Grandes feitos: Campeão da Copa Libertadores da América (2024) e Campeão do Campeonato Brasileiro (2024). Conquistou a primeira Libertadores da história do clube e reconquistou o Brasileirão após 29 anos de jejum.
Time-base: John (Gatito Fernández); Vitinho (Mateo Ponte), Bastos (Adryelson), Barboza (Marçal) e Alex Telles (Cuiabano / Damian Suárez); Marlon Freitas (Tchê Tchê) e Gregore (Allan / Danilo Barbosa); Luiz Henrique (Júnior Santos / Jeffinho), Savarino (Eduardo) e Thiago Almada (Matheus Martins); Igor Jesus (Tiquinho Soares). Técnico: Artur Jorge.
“É Tempo de Botafogo”
Por Guilherme Diniz
Ao longo dos anos, mais precisamente entre as décadas de 1950 e 1970, o Brasil teve como um de seus principais clubes o Botafogo, fonte da mais nobre matéria-prima para a seleção brasileira vencer suas duas primeiras Copas do Mundo, em 1958 e 1962, além do tri, em 1970. Pensar no alvinegro era pensar em Manga, Nilton Santos, Didi, Zagallo, Garrincha, Amarildo, Jairzinho, Roberto Miranda, PC Caju, todos campeões mundiais, todos jogadores do Botafogo. Mas, com o passar do tempo, a estrela solitária minguou. As taças começaram a ficar escassas. E o torcedor passou a não entender o motivo de um clube tão vencedor deixar de vencer como antes. Na década de 1990, as glórias voltaram com novos ídolos e no embalo dos gols de Túlio e Donizete, mas ainda sim era pouco para um clube com tanta história.
No século XXI, os maus momentos foram mais frequentes do que os bons. Até que, em 2023, o torcedor voltou a sonhar com a glória no Campeonato Brasileiro. Eram pontos e mais pontos de vantagem sobre os concorrentes. A cada rodada, o troféu que não vinha desde 1995 parecia mais perto, mais palpável. Os “tempos de Botafogo” estavam de volta! Bem, não estavam. A noite do dia 1º de novembro de 2023 foi a síntese da frase “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”. Em um duelo direto e em casa contra o Palmeiras, seu principal concorrente, o alvinegro abriu 3 a 0 no primeiro tempo, mas viu o rival virar o jogo para 4 a 3. Dali em diante, o time simplesmente não se encontrou, perdeu, perdeu e perdeu. E o título praticamente ganho virou uma trágica 5ª colocação. Nem vaga direta à Copa Libertadores os cariocas conseguiram. Nunca uma equipe havia perdido um título de Brasileirão após abrir 13 pontos de vantagem…
Foi um trauma enorme. Parecia que mesmo com os investimentos e as contratações a seca não iria acabar nunca. Mas veio o ano de 2024. O ponto da virada. Aos poucos, o Botafogo foi reescrevendo sua história. Não seria fácil. Não foi. Mas ele conseguiu virar a chave após o fraco Campeonato Carioca e a queda precoce na Copa do Brasil. Mirou a América. E o Brasil. Conseguiu a vaga na fase de grupos da Liberta. E também no mata-mata. Retomou a liderança perdida no torneio nacional. E simplesmente não deixou ninguém atrapalhar seu caminho. O time praticou um futebol bonito de se ver. Arrancou suspiros do torcedor que lembrava dos timaços de décadas passadas. Viu um camisa 7 fazer coisas dignas de outros lendários com aquele manto. E o Glorioso venceu a Glória Eterna com um roteiro digno do Botafogo. Na sequência, veio o Brasileirão, tão sonhado desde 1995. Os tempos, enfim, mudaram. É tempo de Botafogo. É hora de relembrar.
Sumário
A reconstrução
Após a trágica campanha no Brasileirão de 2023, o Botafogo começou 2024 tentando juntar os cacos e refazer o elenco em busca de algum título. John Textor, o mandatário da SAF alvinegra desde 2022, foi às compras e investiu mais de R$ 300 milhões, além de manter alguns atletas que foram bem no ano anterior. Entre os principais nomes – que chegaram majoritariamente após abril -, destaque para:
- Thiago Almada, meia, ex-Atlanta United – 22 milhões de dólares;
- Luiz Henrique, atacante, ex-Real Bétis – 16 milhões de euros;
- Gregore, volante, ex-Inter Miami – 2,5 milhões de euros;
- Savarino, atacante, ex-Real Salt Lake – 2,7 milhões de dólares;
- Cuiabano, lateral-esquerdo, ex-Grêmio – R$ 8 milhões;
- John, goleiro, ex-Valladolid – R$ 1,5 milhão de dólares;
- Alexander Barboza, zagueiro, ex-Libertad – Custo zero;
- Alex Telles, lateral-esquerdo, ex-Al-Nassr – Custo zero;
- Allan, volante, ex-Al Wehda – Custo zero;
- Igor Jesus, atacante, ex-Al Ahli – Custo zero;
No entanto, a temporada do Glorioso começou ainda com resquícios do ano anterior. No Campeonato Carioca, a equipe terminou apenas na 5ª colocação na Taça Guanabara e teve que se contentar com o título da Taça Rio, ficando de fora das finais. Em abril, a diretoria decidiu contratar um novo técnico já com foco no Brasileirão e na Libertadores, pois tanto Tiago Nunes como Fábio Matías não conseguiram fazer o time embalar. Após uma pesquisa no mercado, a diretoria trouxe o português Artur Jorge, ex-técnico do Braga. Em sua chegada, o treinador demonstrou confiança e boas perspectivas.
“Tem sido muito gratificante. Este é um projeto que se iniciou um pouco antes de eu chegar aqui. Tive o cuidado de perceber a dimensão real daquilo que o Botafogo representa porque enquanto história, tradição, não tenho dúvida. Sei que aqui não se é, mas sim se é escolhido. Sinto-me privilegiado por ser um escolhido. Sobre a minha chegada à cidade, é sempre gratificante. É uma cidade que nos diz muito. Estou fazendo esforço para me ajustar às expressões de vocês”.
Artur Jorge encontrou o Botafogo já na fase de grupos da Copa Libertadores, após superar o Aurora-BOL (1 a 1 e 6 a 0) e o RB Bragantino-BRA (2 a 1 e 1 a 1) nas fases preliminares e iria comandar o time desde o início do Brasileirão, cuja primeira partida seria no dia 14 de abril. O português, claro, ficou sabendo de tudo o que aconteceu com o clube na temporada passada e tratou de trabalhar o lado psicológico dos atletas com uma gestão de expectativas, para evitar que a ansiedade e a afobação prejudicassem o rendimento da equipe nas fases mais agudas da temporada. Além disso, ele focou em um futebol bem jogado, rápido, com intensidade no ataque tanto em casa quanto fora. O lado individual dos atletas seria colocado à prova.
“A abordagem que teremos em casa em fora será igual, propor um jogo alegre, para ganhar, que tenha espetáculo. Sabemos que três pontos ficam mais próximos da equipe que se propõe dessa forma, e não que fica à espera do adversário. Eu quero ter responsabilidade do meu resultado, e então eu vou à procura. E esse é um princípio que temos levado em casa e fora independente do jogo”, disse Artur Jorge, em entrevista à Jéssica Maldonado, do GE.
