Data: 19 de junho de 2025
O que estava em jogo: três pontos importantes na busca por uma vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes da FIFA de 2025.
Local: Estádio Rose Bowl, Pasadena, EUA.
Árbitro: Drew Fischer (Canadá)
Público: 53.699 pessoas
Os Times:
PSG: Donnarumma; Hakimi, Beraldo, Pacho e Lucas Hernández (Nuno Mendes); Zaire-Emery (Fabián Ruiz), Vitinha e Mayulu (João Neves); Kvaratskhelia, Gonçalo Ramos (Barcola) e Doué (Lee Kang-In). Técnico: Luis Enrique.
Botafogo: John; Vitinho, Jair, Alexander Barboza e Alex Telles (Cuiabano); Gregore, Marlon Freitas e Allan; Artur (Montoro); Savarino (Santi Rodríguez) e Igor Jesus. Técnico: Renato Paiva.
Placar: PSG 0x1 Botafogo. (Gol: Igor Jesus-BOT, aos 35’ do 1º T).
“Orgulho Glorioso”
Por Guilherme Diniz
“Ah, eles precisam fazer uma tática para perder de pouco”. “Ah, esse jogo já é perdido, tem que focar no último jogo”. “Ah, o importante é participar”. Esses eram alguns dos pensamentos que perambularam na mídia esportiva e nos comentários de “especialistas” antes do duelo entre o campeão da Liga dos Campeões da UEFA, o badalado PSG, contra o campeão da Copa Libertadores, o Botafogo. O clube francês de fato estava em uma fase esplendorosa, rechaçada pela goleada de 5 a 0 que impôs na Internazionale e ainda os 4 a 0 para cima do Atlético de Madrid, o outro europeu do Grupo B daquela Copa do Mundo de Clubes. Além disso, desde 2012, na vitória do Corinthians sobre o Chelsea, que um clube sul-americano não conseguia vencer um europeu em um Mundial de Clubes, isso quando enfrentava, pois a coleção de decepções nos últimos anos era grande.
Porém, aquele duelo seria diferente. O Botafogo iria jogar como se fosse uma final de Mundial. A decisão que o clube sonhou em disputar em 2024, mas não conseguiu por causa do cansaço de uma temporada extenuante e do revés diante do Pachuca-MEX antes mesmo das semifinais. Naquela tarde no Rose Bowl, o lendário palco do tetra da seleção, o Botafogo estava inteiro. Ávido. Concentrado. Sabia que era o jogo do “erro zero”. Do orgulho. De mostrar a todos que ele não seria mais uma vítima. Seria o Botafogo, o lendário, o clube tão importante para a história e misticismo da seleção brasileira em suas conquistas de Copa do Mundo. E, na Copa do Mundo de Clubes, o Botafogo venceu o PSG por 1 a 0, impondo a primeira derrota a um clube europeu depois de quase 13 anos.
Zagallo certamente destacaria esse número. Nilton Santos com certeza elogiaria as atuações de Cuiabano e Alex Telles pela esquerda. Manga bateria palmas para as intervenções de John. Didi daria um abraço no gigantismo de Allan no meio de campo. Gottardo e Mauro Galvão ficariam deslumbrados com o paredão Jair e Barboza. E Garrincha, Jairzinho e Quarentinha assinariam o gol preciso e cirúrgico de Igor Jesus. Foi uma vitória maiúscula, de garra, entrega, disciplina tática e gigantismo. Não foi o ataque contra defesa muitas vezes visto em duelos de europeus e sulamericanos. O Botafogo teve suas chances e, acima de tudo, não deixou o PSG agredir como estava acostumado – foram apenas dois chutes no gol de John, isso mesmo, DOIS, enquanto o Fogão teve quatro chutes no gol. Uma vitória histórica, que rendeu aplausos no Brasil e em todo mundo, que pôde relembrar a grandeza do Glorioso Alvinegro. É hora de relembrar o PSG 0x1 Botafogo 2025.
Sumário
Pré-jogo

