Por Guilherme Diniz
Ele nasceu sob a aristocracia e com ares de nobreza. Ano após ano, fez valer dessa alcunha e se consolidou como um dos mais tradicionais clubes do Rio de Janeiro. A partir dos anos 1950, sua fama foi além com esquadrões memoráveis e que venceram títulos inesquecíveis, principalmente no começo dos anos 1970, com o time campeão nacional, e, depois, com a lendária Máquina Tricolor. Nos anos 1980, um “casal 20” devolveu o topo do país às Laranjeiras e festejou títulos estaduais sobre o maior rival mesmo sem ser favorito. Após momentos complicados nos anos 1990, a volta por cima veio na segunda metade dos anos 2000, com novos times vencedores e uma notável hegemonia nacional com os títulos brasileiros em 2010 e 2012. O Fluminense Football Club é um ícone do esporte brasileiro e já teve craques simplesmente incontestáveis e multivencedores não só com a camisa tricolor, mas também pela seleção. Por isso, montar um time dos sonhos do tricolor foi tarefa árdua. Mas vocês escalaram uma equipe tão perfeita que o Imortais nem precisou fazer a sua. Isso mesmo! Pela primeira vez um Time dos Sonhos escolhido pelos leitores e leitoras é também o do Imortais. Vamos conferir!
Os convocados pelos leitores e leitoras:
Goleiros: Castilho e Félix
Laterais-Direitos: Carlos Alberto Torres e Píndaro
Laterais-Esquerdos: Branco e Marco Antônio
Zagueiros: Ricardo Gomes, Edinho, Thiago Silva e Pinheiro
Volantes: Didi, Paulo Cézar Caju e Carlos Alberto Pintinho
Meias: Rivellino, Romerito, Gérson, Conca e Telê
Atacantes: Fred, Assis, Waldo, Washington César e Preguinho
Técnico: Carlos Alberto Parreira
Esquema tático escolhido pelos leitores e leitoras: 4-3-3 (55,5% dos votos)
Time A – formação 1 – 4-3-3:
Castilho; Carlos Alberto Torres, Ricardo Gomes, Edinho e Branco; Didi, Gérson e Rivellino; Assis, Fred e Waldo.
A formação 1 desse Flu dos Sonhos é uma verdadeira Máquina! No gol, Castilho, jogador que mais vezes vestiu a camisa tricolor na história e um dos mais talentosos goleiros do nosso futebol. Nas laterais, dois campeões do mundo: o Capita Carlos Alberto Torres, pela direita, e Branco, campeão em 1994, pela esquerda. No miolo de zaga, categoria plena com Ricardo Gomes e Edinho, defensores que sabiam roubar bolas, iniciar contra-ataques e ainda marcar gols. No meio, imensa categoria, criatividade e arte com Didi, o Príncipe Etíope e bicampeão do mundo pela seleção em 1958 e 1962, Rivellino, a Patada Atômica campeão do mundo em 1970, e Gérson, o Canhotinha de Ouro, que iria reeditar com Rivellino a parceria memorável da Copa de 1970 e completar um dos mais fantásticos meios de campo entre todos os times dos sonhos já formados aqui no Imortais. No ataque, três goleadores marcantes e carrascos dos mais diversos clubes: Assis, ídolo dos anos 1980, Fred, símbolo dos títulos do anos 2010, e Waldo, o maior artilheiro da história tricolor. Para comandar tantas estrelas, um técnico que sempre teve a carreira interligada ao Flu: Carlos Alberto Parreira, presente nos momentos de glórias e no resgate da Terceirona de 1999.
Time A – formação 2 – 4-3-3:
Castilho; Carlos Alberto Torres, Ricardo Gomes, Edinho e Branco; Didi, Paulo Cézar Caju e Rivellino; Assis, Fred e Waldo.
Na formação 2 desse time A, PC Caju entra no lugar de Romerito para dar mais força na marcação e também mobilidade ofensiva, liberando mais Rivellino e Assis.
Time A – formação 3 – 4-3-3:
Castilho; Carlos Alberto Torres, Ricardo Gomes, Edinho e Branco; Didi, Romerito e Rivellino; Telê, Fred e Assis.
Aqui, Romerito, lendário paraguaio campeão nacional pelo Flu em 1984, entra no meio de campo para dar mais força e raça ao setor. Na frente, Telê, o Fio de Esperança e multicampeão nos anos 1950, entra no lugar de Waldo para criar jogadas ofensivas em velocidade e municiar de maneira plena o centroavante Fred e também Assis.
Time B – formação 1 – 4-3-3:
Félix; Píndaro, Thiago Silva, Pinheiro e Marco Antônio; Carlos Alberto Pintinho, Gérson e Conca; Telê, Washington César e Preguinho.