Percalços e de volta aos eixos
O início do trabalho de Artur Jorge, no entanto, não foi nada bom. Ele fez sua estreia na Libertadores, fora de casa, contra a LDU-EQU, e o alvinegro perdeu por 1 a 0. Detalhe que, na estreia, ainda sob o comando de Fábio Matías, o time carioca perdeu em casa para o Junior-COL por 3 a 1. Dias depois, na estreia do Brasileirão, o Botafogo visitou o Cruzeiro, em MG, e perdeu por 3 a 2, de virada, na terceira derrota seguida do time na época. Na sequência, o alvinegro, enfim, venceu a primeira: 1 a 0 sobre o Atlético-GO, gol de Mateo Ponte. E, dias depois, goleou o Juventude por 5 a 1, também em casa, em grande atuação coletiva do elenco.
Os dois triunfos pelo Brasileirão embalaram o Fogão, que encarou o Universitario-PER, em casa, precisando da vitória a qualquer custo se quisesse seguir vivo na competição. Após um primeiro tempo tenso, o time carioca abriu o placar com Eduardo, logo aos 2’ da etapa complementar. Dez minutos depois, Luiz Henrique fez 2 a 0, e, nos acréscimos, Eduardo ampliou a conta. Olivares descontou, mas o 3 a 1 garantiu os três primeiros pontos do Botafogo no grupo.
No jogo seguinte, pelo Brasileiro, o alvinegro encarou o rival Flamengo no Maracanã e venceu por 2 a 0, gols de Luiz Henrique – que celebrou com uma máscara do personagem da Marvel, o Pantera Negra -, e Savarino, e assumiu a liderança da competição pela primeira vez, além de interromper uma sequência de 12 clássicos do Flamengo sem perder – o rubro-negro não era derrotado por rivais do Rio há quase um ano. Já em maio, o Botafogo conquistou uma vitória importantíssima sobre a LDU, em casa, por 2 a 1, com gols de Hugo e Júnior Santos, este o homem-gol da equipe naquela Libertadores desde a fase preliminar. Na Copa do Brasil, o alvinegro eliminou o Vitória após vencer no Rio – 1 a 0 – e também na Bahia (2 a 1).
No Brasileirão, porém, o time alvinegro perdeu para o Bahia por 2 a 1, em casa, e empatou em 1 a 1 com o Fortaleza, fora, resultados que derrubaram o Glorioso para a 4ª colocação. No final de maio, o alvinegro confirmou sua vaga nas oitavas de final da Libertadores após vencer o Universitario-PER em pleno estádio Monumental U por 1 a 0 e empate sem gols contra o Junior, também fora. Com 10 pontos em seis jogos, a equipe terminou na segunda colocação, três pontos à frente da LDU e atrás do Junior por causa do saldo de gols.
Volta ao topo e queda na Copa do Brasil
Em junho, o Botafogo não teve compromissos na Libertadores e pôde se concentrar apenas no Brasileirão. E essa folga fez bem ao Glorioso, que venceu três jogos seguidos e retomou a liderança na 9ª rodada. O time carioca derrotou o Corinthians, em SP, por 1 a 0 (gol de Júnior Santos), venceu o clássico contra o Fluminense por 1 a 0 (gol de Bastos) e venceu o Grêmio, no Espírito Santo – o estádio tricolor estava fechado por causa das fortes chuvas no Rio Grande do Sul -, por 2 a 1 (gols de Cuiabano e Júnior Santos). Só na 10ª rodada que a equipe tropeçou, ao empatar em 1 a 1 com o Athletico-PR, em casa. No duelo seguinte, derrota por 2 a 1 para o Criciúma, fora, e queda para o 4º lugar na tabela.
Após esse tropeço, o Botafogo emendou uma série de oito jogos sem perder na competição nacional e cravou de vez seu lugar entre os candidatos ao título, terminando o turno na liderança! Tudo começou nos 2 a 1 sobre o RB Bragantino, em casa, com dois gols de Eduardo. Na sequência, empate em 1 a 1 contra o rival Vasco, em São Januário, e vitória por 2 a 1 sobre o Cuiabá, fora. O alvinegro venceu também os quatro jogos seguintes: 3 a 0 no Galo, em casa, com gols de Luiz Henrique, Cuiabano e Savarino; 1 a 0 no Vitória, fora (gol de Savarino); 1 a 0 no Palmeiras, em casa (gol de Tiquinho Soares) e 1 a 0 no Internacional, em casa (gol de Luiz Henrique).
Para fechar o turno, a equipe empatou em 2 a 2 com o São Paulo, no Morumbi tomado por mais de 53 mil pessoas, e fechou a primeira etapa do Brasileirão com 40 pontos, 12 vitórias, quatro empates e três derrotas em 19 jogos, com 31 gols marcados e 16 gols sofridos. O lado negativo daquela metade do ano foi a eliminação nas oitavas de final da Copa do Brasil, diante do Bahia, após empate em 1 a 1, no Rio, e derrota por 1 a 0, fora. O revés, porém, não foi muito lamentado. Afinal, o clube tinha dois objetivos específicos: o Brasileirão e a Libertadores, cuja fase de oitavas de final reservava um acerto de contas para o Fogão…
A vingança
Ao término da fase de grupos e o sorteio dos confrontos do mata-mata, o Botafogo conheceu seu adversário: o Palmeiras, líder do Grupo F com 14 pontos após superar San Lorenzo-ARG, Independiente Del Valle-EQU e Liverpool-URU. O duelo foi um dos mais aguardados por colocar frente a frente clubes que desde aquele jogo de 2023 se “pegavam” nos bastidores com acusações, picuinhas e muitas polêmicas, em especial envolvendo o chefão alvinegro, John Textor, e a mandatária alviverde, Leila Pereira.
Textor ficou indignado com a perda do Brasileirão e acusou a arbitragem de favorecer os adversários, o que fez Leila chamar o estadunidense de “desequilibrado”, que retrucou citando vários jogos em que o Palmeiras jogou com um jogador a mais após expulsões supostamente injustas dos seus rivais. Em 2024, ele subiu o tom dizendo que vários jogos foram corrompidos ao longo dos anos no Brasil, incluindo alguns do Palmeiras, mas sem apresentar provas, causando enorme desconforto do lado alviverde, que acionou Textor na justiça.
Esse clima ruim acabou atingindo as torcidas, que começaram a demonstrar muita hostilidade. No dia do jogo entre as duas equipes lá pela 17ª rodada do Brasileirão de 2024, no Nilton Santos, bonecos simbolizando Leila e o presidente da CBF, Edinaldo Rodrigues, foram vistos “enforcados” em uma avenida próxima ao estádio. Textor pediu desculpas pessoais a Leila e a Edinaldo, e o Botafogo emitiu nota de repúdio condenando o episódio. Em campo, o Botafogo venceu por 1 a 0 e já deu um alento ao torcedor para o duelo da ida, também em casa, pela Libertadores.
Com quase 40 mil pessoas no Nilton Santos em 14 de agosto, o Botafogo aproveitou as falhas de marcação do rival, bem como sua falta de poder ofensivo, e venceu por 2 a 1, gols de Luiz Henrique, aos 22’, e Igor Jesus, aos 38’ do primeiro tempo, com Maurício descontando para o alviverde. O Glorioso foi muito superior e provou estar em melhor fase que o rival, algo refletido, também, no Brasileirão, com o alvinegro à frente dos paulistas na tabela. Dias antes do duelo da volta, a equipe goleou o rival Flamengo por 4 a 1 pelo torneio nacional e foi com o moral lá em cima para os últimos 90 minutos no Allianz Parque.
