Grandes feitos: Bicampeão do Campeonato Inglês (2017-2018 e 2018-2019), Campeão da Copa da Inglaterra (2018-2019), Tricampeão da Copa da Liga Inglesa (2017-2018, 2018-2019 e 2019-2020) e Bicampeão da Supercopa da Inglaterra (2018 e 2019). Conseguiu a maior pontuação (100 pontos) em uma só Premier League na história.
Time-base: Ederson (Claudio Bravo); Kyle Walker (Danilo), Otamendi (Laporte), Kompany (Stones) e Mendy (Delph / Zinchenko); Fernandinho (Gündogan / Rodri / Yaya Touré), Kevin de Bruyne e David Silva (Mahrez); Sterling (Phil Foden), Agüero (Gabriel Jesus) e Sané (Bernardo Silva). Técnico: Pep Guardiola.
“Premier City”
Por Guilherme Diniz
Campeão da Premier League com a maior diferença de pontos já registrada (19 pontos, em 2017-2018). Recordista de pontos em uma só temporada (100 pontos, em 2017-2018). Maior número de pontos conquistados em jogos fora de casa em uma só temporada (50 pontos, em 2017-2018). Maior número de vitórias fora de casa em uma só temporada (16, em 2017-2018). Maior número de vitórias em casa em uma só temporada (18, em 2018-2019). Maior número de vitórias consecutivas (18, em 2017) e maior número de vitórias consecutivas fora de casa (11, em 2017). Capaz de derrotar todos os adversários pelo menos uma vez tanto na temporada 2017-2018 quanto em 2018-2019. Menor número de empates em uma só temporada (2, em 2018-2019). Melhor ataque em uma só temporada (106 gols, em 2017-2018). Melhor saldo de gols em uma só temporada (+79 gols, em 2017-2018). Liderado por um atacante que por cinco temporadas seguidas marcou no mínimo 20 gols (Sergio Agüero) e por um maestro que deu 20 assistências para gols em 2019-2020 (De Bruyne), recorde. E único clube a vencer o Treble doméstico na história do futebol inglês.
Tudo isso foi feito pelo Manchester City de Guardiola, sem dúvida alguma um dos maiores esquadrões que o mundo viu na década de 2010. Se o time tropeçou seguidas vezes na Liga dos Campeões da UEFA, sobrou no campeonato nacional mais disputado do planeta com recordes impressionantes que nem grandes esquadrões de décadas passadas conseguiram. Vencer a Premier League com os 100 pontos de 2017-2018 foi uma coisa surreal, algo que nem os Invencíveis do Arsenal de Henry conseguiram. Se alguém achava que Guardiola só tinha o nome que tinha pelo trabalho no Barcelona, aquelas taças pelos Citizens destruíram as críticas de uma vez por todas. Isso porque ele já havia empilhado troféus pelo Bayern. O time de Guardiola conseguiu transformar uma das competições mais difíceis do planeta em torneio comum. É hora de relembrar.
Hora de mudar
Depois do histórico título inglês de 2012 que acabou com o jejum de 44 anos sem troféus no campeonato nacional, o Manchester City passou por uma temporada sem títulos em 2012-2013 que culminou com a saída do técnico Roberto Mancini e a vinda de Manuel Pellegrini, que recolocou o time na rota dos títulos e venceu o Campeonato Inglês de 2013-2014 e as Copas da Liga Inglesa de 2013-2014 e 2015-2016. Porém, em fevereiro de 2016, o clube anunciou que seu novo técnico para a temporada 2016-2017 seria o badalado espanhol Pep Guardiola, que já havia comentado que não renovaria seu vínculo com o Bayern München. Era a melhor escolha para o clube catapultar de vez seu caminho rumo ao topo não só do futebol nacional, mas também continental, pois a filosofia de jogo de Guardiola seria a melhor possível para um time com tantos bons jogadores.
A experiência de ter comandado esquadrões fantásticos nos últimos anos iria ajudar bastante o treinador naquele novo desafio, mas a Premier League era o campeonato mais difícil do mundo e qualquer adversário poderia causar problemas. O próprio Guardiola, em meados de agosto de 2016, comentou sobre o desafio que tinha pela frente:
“Eu percebo o quão difícil é. Definitivamente, não estamos seguros até que o árbitro diga ‘Ok, vá para casa.'”
Para ajudar naquele início de trabalho, a diretoria trouxe importantes reforços para incrementar ainda mais o já estrelado elenco do City. Os destaques ficaram por conta do volante alemão Gündogan, do também alemão Leroy Sané, do zagueiro inglês John Stones e, em janeiro de 2017, do atacante brasileiro Gabriel Jesus. Uma mudança polêmica na época foi a troca do goleiro Joe Hart pelo chileno Claudio Bravo, após Hart não impressionar Guardiola nos jogos da pré-temporada. O City começou muito bem a temporada ao emendar seis vitórias seguidas na Premier League, incluindo uma vitória por 2 a 1 sobre o rival Manchester United, comandado à época por José Mourinho, velho conhecido de Guardiola, em pleno Old Trafford. A equipe foi líder até a 10ª rodada, mas começou a perder posições e, com quatro derrotas em oito jogos entre as rodadas 14 e 21, o título ficou distante. O City terminou na 3ª colocação com 78 pontos, bem atrás do vice-campeão Tottenham (86 pontos) e do campeão Chelsea (93 pontos).
