Nascimento: 20 de maio de 1982, em Plzeň, República Tcheca.
Posição: Goleiro
Clubes: Chmel Blšany-RCH (1999-2001), Sparta Praga-RCH (2001-2002), Rennes-FRA (2002-2004), Chelsea-ING (2004-2015) e Arsenal-ING (2015-2019).
Principais títulos por clubes: 1 Liga dos Campeões da UEFA (2011-2012), 1 Liga Europa da UEFA (2012-2013), 4 Campeonatos Ingleses (2004–2005, 2005–2006, 2009–2010 e 2014–2015), 4 Copas da Inglaterra (2006-2007, 2008-2009, 2009-2010 e 2011-2012), 3 Copas da Liga Inglesa (2004-2005, 2006-2007 e 2014-2015) e 2 Supercopas da Inglaterra (2005 e 2009) pelo Chelsea.
1 Copa da Inglaterra (2016-2017) e 2 Supercopas da Inglaterra (2015 e 2017) pelo Arsenal.
Principais títulos individuais e recordes:
Golden Player do Campeonato Europeu Sub-21: 2002
Goleiro com maior tempo sem sofrer gols no Campeonato Tcheco: 903 minutos
Melhor Goleiro da Ligue 1: 2003-2004
Goleiro com maior número de jogos sem sofrer gols do Campeonato Inglês: 202 jogos
Goleiro com maior número de jogos sem sofrer gols por um só clube no Campeonato Inglês: 162 jogos, pelo Chelsea
Goleiro com maior número de jogos sem sofrer gols em uma só temporada do Campeonato Inglês: 24 jogos, em 2004-2005
Primeiro goleiro a alcançar a marca de 1000 minutos sem sofrer gols no Campeonato Inglês: 1024 minutos, em 2004-2005
Único goleiro a vencer o prêmio Luva de Ouro por clubes diferentes na Premier League
Eleito para o All-Star Team da Eurocopa: 2004
Luva de Ouro da Premier League: 2004–2005, 2009–2010, 2013–2014 e 2015–2016
Eleito para o Time do Ano da PFA: 2004-2005 e 2013-2014
Futebolista Tcheco do Ano: 2005, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2015 e 2016
Bola de Ouro da República Tcheca: 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2016, 2017 e 2018
Melhor Goleiro do Mundo pela IFFHS: 2005
Melhor Goleiro Europeu do Ano: 2005, 2007, 2008 e 2012
Melhor Goleiro de Clubes da UEFA: 2005, 2007 e 2008
Eleito para o Time do Ano da UEFA: 2005
Eleito para o Time do Ano da ESM: 2004-2005 e 2005-2006
Eleito para o Hall da Fama da Premier League: 2023
“Muralha Tcheca”
Por Guilherme Diniz
Qualquer lista com os 10 maiores goleiros deste século deve ter Petr Cech. Afinal, a regularidade do tcheco embaixo das traves ao longo de sua vitoriosa carreira foi impressionante, para dizer o mínimo. Com 1,96m de altura, Cech tinha um senso de colocação formidável, era capaz de realizar verdadeiros milagres com defesas espetaculares e alcançou marcas e recordes jamais superados ou igualados ao longo das décadas. Quando o assunto é Premier League, ele pulverizou qualquer obstáculo e reside no topo, acima de lendas como Peter Seaman, Peter Schmeichel e Edwin van der Sar. Só na temporada 2004-2005, ele permaneceu incríveis 24 jogos sem levar gols, um recorde jamais batido até hoje. Ficou 202 dos 443 jogos que disputou no torneio inglês sem levar gols, outro recorde.
Além de tudo isso, foi exemplo de profissional, elogiado por vários jogadores, lenda do Chelsea e respeitado mesmo após ter ido jogar no Arsenal. Afinal, não dava para apagar tudo o que ele havia feito pelos Blues apenas por ir jogar no rival. Petr Cech era muito maior do que uma rixa. Era um ídolo, campeão de praticamente tudo e que superou uma séria lesão no crânio para retomar a carreira. É hora de relembrar.