No primeiro tempo, o alvinegro administrou a vantagem, mas viu a estrela Luiz Henrique deixar o jogo por causa de uma contusão. Em seu lugar, o técnico Artur Jorge colocou Matheus Martins. E, mesmo sem o camisa 7, o Botafogo não perdeu força e foi pra cima. Aos 10’, o time carioca cobrou lateral na direita, Matheus Martins recebeu, conseguiu se livrar da marcação de Vitor Reis na ponta direita e tocou para Savarino, no lado direito da área. O camisa 10, recebendo marcação de Zé Rafael, conseguiu encontrar Igor Jesus, que estufou a rede e abriu o placar: 1 a 0.
O Botafogo, com a vantagem, precisava gastar mais o tempo, ficar mais com a bola, mas pecava em dar alguns espaços ao rival. Até que, aos 18’, o Glorioso aliviou ainda mais sua situação. Matheus Martins, muito bem no jogo, recebeu na faixa central, girou com tranquilidade e tocou na frente. Gustavo Gómez não conseguiu cortar, Savarino apareceu, conduziu até a área e chutou forte, com raiva, sem qualquer chance para o goleiro Weverton: 2 a 0. A vaga nas quartas de final estava perto! Que placar o Botafogo construía em pleno Allianz Parque.
A partir dali, o Botafogo poderia gastar o tempo, fazer cera, jogar no modo “Libertadores clássico”. Só que a equipe alvinegra parece ter entrado em um “modo pane”. Não dava para continuar dando a bola ao rival. E o Palmeiras tinha muito mais experiência em jogar partidas com aquele roteiro do que o Botafogo. Só aos 36’ que Savarino recebeu de Matheus Martins pelo lado direito e levantou na medida para Tiquinho Soares, que cabeceou e mandou por cima do gol, com perigo.
O Palmeiras respondeu com mais alguns momentos de perigo até Gabriel Menino cobrar falta na área e Flaco López subir completamente sozinho dentro da área para cabecear e fazer o primeiro gol do Verdão. Faltavam cinco minutos, mais os acréscimos. Será que dava tempo? Para um time cascudo e aguerrido como o Palmeiras, dava. E, quatro minutos depois, Caio Paulista levantou da intermediária, Aníbal Moreno desviou de cabeça e mandou para o lado esquerdo. De voleio, Rony chutou mascado, quase sem força, o suficiente para tirar do goleiro John. Barboza ainda tentou afastar, mas a bola passou a linha: 2 a 2.
A virada era possível! O Palmeiras estava ensandecido, alucinado, pilhado, feroz. O Botafogo simplesmente não existia. Ao invés de retardar o recomeço do jogo, fazer cera, eles deixaram o Palmeiras fazer o que queria. Se impor. Colocar a bola embaixo do braço e dizer “aqui mando eu, vou virar, vou te eliminar”. Os jogadores do Fogão que entraram na etapa final e que estavam em campo naquele fatídico 1º de novembro de 2023 pareciam ver o filme de novo. Estavam nervosos. A torcida do Botafogo já temia pelo pior. Por um novo pesadelo. Seriam mais três minutos de acréscimos.
E, aos 47’, Tchê Tchê cometeu falta perto da área. Após a cobrança, Lázaro pegou o rebote, finalizou, a bola desviou, Gustavo Gómez dominou e ajeitou para Gabriel Menino, que finalizou em cima do zagueiro. O próprio Gómez dominou e fuzilou no alto para virar o jogo. O Allianz Parque quase veio abaixo. O placar de 3 a 2 forçava os pênaltis. Mais uma virada para a história do Palmeiras. Mais uma para ser contada por gerações. Que fibra, que loucura, que jogo! Mas… Teve VAR. No momento do gol, os jogadores do Botafogo sinalizaram um toque de mão do zagueiro Gómez antes de finalizar. O árbitro foi avisado por sua equipe e foi correndo checar. Nas imagens, ficou realmente claro que a bola tocou no braço do zagueiro do Verdão. Com isso, o gol foi anulado.
A torcida que chorava de alegria e vibrava ficou incrédula. No entanto, com os acréscimos de mais dois minutos, ainda havia esperança. Era o verde, era o Palmeiras. E, aos 55’, o Palmeiras ganhou mais uma falta perto da área. Antes da cobrança, até o goleiro Weverton foi para o ataque, tentando cabecear em uma possível bola aérea. Gabriel Menino observou aquela bagunça e preferiu chutar direto. Ele mirou, chutou e a redonda bateu na forquilha do ângulo esquerdo do goleiro John. Simplesmente inacreditável! Segundos se passaram, o árbitro encerrou o jogo e o empate em 2 a 2, enfim, foi consolidado.
O Botafogo, com muito drama, estava classificado para as quartas de final da Copa Libertadores com um simbólico placar agregado de 4 a 3, o mesmo da noite de 1º de novembro de 2023. Não havia vingança melhor, mais saborosa e mais histórica. Uma classificação épica e que serviu como combustível para o Glorioso buscar um troféu inédito e gigante, único capaz de suplantar o perdido em 2023.
Para ser o protagonista
A classificação lavou a alma tanto dos jogadores quanto dos torcedores, que vibraram muito no Allianz Parque. Na coletiva após o jogo, o técnico Artur Jorge comentou sobre o desempenho do time. “Fizemos um jogo muito competente, os jogadores cumpriram o plano e a missão daquilo que preparamos. Tivemos estes últimos cinco minutos loucos, que acabam tirando a possibilidade de ganhar os dois jogos, estamos aborrecidos, pois vínhamos para ganhar”. Sobre o apagão nos minutos finais, ele disse.
“Não (ainda não sei o que aconteceu). Eu acho que foi, em uma análise muito fria ainda, uma dificuldade de controlar o jogo direto do adversário e os encurtamentos dos atacantes, que não saiam da linha defensiva. Recuamos muito a nossa linha para permitir que a bola chegasse mais diretamente a nossa área e, de uma forma geral, acho que isso aconteceu com alguma regularidade, mas lembro que o resultado (2 a 2) nos serviu”.
O sufoco serviu como alerta para o clube não repetir aquela “pane” nos compromissos seguintes da temporada, que seriam ainda mais difíceis e decisivos. Antes de voltar suas atenções à Copa Libertadores, o alvinegro manteve a liderança do Brasileirão com empate sem gols diante do Bahia, fora de casa, e triunfos sobre o Fortaleza (2 a 0, em casa) e Corinthians (2 a 1, em casa). Já em setembro, a equipe teve pela frente o São Paulo, outro tricampeão da América, nas quartas de final. Por mais que o adversário tivesse tradição na Libertadores e a vantagem de decidir em casa, o Botafogo sabia do seu potencial. E isso foi colocado à prova no primeiro jogo, no Rio.