Nos outros torneios, a equipe não conseguiu ir bem e foi eliminada nas oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA para o Monaco de Falcao García e Mbappé; nas semifinais da Copa da Inglaterra para o Arsenal e na 4ª fase da Copa da Liga Inglesa. Aquela temporada foi a primeira sem troféus na carreira de Guardiola, que começou até a refletir sobre o fim de sua carreira como treinador (!) e disse que o City seria “um de seus últimos clubes”. Porém, o técnico iria deixar o pessimismo de lado rapidamente.
Hora do show
O City foi às compras mais uma vez para a época 2017-2018 e trouxe o meia português Bernardo Silva, o goleiro brasileiro Ederson, o defensor inglês Kyle Walker, o lateral francês Mendy e o zagueiro Laporte. Com esses reforços mais os nomes que já estavam no elenco como Kompany, Agüero, David Silva, Sané, Gabriel Jesus, De Bruyne, Fernandinho, Yaya Touré e Sterling, o City tinha tudo para vencer troféus. E, já conhecendo o elenco e com mais tempo de casa, Guardiola poderia, enfim, “colocar a máquina para trabalhar”.
Com mais força defensiva, mas sem perder o viés ofensivo, o City tratou o Campeonato Inglês como meta principal da temporada e, após vencer o primeiro jogo e empatar o segundo, a equipe iniciou uma das sequências mais impressionantes da história da Premier League e que jamais foi superada: 18 vitórias seguidas. Isso mesmo! A equipe ficou da 3ª rodada até a 20ª só vencendo os rivais, tanto em casa quanto fora. E não pense que nessa caminhada a equipe só goleou adversários mais fracos e venceu os gigantes de maneira sofrida. Os Citizens enfiaram 5 a 0 no Liverpool na 4ª rodada – com dois gols de Jesus, dois de Sané e um de Agüero -, bateram o Leicester City fora de casa por 2 a 0, venceram o Arsenal em casa por 3 a 1, o rival Manchester United em Old Trafford por 2 a 1 e o Tottenham em casa por 4 a 1. Isso sem contar as sapatadas pra cima do Watford (6 a 0), Crystal Palace (5 a 0), Stoke City (7 a 2), Swansea City (4 a 0) e Bournemouth (4 a 0).
Além da campanha espetacular na liga local, o City venceu os cinco primeiros jogos da fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA e encaminhou sua classificação às oitavas de final derrotando Feyenoord (4 a 0 e 1 a 0), Napoli (2 a 1 e 4 a 2) e Shakhtar Donetsk (2 a 0). Só na última rodada que o time perdeu a primeira na UCL (2 a 1, fora de casa, para o Shakhtar). No dia 31 de dezembro, a sequência de vitórias na Premier League foi quebrada com o empate sem gols diante do Crystal Palace, fora de casa, mas nada que abalasse a caminhada dos Citizens rumo ao título. Questionado na época pelo jornal Manchester Evening News (UK) se pensava em ser campeão invicto, façanha conquistada na era moderna apenas pelo Arsenal de Henry, Guardiola foi enfático e até vidente:
“Eu não estou pensando em ser (campeão) invicto. Isso não vai acontecer. Talvez Arsène (Wenger, técnico do Arsenal em 2004 e também em 2018) esteja preocupado com isso, mas eu sempre disse a ele que a temporada de 2004 foi para ele. Hoje é completamente diferente de 2004, temos equipes mais fortes, mais jogos, mais competições”.
E foi exatamente poucos dias após o empate com o Crystal Palace, no dia 14 de janeiro, que a invencibilidade foi quebrada com o revés por 4 a 3 diante do Liverpool, em Anfield Road, grande adversário da equipe de Guardiola na época e que seria ao longo dos anos. Com a temporada afunilando e mais jogos na agenda, o City não conseguiu emendar tantas vitórias no restante do torneio, mas seguiu fortíssimo. E, em fevereiro, o clube faturou o primeiro título da temporada: a Copa da Liga Inglesa, conquistada com uma vitória por 3 a 0 sobre o Arsenal, em Wembley, com gols de Agüero, Kompany e David Silva, o primeiro caneco da Era Guardiola.
Ainda em fevereiro, a equipe despachou o Basel-SUI no primeiro jogo das oitavas de final da UCL (4 a 0, em partidaça de Gündogan), e nem a derrota por 2 a 1 em casa foi suficiente para tirar os Citizens das quartas de final. Nela, o Manchester encarou o Liverpool, que àquela altura priorizava a competição europeia por conta da distância para o City na tabela da Premier League. No primeiro jogo, em Anfield, Salah, Oxlade-Chamberlain e Mané fizeram os gols da vitória por 3 a 0 do Liverpool, construída em menos de 20 minutos ainda no primeiro tempo.
Na volta, Gabriel Jesus até abriu o placar logo aos 2’ para o City, mas Firmino e Salah viraram no segundo tempo e classificaram o Liverpool para mais uma semifinal de UCL em sua história. A decepção foi enorme do lado do City, mas começava a pesar o cansaço físico do elenco, as lesões de Mendy, Stones e Danilo, e Agüero longe de estar 100% por conta do joelho. Ficar na dianteira da Premier League exigia demais. Mas, com a eliminação europeia, vinha o alento: só havia a PL no horizonte. E um título histórico.