Grandes nomes de diferentes épocas marcam presença na formação B desse time dos sonhos. No gol, Félix, campeão do mundo em 1970 e guardião do título brasileiro do tricolor naquele ano mágico. Na lateral-direita, Píndaro, lenda dos anos 1950, e, na esquerda, Marco Antônio, outro campeão do mundo em 1970 e craque de diferentes times do Flu. Na zaga, o Monstro Thiago Silva, campeão da Copa do Brasil em 2007 e vice-campeão da América em 2008, e Pinheiro, outro lendário defensor dos anos 1950. No meio, Pintinho, polivalente da Máquina dos anos 1970, daria segurança para Conca, símbolo do título brasileiro de 2010, e Gérson, o Canhotinha, criarem jogadas de ataque para Preguinho, grande artilheiro tricolor dos anos 1930, Washington César, parceiro de Assis no “Casal 20” dos anos 1980, e Telê destroçarem as zagas rivais.
Time B – formação 2 – 4-3-3:
Félix; Píndaro, Thiago Silva, Pinheiro e Marco Antônio; Paulo Cézar Caju, Conca e Rivellino; Telê, Washington César e Assis.
Aqui, PC Caju, Rivellino e Assis entram para deixar o Flu com ainda mais força ofensiva e criativa e fazer a alegria da torcida com a reedição do “Casal 20”.
Goleiro: Castilho – 86,3% dos votos
Período no clube: 1947-1965
Principais títulos pelo clube: 1 Copa Rio (1952), 3 Campeonatos Cariocas (1951, 1959 e 1964) e 2 Torneios Rio-SP (1957 e 1960).
Jogos: 697
Recordista em jogos na história do Flu e presente nos elencos do Brasil campeões das Copas do Mundo de 1958 e 1962 – além de ter sido titular em 1954 e reserva em 1950 -, Castilho foi um dos mais notáveis arqueiros da história e sem dúvida o maior que já vestiu a camisa tricolor. Com reflexos apurados, excelente colocação e uma regularidade marcante, o camisa 1 ainda tinha uma sorte tremenda contra os adversários, daí seu apelido Leiteira – termo comum na época às pessoas que tinham boa sorte. A torcida do Flu, por outro lado, chamava seu ídolo de São Castilho e sempre venerou um jogador apaixonado pelo clube e que não levou gols em 255 dos 697 jogos que disputou pelo tricolor. Seu maior exemplo de amor ao Fluminense aconteceu em 1957, quando, após sucessivas lesões, decidiu amputar parte do dedo mínimo de uma das mãos só para acelerar sua recuperação e continuar jogando. Castilho foi tão gigante no Flu que ganhou um busto nas Laranjeiras.
Goleiro: Félix – 48,8% dos votos
Período no clube: 1968-1976
Principais títulos pelo clube: 1 Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1970) e 4 Campeonatos Cariocas (1969, 1971, 1973 e 1975).
Jogos: 319
Com mais de 300 jogos pelo Flu e participação decisiva nos títulos do início dos anos 1970, o goleiro é até hoje um dos maiores ídolos da história tricolor. Alternava partidas magníficas com outras um pouco abaixo da média, mas sempre crescia nos momentos decisivos. Prova disso são seus títulos e, claro, sua participação como titular da seleção brasileira campeã da Copa de 1970. Aliás, o goleiro foi muito contestado durante a campanha do tri do Brasil no México pelo fato de não demonstrar segurança em algumas partidas e por ter levado alguns gols “bobos”. Porém, qual goleiro não falha? Qual goleiro não se equivoca? É proibido errar debaixo do gol? Lev Yashin, Dino Zoff, Taffarel… Todos eles engoliram frangos homéricos, cometeram falhas e mesmo assim foram geniais em suas funções, ídolos e lendas do esporte. Félix também. Falhou em alguns jogos na carreira, mas demonstrou extrema frieza, dedicação, agilidade e calma quando mais a Portuguesa, o Fluminense e o Brasil precisaram dele. Crescia em momentos decisivos, pegava bolas fantásticas e foi exemplo de longevidade ao jogar até pouco mais de 39 anos de idade. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Lateral-Direito: Carlos Alberto Torres – 93,3% dos votos
Período no clube: 1962-1965 e 1976
Principais títulos pelo clube: 2 Campeonatos Cariocas (1964 e 1976) e 1 Torneio de Paris (1976).