O Fogão dominou o São Paulo, acertou a trave do goleiro Rafael e teve um volume de jogo massivo diante de um tricolor acuado e só esperando os cariocas em seu campo de defesa. Na segunda etapa, o Botafogo criou menos, mas o jogo ficou mesmo 0 a 0. Era um placar bom para o time paulista, que confiava na vitória diante de sua fanática torcida no Morumbi tomado por mais de 61 mil pessoas. Mesmo em um território hostil, o Botafogo foi pra cima e fez pressão na saída de bola do São Paulo, com trocas rápidas de passes. Dominante, o Glorioso abriu o placar aos 15′, após falha de Luiz Gustavo e gol de Almada.
O tricolor tentou responder, mas insistia nas bolas longas para Calleri, todas interceptadas pela zaga alvinegra. Só nos acréscimos que a esperança voltou ao time da casa quando uma bola pegou no braço de Barboza e o árbitro assinalou pênalti. Na cobrança, Lucas Moura bateu mal, a bola tirou tinta da trave de John e foi para fora. Na segunda etapa, o Botafogo tentou cozinhar o jogo, mas o São Paulo melhorou com as substituições feitas pelo técnico Zubeldía e pressionou em busca do empate. Aos 41’, André Silva cruzou e Calleri testou para fazer 1 a 1. O Morumbi explodiu e, mais pilhado, o São Paulo tinha tudo para virar o jogo. Só que a partida ficou paralisada por alguns minutos por reclamação de Rafinha, que acabou expulso, prejudicando a reação rápida do tricolor.
O empate permaneceu e a decisão da vaga foi para os pênaltis. Calleri começou a série para o tricolor e acertou o travessão. O Botafogo fez o primeiro com Tchê Tchê. Na sequência, Luiz Gustavo, Danilo Barbosa, Lucas Moura, Marçal e Igor Vinícius fizeram. Vitinho acabou errando o quarto pênalti do Bota, chutando por cima, enquanto Luciano e Almada levaram a disputa para as cobranças alternadas. Nelas, Rodrigo Nestor bateu mal e John defendeu. Na sequência, Matheus Martins chutou bem e selou a classificação do Botafogo com o placar de 5 a 4. O time carioca estava de volta à uma fase semifinal de Libertadores após 51 anos! Na coletiva pós-jogo, o técnico Artur Jorge exaltou o seu elenco.
“Essa é uma vitória muito justa do Botafogo. Viemos aqui com uma tremenda coragem e eu disse aos meus jogadores que não havia histórias sem coragem, e hoje acrescentamos mais uma página na história do Botafogo. Fizemos, de forma competente, com grande atitude e compromisso. Sou eu aquele que indica o caminho, mas sou feliz por ter esse grupo de homens à minha disposição. E eles são os responsáveis por esses grandes feitos, pelo que conseguimos e como nos comportamos com atitude competitiva e vontade ganhar”.
Demolindo um gigante e a vaga na final
O último compromisso do Botafogo antes da decisão trazia boas lembranças: o Peñarol-URU, adversário do clube na conquista da Copa Conmebol de 1993. Com o mesmo roteiro das fases anteriores – primeiro jogo no Nilton Santos, segundo jogo fora de casa – o Botafogo queria vencer por uma boa diferença de gols para viajar mais tranquilo a Montevidéu. Mas todo cuidado era pouco, afinal, o time aurinegro havia eliminado o Flamengo nas quartas de final graças a uma vitória exatamente fora de casa – 1 a 0 – e empate sem gols no Uruguai.
No dia do jogo, houve confusão nas ruas do Rio envolvendo torcedores uruguaios – alguns foram presos pela polícia – e problemas no trajeto da delegação aurinegra ao estádio Nilton Santos. Esse clima hostil acabou influenciando diretamente no primeiro tempo da partida, que simplesmente não existiu. Foram muitas faltas, nada de futebol e muita catimba, tudo o que o Peñarol queria. Ao apito do árbitro, o torcedor alvinegro não escondeu a decepção e temia por mais um empate, que poderia complicar bastante a vida do Botafogo no Uruguai, onde o Peñarol era muito forte jogando em seu estádio.
Só que o Botafogo foi completamente diferente. Se impôs desde o primeiro minuto, acuou o rival em seu próprio campo, explorou a velocidade. E deu um show espetacular, um dos maiores nos últimos anos da Copa Libertadores. Aos 5’, Luiz Henrique deu um ótimo passe para Savarino e o venezuelano bateu na saída do goleiro para fazer 1 a 0. Quatro minutos depois, após cobrança de escanteio, Igor Jesus deixou para Barboza ampliar. Quatro minutos depois, Luiz Henrique começou a jogada e tocou para Vitinho, que deu a assistência para mais um gol de Savarino.
O técnico do Peñarol, Diego Aguirre, tentou mexer no posicionamento de seu time para tentar ficar mais com a bola, mas, com as linhas mais avançadas, o Botafogo aproveitou para marcar. Aos 27’, Luiz Henrique aproveitou sobra de Igor Jesus e encobriu Aguerre para anotar o quarto gol. Seis minutos depois, Igor Jesus deixou o seu, após o goleiro rebater chute de Almada: 5 a 0. Foi um show, uma goleada daquelas para entrar no rol das maiores exibições da história do Botafogo. Se quisesse a vaga na final, o Peñarol teria que fazer seis gols, uma diferença jamais revertida na história da Libertadores. Quem mais se aproximou foi o Palmeiras, em 1995, quando perdeu para o Grêmio por 5 a 0, na ida, e fez 5 a 1 na volta.
Por causa dos problemas extracampo na ida e a falta de segurança nos entornos do estádio Campeón del Siglo, a Conmebol decidiu mudar o estádio da partida da volta para o Centenário, maior e com mais alternativas para o policiamento se instalar. A notícia foi boa para o Botafogo, que evitou uma ida complicada ao caldeirão aurinegro. Com uma vantagem tão grande, foi natural a falta de atenção do clube carioca nos 90 minutos em Montevidéu. A equipe viu o Peñarol abrir o placar aos 30’, em belo chute de Báez. Ao término da primeira etapa, o goleiro do time uruguaio foi expulso por acertar um pisão no alvinegro John.
No segundo tempo, a vantagem de um homem a mais não foi aproveitada pelo Botafogo, que viu, aos 66’, o mesmo Báez fazer o segundo gol e colocar certa tensão no jogo, ainda mais depois da expulsão do botafoguense Ponte, minutos depois de entrar. No entanto, o perigo foi logo amenizado com o gol de Almada, aos 88’. Batista ainda anotou o terceiro, mas não adiantou. O placar de 3 a 1 classificou o Botafogo para a final com o agregado de 6 a 3. Pela primeira vez em sua história, o Glorioso estava em uma decisão de Libertadores, algo que nem o esquadrão de Garrincha e companhia havia conseguido! Mas, antes de disputar a final, contra o Atlético-MG, o alvinegro tinha que focar no Brasileirão.
Outra vez esse filme!?
Após as semifinais da Libertadores, o Botafogo venceu o rival Vasco por 3 a 0, em casa, e seguiu firme na liderança do Brasileirão. Faltando quatro rodadas para o fim, a equipe só dependia de si para ficar com o título que escorregou pelos dedos na temporada anterior. O problema é que a diferença de pontos havia diminuído por causa dos recentes empates contra o Grêmio – 0 a 0, em casa – e Criciúma – 1 a 1, no Maracanã com mais de 60 mil pessoas -, resultados que reduziram bastante a “gordura” conquistada ao longo do torneio.
