in

As finais de Corinthians e Flamengo na Copa do Brasil

 

Por Guilherme Diniz

 

Os dois clubes com as maiores torcidas do Brasil fizeram uma final emocionante e inédita na Copa do Brasil de 2022. Foi a primeira vez que Corinthians e Flamengo decidiram o segundo torneio mais importante do futebol brasileiro e a segunda vez que a dupla se enfrentou em uma final nacional, já que em 1991 as equipes duelaram pela Supercopa do Brasil – que terminou com vitória do Timão. Os clubes possuem ao todo 16 finais, sendo 9 do Flamengo e 7 do Corinthians. Com o triunfo do Mengão sobre o Timão após 0 a 0 em SP, 1 a 1 no Rio e vitória nos pênaltis por 6 a 5, o time carioca possui agora 4 títulos, contra 3 do Corinthians. Confira a seguir as finais da dupla e suas curiosidades!

Flamengo x Corinthians – 2022

Foto: Buda Mendes / Getty Images.
 

 

Enfim, os gigantes se encontraram em uma final e fizeram um duelo de muita emoção e relativo equilíbrio. No primeiro jogo, em Itaquera, o Flamengo criou várias chances, mas parou no coeso sistema defensivo do Timão e o placar não saiu do zero. No Rio, o favoritismo era todo do rubro-negro e aumentou ainda mais quando Pedro abriu o placar. Mas, no segundo tempo, o Corinthians foi pra cima e empatou perto do final do jogo. Com o 1 a 1, a partida foi para os pênaltis e tudo parecia conspirar a favor do Timão quando Cássio defendeu o primeiro chute dos cariocas, de Filipe Luís. Mas, na sequência, Fagner e Mateus Vital erraram seus chutes, o Flamengo acertou todos, venceu por 6 a 5 e faturou o tetra.

Foto: Marcelo Cortes / CRF.
 

 

As outras finais disputadas pelo Corinthians

 

Corinthians x Grêmio – 1995

A primeira taça do Timão foi emblemática por ser invicta e marcar na história do clube vários atletas como Viola, Marcelinho Carioca, Ronaldo Giovanelli, Célio Silva, Souza e Sylvinho. Depois de uma campanha sem sustos e com vitórias categóricas sobre o Vasco na semifinal – 1 a 0 e 5 a 0 – o alvinegro encarou o perigoso Grêmio de Felipão, que naquele ano foi campeão da Libertadores. Na ida, em SP, o Corinthians venceu por 2 a 1, gols de Viola e Marcelinho Carioca, este em cobrança de falta espetacular. Na volta, no estádio Olímpico, Marcelinho Carioca fez mais um, em contra-ataque letal, garantiu a vitória por 1 a 0 e o título nacional ao Timão.

Em pé: Bernardo, Célio Silva, Vitor, Sylvinho, Henrique e Ronaldo. Agachados: Fabinho, Marcelinho Carioca, Souza, Marcelinho Paulista e Viola — Foto: Paulo Pinto/Estadão Conteúdo.
 

 

Grêmio x Corinthians – 2001

Seis anos depois, o tricolor gaúcho conseguiu dar o troco no Timão em um roteiro exatamente inverso ao de 1995: na ida, em Porto Alegre, Marcelinho Carioca e Müller abriram 2 a 0 para o Timão e parecia que o título estava encaminhado. No entanto, Luís Mário marcou duas vezes e manteve o Grêmio vivo para a volta, no Morumbi. Diante de 80 mil pessoas, o tricolor não se intimidou e fez 2 a 0 no começo do segundo tempo com o zagueiro Marinho e o veterano Zinho. Tempo depois, Ewerthon descontou, mas Marcelinho Paraíba fez 3 a 1 e deu o título ao tricolor em plena capital paulista. Na época, o Grêmio era comandado por um desconhecido técnico Tite, que curiosamente viraria ídolo do Timão nos anos 2010.

 

Corinthians x Brasiliense – 2002

Já no ano seguinte, o Timão, comandado por Carlos Alberto Parreira, refez seu caminho até a decisão da Copa do Brasil e despachou titãs como Cruzeiro e São Paulo. Na final, encarou um surpreendente Brasiliense, comandado pelo técnico Péricles Chamusca, que seria campeão do torneio em 2004 pelo Santo André. Na ida, em SP, Deivid fez os dois gols da vitória alvinegra por 2 a 1, resultado que dava ao Corinthians a vantagem do empate. Na Boca do Jacaré, em Taguatinga-DF, Wellington Dias abriu o placar para os anfitriões no final do primeiro tempo e deixou a Fiel apreensiva. Porém, Deivid – artilheiro daquela Copa do Brasil com 13 gols – voltou a deixar sua marca na decisão e o empate garantiu o título para o Corinthians, que lutou até o final da temporada por uma ainda inédita Tríplice Coroa no futebol brasileiro (já tinha vencido o Paulistão), mas acabou perdendo a final do Brasileirão para o Santos de Diego e Robinho.