Jogos: 169
Gols: 19
O capitão do tri foi revelado pelo Fluminense e sucedeu à altura o ex-lateral Jair Marinho na trajetória do título carioca em 1964. Com cruzamentos perfeitos, passes fenomenais e investidas pontuais no ataque que resultavam em muitos gols, a ofensividade de Carlos Alberto inspirou muitos outros laterais que surgiram no futebol brasileiro décadas depois. Além disso, o Capita defendia como poucos e era feroz na marcação. Um dos maiores laterais-direitos de todos os tempos, Carlos Alberto Torres foi sinônimo de elegância, eficiência, técnica, atitude e liderança.
Já veterano, Carlos Alberto retornou ao Fluminense em 1976 para jogar na zaga da Máquina Tricolor e faturar o Carioca daquele ano e prestigiados torneios internacionais, em especial o Torneio de Paris. Após a aposentadoria, virou técnico e comandou o Flu na conquista do título carioca de 1984, além de ter ajudado na contratação do ídolo Romerito. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Lateral-Direito: Píndaro – 23% dos votos
Período no clube: 1948-1955
Principais títulos pelo clube: 1 Copa Rio (1952) e 1 Campeonato Carioca (1951).
Jogos: 256
Gols: —
Ao lado de Pinheiro e do goleiro Castilho, Píndaro formou a chamada zaga da “santíssima trindade” do Fluminense do começo dos anos 1950. Fechava muito bem os espaços pelo lado direito e era muito bom nos passes e na marcação. Chegava às vezes de maneira mais ríspida nos adversários, mas sempre com lealdade, tanto é que nunca foi expulso na carreira e ganhou o Prêmio Belfort Duarte pela façanha. Foi o capitão do Flu na conquista da Copa Rio de 1952, um dos mais importantes títulos do tricolor.
Lateral-Esquerdo: Branco – 83,4% dos votos
Período no clube: 1983-1986, 1994 e 1998
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (1984) e 3 Campeonatos Cariocas (1983, 1984 e 1985)
Jogos: 157
Gols: 12
No coração da torcida brasileira pelo golaço de falta contra a Holanda, nas quartas de final da Copa do Mundo de 1994, tento crucial para a caminhada do Brasil rumo ao tetracampeonato mundial, Branco já morava no coração da torcida tricolor muito antes graças a sua imensa identificação com o clube e atuações de gala na década de 1980. Branco voou pela lateral-esquerda do tricolor e fez uma parceria memorável com o ponta-esquerda Tato, infernizando as zagas rivais com muita técnica e chutes poderosos. Foi um dos grandes craques nas conquistas do tricampeonato Carioca e do Brasileiro de 1984. Ídolo e gigante no Fluminense, Branco é sempre escolhido como o lateral-esquerdo titular de qualquer Time dos Sonhos do tricolor. Aqui não foi diferente.
Lateral-Esquerdo: Marco Antônio – 29,9% dos votos
Período no clube: 1969-1976
Principais títulos pelo clube: 1 Torneio Roberto Gomes Pedrosa (1970) e 4 Campeonatos Cariocas (1969, 1971, 1973 e 1975).
Jogos: 330
Gols: 28
Foi um dos mais eficientes e talentosos laterais-esquerdos da história do futebol brasileiro. Lançado por Telê Santana no time titular do Flu com apenas 18 anos, Marco Antônio não sentiu o peso da responsabilidade e virou titular absoluto do time. Apoiava bem o ataque e não deixava a zaga desprotegida. Técnico e com ampla visão de jogo, marcava vários gols – foram 28 em 330 jogos disputados como titular entre 1969 e 1976. Tanto talento levou o garoto à seleção que disputou e venceu a Copa de 1970.
Zagueiro: Ricardo Gomes – 80,2% dos votos
Período no clube: 1982-1988
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (1984) e 3 Campeonatos Cariocas (1983, 1984 e 1985)
Jogos: 204
Gols: 12
Uma das maiores revelações das categorias de base do tricolor naquele começo de anos 1980, Ricardo Gomes vestiu apenas uma camisa no período em que esteve no futebol brasileiro, de 1982 até 1988: a do Fluminense. Dono de atuações impecáveis, leal, seguro e também muito técnico, Gomes brilhou, também, pela seleção brasileira, e só ficou de fora do grupo que venceu a Copa do Mundo de 1994 por causa de uma contusão. Depois de brilhar no Flu, o zagueiro fez história no Benfica-POR, no PSG (quando jogou ao lado de Raí em um esquadrão lendário) e novamente no Benfica, quando encerrou a carreira, em 1996. Virou técnico de futebol, mas teve a promissora carreira abreviada por conta de um grave AVC que sofreu em 2011.