Após os títulos da Libertadores e do Brasileirão em 2024, o Botafogo perdeu algumas peças importantes de seu elenco como Thiago Almada e Luiz Henrique – além do técnico Artur Jorge -, mas conseguiu manter peças essenciais e trazer novos nomes como o meia Santiago Rodríguez, o atacante Artur, o zagueiro Jair e o meia/atacante Montoro, de apenas 18 anos. Comandado pelo português Renato Paiva, o alvinegro demorou um pouco para engrenar na temporada, mas conseguiu encaixar seu jogo, contou com o retorno da boa fase de Igor Jesus e viajou ao Mundial de Clubes embalado após garantir a vaga nas oitavas de final da Libertadores e emendar quatro jogos invicto no Brasileirão, com direito a goleada de 4 a 0 sobre o Internacional e triunfo por 1 a 0 sobre o Santos em plena Vila Belmiro.
Já em solo estadunidense, o clube alvinegro sabia de sua força, mas também dos rivais em seu Grupo B, chamado de “grupo da morte”, por reunir os europeus Atlético de Madrid e PSG, e ainda o Seattle Sounders-EUA, este o “azarão” da chave. Pontuar contra o time da casa seria essencial ao alvinegro e, para seguir com chance de classificação, a equipe brasileira teria que vencer pelo menos um dos jogos contra os europeus. Na estreia, o Botafogo derrotou o Seattle Sounders por 2 a 1, mas sofreu mais do que deveria no segundo tempo. No outro jogo do grupo, o PSG estraçalhou o Atlético de Madrid e goleou por 4 a 0, mostrando que não estava no Mundial para brincadeira.
Já na segunda rodada, o Atlético se recuperou e venceu o Seattle por 3 a 1, resultado que já impunha certa pressão ao Botafogo, afinal, se a equipe perdesse, o PSG já iria garantir uma das vagas, enquanto o jogo entre alvinegros e colchoneros seria decisivo para a outra remanescente. Sabendo da força do rival, Renato Paiva salientou, em coletiva de imprensa, que o futebol sempre ensinou que favoritos nem sempre se dão bem.
“Acho que o cemitério do futebol está cheio de favoritos. É um jogo, há probabilidades, mas nós que preparamos os jogos fazemos da mesma forma. Quero que minha equipe faça certas coisas, corrija o que deu errado, e no último jogo não foram poucas coisas, ver as fragilidades do adversário e a partir disso lutar pelos três pontos. Se entrar nesse campo de favoritismo, é uma área emocional que você não controla. É impacto que eu quero retirar. O adversário é quem é, mas também ganha, perde e empata. Se falar que somos favoritos poderemos ir para o jogo confortável; se falar que somos piores, eles podem ir com medo. Eu quero que eles sejam eles mesmos. Só isso”.
O treinador rechaçou ainda o formato da disputa e criticou as comparações sempre feitas pela mídia entre os clubes do Velho Continente e da América do Sul. “É a primeira vez que vários continentes jogam em fase de grupos. Tudo é teoria. ‘Ah, se o Palmeiras jogasse em Portugal’, ‘ah, se o Benfica jogasse no Brasil’… Gosto do que é o real. Aqui, há um nivelamento interessante. Há um hábito de tirar mérito das vitórias do Botafogo. Não gosto de coitadismo, mas existe isso. O Seattle joga bem e no dia seguinte eu vi o Chelsea passar dificuldade contra o Los Angeles FC. Eu não entro nesse mérito. Daquilo que já vi, só o Auckland teve o resultado que teve (derrota para o Bayern München por 10 a 0) porque é uma equipe amadora. Qualquer outro tipo de resultado não vai surpreender”.

Do lado do PSG, Luis Enrique destacou a história do rival e sua presença no Mundial.
“Para nós é muito bonito jogar contra um time brasileiro, de altíssimo nível, história potente por trás, campeões da Libertadores em 2024. Certamente vai apresentar coisas diferentes a equipes da Europa. Praticamente não mudamos muito nossa maneira de atuar, a experiência diz que os outros times mudam de estilo contra nós, não deixa de ser sempre uma surpresa, mas nos preparamos da mesma maneira. Temos que estar preparados para todos os problemas e circunstâncias que aparecem no jogo”.
Era, de fato, o principal e mais difícil jogo do Botafogo naquela fase de grupos. Mas a equipe brasileira jogaria sem medo, à sua maneira, com a entrada de Allan no meio de campo, para fechar a trinca central ao lado de Gregore e Marlon Freitas. Na frente, Artur e Savarino jogariam mais abertos, só que um pouco mais fixos no meio de campo e apenas Igor Jesus mais avançado, como centroavante. Na zaga, Jair e Barboza seriam os xerifes do setor, enquanto Alex Telles e Vitinho ficariam nas laterais, fixos, a fim de bloquear as investidas de Doué e Kvaratskhelia.
No dia do jogo, o lendário Rose Bowl era um local de bons fluídos para o alvinegro, afinal, foi nele que a seleção brasileira levantou o tetracampeonato mundial, em 1994. E enfrentar o PSG não era nenhuma novidade ao clube, que derrotou a equipe francesa por 3 a 1 lá em 1984, em amistoso disputado em Genebra (SUI).
Primeiro tempo – “Choque” aos franceses e o gol alvinegro