Sumário
Do gelo à grama
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Nascido em Plzeň, 4ª maior cidade da República Tcheca, Petr Cech era um dos trigêmeos dos pais, ao lado de sua irmã, Šárka, e seu irmão, Michal, que acabou falecendo tempo depois ao contrair uma infecção hospitalar. Na juventude, Cech sempre gostou de esportes e praticava de tudo na infância, do futebol ao hóquei no gelo, este seu preferido. O problema é que, para praticar tal modalidade e se tornar profissional, Cech exigiria um investimento muito alto de seu pai na época, algo totalmente fora de cogitação.
“Imagina o aspecto financeiro de ter que comprar todos os equipamentos, e você cresce rapidamente quando é criança, então precisaria continuar comprando, e não podíamos bancar isso. Então meu pai foi muito esperto, sabendo que eu gostava de todos os tipos de esporte. Gostava de hóquei e futebol da mesma maneira, então ele me levou para um clube de futebol quando eu tinha sete anos”, comentou Cech ao canal oficial do Arsenal, em 2016.
Com isso, o jovem passou a se dedicar mais ao futebol e jogou de atacante e ponta-esquerda no Skoda Plzen (atualmente Viktoria Plzen), onde costumava brincar de goleiro após o fim dos treinamentos. Certo dia, um dos goleiros do time não apareceu e o técnico do Skoda pediu para Petr Cech ir para o gol. Só que ele jogou tão bem e fez tantas defesas que, no dia seguinte, quando o garoto chegou para treinar, o preparador de goleiros disse: “Agora você é um goleiro”. E aí dele se discordasse!
Já bem alto e com uma envergadura notável, Petr Cech começou a se destacar na posição e ganhou espaço nos profissionais do Chmel Blšany, seu clube a partir de 1999. Naquele ano, Cech estreou na liga tcheca aos 17 anos e fez três jogos na temporada, aumentando para 25 partidas em 2000-2001. Nesse meio tempo, aliou a prática futebolística com os estudos, afinal, ainda era uma incerteza de que o futebol poderia lhe dar futuro por conta da escassez de chances na República Tcheca. Mas o esporte seria garantia de sucesso para o jovem na virada do milênio.
Estrela continental e ida ao futebol francês
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Enquanto jogava pelo Chmel Blšany, Petr Cech já era convocado regularmente para as seleções de base da República Tcheca e acumulou 34 jogos entre 1998 e 2000. Na virada do milênio, passou a integrar a seleção sub-21 do país e foi convocado para a disputa do Campeonato Europeu de 2002, na Suíça. Jogando ao lado de nomes como Martin Jiránek, Grygera, Milan Baros e Jan Polak, Petr Cech foi fundamental para a trajetória da seleção até a final. Na fase de grupos, a equipe terminou na segunda colocação e se classificou para as semifinais, onde eliminou a Itália no Gol de Ouro, após empate em 2 a 2 no tempo regulamentar e com Pospisil marcando o gol da vitória por 3 a 2 aos 9’ do primeiro tempo extra.
Na final, contra a França, o empate em 0 a 0 permaneceu no tempo regulamentar e na prorrogação, o que levou a decisão para os pênaltis. Na marca da cal, Petr Cech se agigantou, sofreu apenas um gol, defendeu dois pênaltis (com “leves” adiantadas…rsrs) e viu Boumsong chutar no travessão o quarto chute francês. Pospisil, Grygera e Skácel converteram os chutes tchecos e o placar de 3 a 1 deu o título à equipe do leste europeu. Petr Cech foi eleito o melhor jogador da competição e entrou de vez no radar de outros clubes do Velho Continente, além de debutar pela seleção principal naquele mesmo ano de 2002.