The Centurions
Após a derrota para o Liverpool na rodada 23, o City disputou oito jogos, venceu sete – incluindo um 5 a 1 no Leicester City – e empatou apenas um (1 a 1 com o Burnley). Na rodada 32, o City disputou o clássico contra o Manchester United e, se vencesse, poderia conquistar o título com uma antecipação recorde. No entanto, os Diabos Vermelhos estragaram a festa do rival e venceram de virada por 3 a 2. Na rodada seguinte, a equipe de Guardiola visitou o Tottenham e venceu por 3 a 1, resultado que ainda dava a chance do título com cinco rodadas de antecipação caso o United perdesse para o lanterna West Bromwich. E não é que os vermelhos ajudaram? Jogando em casa, o time de Mourinho perdeu por 1 a 0 e selou a conquista do rival na rodada 33. Nos cinco jogos seguintes, o City venceu quatro, empatou um e sacramentou uma das mais avassaladoras campanhas da história da Premier League. A quantidade de recordes atingida pelo time de Guardiola foi impressionante. Veja:
- Maior número de pontos em uma temporada: 100 pontos
- Maior número de gols em uma temporada: 106 gols
- Maior número de vitórias em uma temporada: 32 vitórias
- Maior número de vitórias consecutivas: 18 vitórias
- Maior número de vitórias fora de casa: 16 vitórias
- Maior margem de pontos para o vice-campeão em uma temporada: 19 pontos
- Título conquistado com a maior antecedência da história: 5 rodadas para o fim
- Maior saldo de gols em uma temporada: +79 gols
A campanha daquele esquadrão foi tão enorme que pulverizou até mesmo o título invicto do Arsenal de Henry, afinal, aquela conquista de 2004 dos Gunners teve 26 vitórias e 12 empates, somando 90 pontos, marcando 73 gols e sofrendo 26 em 38 jogos, enquanto o City teve 32 vitórias, 4 empates, 2 derrotas, 106 gols marcados e apenas 27 gols sofridos. O artilheiro do City na conquista inglesa foi Agüero, com 21 gols, seguido de Sterling, com 18 gols, Gabriel Jesus, com 13, e Sané, com 10 gols. Somando todos os torneios, Agüero também foi o goleador máximo da equipe com 30 gols, seguido de Sterling, com 23 gols.
Por ter alcançado a marca de 100 pontos, o timaço de Guardiola ganhou o apelido de Centurions e virou até documentário! O Manchester United de 1999, o Chelsea de Mourinho em 2004-2006 e o Arsenal de Henry foram esquadrões fantásticos na Premier League, mas nenhum deles conseguiu atingir um nível técnico e de excelência quanto o City de 2017-2018. Perfeccionista, Guardiola admitiu que seu time buscava a quantidade máxima de recordes até o fim da temporada.
“Tínhamos o desafio de bater recordes, tínhamos esse objetivo. Conseguimos algo único. Quando começamos, o objetivo era tentar jogar bem e melhorar a cada dia. Ao longo do processo, percebemos que estávamos vencendo os jogos, isso é magnífico. O que posso dizer? Cem pontos, 50 em casa, 50 fora, isso é grandioso. Cem pontos na Premier League, não dá para imaginar. Esse recorde vai ser quebrado um dia, mas vai ser difícil”.
Em busca da perfeição
Mantendo a base campeã, o City incorporou alguns jovens de sua categorias de base e trouxe apenas um nome de destaque na janela de transferências: o argelino Riyad Mahrez, que vinha se destacando há tempos no Leicester City e iria permitir a Guardiola rodar melhor o elenco no setor ofensivo para aguentar a quantidade de jogos da temporada. A diretoria tentou também um substituto para Yaya Touré, só que o ítalo-brasileiro Jorginho, foco dos Citizens, acabou indo para o Chelsea. Fernandinho teria que aguentar a maratona, mas Guardiola poderia escalar Gündogan mais recuado e também De Bruyne em posição mais ao centro, aproveitando a experiência adquirida pelo belga no ótimo desempenho do meio-campista na Copa do Mundo de 2018.
A missão do Manchester City, claro, era brigar por todos os títulos e tentar algo que ninguém conseguia na Inglaterra desde 2009: ser bicampeão consecutivo. E a temporada começou da melhor maneira possível: vitória por 2 a 0 sobre o Chelsea na final da Supercopa da Inglaterra, com dois gols do ídolo Agüero. Depois do primeiro título da temporada, os Citizens iniciaram a longa trajetória na Premier League contra o Arsenal, fora de casa, e venceram por 2 a 0, gols de Sterling e Bernardo Silva, ótimo resultado para embalar de vez a equipe azul. No decorrer da competição, o City ficou 15 jogos sem perder e permaneceu no topo da tabela da rodada 7 até a 15. Não havia margem para erro ou tropeços, afinal, o grande Liverpool de Klopp seguia ponto a ponto o time de Guardiola. No primeiro encontro entre a dupla, na 8ª rodada, o empate sem gols provou o equilíbrio que seria a tona durante toda a temporada.
