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Seleção dos Sonhos da França

 

Por Guilherme Diniz

 

Durante muito tempo eles ficaram à espreita de um grande título no futebol. Em 1958, beliscaram uma vaga na final da Copa do Mundo com um time devastador e goleador, mas bater o Brasil de Pelé e Garrincha era demais e eles ficaram com o 3º lugar. Alguns anos se passaram e um quadrado mágico (verdadeiro!) encantou o planeta na Copa de 1982, mas outra vez a chance de título escapou na infame Injustiça de Sevilha. Veio 1984, e, enfim, um troféu da Eurocopa totalmente bleu, além do Ouro Olímpico nas Olimpíadas de Los Angeles (EUA) diante de mais de 101 mil pessoas no Rose Bowl. Mas foi em 1998 que o sonhado grito de campeão do mundo saiu da garganta. Com o fim do estigma, foi só aproveitar a safra, vencer a Euro de 2000, as Copas das Confederações de 2001 e 2003, se transformar na primeira seleção a vencer todos os principais torneios homologados pela FIFA e colocar de vez o país no pelotão de elite do futebol, rechaçado no título mundial de 2018.

Cosmopolita, competitiva e sempre revelando craques, a Seleção Francesa se transformou em uma das equipes mais vencedoras do esporte nas últimas décadas e conseguiu cravar seu nome na história encarando (e vencendo) com autoridade titãs como Brasil, Itália, Alemanha e Argentina, seja em Copas, seja em Eurocopas. Célebre por revelar meio-campistas primorosos e grande defensores, a França provou em suas conquistas a importância de ser plural e multirracial ao unir atletas com origens ou parentesco de outras nações, principalmente africanas. É hora de ver como ficou esse timaço dos sonhos!

 

França dos Sonhos – Escolha dos Leitores e Leitoras

 

Esquema tático: 4-4-2

Por sempre ter meio-campistas sensacionais, técnicos e marcadores, essa França dos Sonhos foi escalada no 4-4-2, superando o quase sempre escolhido por vocês, o 4-3-3. A zaga teria um entrosamento perfeito graças às experiências vividas na campanha do título mundial de 1998. No meio, os volantes poderiam não só desmarcar os rivais, mas também ajudar nos contra-ataques, dando a esta França muita liberdade para atacar os rivais, que iriam sofrer com o quarteto de frente dos Bleus: Zidane, Platini, Henry e Fontaine.

 

 

O time: Fabien Barthez; Lilian Thuram, Marcel Desailly, Laurent Blanc e Bixente Lizarazu; Didier Deschamps, Patrick Vieira, Zinédine Zidane e Michel Platini; Thierry Henry e Just Fontaine. Técnico: Didier Deschamps.

Os Escolhidos

 

Goleiro: Fabien Barthez

Dono de uma vasta coleção de títulos com a camisa azul da França e recordes, entre eles o de ser o goleiro com mais jogos sem levar gols na histórias das Copas do Mundo (em 17 partidas, ele não levou gols em 10), Fabien Barthez é um dos mais talentosos arqueiros de sua geração, e, para muitos, o maior que a França já produziu. Mesmo com pouco mais de 1,80m de altura, o carequinha compensava a “baixa” estatura com posicionamento pleno embaixo das traves, velocidade nas saídas do gol e uma elasticidade rara, além de ser arrojado e não temer os atacantes adversários no mano a mano. Após iniciar a carreira no Toulouse, o camisa 1 foi contratado pelo Olympique de Marselha em 1992 e já em sua primeira temporada virou titular absoluto, conquistando a histórica Liga dos Campeões da UEFA de 1992-1993, sendo na época o mais jovem goleiro a vencer o troféu (com 22 anos, isso até ser superado por Casillas, que tinha 18 anos em 1999-2000).

Henry e Barthez pelo Monaco.
 

 

Após um período de glórias em Marselha, o craque foi para o Monaco e catapultou de vez sua carreira, ganhando a titularidade na seleção francesa campeã da Copa do Mundo de 1998. Naquele Mundial, Barthez foi uma das principais figuras dos Bleus pelas defesas, pelas saídas de bola e a segurança absoluta. Em 2000, ele seguiu no time campeão da Euro e foi um dos símbolos de uma era inesquecível da equipe francesa. O craque esteve também nas Copas de 2002 e 2006 e foi o primeiro goleiro a vencer o Brasil em duas partidas de mata-matas de Copas (na final de 1998 e nas quartas de final de 2006, em ambas sem levar gols). Barthez disputou 86 jogos pela França entre 1994 e 2006.