Nos três jogos seguintes ao triunfo sobre o Vasco, o Botafogo empatou três partidas seguidas e, acredite, perdeu a liderança para o… Palmeiras! Justo ele, o que causou o maior pesadelo do clube em anos. Primeiro, um 0 a 0 contra o condenado Cuiabá, em casa. Depois, outro 0 a 0, fora, contra o Atlético-MG, em uma “prévia” da decisão da Libertadores, no estádio Independência, em Belo Horizonte, sem público por causa de uma punição sofrida pelo Galo após os incidentes na final da Copa do Brasil.
O jogo foi frenético, os mineiros tiveram Rubens expulso ainda no primeiro tempo, mas o Botafogo não conseguiu reverter a vantagem numérica em gols e o 0 a 0 permaneceu. No final do jogo, Alexander Barboza acabou expulso e, na saída de campo, houve tumulto envolvendo os seguranças da equipe carioca, com o atacante Luiz Henrique, do Botafogo, também levando o vermelho por arremessar um objeto na confusão. Hulk, do Galo, criticou a atitude de Luiz Henrique.
“Ele tem tudo para ser um craque, mas não é ainda. Está fazendo um grande ano. Que sirva como aprendizado, que ele precisa ralar muito. Tenho 20 anos de carreira e nunca falei que um time é uma ‘m#…’. Que ele aprenda com o erro dele. Tem tudo para ser craque, mas primeiro tem que ser craque como pessoa”, comentou o atacante.
Tempo depois, Luiz Henrique se desculpou: “Estou super tranquilo [com a confusão no jogo pelo Brasileirão]. Peço desculpas ao Hulk, respeito muito ele. É um jogador de alto nível, como eu sou também, a gente tem que se respeitar dentro de campo. Às vezes a gente está com a cabeça cheia, mas é pedir desculpa a ele, seguir em frente. Que a gente possa fazer um jogo incrível e que vença o melhor”, disse o jogador, em entrevista ao SporTV.
E, para fechar a trinca, o Glorioso empatou de novo em casa, contra o Vitória, e começou a gerar discussões se a equipe teria condições de levantar o troféu. Parecia o repeteco de 2023. E, na 36ª rodada, o time carioca teria pela frente o Palmeiras, no Allianz Parque, em uma verdadeira final.
Uma nova e saborosa revanche
No dia 26 de novembro, o Botafogo visitou o Palmeiras precisando de uma vitória para retomar a liderança e ficar três pontos à frente do rival paulista. Não havia outro cenário para o Glorioso. E, com a concentração ao máximo, o time fez uma partidaça. Após um domínio inicial do Palmeiras e o susto com a lesão do zagueiro Bastos, o Botafogo chegou ao primeiro gol com Gregore, aos 18’, após cobrança de escanteio de Alex Telles e passe de Almada. Na sequência, o Verdão respondeu com Rony, que mandou na trave, mas o alvinegro seguiu no ataque e saiu para o intervalo com a vantagem graças à boa marcação no meio de campo com a dupla Gregore e Marlon Freitas, que possibilitaram Igor Jesus e Savarino a permanecerem mais na intermediária sem a necessidade de recuar a todo momento.
No segundo tempo, aproveitando os espaços concedidos pelo rival que precisava de um gol, o Botafogo levou perigo com sua velocidade, toque de bola e muito mais qualidade técnica do que o alviverde. E tudo ficou ainda melhor quando Marcos Rocha foi expulso, aos 70’, o que causou um espaço no setor direito da defesa do Palmeiras muito bem aproveitado pelo goleiro John três minutos depois, que repôs uma bola rápida exatamente para a direita em direção a Igor Jesus, que ajeitou de cabeça para Savarino, que tocou na saída do goleiro: 2 a 0.
Tempo depois veio o terceiro gol, este muito emblemático. Savarino cobrou escanteio e Adryelson, de cabeça, fez 3 a 0. Justo ele, marcado pela expulsão no trágico 4 a 3. Bem ele, que entrou no primeiro tempo e fez um jogaço no setor defensivo ao lado de Barboza. A comemoração foi vibrante, com batidas no peito de orgulho e a prova da volta por cima. O Palmeiras ainda descontou, mas a vitória foi do Glorioso: 3 a 1. Um show. Uma partida digna de um líder de campeonato e do melhor visitante do torneio – 10 vitórias em 18 jogos até aquele momento. Para apagar os três empates seguidos. E recolocar o Glorioso na liderança sobre o rival que tanto o azucrinou.
Na coletiva pós-jogo, Artur Jorge dedicou a vitória à torcida, que vibrou no Allianz, no Rio e em Buenos Aires, nos bares e restaurantes da capital argentina, à espera da final continental:
“Nós não mudamos a nossa forma de abordar o jogo. Fomos uma equipe muito competente durante os 90 minutos. Uma equipe que procurou aquilo que era para nós um objetivo, que era ganhar o jogo. Temos ainda mais seis pontos em disputa e temos que continuar a trabalhar de uma forma tal e qual como hoje porque vamos ter também rivais muito fortes. Hoje, nós tivemos um adversário muito difícil, que tem dado uma luta tremenda. Hoje, só poderia ser assim.
Só tendo um Botafogo deste nível seria possível vencer como nós vencemos. Quero dedicar a vitória para a nossa torcida, pois merecia isso, desfrutar deste momento. Depois de algumas dúvidas, provavelmente, hoje, mostramos que estamos vivos, que estamos na luta, que vamos continuar a lutar. Foi uma resposta tremenda de uma equipe que se comportou em um nível muito alto”.
Simplesmente Monumental! Botafogo campeão da América!
Depois do triunfo no Allianz, o Botafogo seguiu viagem rumo a Buenos Aires para a disputa do jogo mais importante de sua história: a final da Copa Libertadores da América. Pela frente, o alvinegro carioca teria outro alvinegro: o Atlético-MG. O jogo entre a dupla se consagrou ao longo das décadas como um dos mais prolíficos do futebol brasileiro, repleto de gols, partidas marcantes e média superior a 3 gols por partida. Tradicionalmente, o Botafogo sempre levou vantagem sobre o Galo, principalmente em duelos eliminatórios, por isso, havia ainda mais confiança no título. A equipe carioca era melhor, estava mais focada e queria acabar de vez com a seca de grandes títulos. Já o Galo vinha de derrota na final da Copa do Brasil e estava há 10 jogos sem vencer. Claro que os atleticanos contavam com grandes nomes como Arana, Hulk, Paulinho e Scarpa, mas o favoritismo era do Glorioso.
No dia do jogo, mais de 62 mil pagantes (72 mil presentes) pintaram o estádio Monumental de preto e branco como nunca antes a casa do River havia ficado. A torcida botafoguense estava em maior número e demonstrava muita confiança no time, embora tenha sentido certo temor quando viu que seu time não jogaria com o uniforme principal – o clube de General Severiano jogou de branco, apenas com os meiões pretos -, enquanto o Atlético foi com camisas listradas, calções pretos e meias brancas.