Diferente da estreia, o PSG entrou em campo com algumas mudanças: os titulares Marquinhos, Nuno Mendes, Fabián Ruiz e João Neves não começaram a partida e deram lugar a Beraldo, Lucas Hernández, Zaïre-Emery e Mayulu, respectivamente. Mesmo sem eles (nem Dembélé, lesionado), o time francês manteve o esquema tático preferido de Luis Enrique, com a diferença de que Lucas Hernández iria ficar mais “plantado” na zaga a fim de dar liberdade a Kvaratskhelia pela esquerda, enquanto Hakimi jogaria quase como um ponta pela direita. Quando a bola rolou, o PSG mandou a redonda para a lateral, como sempre faz, para encaixotar sua marcação-pressão e não dar espaços ao Botafogo. Porém, por mais que o time francês tivesse controle do jogo e trocasse passes no campo alvinegro, o campeão europeu se deparou com um adversário muito, mas muito organizado defensivamente.
Quem levava mais perigo era Kvaratskhelia, que no primeiro minuto já chutou uma bola e exigiu a defesa de John. Aos 5’, outro chute do georgiano, mas a bola foi para fora. Logo na sequência, o Botafogo apareceu no ataque pela primeira vez quando Artur recebeu bola longa, limpou a marcação e chutou de longe, mas Donnarumma faz a defesa no canto. O alvinegro passou a avançar a marcação, dificultando a saída de bola francesa. Com praticamente cinco homens no meio de campo, o Botafogo reduzia os espaços e, quando sofria o ataque, bloqueava a grande área de uma maneira que impossibilitava o PSG de sequer chutar. A tática de Renato Paiva era anular a criação do meio de campo do rival, a principal arma dos europeus, em especial Vitinha, quem orquestrava tudo na meiuca parisiense.

Um exemplo de que o Botafogo não sentia o peso daquele jogo aconteceu aos 8’, quando Allan recebeu pressionado no meio e limpou a jogada com um lindo chapéu pra cima de Zaïre-Emery. Era a categoria brasileira pra todo mundo ver! O PSG concentrava suas ações no lado esquerdo, com Kvara, mas o georgiano tinha dificuldades para cruzar ou invadir a área. Luis Enrique, comedido na partida de estreia, já demonstrava inquietude após os primeiros 15 minutos, pois seu time tinha a bola, chegava ao ataque, mas não chutava. Aos 18’, o Botafogo conseguiu trocar passes no meio e tirou a velocidade do rival, bastante incomodado com a falta de alternativas. A torcida alvinegra cantava muito no sol de Pasadena e empurrava o Botafogo em busca do gol. Os botafoguenses percebiam que não era impossível a vitória. E que o time jogava com personalidade e muita concentração.
Aos 25’, Artur apareceu pela direita e tentou passe para Vitinho, mas Hernández evitou. Um minuto depois, o meia tentou outra jogada pela direita, cortou para dentro e cruzou com efeito, buscando Igor Jesus. Beraldo mandou para escanteio, mas o árbitro (bastante confuso ao longo da partida) assinalou tiro de meta. Após os 30’ e a pausa para hidratação (o sol e a temperatura de 30 graus celsius judiavam dos jogadores), o PSG tentou atacar mais pela direita, com Doué, mas o habilidoso atacante também sofreu com a marcação brasileira, sempre com três pra cima de quem tinha a bola, seja na direita, seja na esquerda.


Até que, aos 35’, Savarino recebeu no meio de Marlon Freitas e serviu Igor Jesus, que dominou e driblou Pacho. Com a bola sob seus pés, o atacante finalizou cruzado, a redonda ainda desviou no zagueiro e enganou Donnarumma: 1 a 0. Botafogo na frente! Quem disse que o PSG ia golear? Quem disse que o campeão europeu era imbatível? Pois ali estava o campeão da América! O campeão da Libertadores! Quem mandava era o Botafogo!
A torcida alvinegra foi ao delírio e os cânticos ecoaram por todo Rose Bowl. O PSG sentiu o golpe e o Botafogo apareceu no ataque aos 41’, de novo com Igor Jesus, que, na disputa de bola, acabou fazendo falta em Beraldo. Os europeus estavam angustiados e surpresos com a força do jogo do rival. Nos minutos finais, os franceses tentaram mais ataques pela esquerda com Kvaratskhelia e Vitinha, em vão. Ao apito do árbitro, a vitória do Botafogo era o reflexo do ótimo jogo tático da equipe brasileira. Aguerrida, inteligente, aplicada. Mas a concentração tinha que continuar na etapa complementar, pois todo cuidado era pouco com aquele PSG.
Segundo tempo – Nem a “força máxima” derruba o Glorioso!