No final do primeiro turno, o City começou a tropeçar e muitos acharam que o bicampeonato iria para o espaço. A equipe perdeu a invencibilidade na rodada 16 para o Chelsea (derrota por 2 a 0), venceu o Everton na sequência, mas perdeu dois jogos seguidos – 3 a 2 para o Crystal Palace, em casa, e 2 a 1 para o Leicester City, fora. Tais tropeços fizeram com que o City caísse para a 3ª colocação, enquanto o Liverpool manteve a liderança.
Até que, na rodada 21, aconteceu o grande encontro entre City e Liverpool. Era um jogo fundamental para a manutenção da liderança dos Reds, afinal, o Liverpool tinha sete pontos de vantagem. O jogo foi muito disputado, o VAR entrou em ação no primeiro tempo para anular um gol de Mané (a bola de fato não cruzou a linha por 11 milímetros), e o City acabou vencendo por 2 a 1, encerrando a invencibilidade de 20 jogos do Liverpool naquela Premier League. Nos oito jogos seguintes, os Reds continuaram na liderança, mas perderam pontos cruciais.
Na 24ª rodada, empate em 1 a 1 com o Leicester, em casa, justo na rodada em que o City perdeu para o Newcastle, fora, por 2 a 1. Aliás, o revés para o Newcastle foi a gota d´água para o time de Guardiola. O técnico sabia que não poderia mais perder pontos dali em diante. Era foco total na Premier League. E uma impressionante série de vitórias começou na rodada 25, com um 3 a 1 sobre o Arsenal, enquanto o Liverpool só empatou em 1 a 1 com o West Ham. Na 27ª rodada, o City massacrou o Chelsea por 6 a 0, com três gols de Agüero, enquanto o Liverpool empatou em 0 a 0 o clássico contra o Manchester United. Até que, na 29ª, o City venceu o Bournemouth por 1 a 0, fora, viu o Liverpool empatar mais uma – 0 a 0 com o rival Everton – e a liderança voltou aos Citizens.
Alívio? Que nada! O Liverpool venceu todos os seus nove jogos após o clássico de Merseyside, alguns com altas doses de dramaticidade e gols nos últimos minutos. Por outro lado, o City também venceu todos os seus compromissos e consolidou uma série de 14 vitórias seguidas, da 25ª até a 38ª rodada, com destaque para os triunfos dramáticos pelo placar mínimo contra o Burnley, na 36ª rodada, e contra o Leicester City, na 37ª rodada, esta com gol do eterno capitão Kompany.
Na última rodada, ainda com um ponto de vantagem sobre o Liverpool, o City visitou o Brighton precisando da vitória. E, mesmo levando um gol aos 27’ do primeiro tempo, o time de Guardiola soube reagir, empatou no minuto seguinte, virou 10 minutos depois e transformou a vitória em goleada no segundo tempo com 4 a 1. Enfim, a Premier League tinha um bicampeão! E um bicampeão em um torneio onde ele e o Liverpool fizeram campanhas de campeões.
O City terminou com 98 pontos, 32 vitórias, dois empates, quatro derrotas, 95 gols marcados (melhor ataque) e 23 gols sofridos (segunda melhor defesa) e 72 gols de saldo. O Liverpool terminou com 97 pontos (!), 30 vitórias, sete empates, uma derrota, 89 gols marcados e 22 gols sofridos (melhor defesa). Foi a maior campanha de um vice-campeão na história da Premier League! Para se ter uma ideia, o 3º colocado, Chelsea, registrou 72 pontos, uma diferença abissal para a dupla no topo. Foi algo único, mágico, para os livros, como bem disse Jürgen Klopp, técnico do Liverpool.
“As pessoas vão dizer que o City teve sorte em alguns momentos, como contra o Arsenal e o Burnley, mas nós fizemos gols no final contra o Tottenham e contra o Newcastle. Não é sobre tirar os oponentes do caminho, mas de permanecer na corrida. Nós fizemos isso, mas quando seu oponente é o City, fica difícil. […] Ser o segundo na Premier League é difícil, mas é o primeiro passo. É assim que vemos. Nós tiramos um espaço de 25 pontos do City e, se repetirmos a mesma estatística de novo, vai ser uma grande temporada. Eu conheço as pessoas, elas vão sempre achar algo, mas eu não acho que poderíamos ter feito mais”.
Pep Guardiola também comentou sobre aquela conquista. “Para vencer esse título nós tivemos que vencer 14 jogos seguidos na reta final. Foi, de longe, o título mais difícil da minha carreira”. Ao final daquela temporada, o Liverpool teve uma glória para chamar de sua com a conquista da Liga dos Campeões da UEFA, competição na qual o City caiu diante do Tottenham, nas quartas. Mas o título inglês não era suficiente para o esquadrão de Guardiola. Tinha mais…
The Domestic Treble!