Zagueiro: Edinho – 77% dos votos
Período no clube: 1973-1982 e 1988-1989
Principais títulos pelo clube: 3 Campeonatos Cariocas (1975, 1976 e 1980)
Jogos: 359
Gols: 34
Cria das bases do Flu, Edinho sempre esbanjou técnica e eficiência desde garoto. Gostava de ir ao ataque, marcava gols e se notabilizou pela liderança, técnica apurada para um defensor e raça, além de ter grande senso de cobertura e marcação. Identificado ao extremo com o clube e a torcida, Edinho integrou a lendária Máquina dos anos 1970 e foi o herói do título carioca de 1980, quando marcou, de falta, o gol que selou a conquista tricolor. Esteve presente nas seleções brasileiras que disputaram as Copas de 1978, 1982 e 1986.
Zagueiro: Thiago Silva – 65,9% dos votos
Período no clube: 2006-2008
Principais títulos pelo clube: 1 Copa do Brasil (2007).
Jogos: 146
Gols: 14
O apelido de “Monstro” dado pela torcida tricolor a Thiago Silva não foi por acaso. Embora tenha jogado pouco no clube, o zagueiro foi mesmo um “monstro” principalmente entre 2007 e 2008, quando ajudou o Flu a vencer a inédita Copa do Brasil e a alcançar uma incrível final de Copa Libertadores. Com presença de área marcante e perigoso nas bolas aéreas, o zagueiro marcou vários gols importantes e foi titular absoluto do time na época. A trajetória de Thiago Silva no tricolor foi marcada também por muita superação, pois no clube das Laranjeiras o defensor retornou em definitivo para o futebol após sofrer uma tuberculose que quase lhe tirou a vida. Depois do vice da Liberta, Thiago Silva foi jogar no futebol europeu e se consolidou ao longo da década de 2010 como um dos mais respeitados zagueiros do mundo.
Zagueiro: Pinheiro – 50,4% dos votos
Período no clube: 1949-1963
Principais títulos pelo clube: 1 Copa Rio (1952), 2 Campeonatos Cariocas (1951 e 1959) e 2 Torneios Rio-SP (1957 e 1960).
Jogos: 603
Gols: 50
Outra lenda histórica do Fluminense, Pinheiro completava a “santíssima trindade” da zaga do clube nos anos 1950, ao lado de Píndaro e Castilho. Cria das bases, estreou no time profissional com apenas 17 anos e fez grandes partidas atuando como um verdadeiro xerife por causa do porte físico (tinha 1,87m de altura) e pela força nas jogadas aéreas e na marcação, além de se antecipar muito bem ante os rivais e marcar vários gols – foram 50, um número e tanto para um zagueiro. Pinheiro ainda vestiu a camisa do Brasil na Copa do Mundo de 1954, foi um notável revelador de talentos para o clube após pendurar as chuteiras e também exerceu a função de técnico tanto das categorias de base quanto do time profissional. Quando faleceu, em agosto de 2011, foi o primeiro atleta profissional da história do Flu a ser velado no Salão Nobre do clube. Pinheiro é o 2º atleta que mais vestiu o manto tricolor na história: 603 jogos.
Volante: Didi – 87,7% dos votos
Período no clube: 1949-1956
Principais títulos pelo clube: 1 Copa Rio (1952) e 1 Campeonato Carioca (1951).
Jogos: 297
Gols: 95
Elegante, clássico, soberano, impecável, perfeito. Adjetivos dos mais variados tipos podem ser utilizados para descrever a qualidade e importância para o futebol brasileiro e mundial de Waldir Pereira, o Didi, simplesmente o pai da primeira Copa do Mundo conquistada pelo Brasil, em 1958, e repetiu a dose em 1962. Inventor da “folha seca”, aquela cobrança de falta que cai lentamente no fundo do gol adversário, e de lances como o passe de trivela, Didi foi ídolo no Fluminense e um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro e mundial. Tinha a calma e a aura do craque. Sabia cadenciar o jogo como ninguém, era líder e transpirava confiança em todos os companheiros de time. Sua genialidade ficou marcada para sempre e fez o eterno dramaturgo (e tricolor) Nelson Rodrigues batizar o meio-campista de “O Príncipe Etíope”, pela elegância em campo e pela aparência do jogador.
Quando chegou ao Flu, em 1949, Didi rapidamente ganhou destaque e assumiu a titularidade do esquadrão tricolor que brilharia na década de 1950 com Castilho, Píndaro, Pinheiro, Telê, Carlyle e o técnico Zezé Moreira. Suas atuações cheias de categoria, habilidade e muita qualidade encantaram a todos. Em 1950, teve a honra de marcar o primeiro gol da história do Maracanã, jogando pela seleção carioca. O craque foi um dos principais jogadores do Fluminense nas conquistas do Campeonato Carioca de 1951 e da emblemática Copa Rio de 1952. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Volante: Paulo Cézar Caju – 56,3% dos votos
Período no clube: 1975-1976
Principais títulos pelo clube: 2 Campeonatos Cariocas (1975 e 1976).