 

Barthez teve mais do que o dobro dos votos de seu concorrente direto ao posto de goleiro desta França dos Sonhos, o campeão do mundo de 2018 Hugo Lloris. A terceira colocação ficou com Joël Bats, grande arqueiro da França nos anos 1980 e conhecido dos brasileiros por defender um pênalti de Zico – no tempo normal, que terminou 1 a 1 – e outro de Sócrates – na disputa de penalidades, vencida pelos franceses por 4 a 3 – nas quartas de final da Copa de 1986. A 4ª colocação foi de Bernard Lama, conhecido por suas grandes atuações pelo Paris Saint-Germain dos anos 1990.

 

Lateral-Direito: Lilian Thuram

Nascido em Guadalupe, Lilian Thuram foi um monstro na lateral-direita da França de 1994 até 2008. É o jogador com maior número de partidas pela seleção: 142 jogos. Tanta categoria o levou à zaga, função que também desempenhou com maestria. Sempre levava a melhor nas divididas e impunha respeito ao chegar junto dos atacantes e pontas, mas com lealdade. Com um físico privilegiado, era um profundo leitor do jogo, antevendo o que os atacantes iriam fazer, além de ter um senso de colocação impressionante. Após jogar por seis anos no Monaco, ganhou ainda mais fama vestindo a camisa do Parma, pelo qual venceu a Copa da UEFA (atual Liga Europa) de 1999 e também na Juventus, onde conquistou os campeonatos italianos de 2002 e 2003. Na Copa de 1998, foi titular absoluto do time campeão do mundo e viveu uma situação curiosa na semifinal contra a Croácia de Suker.

O defensor falhou no comecinho do segundo tempo e a Croácia abriu o placar. Mas ele mesmo empatou o jogo um minuto depois e mais adiante virou para 2 a 1. Como praticamente nunca marcava gols, na comemoração, ele ajoelhou e ficou pensando “o que raios está acontecendo comigo?”, em uma das mais engraçadas e icônicas cenas das Copas. Foram os primeiros e únicos gols de Thuram vestindo a camisa da França na carreira. Justamente os que colocaram o país na final, vencida sobre o Brasil por 3 a 0. Thuram disputou ainda as Copas de 2002 e 2006. Simplesmente imortal.

 

Com praticamente 85% dos votos, Thuram foi absoluto na votação e ostentou uma das maiores margens de votos entre todas as enquetes aqui do Imortais! O lateral deixou Amoros, célebre lateral da seleção nos anos 1980 na segunda colocação com apenas 5,5% dos votos! Willy Sagnol, presente na equipe vice-campeã da Copa de 2006, ficou na terceira colocação, seguido de Patrick Battiston, defensor da equipe francesa dos anos 1980, e Benjamin Pavard, titular na campanha do título mundial de 2018.

 

Lateral-Esquerdo: Bixente Lizarazu

Com 1,69m de altura, Lizarazu compensava a baixa estatura para um defensor com muita técnica, ótima impulsão, cruzamentos impecáveis, apoio maciço ao ataque e talento, qualidades que o transformaram num dos maiores laterais-esquerdos do futebol mundial. Com 97 jogos e dois gols com a camisa da França, Lizarazu é um dos recordistas em partidas pela seleção e disputou as Copas de 1998 e 2002, além das Eurocopas de 1996, 2000 e 2004. Revelado pelo Bordeaux, o craque fez história no Bayern München, pelo qual jogou de 1997 até 2004 e também entre 2005 e 2006, época em que vestia a camisa 69 por ter nascido em 1969, medir 1,69m e pesar 69kg, segundo palavras do próprio. Disputou 182 jogos na Bundesliga e venceu 16 títulos pelos bávaros. Pela seleção francesa, venceu tudo: uma Copa do Mundo, em 1998, uma Eurocopa, em 2000, e duas Copas das Confederações, em 2001 e 2003.