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Na temporada 2001-2002, o goleiro conseguiu uma transferência para o Sparta Praga, maior clube do país, e atingiu com a camisa grená o recorde de minutos sem levar gols na liga tcheca: 903 minutos, superando os 769 minutos de Theodor Reimann, lá dos anos 1950. Mesmo ainda sem títulos por clubes, Cech despertou o interesse de grandes clubes na época, entre eles o Arsenal-ING. No entanto, o acordo não aconteceu por causa de problemas de visto de trabalho. Só em junho de 2002 que o tcheco conseguiu, enfim, uma transferência para o exterior quando o Rennes-FRA o levou por cerca de 5,5 milhões de euros.
Na França, o goleiro enfrentou dificuldades com o idioma, mas se esforçou para aprender pelo menos o básico a fim de conseguir se comunicar com os companheiros e comissão técnica. Sem qualquer pretensão de títulos, o Rennes brigou para não cair no Campeonato Francês de 2002-2003 e conseguiu muito graças às boas atuações de Petr Cech, que ganhou prêmios individuais de melhor em campo e ajudou o clube a terminar na 15ª posição. A estadia em solo francês, porém, seria curta. A carreira (e a vida) do tcheco mudaria para sempre já em 2004.
O estrelato
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O Chelsea começou a sondar Petr Cech em 2003, quando o técnico Claudio Ranieri queria um substituto para o italiano Carlo Cudicini. Os Blues fizeram uma proposta ao Rennes em janeiro de 2004, mas ela foi rejeitada pelos franceses. Até que, no mês seguinte, os ingleses aumentaram a proposta e o negócio foi fechado por 7 milhões de libras. Quando chegou a Stamford Bridge, Cech seria reserva do italiano, mas tudo conspirava a favor do tcheco quando Cudicini se lesionou ainda na pré-temporada e fez com que José Mourinho, técnico do Chelsea, escalasse o grandalhão no time titular. A partir daquela época 2004-2005, Petr Cech se transformou em um ícone do clube e referência do magistral sistema defensivo do time londrino.
Com um senso de colocação quase perfeito, defesas impressionantes e muita, mas muita solidez, Petr Cech ajudou o Chelsea a vencer o título inglês com uma das maiores campanhas da história da Premier League: 95 pontos, 29 vitórias, oito empates, uma única derrota, 72 gols marcados e míseros 15 gols sofridos em 38 jogos, simplesmente a melhor defesa da história da competição – para se ter uma ideia, a melhor defesa da história do Brasileirão na era dos pontos corridos, do São Paulo de 2007, sofreu 19 gols em 38 jogos. Vale lembrar que Petr Cech ficou 24 partidas sem ser vazado e acumulou 10 jogos seguidos sem sofrer gols, além de vencer o prêmio Luva de Ouro como melhor goleiro da competição. O Chelsea liderou a PL desde a 12ª rodada. Ficou 12 pontos na frente do vice-campeão, o Arsenal. Foi um campeão incontestável que juntou habilidade, força e muito trabalho tático.
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Antes do título nacional, Petr Cech ajudou a seleção da República Tcheca a alcançar a semifinal da Eurocopa com uma grande campanha. A seleção foi líder da fase de grupos, superando Holanda, Alemanha e Letônia, eliminou a Dinamarca com um 3 a 0 nas quartas de final e caiu diante da surpreendente Grécia, nas semis, por 1 a 0. Mesmo sem o título, Petr Cech foi eleito para o All-Star Team do torneio como o melhor goleiro da Euro de 2004. Na mesma época, o camisa 1 foi condecorado pela IFFHS como o melhor goleiro do mundo de 2005, confirmando que vivia mesmo o auge da carreira.
A lesão e o susto
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Na temporada 2005-2006, Petr Cech seguiu em alta e ajudou o Chelsea a vencer o bicampeonato inglês, dessa vez com 22 gols sofridos em 38 jogos. No meio de 2006, disputou sua primeira Copa do Mundo como titular da República Tcheca, mas a seleção, embora favorita para se classificar, caiu já na fase de grupos após uma vitória (3 a 0, sobre os EUA) e duas derrotas (2 a 0 para a Itália e 2 a 0 para Gana). Já em outubro de 2006, o craque sofreu uma séria contusão em um jogo contra o Reading, quando foi atingido violentamente na cabeça pelo joelho direito de Stephen Hunt, em uma disputa de bola. O golpe causou uma fratura no crânio do goleiro tão grande que ele não se lembrava de absolutamente nada do lance depois.