Jogos: 85
Gols: 16
Nas apresentações de gala da Máquina dos anos 1970, diziam que os torcedores deveriam pagar “couvert artístico”, e não ingresso, tamanha beleza do futebol daquele time. E um dos principais responsáveis por essa alcunha foi Paulo Cézar Lima, o PC Caju, um dos mais habilidosos, polivalentes e irreverentes jogadores da história do futebol brasileiro. Capaz de atuar como ponta-esquerda, meia e volante, Caju construía jogadas de ataque e defesa, marcava gols, roubava bolas, dava passes e tinha uma visão de jogo impressionante. Caju esteve na seleção campeã do mundo em 1970 e também no elenco que disputou o Mundial de 1974.
Volante: Carlos Alberto Pintinho – 49,9% dos votos
Período no clube: 1973-1980 e 1984-1985
Principais títulos pelo clube: 4 Campeonatos Cariocas (1973, 1975, 1976 e 1984).
Jogos: 381
Gols: 23
Extremamente técnico e capaz de ajudar a zaga com precisos desarmes para impedir as investidas dos adversários, Carlos Alberto Gomes, o Pintinho, foi outro talento revelado pelo Fluminense que nem precisou de credenciais para ir direto ao time profissional com 18 anos. Com sua técnica e polivalência, ganhou o apelido de “Holandês do Borel”, em alusão ao time da Holanda na Copa de 1974 e seu Futebol Total. Pintinho foi um dos destaques da Máquina e só não teve mais espaço na seleção brasileira por causa da ferrenha concorrência da época no meio de campo.
Meia: Rivellino – 90,4% dos votos
Período no clube: 1975-1978
Principais títulos pelo clube: 2 Campeonatos Cariocas (1975 e 1976).
Jogos: 159
Gols: 57
Ele foi uma das inspirações de ninguém mais ninguém menos que Diego Armando Maradona. Ele meteu uma bola entre as pernas do mito Beckenbauer, pouco antes da Copa do Mundo de 1970. Ele foi ídolo incontestável de duas torcidas. Ele cravou seu espaço na melhor seleção brasileira de todos os tempos e deu aulas de futebol nos mais diversos campos do planeta, sempre com dribles curtos irresistíveis, criando o drible do elástico e dando chutes poderosos com sua incrível perna esquerda, que fez a torcida mexicana o apelidar de “patada atômica”. Rivellino foi um dos maiores craques do futebol brasileiro nas décadas de 1960 e 1970, e também um dos maiores do futebol mundial em grande parte dos anos 1970, rivalizando com Beckenbauer e Cruyff o posto de melhor do mundo, após a aposentadoria de Pelé.
Praticamente expulso do Corinthians após o revés no Paulistão de 1974, Rivellino acertou sua transferência para o Fluminense em 1975, quando o clube começava a montar sua Máquina. Quis o destino que a estreia do craque com a camisa tricolor fosse justamente em um amistoso contra o Corinthians. Riva não perdoou seu ex-clube e deu show: 4 a 1 para o Flu, com 3 gols dele. Era o presságio do que viria pela frente.
Ao lado de várias feras, Rivellino conquistou seu sonhado título por um clube, o Campeonato Carioca de 1975, que veio por antecipação no quadrangular final. Naquela temporada, Riva marcou um de seus gols mais fantásticos da carreira, contra o Vasco, quando aplicou um elástico entre as pernas do marcador, passou por mais dois e estufou as redes do goleiro. Coisa de gênio. O meia seguiu jogando muito, marcou gols espetaculares e brilhou intensamente no Maracanã e também nos torneios internacionais que o Flu disputou – e venceu a maioria – na época. Rivellino chegou a ser nomeado “o melhor do mundo” pela imprensa francesa em 1976, quando venceu o Torneio de Paris. Leia muito mais sobre Rivellino clicando aqui!
Meia: Gérson – 56,1% dos votos
Período no clube: 1972-1974
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Carioca (1973).
Jogos: 57
Gols: 4
Ele não era muito de cabecear, não gostava de marcar, costumava ficar centralizado em uma posição, tinha cara amarrada e nenhuma papa na língua. No entanto, aquele meia-armador tinha uma perna esquerda capaz de verdadeiras obras de arte e de realizar lançamentos superiores a 40 metros de distância como quem os fazia com as mãos. Ninguém jamais lançou como ele e com tamanha precisão. Ninguém colocou bolas nos peitos, pés e cabeças de tão longe e com tanta classe. E nenhum jogador na história do futebol brasileiro foi tão precioso como um legítimo armador de jogadas e, claro, gols, como Gérson, o “cérebro” da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1970 e ídolo em todos os clubes por onde passou.