 

A disputa pela lateral-esquerda foi um pouco mais apertada em relação à lateral-direita, mas Lizarazu venceu com o dobro dos votos (47%) seu concorrente direto, Patrice Evra (23,5%), figura carimbada na seleção nos anos 2000 e ídolo do Manchester United entre 2006 e 2014. Manuel Amoros, que também podia atuar na ala esquerda, ficou na terceira posição com 13,7%.

 

Zagueiro: Marcel Desailly

Um dos maiores desejos dos treinadores do futebol atual – ou pelo menos daqueles que prezam pela ofensividade – é contar com zagueiros técnicos, que sejam firmes na marcação, tenham boa saída de jogo e capacidade de organização desde o campo de defesa. Em resumo, o que os treinadores querem é alguém como Marcel Desailly, um dos maiores defensores de sua geração e referência na era mais vitoriosa do futebol francês. Notável por seu vigor físico, Desailly foi conhecido na Europa como “The Rock” (ou “A Rocha”). À primeira vista, pode parecer um apelido daquele típico zagueiro “brucutu”, mas o francês foi muito mais que isso – tanto que marcou gols importantes na carreira, sempre chegando com muita qualidade ao ataque. Polivalente, foi um dos mais notáveis casos de zagueiro que também rendeu – e muito bem – como meio-campista. Ele é o 4º jogador que mais vestiu a camisa azul com 116 jogos, além de ter marcado três gols, e esteve nos times que venceram a Copa do Mundo de 1998, a Eurocopa de 2000 e a Copa das Confederações de 2001. Desailly disputou também a Copa do Mundo de 2002. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Zagueiro: Laurent Blanc

Líder e um dos principais defensores do futebol francês nos anos 1980 e 1990, Le Président Laurent Blanc brilhou por quase uma década no Montpellier e em várias equipes da França nos anos 1990. O defensor foi convocado pela primeira vez em 1989 e jogou pelos Bleus até 2000. Participou ativamente do histórico período de glórias da seleção, conquistando a Copa de 1998 e a Euro de 2000. Além de ser eficiente na zaga, Blanc se arriscava no ataque e marcava muitos gols – foram 137 gols em 708 partidas por clubes, um número bastante considerável para um zagueiro. Pela seleção foram 97 jogos e 16 gols – ele é o 9º com mais jogos pelos Bleus na história. Após pendurar as chuteiras, virou treinador e comandou inclusive a seleção francesa entre julho de 2010 e junho de 2012.

 

 

A dupla de zaga principal da França na Copa de 1998 foi a preferida do público para compor esta seleção dos sonhos. Desailly foi o campeão com 75% dos votos, seguido de Blanc, com 62,7%. A terceira colocação foi de Marius Trésor, formidável zagueiro da França nas décadas de 1970 e 1980 e tido como um dos maiores na posição no século XX. Depois dele, Raphaël Varane, titular na França campeã do mundo em 2018, e Thuram, que também atuava como zagueiro, completaram a lista dos mais votados.

 

Volante: Didier Deschamps

Capitão da França na conquista da Copa de 1998, Deschamps foi um ícone do futebol mundial na segunda metade dos anos 1980 e em toda a década de 1990. Extremamente eficiente e regular durante toda a carreira, o volante tinha o papel de organizar o meio de campo, ajudar a marcação e dar respiro à zaga dos times que defendeu. Era o “carregador de piano”, o responsável por se desdobrar no setor e ainda retomar a bola para iniciar contra-ataques poderosos. Mas Deschamps fazia tudo isso com muita qualidade nos passes, organização tática e grande leitura de jogo. Atuou em 103 partidas pela seleção (é o 7º na lista dos que mais vestiram o manto azul) e marcou quatro gols entre 1989 e 2000, levantando como capitão, além da Copa de 1998, a Euro de 2000. Por clubes, venceu diversos títulos, com destaque para as Ligas dos Campeões da UEFA pelo Olympique de Marselha, em 1992-1993, e pela Juventus, em 1995-1996, o Mundial Interclubes também pela Juve em 1996 e uma Copa da Inglaterra em 1999-2000 pelo Chelsea. Virou treinador após pendurar as chuteiras e fez grandes trabalhos no Monaco, no Olympique e, claro, na seleção, ao vencer a Copa do Mundo de 2018.