Antes da consagração no Campeonato Inglês, o Manchester City venceu a Copa da Liga Inglesa em um duelo tenso contra o Chelsea, em Wembley. Após 0 a 0 no tempo regulamentar, a equipe derrotou os Blues nos pênaltis por 4 a 3. E, para fechar uma temporada inesquecível, o time de Guardiola faturou a Copa da Inglaterra ao golear o Watford por 6 a 0 na decisão em Wembley, com dois gols de Gabriel Jesus, dois de Sterling, um de Kevin De Bruyne e outro de David Silva. Com isso, o Manchester City se tornou o primeiro clube na história do futebol inglês a conquistar o Treble doméstico – Campeonato, Copa da Liga e Copa da Inglaterra – em uma mesma temporada. Nada mais justo para um time que encantou, que jogou sempre para frente e mostrou enorme união e sincronismo. Era visível o progresso do City e o futebol apresentado pela equipe.
Desgaste
O City começou a temporada 2019-2020 sem o capitão Kompany e com uma lacuna que não foi preenchida na zaga, afinal, a diretoria trouxe reforços para outros setores como o meio de campo – Rodri veio por 62,8 milhões de libras – e lateral – João Cancelo chegou por 60 milhões de libras. Quem também saiu foi o polivalente Delph e o lateral Danilo. Era nítida a falta de alguns jogadores no elenco, principalmente no ataque e na defesa, mas Guardiola acreditava que o time poderia continuar brigando por títulos, em especial a Liga dos Campeões da UEFA, prioridade dos Citizens naquela temporada.
Em agosto de 2019, a equipe conquistou a Supercopa da Inglaterra nos pênaltis diante do Liverpool, após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar e triunfo na marca da cal por 5 a 4. Mas, no Campeonato Inglês, o rendimento dos bicampeões caiu drasticamente e eles não foram capazes de alcançar o Liverpool, líder desde o início e campeão com 99 pontos, 18 a mais do que o City. A equipe de Guardiola perdeu muitos jogos – impressionantes 9 derrotas -, marcou muitos gols, claro – foram 102 -, mas a irregularidade pesou em um torneio tão competitivo como a Premier League. Além disso, a temporada ficou marcada pelo início da pandemia da COVID-19, que paralisou a competição por meses. O fato positivo foi o desempenho de Kevin De Bruyne, que igualou o recorde de Thierry Henry na temporada 2002-2003 ao conceder 20 assistências para gols naquela temporada 2019-2020.
Na Liga dos Campeões, o City passou sem problemas pela fase de grupos, eliminou o Real Madrid nas oitavas de final com duas vitórias – 2 a 1, fora de casa, e 2 a 1, em casa – , mas foi eliminado nas quartas de final pelo Lyon-FRA, em duelo único disputado em Lisboa, já na era pandêmica. O alento veio na Copa da Liga Inglesa, na qual o City foi campeão ao derrotar o Aston Villa na final por 2 a 1, gols de Rodri e Agüero. A temporada terminou com dois títulos, mas a sensação de que uma reformulação era necessária para seguir brigando por troféus, ainda mais pela notável fragilidade defensiva nas jogadas aéreas demonstrada ao longo dos jogos do time de Guardiola naquela época 2019-2020.
Por uma nova década de glórias
Como esperado, o City foi às compras na temporada 2020-2021, trouxe novos jogadores e viu a saída de atletas consagrados naqueles anos de ouro como Otamendi, David Silva e Leroy Sané, impondo ao técnico Guardiola sua primeira reformulação no time. O trabalho deu certo e a equipe retomou a coroa no Campeonato Inglês, venceu a Copa da Liga e alcançou a sonhada final da Liga dos Campeões da UEFA. Porém, acabou derrotado pelo compatriota Chelsea e viu a Velhinha Orelhuda escapar. Sem Agüero a partir de 2021 e ainda na carência um atacante goleador, o City foi novamente bicampeão da Premier League em 2021-2022 e chegou às semifinais da UCL, mas foi eliminado pelo Real Madrid. Com a contratação do norueguês Erling Haaland em 2022-2023, o clube ganhou, enfim, o goleador que tanto esperava (e precisava), manteve a hegemonia em casa e alcançou a sonhada Liga dos Campeões da UEFA – Leia mais clicando aqui!
Porém, o Manchester City 2017-2020 tem seu espaço próprio na história por ter representado a mudança definitiva e almejada pelo grupo que comprou o clube lá no final dos anos 2000. Mesmo com os títulos no começo da década de 2010, foi o City de Guardiola que “mudou o patamar” da equipe e transformou o esquadrão azul de Manchester em um dos maiores do mundo mesmo sem títulos continentais. Conquistar a Premier League de maneira tão absoluta e com 100 pontos como os Centurions fizeram foi algo raro e que dificilmente será igualado ou superado tão cedo. Ainda mais pelo nível técnico e pelo grau de dificuldade do torneio, elevado lá em cima justamente pelo Manchester City, que se transformou no segundo maior campeão da Premier League com 7 títulos, quatro deles conquistados na Era Guardiola. Simplesmente incontestável. E imortal.
Os personagens:
Ederson: o brasileiro chegou em 2017 ao City e rapidamente ganhou a vaga de titular graças à sua regularidade, grandes defesas e capacidade de sair jogando com os pés, características fundamentais para o estilo de jogo proposto pelo técnico Guardiola. Eleito duas vezes para o Time do Ano da Premier League e Luva de Ouro do torneio em três temporadas – incluindo a época 2019-2020, quando sofreu apenas 16 gols, Ederson é um dos principais jogadores do City há anos e também um dos mais respeitados goleiros do mundo. Já são mais de 250 jogos com a camisa azul-celeste na carreira.