Com um repertório infindável de jogadas, desde cobranças de faltas magníficas até chutes com o mais puro veneno, o craque superou críticas e maus momentos para entrar na história com um futebol virtuoso e sem frescuras. Se fosse preciso, ele dava bicão. Se fosse preciso, ele dividia e até quebrava a perna de algum rival mal intencionado. E, se fosse preciso, ele construía uma jogada que resultaria em um gol de cinema.
Em 1972, ano em que disputou seu último jogo com a camisa da Seleção Brasileira, Gérson já começou a pensar na aposentadoria e em qual clube jogaria suas últimas partidas. O escolhido, claro, foi o Fluminense, seu time do coração. Entre 1972 e 1974, Gérson jogou pouco, mas o suficiente para encantar os tricolores com seu futebol e ajudar na campanha do título estadual de 1973, que serviu como presságio para a Máquina Tricolor que encantaria o Rio e o Brasil entre 1975 e 1976.
Em 1974, Gérson decidiu se aposentar de vez do futebol após um caso curioso e não confirmado. Após um treino nas Laranjeiras, o então técnico Duque teria chamado Gérson de canto para lhe ensinar uma maneira melhor para bater na bola. O fato é que o tal Duque jamais fora um grande jogador. E mais: aquilo era uma verdadeira heresia, afinal, dizer a Gérson, o homem que fazia lançamentos de 50 metros de olhos fechados, uma maneira de bater na bola? Faça o favor! Indignado, o Canhotinha achou que era mesmo hora de parar de jogar e de ter que ouvir aquela e muitas outras besteiras no futebol. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Meia: Conca – 54,7% dos votos
Período no clube: 2008-2011 e 2014
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (2010).
Jogos: 272
Gols: 56
Foi um dos maiores ídolos da torcida tricolor entre 2008 e 2011 e esteve presente nos dramas e glórias do time na época. Raçudo, inteligente, técnico, veloz, driblador e endiabrado com sua perna esquerda e até goleador quando necessário, o argentino Conca foi o líder do Fluminense na conquista do Brasileiro de 2010 ao participar de todos os 38 jogos da campanha, um feito exuberante. Naquele ano, ganhou a Bola de Prata e a Bola de Ouro como melhor jogador do torneio. Conca foi brilhante, também, na Libertadores de 2008 e na arrancada que salvou o Flu da queda no Brasileiro de 2009. Sua identificação com o clube o colocou para sempre na galeria dos imortais do Fluminense.
Meia: Romerito – 54,7% dos votos
Período no clube: 1984-1989
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (1984) e 2 Campeonatos Cariocas (1984 e 1985).
Jogos: 215
Gols: 57
Maior nome do futebol paraguaio na década de 1980, Romerito chegou como estrela ao Flu em 1984, após grandes atuações pela seleção paraguaia campeã da Copa América de 1979 e também pelo New York Cosmos. E não decepcionou. Muito habilidoso, com uma visão de jogo fantástica, raçudo e goleador, o meia entrou para a história por ser o autor do gol que deu ao tricolor o título do Brasileiro de 1984 e também um dos gols da vitória por 2 a 1 sobre o Bangu que sacramentou o título carioca de 1985. Romerito virou ídolo eterno do Fluminense por tudo isso e por sempre exaltar sua paixão pelo clube.
Meia / Atacante: Telê – 27,6% dos votos como Meia / 23,5% dos votos como Atacante
Período no clube: 1950-1961
Principais títulos pelo clube: 1 Copa Rio (1952), 2 Campeonatos Cariocas (1951 e 1959) e 2 Torneios Rio-São Paulo (1957 e 1960).
Jogos: 559
Gols: 163
O “Fio de Esperança” ganhou um lugar neste Time dos Sonhos pela boa votação tanto como meia como atacante. Ídolo de uma era de ouro do clube, Telê marcou seu nome na história do clube pelos gols, pela entrega em campo, por marcar gols nos minutos finais e por não desistir jamais, daí o apelido, que fazia alusão à essas qualidades e ao seu porte físico franzino (fio). Telê foi um jogador emblemático não só para o Fluminense, mas também ao futebol brasileiro por ser um “falso” ponta que recuava para armar jogadas, algo pouco comum nos anos 1950 e que seria uma tona de vários times e da seleção brasileira nas Copas de 1958 e 1962, nessas com outro imortal, Zagallo.