“Estou bem. Sinto-me melhor, estou melhorando e feliz por estar no campo de treinamento para ver os rapazes. Nem me lembro do pontapé inicial e não me lembro do incidente. O aperto de mão é a última coisa de que me lembro porque JT (John Terry) perdeu o sorteio e eu tive que correr para o outro lado. Essa é a última coisa que me recordo”. – Petr Cech, em entrevista ao The Guardian, 27 de outubro de 2006.
Petr Cech teve que ficar três meses longe dos gramados. Por isso, o jogador passaria a utilizar um capacete feito sob medida em seu retorno, acessório que virou parte integrante de seu dia a dia no futebol. O capacete, no início, foi confeccionado pela Canterbury of New Zealand, empresa especializada em equipamentos de proteção para rúgbi. O artefato tinha uma proteção de espuma extra de plástico polímero para cobrir as áreas do crânio enfraquecidas pela colisão. Por conta disso e pelo fato de a área lesionada jamais voltar a ser como era, Petr Cech decidiu usar até o final de sua carreira o capacete, por segurança e para tranquilizar sua família, que ficou muito chocada com o acidente.
Retorno e a maior glória
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Petr Cech voltou aos gramados no final de janeiro de 2007 e, aos poucos, foi retomando a forma e adaptando seu estilo de jogo. Passou a enfrentar menos os rivais em divididas e se atentar mais ao senso de colocação, que já era ótimo, para manter a regularidade e a qualidade na posição. Com isso, ficou mais de 800 minutos sem levar gols na Premier League de 2007-2008 e mostrou que ainda era um dos melhores do mundo. Naquela temporada, Petr Cech disputou sua primeira final de Liga dos Campeões da UEFA pelo Chelsea, diante do compatriota Manchester United.
A partida, disputada em Moscou, terminou empatada em 1 a 1 e acabou indo para os pênaltis. Na marca da cal, Cech defendeu a cobrança de Cristiano Ronaldo, mas não conseguiu impedir mais gols. Do outro lado, Terry e Anelka desperdiçaram suas cobranças e o título ficou com os Red Devils, após triunfo por 6 a 5. O revés foi um duro golpe, mas Petr Cech e o Chelsea conseguiram dar a volta por cima rapidamente. Na temporada 2009-2010, o clube venceu a Supercopa da Inglaterra com triunfo sobre o Manchester United nos pênaltis e duas defesas de Cech. Mais tarde, vieram os títulos do Campeonato Inglês e da Copa da Inglaterra. Nesta, Cech defendeu um pênalti de Boateng na final, em Wembley, garantindo a vitória por 1 a 0 dos Blues. Além disso, venceu sua segunda Luva de Ouro e ficou 17 jogos sem ser vazado na campanha do título inglês.
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Mas o ápice de Cech pelo Chelsea foi mesmo em 2011-2012, quando levantou o sonhado título da Liga dos Campeões da UEFA, em uma final dramática contra o Bayern München-ALE, em plena Allianz Arena. A tática dos ingleses era jogar no contra-ataque, no erro do adversário e na ansiedade do rival. A obrigação era toda deles. Eles que jogavam em casa. O Chelsea era a “zebra”. Mas foi muito astuto. Passou o jogo inteiro à espera de uma bola. O Bayern atacava e atacava, mas a pontaria de seus jogadores era uma desgraça só (para se ter uma ideia, ao final do jogo e do tempo extra, eles deram 35 chutes a gol e apenas sete foram no alvo!). Até que, já perto do final da partida, o Bayern abriu o placar. E forçou o Chelsea a ir pra cima. E, aos 43’, Juan Mata cobrou escanteio na cabeça do ídolo Drogba, que empatou.