 

Sport x Corinthians – 2008

Uma final amarga para a Fiel torcida. Recém-rebaixado para a Série B do Brasileiro, o Corinthians via na Copa do Brasil a chance de uma conquista de “nível A” em um ano tão atípico e difícil no calvário da B. E parecia mesmo que a taça ficaria no Parque São Jorge quando o Timão abriu 3 a 0 sobre os pernambucanos do Sport no Morumbi, no primeiro jogo da final, gols de Dentinho, Herrera e Acosta. Mas, já no final do jogo, Enílton descontou. Após o apito do árbitro, Carlinhos Bala, do Sport, disse: “Se a gente jogar assim, como na etapa final, em Recife, não perdemos nem do Real Madrid. Tenho certeza de que foi o gol do título”. Com o dom da premonição, o endiabrado atacante rubro-negro estava certo. Ele mesmo abriu o placar na partida de volta, na metade do primeiro tempo, e Luciano Henrique fez 2 a 0 minutos depois. Como na época ainda valia o critério de gol marcado fora de casa, o Sport foi campeão, dando ao nordeste sua primeira taça da Copa do Brasil.

 

Corinthians x Internacional – 2009

Assim como em 2002, o Timão deu a volta por cima logo após um vice-campeonato e levantou seu tricampeonato da Copa do Brasil. Comandado pelo técnico Mano Menezes e em campo por nomes como Alessandro, Chicão, Cristian, Elias, Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo Fenômeno, a equipe venceu o forte Colorado – comandado pelo técnico Tite, de novo ele no caminho do Timão! – por 2 a 0, em SP, gols de Jorge Henrique e Ronaldo, e levou para o Sul uma grande vantagem. No Beira-Rio, Jorge Henrique e André Santos fizeram 2 a 0 ainda no primeiro tempo e praticamente decretaram o título ao alvinegro. Alecsandro ainda empatou na segunda etapa, mas o placar de 2 a 2 foi insuficiente para evitar a conquista corintiana.

 

Cruzeiro x Corinthians – 2018

“Carrascaeta”…
 

 

Outra final dolorida para o alvinegro na história da Copa do Brasil. Depois de eliminar Vitória, Chapecoense e Flamengo, o clube paulista encarou o então campeão Cruzeiro, que lutava pelo bicampeonato consecutivo (e sexta taça em sua galeria). Na ida, no Mineirão, o Cruzeiro venceu por 1 a 0 (gol de Thiago Neves) e viajou para SP com a vantagem do empate. Em Itaquera, mais de 46 mil pessoas lotaram a casa alvinegra e viram Robinho fazer 1 a 0 para os mineiros ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, Jadson empatou e Pedrinho virou para o Timão, mas o gol do atacante foi anulado pelo VAR, que viu falta de Jadson no lance anterior em Dedé, do Cruzeiro.

Já perto do final do jogo, o Cruzeiro fez 2 a 1 com De Arrascaeta, que concluiu um contra-ataque mortal e fez valer o investimento da diretoria celeste, que pagou uma passagem de primeira classe ao uruguaio – que estava no Japão servindo sua seleção – só para ele descansar e ter condições de disputar pelo menos alguns minutos da final. Um investimento de pouco mais de 60 mil reais “que valeu” 50 milhões aos cofres da Raposa!

 

As outras finais disputadas pelo Flamengo

 

Flamengo x Goiás – 1990

A primeira conquista do Mengão foi de maneira categórica: invicta e fora de casa. Jogando em Juiz de Fora (MG) numa quinta-feira à tarde e com míseros dois mil torcedores, o Flamengo encarou o Goiás por um bom resultado para poder jogar pelo empate a partida de volta, em Goiânia. Em um jogo bastante equilibrado e disputado, o gol rubro-negro saiu após um lance de bola parada aos 16’ do segundo tempo, quando Djalminha cruzou e o zagueiro Fernando apareceu dentro da área para fazer 1 a 0. Seis dias depois, em 07 de novembro de 1990, mais de 45 mil pessoas viram o Flamengo jogar pelo resultado, a zaga segurar as investidas de Túlio Maravilha e o placar de 0 a 0 garantir o primeiro título da história dos cariocas na Copa do Brasil, taça que veio invicta, com seis vitórias e quatro empates em 10 jogos, além de 20 gols marcados e seis sofridos. Leia mais clicando aqui!