Telê é o 3º atleta que mais vestiu o manto tricolor na história e o 5º maior artilheiro do clube em todos os tempos. Após pendurar as chuteiras, foi técnico do Fluminense e faturou o Carioca de 1969, título que abriu caminho para a conquista do título nacional de 1970. Leia mais sobre a trajetória de Telê como treinador clicando aqui!
Atacante: Fred – 90,1% dos votos
Período no clube: 2009-2016 e 2020-atual
Principais títulos pelo clube: 2 Campeonatos Brasileiros (2010 e 2012), 1 Campeonato Carioca (2012) e 1 Primeira Liga (2016).
Jogos: 361
Gols: 197
Segundo maior artilheiro da história do clube com 197 gols. Maior artilheiro da história do clube em jogos oficiais com 195 gols. Maior artilheiro da história do clube em Campeonatos Brasileiros com 101 gols. Artilheiro do Campeonato Carioca de 2011 com 10 gols. Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2012 com 20 gols. Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2014 com 18 gols. Artilheiro do Campeonato Carioca de 2015 com 11 gols. Autor de golaços. Temido pelos adversários. Ídolo. Fred foi tudo isso e é tudo isso na história do Fluminense. O atacante viveu a melhor fase da carreira no tricolor e se identificou de maneira intensa com o clube.
Depois de superar momentos difíceis repletos de contusões quando chegou ao clube, em 2009, o atacante contornou a desconfiança da torcida com atuações de gala e um poder de decisão impressionante. Quando o Flu mais precisava, lá estava Fred. Quando o jogo estava empatado, lá ia o Fred colocar o Flu de novo na frente. Ele foi um dos maiores símbolos daquela geração campeã nacional em 2010 e 2012. E está para sempre no coração do torcedor. Ficou de 2009 até 2016 no clube carioca e retornou em 2020 para mais gols e aumentar sua conta na artilharia tricolor.
Atacante: Assis – 76,7% dos votos
Período no clube: 1983-1987
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (1984) e 3 Campeonatos Cariocas (1983, 1984 e 1985).
Jogos: 179
Gols: 55
“Recordar é viver, Assis acabou com você”. Experimente dizer isso a um flamenguista. A reação pode não ser muito amistosa… Foi com tal frase que a torcida do Fluminense encerrava qualquer discussão com a rival por conta dos gols e atuações predestinadas de Assis nos jogos contra o Flamengo na década de 1980. Primeiro, em 1983, nos últimos minutos do jogo, quando o atacante marcou o gol da vitória que selou o título carioca do tricolor. E, em 1984, de cabeça, Assis de novo matou o rival e deu ao Flu mais um caneco, virando um dos maiores personagens do Fla-Flu.
Jogando ao lado de Washington César, Assis fez a mais emblemática dupla de atacantes do Fluminense, que ganhou o apelido de “Casal 20”, em alusão a um seriado de TV muito famoso na época, criado pelo romancista Sidney Sheldon. Assis tinha técnica apurada, futebol simples, dribles desconcertantes, oportunismo e eficiência no jogo aéreo. Muito inteligente, puxava a marcação e era um elo importante nas jogadas de ataque do time campeão brasileiro em 1984 e que brilhou intensamente entre 1983 e 1985 no futebol nacional.
Atacante: Waldo – 61,3% dos votos
Período no clube: 1954-1961
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Carioca (1959) e 2 Torneios Rio-SP (1957 e 1960).
Jogos: 403
Gols: 319
Centroavante clássico, rompedor, finalizador nato, oportunista e perigosíssimo. Assim foi Waldo, o “Quebra Balizas”, jogador que chegou ao Flu ainda com o vícios do futebol amador para se tornar o incontestável maior artilheiro da história tricolor. Com um senso de colocação impressionante, força física e muita precisão nos chutes, Waldo fez história com os títulos do Carioca de 1959 e dos Torneios Rio-SP de 1957 e 1960 – ele é inclusive o maior artilheiro do Flu na competição com 41 gols em 59 jogos. Os números de Waldo pelo Flu são impressionantes a contar pela qualidade dos adversários que o tricolor teve pela frente na época, tanto nos torneios estaduais quanto em competições interestaduais. Em 1960, por exemplo, o atacante marcou 61 gols, e, no ano seguinte, assombrou a Europa em uma excursão do Fluminense. Seu sucesso foi tamanho que o Valencia-ESP contratou o atacante e Waldo se transformou no primeiro brasileiro a vencer o prêmio Pichichi de maior artilheiro da Espanha. Coisa de imortal. Leia mais sobre ele clicando aqui!