As equipes voltaram para a reta final sem modificações, e o Botafogo conseguiu um contra-ataque logo no primeiro minuto, quando Artur serviu Marlon Freitas na entrada da área, esboçou finalização, mas a defesa fechou a porta. Na sequência, o time brasileiro apareceu novamente em um contra-ataque, quando Artur levou a melhor no meio de campo e tocou para Alex Telles. O lateral finalizou, mas Donnarumma defendeu. Só aos 6’ que o PSG apareceu pela primeira vez com perigo, quando Vitinha cobrou falta na pequena área e Gonçalo Ramos desviou de cabeça para John defender com o peito. A resposta alvinegra veio no minuto seguinte, quando o Fogão trabalhou bem a bola no ataque, Artur abriu para Vitinho cruzar da direita e a redonda ir de encontro a Savarino, livre na área. O venezuelano cabeceou para o chão e Donnarumma defendeu.
O jogo era lá e cá, e, por isso, Luis Enrique teve que “apelar”: fez quatro mudanças de uma vez e colocou três titulares – João Neves, Nuno Mendes e Fabián Ruiz -, nos lugares de Mayulu, Lucas Hernández e Zaïre-Emery, respectivamente, e ainda Barcola no lugar de Gonçalo Ramos. Mesmo com sua força máxima, o PSG seguiu incapaz de criar como de costume. Allan ficou grudado no perigoso Nuno Mendes, Jair e Barboza fechavam ainda mais o miolo de zaga e Artur seguia importunando a zaga parisiense tentando engatilhar contra-ataques para Igor Jesus. Aos 23’, Alex Telles deu lugar a Cuiabano e Savarino foi substituído por Santiago Rodríguez.

Com mais fôlego, o Fogão manteve a perseguição ao rival, com destaque para Cuiabano, cheio de raça no setor esquerdo e impedindo os ataques de Doué e Vitinha. Aos 24’, Barcola cruzou de um lado e Cuiabano afastou. Doué chutou do outro lado e Barboza fez o corte. Aos 27’, Hakimi avançou pela direita e cruzou. John deixou a bola escapar, mas Jair foi bem no rebote e, com uma tranquilidade digna de Mauro Galvão, fez o corte. A resposta alvinegra veio aos 29’, quando Cuiabano desarmou Hakimi e fez belo lançamento para Igor Jesus. O atacante cortou para dentro, mas deu o passe nas costas de Artur, que não conseguiu dominar e sentiu cãibras no lance.
Após outra pausa para hidratação, um susto para a torcida alvinegra aos 33’, quando Fabián Ruiz arriscou de longe, a bola desviou em Kvaratskhelia e sobrou para Barcola, que chutou e fez o gol, anulado por impedimento do georgiano. Aos 34’, Luis Enrique sacou Doué e colocou o sul-coreano Lee Kang-in, enquanto Renato Paiva colocou o jovem Montoro no lugar de Artur. A partida seguiu dramática, com o PSG todo no ataque. Aos 41’, Allan, gigante naquele jogo, foi substituído por Newton. As mudanças pareciam não atrapalhar em nada as ações do Botafogo. Aos 42’, Barcola tabelou com Nuno pela esquerda e cruzou para Kvaratskhelia, que tentou finalizar, mas Jair apareceu para desarmar o georgiano. Uma partida simplesmente monumental do zagueiro! O árbitro sinalizou mais seis minutos de acréscimos. O torcedor do Botafogo ficou tenso, temendo pelo pior. Mas os fantasmas do passado (leia-se 2023) já haviam ficado para trás.
Ao apito do árbitro, foi como se o Glorioso tivesse vencido o título mundial. Também pudera, afinal, era o campeão da Libertadores vencendo o campeão da Liga dos Campeões da UEFA, uma ode ao antigo formato do Mundial Interclubes. Uma vitória maiúscula, tática e que encheu de orgulho não só o botafoguense, mas todo torcedor brasileiro amante do futebol, independente de seu time ou paixão. O PSG deu 16 chutes, apenas 2 no gol. O Botafogo deu 4 chutes, todos no gol e marcou um gol. Os franceses tiveram 75% de posse de bola contra 25% dos brasileiros. Tiveram 10 escanteios, enquanto o Botafogo apenas um. Por outro lado, o PSG perdeu 137 bolas, enquanto o Botafogo perdeu 103.