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Na prorrogação, o Chelsea voltou à tática da bola única. E, enquanto os atacantes estavam lá atrás ajudando na marcação, Drogba, o herói do empate e que ainda mantinha viva a chama do título, cometeu pênalti em Ribery. Na bola, Robben, que buscava a redenção após perder um gol feito na final da Copa do Mundo de 2010 com a Holanda. Ele bateu, mas Petr Cech, outro ídolo dos Blues, defendeu. Nos pênaltis, Petr Cech voltou a ser o herói ao defender o chute de Olic e mandar o cobrado por Schweinsteiger na trave. O Chelsea fez 4 a 3 e levantou a Velhinha Orelhuda pela primeira vez. Após o jogo, o goleiro comentou sobre a partida.
“Estava muito orgulhoso de todos quando chegamos ao empate, porque sabia que não seria fácil. Já na disputa por pênaltis, quando eu acertei o canto da cobrança cinco vezes e toquei em uma delas, acreditava que pegaria última. Quando você acerta o canto em seis pênaltis e salva três, sabe que o resultado dos treinamentos foi excepcional. […] Não posso descrever o que estou sentido. Eu estava gritando e nem sabia onde estava. Vi Didier (Drogba) fazendo o mesmo. Pela primeira vez na minha vida, durante 20 segundos, não sabia o que fazer. Você não pode sequer imaginar este sentimento”.
Nova glória continental, luva de ouro e o adeus ao Chelsea
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Após a UCL, o Chelsea entrou em um “inferno astral” tremendo ao sair derrotado das finais da Supercopa da Inglaterra, da Supercopa da UEFA e do Mundial de Clubes da FIFA. Sem chances no Campeonato Inglês, eliminado nas semifinais da Copa da Liga Inglesa e nas semifinais da Copa da Inglaterra, o Chelsea teve que focar em uma só competição: a Liga Europa da UEFA, que caiu no colo do time após o terceiro lugar na fase de grupos da UCL. E os Blues conseguiram chegar à final após superarem pelo caminho Sparta Praga-RCH, Steaua Bucareste-ROM e Basel-SUI.
No dia 15 de maio de 2013, o Chelsea entrou em campo na Johan Cruyff Arena, em Amsterdã (HOL), para lutar pelo título inédito da Liga Europa. O adversário era o Benfica do técnico Jorge Jesus, sedento pelo fim da “maldição de Béla Guttmann” e por seu primeiro troféu continental desde 1962. Mesmo com menos posse de bola e chutes ao gol, os Blues foram mais precisos nas finalizações e abriram o placar no começo do segundo tempo, com o artilheiro Fernando Torres. O Benfica empatou com Cardozo, de pênalti, mas o zagueiro Cahill, nos acréscimos, fez o segundo gol e deu o título ao Chelsea. A conquista fez do clube um dos raros na Europa a ter em sua galeria todos os principais troféus já organizados pela UEFA na época: Liga dos Campeões, Liga Europa e Recopa (extinta em 1999).
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Em outubro de 2013, Petr Cech chegou à marca de 300 jogos pelo Chelsea na Premier League e superou os 200 jogos sem levar gols na carreira pelos azuis. Na temporada seguinte, mesmo sem troféus, Cech venceu outra Luva de Ouro como melhor goleiro da Premier League, aumentando ainda mais sua lenda no torneio. Passando por uma entressafra, os Blues viviam uma reformulação na época e trouxeram de volta o goleiro belga Courtois para a temporada 2014-2015 (ele estava emprestado ao Atlético de Madrid e vivia excelente fase, ajudando os colchoneros a vencer títulos nacionais e a disputar a final da UCL de 2014).
Com o belga no elenco, Cech percebeu que suas chances de ser titular ficariam mais complicadas, mesmo sendo um ídolo e com o técnico José Mourinho no comando. O arqueiro sofria na época com dores nos ombros, costas e joelhos, o que dificultava uma sequência de jogos mais assídua. Por isso, Mourinho passou a escalar Courtois no time titular e Cech fez apenas sete jogos na Premier League vencida pelos Blues em 2014-2015, mas esteve em campo na final da Copa da Liga Inglesa vencida pelo Chelsea por 2 a 0 sobre o Tottenham Hotspur.