Quando a bola rolou, o velho ditado “tem coisas que só acontecem com o Botafogo” apareceu com apenas 30 segundos de jogo: Gregore deu uma solada na cabeça de Fausto Vera e foi expulso. Isso mesmo: o Botafogo teria que jogar toda a final da Libertadores com apenas 10 jogadores. Como controlar os nervos? Como manter a cabeça no lugar? Toda a tática criada para aquela partida estava arruinada. Artur Jorge poderia mexer no time. Mas tirar quem? Todos ali estavam bem, prontos para aquele jogo. Pois o português não mexeu. Confiou em seu time. Só recuou Marlon Freitas para a esquerda, tornando o volante quase um terceiro zagueiro, para marcar Hulk.
Naturalmente, os primeiros minutos foram todos do Galo, que teve uma boa chance aos 8’, quando Hulk recebeu na intermediária e chutou. John defendeu e Adryelson afastou. Os mineiros seguiram em busca do gol, mas foram pouco criativos e não souberam explorar a vantagem numérica. Aos 30’, aproveitando uma parada técnica, Artur Jorge conversou com seus atletas e fez com que Savarino e Luiz Henrique passassem a jogar mais próximos.
O papo deu resultado e o time de General Severiano chegou à área atleticana aos 35’, em tabela entre Luiz Henrique e Almada pelo lado esquerdo. A bola foi rolada para Marlon Freitas, que finalizou da entrada da área. O chute tocou na zaga atleticana e caiu em Luiz Henrique, o camisa 7. Ele chutou rasteiro e fez 1 a 0. Tinha que ser da camisa 7 o primeiro gol do Botafogo em uma final de Libertadores! Mais simbólico, impossível! O gol enlouqueceu a torcida do time carioca, que ficou mais presente no campo de ataque e sem aquela tensão que perdurou durante os 30 minutos. Mais organizado, o Botafogo dava aula de aplicação tática, mesmo com 10 homens.
E, já na casa dos 40’, Luiz Henrique foi lançado e derrubado por Everson. A princípio, o árbitro não deu nada. Mas, com o VAR, a falta clara foi confirmada: pênalti! Na cobrança, Alex Telles… Adivinhe qual era o número da camisa do lateral? 13. Lembrou alguém? Pois é. O Velho Lobo, lá de cima, sorriu. E Alex Telles retribuiu: 2 a 0. Placar monstruoso do Botafogo! E com um jogador a menos! Que vitória, que história! Nem o mais fanático torcedor botafoguense poderia imaginar um enredo daqueles. E nem o mais pessimista atleticano acreditava na derrota de seu time com um a mais e 69% de posse de bola. Nos minutos seguintes, Lyanco e Vera levaram cartões amarelos e reforçaram a falta de equilíbrio dos mineiros naquele jogo.
Na volta do intervalo, Gabriel Milito colocou Bernard e Mariano nos lugares de Vera e Lyanco, respectivamente, além de Vargas na vaga do inoperante Scarpa. E, no primeiro minuto, Hulk cobrou escanteio no meio da área e Vargas nem precisou saltar para cabecear firme, no canto do goleiro John, para descontar: 2 a 1. Era tudo o que o Galo precisava para voltar pro jogo. E um novo motivo para os botafoguenses começarem a temer pela volta de fantasmas. O Atlético permaneceu no ataque e, aos 17’, Hulk recebeu pela direita, cortou para dentro e bateu para o gol, exigindo grande defesa de John. O tempo foi passando e Artur Jorge começou a mexer no time a fim de fechar mais os espaços e reforçar a marcação. Ele tirou Savarino e Alex Telles e colocou Danilo Barbosa e Marçal, respectivamente.
Mesmo com as mexidas, o Galo seguiu com maior posse de bola e beirou os 80% na metade do segundo tempo. No entanto, o Botafogo fechava os espaços e se sobressaía perante a falta de criatividade dos mineiros. Aos 33’, Artur Jorge renovou o ataque com as entradas de Matheus Martins no lugar de Luiz Henrique e Júnior Santos na vaga de Almada. A partida seguiu indefinida até os 41’, quando Mariano, muito bem no jogo, fez um lançamento perfeito para Vargas, nas costas da marcação e dentro da área. Ele se antecipou a Adryelson, mas chutou pra fora do gol. Um minuto depois, outra bola longa nas costas da zaga carioca, Adryelson cortou mal, a bola sobrou para Vargas novamente e o chileno perdeu outro gol, este ainda mais “feito”. Era a sorte de campeão ao lado do Fogão!
Já na casa dos 45’, o árbitro sinalizou 7 minutos de acréscimo. E, no sétimo minuto, Júnior Santos recebeu, levou para a linha de fundo, driblou dois e invadiu a área para cruzar para Matheus Martins. Alan Franco conseguiu fazer o corte, mas a bola sobrou para o camisa 11, que empurrou para o fundo do gol: 3 a 1. O árbitro nem precisou repor a bola em jogo. Aquela final já estava definida. Botafogo campeão da Copa Libertadores! Era o Glorioso Monumental! Depois de 29 anos de jejum de grandes títulos, o Botafogo conquistava o maior de todos na América.
Gerações que jamais haviam visto o clube celebrar algo tão nobre, tinham a chance de comemorar a Glória Eterna do Glorioso Eterno! E em uma campanha longa, difícil, cheia de percalços e desafios, que começou lá na fase preliminar. Em 17 jogos, foram 8 vitórias, 6 empates, 3 derrotas, 31 gols marcados e 17 gols sofridos. Luiz Henrique foi eleito o melhor jogador da competição e Júnior Santos terminou como artilheiro, com 10 gols marcados.
“Ali no começo foi um pouco tenso. 30 segundos, eu acho que foi a expulsão mais rápida do futebol brasileiro. Marlon chamou a gente, falou para manter a tranquilidade porque nosso grupo merecia ser campeão da Libertadores. Porque é um grupo que batalha muito dia a dia, nos treinos, um cobra ao outro, querendo o nosso melhor. Mantivemos a nossa tranquilidade. Estava escrito que a gente seria campeão da Libertadores com esse grupo aqui”, disse Luiz Henrique, no pós-jogo.
Foi uma conquista, acima de tudo, para exaltar a história de um clube tão importante para a construção da essência do futebol brasileiro. Uma conquista para Garrincha, o maior de todos os alvinegros, o lendário camisa 7. Uma conquista para Nilton Santos. Zagallo. Carvalho Leite. Heleno. Jairzinho. Manga. Quarentinha. Gérson. Wágner. Gonçalves. Túlio. Jefferson. Loco Abreu. Seedorf. E tantos e tantos ídolos que passaram pelo clube e jamais tiveram a oportunidade de levantar o troféu de campeão da América. Aquela conquista era para todos eles.
Campeão do Brasil, 29 anos depois
Dias depois da conquista da Libertadores, o Botafogo teve um compromisso e tanto pelo Brasileirão: enfrentar o embalado Internacional, no Beira-Rio, pela penúltima rodada. A meta do Glorioso era manter a vantagem de três pontos e não deixar o Palmeiras encostar. A missão dos cariocas era bem difícil não só por jogar fora de casa, mas pelo cansaço da final continental e as celebrações que aconteceram. E, talvez por isso, o Botafogo tratou de liquidar o jogo logo no início com um gol aos 5’, anotado por Savarino.