Desde dezembro de 2012, naquela noite japonesa em Yokohama, palco do pentacampeonato da seleção na Copa de 2002, que um time sul-americano não vencia um europeu em um Mundial. Pois em junho de 2025, no Rose Bowl, palco do tetracampeonato da seleção na Copa de 1994, um sul-americano voltava a vencer um europeu em um Mundial. Assim como em 2012, um clube brasileiro. Com garra, força, inteligência e talento. Uma resposta digna aos que tanto falaram que a Copa do Mundo de Clubes seria um desfile de europeus. Longe disso. Existe futebol no mundo todo. E o Brasil, tão importante para o sucesso dos clubes europeus, é um deles. Como provou o Botafogo naquela tarde em Pasadena.
Pós-jogo: O que aconteceu depois?
PSG: tão dominante ao longo da temporada 2024-2025, o Paris reconheceu a força do time brasileiro naquela tarde. O técnico Luis Enrique, em coletiva de imprensa, comentou: “Acho que hoje o Botafogo foi o time que melhor se defendeu contra nós em toda a temporada, (levando em consideração) a nossa liga e a Champions. Eles fizeram um bloco baixo desde o início e foram muito eficientes, solidários. Esse campeonato é extremamente intenso, é difícil para todo mundo, todos estão extremamente motivados, especialmente quando jogam contra uma equipe contra a nossa. Foi a equipe que melhor se defendeu contra nós na temporada, foi difícil a cada momento criar situações de gol. É o tipo de jogo que a gente conhece, mas hoje tivemos dificuldade”. O lateral francês Lucas Hernández também elogiou o Botafogo, em entrevista ao L’Équipe (FRA): “Eles deram tudo de si em campo. Defenderam bem, jogaram bem e foram muito agressivos”.
Na partida seguinte, o PSG derrotou o Seattle Sounders e se classificou na primeira colocação. Na fase final, goleou o Inter Miami (4 a 0), passou pelo Bayern (2 a 0, com dois homens a menos nos minutos finais!) e massacrou o Real Madrid por 4 a 0 na semifinal. O último desafio dos franceses será o Chelsea, na grande final. Quase imbatíveis, os parisienses são favoritos. Mas, se os ingleses verem o replay do duelo do Botafogo e conseguirem repetir o jogo dos brasileiros, a esperança existe…
Botafogo: a festa brasileira no Rose Bowl foi enorme, digna de título. Marlon Freitas, no pós-jogo, destacou o trabalho do grupo. “É sobrenatural. Sabíamos das dificuldades. O PSG é uma grande equipe coletivamente, individualmente e sabíamos que tínhamos que dar um algo a mais. Como eu falei, talvez para muitos… Eu acredito que o Botafogo tinha 1% para ganhar esse jogo e 1% para gente é muito. Na Libertadores, foi assim. Com 40 segundos, talvez 1%. Faltando três rodadas para acabar o Brasileiro, era 1%. E a gente fez com trabalho, dedicação, humildade… É um grupo que fez história e se sacrifica para isso. Quem está chegando, está vendo que não existe impossível para o Botafogo. A gente pode ganhar, perder, mas não vamos desistir nunca. Podemos ganhar, podemos perder, mas continuaremos lutando”.

O técnico Renato Paiva foi outro que comentou sobre a vitória. “Nós fizemos um jogo em que, taticamente, fomos perfeitos. Paris Saint-Germain não teve todas aquelas oportunidades flagrantes. Teve muito a bola, de fato teve, mas nós fomos muito solidários. Quando saí do campo, disse: fizemos o Paris Saint-Germain beber do seu próprio veneno”. Porém, aquele foi o último grande momento do alvinegro no Mundial. Na partida contra o Atlético de Madrid, os brasileiros perderam por 1 a 0 e tiveram que enfrentar o Palmeiras nas oitavas de final. Em uma partida muito fraca e inoperante no ataque, o Botafogo perdeu por 1 a 0 e voltou para casa mais cedo. Na sequência da competição, ao ver o desempenho do PSG diante de Inter Miami, Bayern e sobretudo Real Madrid, a vitória alvinegra sobre os parisienses ficou ainda mais impressionante e gerou a pergunta: “como eles conseguiram?”. Oras, fazendo um jogo perfeito e de erro zero. E honrando a história do Botafogo.
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