Ao término da temporada, Cech queria novos desafios e nem cogitava permanecer no banco de reservas do Chelsea. Por isso, assinou contrato com o rival Arsenal, em transação que teve influência direta do técnico dos Gunners, Arsène Wenger, que falou pessoalmente com o goleiro. “Petr Cech é um jogador que eu tenho admirado durante muito tempo e eu estou muito feliz que ele decidiu se juntar a nós. Ele provou ao longo de muitas temporadas que é um dos maiores goleiros do mundo e ele trará muita força ao nosso time”, comentou o treinador na época. Cech saiu sem qualquer constrangimento com o Chelsea e deixou bem claro seu respeito ao clube na despedida, em carta aberta ao torcedor.
“Pensei que isto nunca fosse acontecer, mas é hora de dizer adeus ao Chelsea Football Club. O clube onde vivi cada minuto desde a chegada em julho de 2004, o clube em que eu pensei que penduraria minhas luvas e chuteiras um dia e terminaria minha carreira. Mas a vida nem sempre segue o caminho que você pensa. Desde 2004 foi uma jornada incrível, com muitos altos e nem tantos baixos. Nós tentamos conquistar cada troféu inglês, assim como a Liga Europa e, a maior de todas, Liga dos Campeões. Olhando para trás, para todas as conquistas, incluindo nosso primeiro bicampeonato em 2010, mais atrás nos títulos de 2005 e 2006, e diversas vitórias na Premier League e Copa da Inglaterra, não poderia estar mais orgulhoso. Como um time, fizemos história juntos!
No último verão, as coisas mudaram e eu entendi não ser mais a primeira escolha para o gol, mas senti que não era a hora certa para sair. Durante a temporada, se tornou claro que minha situação não melhoraria e, como eu sei, não estou no estágio da minha carreira onde quero estar no banco, tomei a decisão de sair e procurar por novos desafios.
O pouco tempo jogando me deu a chance de refrescar e descansar mentalmente, assim como me fez perceber o quanto eu gosto de jogar futebol no mais alto nível, porque eu senti muita falta de cada dia de jogo em que eu não estava envolvido. Eu tenho o mesmo compromisso com o futebol, a mesma motivação e a mesma fome por sucesso que eu tinha no começo da minha carreira. E amo os desafios trazidos pelos jogadores de qualidade que você enfrenta quando joga a Premier League – simplesmente a melhor e mais desafiadora liga do mundo.
É por isso que eu falei com o senhor Abramovich sobre continuar na Premier League e gostaria de agradecê-lo do fundo do meu coração pelo seu apoio nesta questão. Significa muito para mim, porque sem ele, o Chelsea não estaria onde está agora. Ele merece enorme crédito pelo que fez pelo clube e por todos nós.
Eu gostaria de agradecer pessoalmente a todos envolvidos com o Chelsea pelo apoio – todos os jogadores, diretoria, treinadores e comissão técnica que tive o prazer de trabalhar junto nesses anos. Sem eles seria impossível para nós alcançar tanto sucesso.
Mas o mais importante de tudo – um grande obrigado vai para os torcedores do Chelsea. Eu fiz tudo por vocês e vocês me deram o amor de volta. Eu nunca vou esquecer isso. Isso seguirá comigo para sempre. Iremos nos encontrar de novo, mas desta vez eu estarei no outro gol. Espero que vocês lembrem de nossa história e entendam que é hora de eu começar uma nova aventura.
Eu desejo a todos do Chelsea o melhor para a nova temporada e para o futuro. Obrigado pelos incríveis 11 anos”.