Atacante: Washington César – 47,7% dos votos
Período no clube: 1983-1989
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (1984) e 3 Campeonatos Cariocas (1983, 1984 e 1985).
Jogos: 305
Gols: 124
Do alto de seus 1,88m de altura, Washington causava terror nos adversários com uma impulsão formidável e cabeçadas letais – era comum em cobranças de escanteio a torcida tricolor gritar “…ão, ão, ão, na cabeça do negão!”. Ao lado de Assis, fez a dupla “Casal 20”, que virou sinônimo de gols, títulos e terror para os flamenguistas nos anos 1980. Marcou 124 gols em 305 jogos pelo tricolor, inclusive alguns golaços, como um de voleio (ou seria uma meia bicicleta?) contra o Flamengo, e um em que driblou meio time do Vasco antes de estufar as redes.
Washington sofreu no fim da vida com a grave doença degenerativa ELA (esclerose lateral amiotrófica), a mesma que acometeu e debilitou o célebre físico inglês Stephen Hawking. Em 2009, inclusive, a torcida tricolor, juntamente com a do Athletico-PR (onde ele também foi ídolo), realizou o “Washington Day”, com objetivo de obter recursos para o ídolo realizar o tratamento contra a doença. Washington faleceu em maio de 2014, mas permanece para sempre na história do Flu.
Atacante: Preguinho – 25% dos votos
Período no clube: 1925-1938
Principais títulos pelo clube: 2 Campeonatos Cariocas (1937 e 1938) e 2 Campeonatos Cariocas Amadores (1933 e 1938).
Jogos: 174
Gols: 128
Com a família inteira ligada ao Fluminense, Preguinho costumava dizer que “eu mal sabia falar e o Fluminense já estava em minha alma, em meu coração e meu corpo”. E foi assim mesmo. Com uma carreira dedicada ao tricolor, João Coelho Netto foi um dos maiores atacantes da história do Flu e também um dos mais completos atletas do esporte brasileiro em todos os tempos. Além do futebol, ele praticava e competia em impressionantes nove (!) modalidades diferentes: natação, remo, polo aquático, saltos ornamentais, atletismo, basquete, vôlei, hóquei sobre patins e tênis de mesa, conseguindo 387 medalhas e 55 títulos nessas modalidades. Preguinho tinha uma velocidade fora do comum, agilidade, oportunismo, além de precisão nos fundamentos e faro artilheiro.
Pela seleção brasileira, o atleta foi o primeiro capitão e o autor do primeiro gol da equipe em uma Copa do Mundo, no Mundial de 1930. Seu amor pelo Fluminense era tão grande que mesmo quando o futebol passou a ser um esporte profissional, Preguinho se recusou a receber dinheiro e continuou jogando pelo clube de forma amadora, ajudando o tricolor a vencer os Estaduais de 1937 e 1938. Simplesmente um ícone tricolor. E obrigatório em qualquer time dos sonhos do clube.
Técnico: Carlos Alberto Parreira – 38,8% dos votos
Período no clube: 1975, 1984, 1999-2000 e 2009
Principais títulos pelo clube: 1 Campeonato Brasileiro (1984), 1 Campeonato Carioca (1975) e 1 Campeonato Brasileiro da Série C (1999).
Jogos: 148, sendo 67 vitórias, 33 empates e 48 derrotas.
A história de Parreira e do Fluminense se confundem, praticamente. O treinador sempre teve passagens emblemáticas pelo time das Laranjeiras, com títulos históricos e marcantes. Tudo começou no início dos anos 1970, quando Parreira foi preparador físico no time campeão nacional em 1970. Em seguida, trabalhou como auxiliar técnico de vários treinadores até conseguir sua chance em 1975, após a saída de Paulo Emílio, ajudando a então Máquina Tricolor a vencer o Campeonato Carioca daquele ano. Após passagens pelo Oriente Médio, Parreira retornou em 1984 para assumir o time durante o Brasileirão e conquistar o torneio de forma incontestável e com uma sequência de 12 jogos sem perder. Parreira soube usar todas as qualidades, técnicas e habilidades dos jogadores para dar ao tricolor um título inesquecível.
Nos anos 1990, foi técnico da seleção brasileira e chegou ao auge com o título da Copa do Mundo de 1994. Em 1999, retornou como um salvador para participar do momento mais tenebroso e difícil de toda a história do Flu: a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C. Mesmo consagrado e sem precisar provar nada a ninguém, Parreira topou o desafio e levou o Flu ao título. A gratidão do torcedor por aquele feito foi enorme e esse gesto sempre valeu mais do que qualquer coisa. Por isso, Parreira sempre foi uma constante em eleições de times dos sonhos do Fluminense.
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