas do mundo nos anos 1970 e 1980 e verdadeiro coração da seleção francesa nas Copas de 1982 e 1986 e no título da Eurocopa de 1984. Ídolo no Bordeaux, onde venceu três títulos nacionais e duas Copas da França, Tigana disputou 52 jogos e marcou um gol pela França entre 1980 e 1988.

 

Javier Mascherano (Argentina)

Com quatro Copas no currículo e um vice-campeonato (em 2014), Mascherano foi um dos mais destacados atletas da Argentina nos anos 2000 e 2010 e exemplo de garra, força e consciência tática em todos os times que defendeu. Podia jogar não só como volante marcador e que roubava bolas como também na zaga. Foram 19 jogos em Copas do Mundo na carreira.

 

Didier Deschamps (França)

Capitão da França na conquista da Copa de 1998, Deschamps foi um ícone do futebol mundial na segunda metade dos anos 1980 e em toda a década de 1990. Extremamente eficiente e regular durante toda a carreira, o volante tinha o papel de organizar o meio de campo, ajudar a marcação e dar respiro à zaga dos times que defendeu. Era o “carregador de piano”, o responsável por se desdobrar no setor e ainda retomar a bola para iniciar contra-ataques poderosos. Mas Deschamps fazia tudo isso com muita qualidade nos passes, organização tática e grande leitura de jogo. Atuou em 103 partidas pela seleção (é o 7º na lista dos que mais vestiram o manto azul) e marcou quatro gols entre 1989 e 2000, levantando como capitão, além da Copa de 1998, a Euro de 2000. 

 

Mauro Silva (Brasil)

Ao lado de Dunga, compôs provavelmente uma das melhores duplas de volantes da história do Brasil e também de uma seleção campeã mundial. O brasileiro desarmava, ajudava o ataque, protegia a defesa e esbanjava categoria na posição, qualidades que o levaram ao topo e a receber dezenas de elogios da imprensa nos anos 1990. Mauro Silva poderia ter disputado a Copa de 1998, mas desavenças com o técnico Zagallo minaram a vaga do meio-campista.

 

Nobby Stiles (Inglaterra)

Volante marcador, Nobby Stiles marcou seu nome no Manchester United de 1960 até 1971, conquistando uma Liga dos Campeões da UEFA em 1968. Teve papel muito importante na conquista da Copa do Mundo pelo English Team em 1966, fazendo o “trabalho sujo” para Bobby Charlton criar as jogadas ofensivas do time. Na semifinal contra a forte seleção portuguesa, Stiles marcou de maneira implacável o Pantera Negra Eusébio e evitou que o craque marcasse os tantos gols que anotou nos jogos anteriores, ajudando a Inglaterra a vencer por 2 a 1 e garantir a vaga na final.

 

Pensou em Copa do Mundo? Pensou em Imortais! Clique aqui e confira nosso acervo com (quase) tudo sobre o maior torneio do futebol mundial! 🙂

 

Licença Creative Commons
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.

juventus_1996_team

Esquadrão Imortal – Juventus 1994-1998

Roma x Feyenoord: Em busca do pioneirismo