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No Arsenal, Petr Cech chegou para suprir a carência de um bom goleiro que os Gunners tinham há anos. E, jogo a jogo, o goleirão demonstrou à torcida que não guardava qualquer ressentimento do clube que ele tanto enfrentou nos tempos de Chelsea. E aquela jornada começou da melhor maneira possível: vitória por 1 a 0 sobre o Chelsea na final da Supercopa da Inglaterra, com Cech como titular e sem ser vazado! Ele foi a primeira escolha naquela temporada e também na seguinte, quando o Arsenal venceu a Copa da Inglaterra diante do Chelsea por 2 a 1. Nesse meio tempo, se despediu da seleção tcheca após 124 jogos, recorde na equipe do leste. Após a saída de Wenger do comando dos Gunners, Cech passou a jogar menos e percebeu que a aposentadoria estava perto. Com isso, em janeiro de 2019, o tcheco anunciou que iria se aposentar ao término da temporada, aos 37 anos.
Adeus a uma lenda
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Cech jogou bem pouco na Premier League de 2018-2019 – apenas sete partidas – mas foi a primeira escolha na caminhada dos Gunners na Liga Europa. A equipe superou BATE Borisov-AZE, Rennes-FRA, Napoli-ITA e Valencia-ESP até chegar à final, disputada no Azerbaijão. E adivinhe qual foi o adversário? O Chelsea, justo ele. A decisão da Liga Europa seria o último jogo de Petr Cech, que poderia encerrar sua trajetória com um troféu continental histórico. Só que o Chelsea era mais time e tinha Eden Hazard em grande fase.
Quando a bola rolou, parecia que apenas Petr Cech queria conquistar o troféu do lado dos Gunners. O gol do Chelsea só não saiu no primeiro tempo porque o goleiro tcheco realizou duas defesas vitais, em especial no chute de Olivier Giroud. Já no segundo tempo, Cech nada pôde fazer diante da blitz azul e da linha defensiva totalmente perdida do Arsenal. O Chelsea venceu por inapeláveis 4 a 1 e levou mais uma taça continental para Stamford Bridge. Mas, se não fosse Petr Cech e mais algumas defesas na etapa complementar, o placar seria ainda maior.
Ao término do jogo, Petr Cech era um triste personagem daquele dia. Ele, tão vencedor, tão gigante, não merecia uma despedida melancólica como aquela, vestindo a camisa do clube derrotado enquanto seu querido Chelsea celebrava um troféu. Emocionado, comentou: “Estou orgulhoso pela minha carreira, obviamente, mas também pela forma como joguei hoje. Quando você disputa seu último jogo em uma final, há muita pressão. Surgiram muitas especulações sobre o Chelsea, então eu tinha que atuar bem e preciso dizer que fiz tudo o possível, então posso olhar para trás e não ter arrependimentos sobre hoje. Lamento apenas porque trabalhamos tão duro ao longo do ano e no fim não conquistamos nada”.
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Cech se despediu dos gramados e seguiu carreira nos bastidores do Chelsea, como consultor técnico e performance, e também no hóquei de gelo, sua outra paixão, afinal, agora ele tinha grana para bancar os aparatos do jogo (rsrs). Jogando como goleiro do Guildford Phoenix, da Inglaterra, e usando seu indefectível capacete, realizou 20 jogos e registrou um percentual de defesas de 93%. Ele ainda atuou por outras três equipes até se desligar do Belfast Giants, da Irlanda do Norte, na época 2023-2024.
Com uma carreira incontestável, títulos históricos, recordes únicos e defesas espetaculares, Petr Cech foi um dos maiores goleiros do século XXI e ocupa um lugar de honra e destaque no esporte. Profissional, sempre teve uma conduta exemplar dentro e fora de campo e superou adversidades, lesões e um enorme susto para dar a volta por cima e seguir fazendo o que mais gosta. A muralha tcheca foi, sem dúvida, imortal.
Números de destaque:
Disputou 78 jogos pelo Rennes.
Disputou 494 jogos pelo Chelsea.
Disputou 139 jogos pelo Arsenal.
Disputou 124 jogos pela seleção da República Tcheca.
Disputou 443 jogos de Premier League e não levou gols em 202 deles.
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