Dali em diante, os cariocas se seguraram, enquanto o Inter tentou empatar a todo custo. Valencia carimbou a trave de Gatito, aos 23’ do primeiro tempo, e, na segunda etapa, o Colorado parou nas boas defesas do goleiro botafoguense. O placar seguiu 1 a 0 e, por 10 minutos, a equipe alvinegra foi campeã brasileira com o empate em 1 a 1 no jogo entre Cruzeiro e Palmeiras. Mas, no finalzinho, o alviverde fez 2 a 1 e a decisão ficou mesmo para a última rodada.
No dia 08 de dezembro, o Botafogo recebeu o São Paulo (sem qualquer pretensão no torneio) no Nilton Santos, enquanto o Palmeiras recebeu o Fluminense, que precisava vencer para afastar o perigo do rebaixamento. A casa botafoguense estava lotada, com mais de 40 mil pessoas, mosaico, fumaça e muita festa. Era visível a tranquilidade nos jogadores do Fogão, bem diferente do ano anterior. Eles sabiam que eram melhores, que estavam prontos para serem campeões.
Quando a bola rolou, o jogo não teve grandes chances nos primeiros minutos. Até que, aos 36’, veio a notícia de que o Fluminense havia aberto o placar no Allianz, com gol de Serna. A torcida alvinegra celebrou o gol do rival e, um minuto depois, o tricolor paulista saiu errado, Marlon Freitas serviu Igor Jesus, que tocou para Savarino encobrir o goleiro Jandrei e falar “este gol é que vocês devem comemorar!”: 1 a 0.
Na segunda etapa, o SPFC empatou e deu um pouco de dramaticidade à partida. O botafoguense já estava acostumado, mas viu seu time controlar o jogo e não sofrer mais grandes investidas do rival. Em SP, o Palmeiras não conseguia nem empatar e tudo estava encaminhado para o Glorioso. Já nos acréscimos, Gregore aproveitou uma saída errada da zaga tricolor e fez o gol da vitória, da redenção, da consagração, do coração: 2 a 1. Botafogo campeão brasileiro de 2024. E primeiro grande título do alvinegro celebrado no estádio Nilton Santos!
A emoção nas arquibancadas e no gramado foram impagáveis, contagiantes. Não havia time mais merecedor, por tudo que passou. Tudo se apagou. A volta por cima veio. O time não se rendeu. Venceu. Campeão da América. Campeão do Brasil. Coisa de esquadrão Imortal e reservada a apenas outros dois no país: Santos de 1962 e 1963 e Flamengo de 2019. E só. Em 38 jogos, o Botafogo somou 79 pontos, venceu 23 jogos, empatou 10, perdeu cinco, marcou 59 gols e sofreu 29 (melhor defesa). Na seleção do campeonato divulgada pela CBF, o Botafogo teve cinco jogadores entre os 11 melhores: John (goleiro), Barboza e Bastos (zagueiros), Marlon Freitas (volante) e Luiz Henrique (atacante), além do técnico Artur Jorge.
Tudo errado na Intercontinental e à espera de 2025
Logo após a taça no Brasileirão, o Botafogo viajou até o Catar para a disputa do Derby das Américas na Copa Intercontinental, contra o Pachuca-MEX. O alvinegro entrou em campo com uma escalação diferente da habitual, a fim de dar mais fôlego ao elenco depois de semanas tão intensas. Porém, em torneios como esse, é preciso força máxima sempre, não apenas em uma possível final. A equipe fez uma partida horrorosa e, no começo do segundo tempo, levou o primeiro gol. Na sequência, Almada, que havia entrado um pouco antes, errou no campo de defesa, Pedraza recuperou e tocou para Deossa pelo lado esquerdo da área. O camisa 6 cortou para o pé direito, chutou rasteiro, e John até tocou na bola, mas ela entrou no cantinho: 2 a 0.
Era o fim. O time brasileiro foi para o desespero, não conseguiu nem diminuir e levou o terceiro gol, aos 35’, em contra-ataque. A aventura no Catar terminou antes mesmo de começar. Como explicar um placar desse tamanho? Simples: o Botafogo disputou a final da Libertadores em um sábado, na Argentina, com um jogador a menos. Na terça, jogou contra o Inter um jogo de vida ou morte no Brasileirão, em Porto Alegre. No domingo, jogou contra o São Paulo, no Rio, pelo título do Brasileirão. No mesmo dia, viajou para o Catar, em um voo de aproximadamente 15 horas, para chegar à Ásia, enfrentar fuso horário, etc. Teve menos de dois dias inteiros para se “preparar”. E, na quarta-feira, enfrentou o Pachuca no Derby das Américas.
Qual a chance de o time jogar bem diante desse cenário? Zero. Deu no que deu. E, enquanto o calendário insano da América do Sul, em especial dos clubes brasileiros, continuar assim, nunca mais teremos competição, mas sim desastres atrás de desastres. São Paulo-2005, Internacional-2006 e Corinthians-2012, os últimos campeões mundiais sul-americanos, conseguiram tais façanhas quando a Libertadores terminava entre junho e agosto. Eles tiveram cerca de seis meses para se preparar, pensar, estudar.
No entanto, desde que a competição passou a terminar no final do ano, após as equipes disputarem uma média de 75 jogos (!), os clubes não conseguem competir com ninguém. Em 2019, por exemplo, se o Flamengo estivesse inteiro, teria jogo contra o Liverpool – tanto é que foi para a prorrogação. Mas não teve. Não tem milagre: é a realidade e alguém precisa rever isso, principalmente os cartolas, caso eles queiram que o futebol da América do Sul volte a ser protagonista no torneio como fora nas décadas passadas.
Com isso, o Botafogo foca nos desafios imensos que terá em 2025, com as disputas da Supercopa do Brasil, da Recopa Sul-Americana, da Libertadores e do Super Mundial. Será preciso um elenco ainda maior e mais forte, concentração ao máximo e a mesma determinação para que os feitos do já imortal esquadrão de 2024 se repitam. Afinal, o tempo é de Botafogo. Só é preciso mantê-lo.
Os personagens:
John: revelado pelo Santos, o goleiro chegou em 2024 ao Botafogo e rapidamente ganhou a posição de titular graças às ótimas defesas, sangue frio e personalidade, além de saber jogar com os pés. Foi fundamental nas campanhas vitoriosas do ano e também nas partidas que o clube precisava de tempo, pois John é especialista em “esfriar” o jogo quando necessário. Manteve a sina de grandes goleiros campeões do clube e tem tudo para ser um ídolo em General Severiano.
Gatito Fernández: no clube desde 2017, é um dos mais queridos pelo torcedor e viveu bons e maus momentos. Embora tenha perdido a posição de titular para John, foi muito bem quando jogou, principalmente no duelo contra o RB Bragantino, ainda na fase de preliminar da Libertadores, e na partida contra o Internacional, na penúltima rodada do Brasileirão. Tem mais de 200 jogos com a camisa do Glorioso na carreira.
Vitinho: o lateral-direito veio do futebol inglês e deu mais mobilidade ao setor defensivo do Fogão por também atuar no lado esquerdo da defesa. O jogador também pode jogar de ponta – posição que ocupou no começo da temporada. Jogo a jogo, virou titular e fez grandes jogos tanto na Liberta quanto no Brasileirão.
Mateo Ponte: disputou 40 jogos na temporada e alternou bons e maus momentos. Não teve a mesma regularidade de Vitinho nem a qualidade nos passes do companheiro, mas foi muito bem na marcação e nas divididas, com muita entrega e força de vontade.