 

Grêmio x Flamengo – 1997

O Flamengo encarou um Grêmio já sem o técnico Luiz Felipe Scolari na final da Copa do Brasil de 1997 e tinha esperança na conquista nacional pelo fato de o clube gaúcho vir enfraquecido após ser eliminado nas quartas de final da Libertadores e perder a chance do tricampeonato gaúcho. Porém, justamente a glória derradeira do esquadrão tricolor campeão de quase tudo na época foi a Copa do Brasil. O time eliminou Fortaleza, Portuguesa, Vitória e Corinthians até chegar à final contra o Flamengo, que havia despachado Nacional-AM, Rio Branco, Internacional e Palmeiras.

O time tricolor empatou em 0 a 0 a primeira partida, no Olímpico, e teria que empatar com gols ou vencer o Flamengo em pleno Maracanã, na volta, se quisesse ficar com o tricampeonato da competição. E o time comandado por Evaristo de Macedo mostrou que tinha muito brio. João Antonio abriu o placar para o tricolor aos 6´do primeiro tempo. Lúcio, aos 30´, e Romário, aos 41´, viraram para o Flamengo. Parecia que os cariocas iriam ficar com o título inédito. Só parecia… Aos 79´, Carlos Miguel fez o gol de empate do Grêmio, decretando o 2 a 2 e o título ao time gaúcho. O Maracanã emudeceu. O Grêmio, maior campeão dos últimos anos no país, era tricampeão da Copa do Brasil e se tornava o maior campeão da competição na época.

 

Cruzeiro x Flamengo – 2003

 

Na final de 2003, Cruzeiro e Flamengo se enfrentaram pelo título nacional e pela vaga na Libertadores de 2004. A primeira partida foi no Maracanã, com mais de 72 mil pessoas. O Cruzeiro, mesmo longe do Mineirão, acuou o Flamengo e esbanjou qualidade no meio de campo e no ataque. Depois de um primeiro tempo sem gols, o alviazul conseguiu abrir o placar aos 30 minutos da segunda etapa, com o maestro Alex, em um gol antológico de letra. A vitória por 1 a 0 era o melhor dos mundos para o time mineiro, que jogaria pelo empate em casa. Mas, nos acréscimos, Fernando Baiano empatou para o Flamengo, que ganhou uma sobrevida para a grande decisão.

 

No Mineirão, porém, o Cruzeiro mostrou quem é que mandava. Com uma atuação de gala e um primeiro tempo alucinante, o time marcou três gols, com Deivid, aos 1´, Aristizábal, aos 16´, e Luisão, aos 28´. Na segunda etapa, com os mais de 79 mil torcedores já gritando olé, o Flamengo descontou com Fernando Baiano, mas foi tarde: Cruzeiro 3×1 Flamengo. Pela quarta vez, e de maneira invicta, o Cruzeiro era campeão da Copa do Brasil. No final do ano, a Raposa ainda faturou o Brasileirão e levantou uma inédita Tríplice Coroa.

 

Santo André x Flamengo – 2004

O placar não estava errado: era vitória do Santo André mesmo!
 

 

Sem dúvida a maior tragédia rubro-negra em uma final. Depois de superar CRB, Tupi, Santa Cruz, Grêmio e Vitória, o Flamengo chegou à decisão com a condição de favorito nas alturas. Motivo? Ele tinha pela frente o pequenino Santo André, que vinha de uma campanha espetacular, mas não era nem de longe levado à sério naquela final. Ainda mais depois do primeiro jogo, no Parque Antártica, quando o Ramalhão levou 1 a 0, virou, mas sofreu o empate em 2 a 2 e teve que ir ao Maracanã precisando vencer diante de mais de 70 mil pessoas. Ah, barbada, vai dar Mengo. Pois é…

Élvis vibra com o segundo gol: mão na taça! Foto: Arquivo / AE.
 

 

Em um jogo épico, o time do ABC Paulista marcou dois gols no começo do segundo tempo, com Sandro Gaúcho e Élvis, e calou o Maraca. Para se ter uma ideia, aos 30’, a torcida do Flamengo já começou a deixar o Templo do Futebol! Quando o árbitro apitou o fim do jogo, estava sacramentada a epopeia do Santo André, campeão da Copa do Brasil de 2004 em sua primeira participação na competição na história e em sua primeira grande final nacional da história. Era o primeiro clube do ABC a vencer um torneio daquele porte. Em 11 jogos, foram quatro vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, com 26 gols marcados (melhor ataque) e 17 sofridos. Um verdadeiro Maracanazo. Leia mais clicando aqui!