Claudio Bravo: o veterano goleiro chileno foi titular no início do trabalho de Guardiola, que preferiu ele ao invés de Joe Hart, mas perdeu espaço com a chegada de Ederson e jogou bem pouco. Deixou o clube em 2020 para atuar no Real Betis.
Kyle Walker: o lateral-direito chegou em 2017 ao City e foi titular em boa parte dos jogos do time nas conquistas do período. Com força física e eficiência na marcação, deu boa proteção pelo setor direito da defesa, embora não subisse tanto ao ataque.
Danilo: sem muito espaço no Real Madrid, o brasileiro foi para o City em 2017 para compor o elenco e fez boas partidas principalmente em sua temporada de estreia, quando disputou 23 jogos na Premier League e marcou três gols, além de atuar em um total de 38 jogos na época 2017-2018. Forte no setor ofensivo, não era tão eficiente na defesa quanto Kyle Walker, mas foi bem nas oportunidades que teve. Deixou o clube em 2019 para jogar na Juventus.
Otamendi: com muita regularidade, eficiência na saída de bola e na marcação, o argentino viveu uma das melhores fases da carreira com a camisa do City e foi titular absoluto do time de Guardiola principalmente entre 2016 e 2018. Foi eleito para o Time do Ano da PFA da Premier League em 2017-2018 e disputou mais de 200 jogos pelo City entre 2015 e 2020.
Laporte: sem espaço em sua primeira temporada, o francês (que possui também nacionalidade espanhola) virou titular absoluto em 2018-2019 e fez uma boa Premier League ao participar de 35 jogos e ajudar o City a levantar o título. Com 1,91m de altura, o defensor se destacou pela eficiência no jogo aéreo e também pela técnica, com bom domínio de bola e passes precisos. Só foi perder espaço após 2020 com a ascensão de Rúben Dias e John Stones no miolo de zaga.
Kompany: com 12 títulos conquistados pelos Citizens e capitão do clube durante 8 temporadas, o belga foi um dos maiores ídolos da história do Manchester City e símbolo da nova era que marca o clube neste século. Forte, eficiente no jogo aéreo, com grande leitura do jogo e elemento surpresa no ataque em jogadas pelo alto – dessa maneira, fez muitos gols -, Kompany se consagrou como um dos melhores do mundo durante os anos 2000 e 2010. Após deixar o clube em 2019, ganhou uma estátua do lado de fora do Etihad Stadium – inaugurada em 2021 -, uma prova de sua importância para o clube. Foram 360 jogos e 20 gols entre 2008 e 2019.
Stones: outro jovem zagueiro lapidado pelo técnico Guardiola, Stones chegou ao City em 2016 e disputou 41 jogos em sua primeira temporada no clube. Titular em boa parte dos jogos entre 2017 e 2019, o defensor se destaca pela técnica e visão de jogo, além de ter bons passes e eficiência na antecipação. Já superou a marca de 200 jogos pelo City e é presença constante, também, na seleção da Inglaterra.
Delph: o meio-campista provou sua polivalência na temporada 2017-2018 quando foi deslocado para a lateral-esquerda após a grave contusão de Mendy e deu conta do recado com muita força de marcação, bons passes e cruzamentos. Disputou 22 jogos da campanha vencedora do City naquela temporada da Premier League e marcou um gol. Acabou perdendo espaço a partir de 2019 e deixou o clube para jogar no Everton.
Mendy: o lateral começou muito bem sua trajetória no City na temporada 2017-2018, fez bons jogos e contagiou o elenco com sua irreverência, mas sofreu uma grave contusão no ligamento cruzado do joelho em setembro de 2017 que o afastou dos gramados por mais de seis meses. Só em abril de 2018 que o francês retornou, mas só foi jogar de maneira mais regular na temporada 2019-2020, quando atuou em 30 jogos, mas ainda sim longe de ser titular absoluto.
Zinchenko: o ucraniano foi outro jogador importante para Guardiola no período por atuar tanto no meio de campo, ajudando na contenção, quanto na lateral-esquerda ou mesmo na ponta-esquerda. Veloz e com boa visão de jogo, Zinchenko cresceu de produção principalmente entre 2019 e 2021, quando participou ativamente das campanhas do City na Inglaterra e na Europa. Em 2022, foi emprestado ao Arsenal.
Fernandinho: outra lenda do City, o brasileiro foi um personagem marcante na história do clube entre 2013 e 2022 e titular absoluto no meio de campo graças ao seu talento em desarmar adversários, iniciar jogadas e distribuir a bola, o box-to-box tão almejado pelos treinadores do futebol europeu. Incansável, Fernandinho foi exemplo de regularidade e peça fundamental nos títulos do City – foram 13 conquistas pelo clube, ele é o 3º atleta com mais títulos pelo City na história. Guardiola sempre rasgou elogios a Fernandinho e disse que o brasileiro “podia fazer qualquer coisa”, até mesmo jogar de zagueiro quando o time precisava. O brasileiro deixou o clube em 2022 para retornar ao Athletico-PR. Fernandinho disputou 383 jogos e marcou 26 gols pelo City.