Bastos: com 55 jogos e quatro gols na temporada, foi um dos melhores zagueiros do futebol brasileiro e fez uma dupla marcante ao lado de Barboza. Forte, ótimo no jogo aéreo e na marcação, o angolano foi uma referência no setor e peça imprescindível do elenco de Artur Jorge.
Adryelson: o defensor, mesmo jogando pouco, fez bons jogos quando esteve no elenco titular e ainda marcou um gol muito simbólico contra o Palmeiras, na reta final do Brasileirão. Demonstrou muita qualidade no cabeceio e nos desarmes.
Barboza: simplesmente titânico na zaga botafoguense, o argentino entrou direto para o rol de grandes ídolos do torcedor com suas atuações em 2024. Ótimo nas antecipações, nos desarmes e na marcação, viveu um ano mágico e foi eleito para as seleções da Libertadores e do Brasileirão. Disputou 52 jogos, marcou um gol e deu uma assistência.
Marçal: podendo atuar como lateral-esquerdo ou zagueiro, Marçal chegou em 2022 ao Botafogo e foi titular do time até a chegada de Alex Telles. Mesmo com a concorrência, disputou 30 jogos na temporada e manteve a qualidade no setor defensivo com sua eficiência, bom senso de colocação e passes.
Alex Telles: outro reforço que chegou no segundo semestre, o lateral assumiu a titularidade rapidamente e deu muita qualidade nos passes, cruzamentos e presença no ataque. Marcou o segundo gol do Glorioso na final da Libertadores.
Cuiabano: foi a principal escolha para a lateral-esquerda até a chegada de Alex Telles. Disputou 30 jogos, marcou quatro gols e deu duas assistências. Se destacou pelo bom combate defensivo e a velocidade em transições, dando a ele a oportunidade de jogar mais avançado em campo.
Damian Suárez: o lateral uruguaio esteve no plantel no primeiro semestre e alternou partidas como titular e outras como suplente. Deixou o alvinegro em setembro. Disputou 33 jogos e deu três assistências.
Marlon Freitas: volante de muita personalidade e responsável por lançamentos certeiros, o camisa 17 foi o responsável por dar mais volume de jogo ao Botafogo e iniciar contra-ataques. Com fôlego privilegiado, exerceu a função box-to-box tão em alta no futebol europeu. Capitão, foi o líder que ergueu os troféus da Liberta e do Brasileirão. Disputou impressionantes 65 jogos na temporada, com dois gols e nove assistências.
Tchê Tchê: volante versátil, batalhador e com boa técnica com a bola nos pés, disputou 55 jogos na temporada, alternando jogos como titular e outros entrando na segunda etapa. Deu mais fôlego ao time em partidas importantes.
Gregore: um leão no meio de campo, responsável por uma marcação combativa, imposição física e liderança nata, Gregore foi um dos destaques do Botafogo na temporada e só não teve uma temporada perfeita por causa da fatídica expulsão na final da Libertadores, que quase arruinou o sonho alvinegro. Tirando esse detalhe, o jogador foi imprescindível no esquema tático do técnico Artur Jorge. Disputou 56 jogos, marcou três gols e deu duas assistências.
Allan: o experiente meio-campista chegou para ser uma boa opção no elenco ao longo da temporada. Com qualidade nos passes, desarmes e proteção à zaga, disputou 17 jogos na temporada pelo Fogão.
Danilo Barbosa: no clube desde 2022, o “Samurai” é um meio-campista polivalente, incansável e técnico, que briga bastante pela bola e possui ótimo apoio ofensivo. Disputou 48 jogos, marcou três gols e deu uma assistência na temporada de 2024.
Luiz Henrique: a grande estrela do Botafogo em 2024, o atacante honrou a camisa 7 como poucos fizeram nos últimos anos e foi a grande referência técnica do time no setor ofensivo. Rápido, habilidoso, como chutes poderosos de média distância e muita categoria, encheu o torcedor de alegria e foi decisivo em todos os momentos das campanhas da Libertadores (fez gol e sofreu o pênalti que resultou no segundo gol) e do Brasileirão. Em 55 jogos, Luiz Henrique marcou 12 gols e deu seis assistências, além de ter sido convocado para a seleção brasileira e ganhar diversos prêmios individuais, entre eles o de craque da Libertadores e do Brasileirão pela CBF. Um ano simplesmente mágico para o Pantera!
Júnior Santos: o “Raio” foi o maior artilheiro do Botafogo na temporada com 20 gols em 50 jogos e brilhou na campanha do título da Libertadores, quando anotou 10 gols, um deles na decisão diante do Atlético-MG. Com força física, velocidade, gols e habilidade, foi um dos principais nomes ofensivos do elenco.
Jeffinho: teve uma grande passagem pelo Botafogo em 2022 e retornou em 2024 para dar mais opções ofensivas ao técnico Artur Jorge. Entrou bem em vários jogos e anotou cinco gols em 19 jogos.
Savarino: o venezuelano viveu uma temporada mágica em 2024 e foi o vice-artilheiro do time com 14 gols em 55 jogos, além de ter dado 13 assistências (recordista no time). Oportunista, especialista no duelo um contra um, rápido e habilidoso, marcou lindos gols e foi decisivo ao extremo. Já havia brilhado em 2021 pelo Atlético-MG campeão do Triplete.
Eduardo: meia de muita qualidade técnica, visão de jogo e presença de ataque, disputou 35 jogos, marcou oito gols e deu quatro assistências na temporada, e tudo isso mesmo não sendo titular absoluto!
Thiago Almada: podendo atuar mais aberto, pela ponta-esquerda, ou centralizado no ataque, o argentino foi essencial nas jogadas de ataque e também no combate aos zagueiros rivais na pressão pela posse de bola. Campeão do mundo com a Argentina em 2022, fez grandes jogos na temporada, em especial na Libertadores. Disputou 26 jogos, marcou três gols e deu duas assistências.
Matheus Martins: jovem com características de velocidade e força física, disputou 21 jogos na temporada e foi muito bem quando exigido, sem deixar cair a qualidade ofensiva. Marcou dois gols e deu uma assistência.
Igor Jesus: outra contratação certeira da diretoria alvinegra, o centroavante não só marcou gols como iniciou contra-ataques e deu passes precisos para os companheiros, características que o levaram à seleção brasileira. Em 31 jogos, marcou 8 gols e deu cinco assistências.
Tiquinho Soares: capaz de buscar a bola no campo defensivo, armar e dar ritmo ao jogo, fez bons jogos em 2024 e conseguiu apagar a decepção de 2023. Embora não tenha sido titular, entrou regularmente no time e disputou 52 jogos, marcando 9 gols e dando oito assistências.
Artur Jorge (Técnico): o português já está na história do Botafogo e conseguiu acabar com o trauma do ano anterior ao forjar um time competitivo, confiante e que fez jogos marcantes ao longo da temporada. O caminho não foi fácil, claro, aconteceram alguns tropeços, mas sempre o Botafogo conseguiu se recuperar e responder quando mais precisava, como foi na Libertadores e no duelo contra o Palmeiras e contra o Inter, pelo Brasileirão. Os títulos de 2024 recolocaram o clube no topo e, com mais investimento e contratações, o alvinegro deve seguir entre os principais times do país.
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