 

Flamengo x Vasco – 2006

Depois de três vices, enfim, o Flamengo levantou sua segunda Copa do Brasil da melhor maneira possível: contra o rival Vasco, em um emblemático Clássico dos Milhões. Com nomes marcantes do time no período como Ronaldo Angelim, Léo Moura, Jônatas, Renato Abreu, Renato Augusto, Obina e Luizão, o rubro-negro venceu o rival no primeiro jogo por 2 a 0, gols de Obina e Luizão, e foi para o segundo duelo podendo até perder por um gol. Mas o lateral Juan deixou sua marca e o Fla venceu por 1 a 0, selando o título e apagando por um tempo o sofrimento da equipe em finais de Copa do Brasil. 

 

Flamengo x Athletico Paranaense – 2013

O tri do Mengo veio em uma final rubro-negra diante do Athletico-PR. Depois de eliminar Remo, Campinense, ASA, Cruzeiro, Botafogo e Goiás, a equipe carioca chegou na condição de favorita ao título por conta da boa fase do artilheiro Hernane – que terminou a competição com 8 gols -, da zaga formada por Chicão e Wallace, do meio de campo com Elias, Amaral e Carlos Eduardo e dos laterais Léo Moura e André Santos. No primeiro jogo, em Curitiba, o Athletico fez 1 a 0 com Marcelo, aos 18’ do primeiro tempo, mas Amaral empatou 13 minutos depois e garantiu uma importante vantagem para o duelo de volta, no Maracanã. O jogo foi tenso e só aos 42’ do segundo tempo que Elias abriu o placar para o Flamengo. Nos acréscimos e com a torcida já em festa, Hernane fez 2 a 0 e selou de vez a conquista flamenguista.

 

Cruzeiro x Flamengo – 2017

Mais uma vez o time carioca sofreu diante do carrasco mineiro, assim como em 2003. Entrando já nas oitavas de final, o Flamengo eliminou o Atlético-GO, Santos e Botafogo e encarou a Raposa, que iniciou sua caminhada desde a primeira fase e superou pelo caminho Volta Redonda, São Francisco-PA, Murici-AL, São Paulo, Chapecoense, Palmeiras e Grêmio. No primeiro jogo, no Maracanã, Lucas Paquetá abriu o placar para o Flamengo no segundo tempo, mas levou o empate do uruguaio De Arrascaeta – que curiosamente viraria ídolo do clube tempo depois. No segundo jogo, no Mineirão lotado com mais de 61 mil pessoas, o jogo não saiu do 0 a 0 e foi para os pênaltis. Na marca da cal, o meia Diego Ribas acabou desperdiçando sua cobrança, o Cruzeiro acertou todas e venceu por 5 a 3, garantindo mais uma Copa do Brasil para sua galeria.

São Paulo x Flamengo – 2023

Foto: Ricardo Moreira/Getty Images
 

O Fla tentou o bicampeonato consecutivo do torneio em 2023, mas não conseguiu. No primeiro jogo, em um Maracanã lotado, o São Paulo amarrou o Flamengo e abriu o placar ainda no primeiro tempo, em gol de Calleri. Na volta, no Morumbi pulsante por um título inédito, o Fla melhorou e abriu o placar com o sempre carrasco Bruno Henrique, mas Rodrigo Nestor acertou um chutaço de fora da área no final da etapa inicial para empatar. No segundo tempo, o Fla caiu de rendimento, o São Paulo continuou jogando de maneira mais tática e o placar de 1 a 1 garantiu a taça que faltava ao memorial tricolor.

 

Curiosidades de Corinthians e Flamengo em Copas do Brasil

 

  • O Timão venceu 3 e perdeu 4 das 7 finais que já disputou;
  • O Flamengo venceu 4 e perdeu 5 das 9 finais que já disputou;
  • O Corinthians já terminou entre os 4 melhores em 8 oportunidades, enquanto que o Flamengo já ficou no top 4 em 15 edições;
  • O Corinthians já teve dois artilheiros de Copa do Brasil: Deivid, com 13 gols, em 2002, ano do segundo título do Timão, e Giuliano, com 5 gols, em 2022;
  • Já o Flamengo teve 4 artilheiros: Sávio, com 7 gols, em 1995; Romário, com 7 gols, em 1998; Romário de novo, com 9 gols, em 1999, e Hernane, com 8 gols, em 2013;
  • O Flamengo é dono do 2º maior público da história da Copa do Brasil: 95.125 pessoas, na final de 1997, contra o Grêmio;
  • O Corinthians é dono do 6º maior público: 80 mil pessoas na derrota para o Grêmio por 3 a 1, na final de 2001.

 

Licença Creative Commons
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.

Jogos Eternos – Deportivo La Coruña 4×0 Milan 2004

Leo Messi + Inter Miami: 1xBet revela como o melhor jogador de futebol do mundo vence com time que não está acostumado a vitórias