Gündoğan: um dos mais versáteis e talentosos meio-campistas dos anos 2010 e deste início de anos 2020, o alemão já havia provado seu talento nos tempos de Borussia Dortmund, mas foi no Manchester City e sob o comando de Guardiola que ele explodiu de vez graças à sua capacidade de chegar ao ataque e acertar poderosos chutes de média e longa distâncias. Criativo e brigador, Gündogan consegue ditar o ritmo do jogo como poucos e fazer funcionar o ataque de várias maneiras. O meio-campista foi um dos recordistas em jogos pelo City entre 2017 e 2020 – média de 50 partidas por temporada – e superou a marca de 260 jogos pelo clube desde então.
Rodri: o Manchester City sempre teve nesses anos meio-campistas de puro talento, e com Rodri não foi diferente. Mesmo diante da concorrência no setor, o espanhol conquistou seu espaço graças à técnica apurada, qualidade nos passes e impulsão nas jogadas aéreas – ele tem 1,91m de altura -, além de ser eficiente na marcação e dar proteção ao setor defensivo quando os meias iam ao ataque. Foram 52 jogos na temporada 2019-2020 e quatro gols.
Yaya Touré: já estava em seu final de ciclo no City quando Guardiola chegou ao clube, mas a experiência em ter sido treinado pelo espanhol no Barcelona entre 2008 e 2010 ajudou o marfinense a participar de vários jogos nas temporadas 2016-2017 (31 jogos e 7 gols) e 2017-2018 (17 jogos). Já veterano e sem espaço, foi jogar no futebol grego a partir de 2018.
Kevin De Bruyne: o técnico Pep Guardiola já havia lapidado estrelas como Xavi e Iniesta em seus tempos de Barcelona. E, no City, o principal diamante lapidado pelo treinador foi o belga Kevin De Bruyne. É inegável o crescimento do craque sob o comando de Pep, que transformou o meia em um dos melhores do mundo e em um dos mais talentosos meio-campistas deste século. Tímido e concentrado fora de campo, mas uma fera dentro dele, De Bruyne é o jogador que qualquer um queria ver no time: ele constrói jogadas, destrói as do adversário, rouba bolas, vê espaços onde ninguém vê e dá passes como poucos conseguem dar. Seu recorde de assistências na Premier League de 2019-2020 – 20 passes – foi um absurdo, bem como seus gols, que se tornaram cada vez mais frequentes – ele marcou 16 gols naquela temporada e aumentou a conta para 19 gols em 2021-2022.
A ferrenha concorrência com outras estrelas vem privando o belga de um prêmio de melhor jogador do mundo ou do Ballon d’Or, mas ele certamente merecia há tempos uma honraria desse porte. Mas, quem sabe, ele consiga no futuro. De 2015 até hoje, De Bruyne já tem mais de 320 jogos pelo Manchester City e 87 gols. Ele é também o 5º jogador com mais assistências na história da Premier League com 95 passes para gols!
David Silva: outro emblema do City, o espanhol jogou 10 temporadas no clube e participou dos grandes momentos da equipe. Se consagrou com gols, assistências e jogadas marcantes com sua velocidade, raciocínio rápido e dribles. Fez uma parceria memorável com Agüero no setor ofensivo do City e seguiu em alta na Era Guardiola, disputando mais de 45 jogos em média por temporada. David Silva é outro presente no top 10 de maiores garçons da Premier League – foram 93 assistências em 309 jogos, ele é o 7º no ranking – e um craque que também ganhou estátua do lado de fora do Etihad Stadium, fazendo companhia a Vincent Kompany e Sergio Agüero. David Silva disputou 463 jogos e marcou 77 gols pelo City.
Mahrez: ídolo do Leicester City campeão inglês em 2016, Mahrez chegou já consagrado ao City em 2018 e ajudou a equipe a ter mais fôlego no setor ofensivo, além de ajudar nos chutes de fora da área e nos gols. Na temporada do título inglês em 2018-2019, Mahrez disputou 27 jogos e marcou 7 gols, e aumentou a conta na época seguinte com 33 jogos e 11 gols.
Sterling: sempre atuando pelas pontas, o inglês se transformou em um dos maiores artilheiros da história do City com 131 gols em 339 jogos no período de 2015-2022. Ao lado de Agüero e Sané, compôs o tridente que deu ao City o bicampeonato inglês em 2018 e 2019 e foi uma das principais armas ofensivas do City de Guardiola. Sua melhor temporada foi em 2019-2020, quando anotou 31 gols em 52 jogos.
Phil Foden: cria das bases do City, Phil Foden começou a ser inserido entre os profissionais em 2016, mas foi debutar na equipe principal apenas em 2017, quando atuou em 10 jogos na temporada 2017-2018. Guardiola foi treinando mais o jovem e, aos poucos, passou a dar espaços ao talentoso meia, que virou um dos xodós da torcida e também um dos mais valiosos atletas do futebol mundial. Capaz de atuar na esquerda, na direita e mais centralizado do meio de campo para frente, é uma peça importante para a parte tática e oferece diferentes alternativas ao time. Na temporada 2019-2020, Foden ganhou o espaço que tanto buscou na equipe e participou de 38 partidas, marcando 8 gols. Na época seguinte, dobrou o número de gols e jogou 50 partidas. Vem crescendo de produção e tem tudo para ser uma das estrelas do futebol nesta década.
Agüero: a história recente do City passa por Sergio Agüero. Afinal, foi o gol dele naquele jogo insano de 2012 que mudou para sempre a ambição do City e o seu lugar no rol dos maiores clubes do mundo. E, ano após ano, o argentino criou uma simbiose rara e única com a camisa azul-celeste. Entre 2011 e 2021, Agüero disputou 390 jogos e marcou 260 gols, números que fizeram dele o maior artilheiro da história do Manchester City e o 5º maior artilheiro da história da Premier League com 184 gols em 284 jogos. Aliás, Agüero foi um ser místico na competição inglesa e se tornou um dos dois atletas a marcar pelo menos 20 gols por temporada durante cinco anos seguidos – de 2014 até 2019, façanha só igualada por Thierry Henry.
Agüero também é dono do maior número de hat-tricks da história da Premier League – foram 12 (!) -, recordista em gols em um só jogo no torneio (5 gols na goleada do City por 6 a 1 sobre o Newcastle, em 2015) e venceu 7 prêmios de Jogador do Mês na PL (recorde). Pelo City, Agüero é também o recordista em títulos – 15 troféus – e maior artilheiro do clube em uma só PL – 26 gols em 2014-2015. Agüero se despediu do City em 2021 e se aposentou dos gramados em dezembro de 2021 após não conseguir se firmar no Barcelona. De fato, ele não poderia mesmo jogar em outro clube que não fosse o Manchester City. Falar de City é falar de Agüero. Ele está para o clube como Bobby Charlton está para o United, como Steven Gerrard está para o Liverpool, como Thierry Henry está para o Arsenal. Simplesmente um ídolo, uma lenda, um imortal. E, claro, dono de uma estátua no Etihad Stadium.
Gabriel Jesus: depois de ajudar o Palmeiras a vencer a Copa do Brasil de 2015 e o Brasileirão de 2016, o atacante foi para o Manchester City e conseguiu cravar seu espaço no time de Guardiola com muita regularidade, gols providenciais, passes e grandes jogadas. Habilidoso e oportunista, viveu grande fase com a camisa azul-celeste e fez uma parceria memorável ao lado de Agüero, Sané e David Silva, se alternando nas pontas do ataque e, às vezes, mais pelo meio. Suas melhores temporadas foram em 2018-2019, quando marcou 21 gols em 47 partidas, e em 2019-2020, ao anotar 23 gols em 53 jogos. Entre 2016 e 2022, Gabriel Jesus marcou 95 gols em 236 jogos e registrou 41 assistências. Atualmente, joga no Arsenal.
Leroy Sané: outro jogador lapidado por Guardiola, o alemão chegou em 2016 ao City e foi um dos principais nomes ofensivos da equipe com passes precisos, arrancadas em velocidade e, claro, gols. Talentoso, o jovem foi um dos artífices do time multicampeão do período e se destacou como um importante garçom para o goleador Agüero. Em seu período no City, entre 2016 e 2020, Leroy Sané deu 41 assistências para gols e foi eleito o melhor Jogador Jovem da Premier League pela PFA em 2017-2018. Na época 2019-2020, o jovem acabou se lesionando e não fez partes dos planos do City, além de expressar seu desejo de jogar no Bayern. Depois de se recuperar fisicamente, deixou o City e foi para o clube alemão em julho de 2020.
Bernardo Silva: mais um polivalente do setor ofensivo do City, o português chegou em 2017 e, mesmo com a concorrência no setor, conseguiu aos poucos cravar seu espaço entre os titulares graças a capacidade em jogar como meia-armador, ponta, atacante e até mais recuado. Com muito fôlego, visão de jogo e bons passes, participou de 35 dos 38 jogos da campanha do título da PL de 2017-2018 e mais 36 partidas na trajetória do bicampeonato em 2018-2019. Além de marcar alguns gols, Bernardo Silva foi outro grande garçom do time no período. Ele registrou entre 2017 e 2022 um expressivo número de 53 assistências.
Pep Guardiola (Técnico): com 11 títulos conquistados até o momento pelo City e um aproveitamento impressionante de 72%, Guardiola já é o maior técnico da história do clube inglês e provou que seu trabalho no super Barcelona de 2008-2012 não foi por acaso. Depois de receber algumas críticas em seu período no Bayern por não ter levantado a Liga dos Campeões da UEFA, o espanhol temeu pelo seu futuro ao passar em branco sua primeira temporada no City, mas calou a todos já em 2017-2018 com um título de Premier League “de leyenda”. Com um grupo enxuto, soube mesclar os atletas na medida do possível, lapidou jovens, aumentou o rendimento de vários jogadores e fez do City um dos maiores esquadrões da década e do mundo. Se faltou a Liga dos Campeões, sobrou talento e jogos inesquecíveis, com muitos gols, grandes lances e a fidelidade ao estilo de jogo com posse de bola, apetite ofensivo e competitividade. Um trabalho simplesmente irretocável. Só falta, claro, a Velhinha Orelhuda. Quem sabe ela vem com Haaland…
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Um dos melhores textos já escritos aqui no Blog. Manchester City merecia um esquadrão há tempos aqui no Site e finalmente veio. Mais uma vez parabéns Guilherme Diniz.