 

Volante: Patrick Vieira

Altamente técnico, imbatível no jogo aéreo com seus 1,93m de altura e sinônimo de segurança e controle de bola no meio de campo, Vieira foi outro lendário meio-campista francês (ele na verdade nasceu no Senegal) nos anos 1990 e 2000 a se destacar no cenário internacional. Depois de passar por Cannes e Milan, foi no Arsenal que Vieira encontrou seu verdadeiro futebol e brilhou para o mundo inteiro ver. De 1996 até 2005 foram mais de 400 jogos pelo clube, além da braçadeira de capitão do time a partir de 2002, após a aposentadoria de Tony Adams. Pela seleção, o craque jogou de 1997 até 2009 e esteve nas Copas de 1998 (ainda como reserva), 2002 (titular) e 2006 (titular), além das Eurocopas de 2000 e 2004, estas como titular. Vieira é o 6º jogador com mais partidas na história da seleção da França com 108 jogos e seis gols marcados. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

 

Com 59,1% dos votos, Vieira foi o campeão na disputa pelas duas vagas de volante desta França dos Sonhos, seguido de Deschamps, com 31,8%. Jean Tigana, incansável meio-campista da super França dos anos 1980, apareceu na terceira colocação com quase 28%. Quem também foi bem lembrado foi Claude Makélélé, presente na seleção vice-campeã do mundo em 2006, com 17,8% dos votos.

 

Meia: Zinédine Zidane

Para muitos, é o maior jogador da história do futebol francês em todos os tempos. E atributos nunca lhe faltaram: elegância, técnica, pleno controle de bola, passes perfeitos, precisão cirúrgica na bola parada e nos dribles secos. Absoluto. Virtuoso. Único. Foi decisivo sempre que a França precisou dele (exceto uma vez…), magnífico quando seus clubes também precisavam dele e primoroso quando o público queria ver um bom futebol. Venceu 3 vezes o prêmio de Melhor Jogador do Mundo da FIFA e também os mais desejados títulos possíveis pela França (Copa do Mundo e Eurocopa), pela Juventus (campeonatos nacionais, Mundial de Clubes…) e pelo Real Madrid (Liga dos Campeões da UEFA, campeonatos nacionais, Mundial de Clubes…).

Zidane foi sinônimo de seleção francesa, de carrasco do Brasil e um craque que desequilibrou nos mais diversos momentos por seu país: marcou dois dos três gols da final da Copa de 1998 contra o Brasil, e, como capitão da França na Copa de 2006, fez o seguinte: acabou com a Espanha nas oitavas de final (marcou um golaço nos 3 a 1); destroçou o Brasil nas quartas de final (deu o passe para o gol da vitória por 1 a 0, deu chapéu em Ronaldo, dribles, etc…), fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre Portugal de Felipão nas semifinais e se tornou um dos raros jogadores a marcar gols em duas finais de Copas na história, ao fazer um golaço de pênalti (sim, ele conseguia fazer isso…) pra cima de Buffon (só isso…) no empate em 1 a 1 contra a Itália. A carreira de Zidane estava perfeita até aquela decisão, mas… Aconteceu a cabeçada em Materazzi e ele foi expulso. Nos pênaltis, deu Azzurra. Mesmo assim, Zidane é até hoje uma das maiores lendas que o futebol já viu. Em 108 jogos pela seleção (é o 5º na lista dos que mais vestiram o manto azul), Zizou marcou 31 gols. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Meia: Michel Platini

Quem conheceu aquele garoto franzino e pequenino da cidade de Joeuf, na França, jamais poderia imaginar que ele se transformaria num dos maiores gênios do futebol mundial. Michel Platini fez de tudo com a bola nos pés no final da década de 1970 e em quase toda a de 1980, época em que reinou absoluto no futebol europeu e mundial. Capaz de dar passes com uma qualidade absurda, cobrar faltas com extrema perfeição e marcar gols maravilhosos com um exímio faro de artilheiro digno dos mais plenos atacantes, Platini venceu quase todos os torneios que disputou, seja com a camisa do Nancy ou Saint-Étienne, seja com a da inesquecível Juventus campeã de quase tudo nos anos 1980. Pela seleção, Platini venceu apenas um título, a Eurocopa de 1984 (como maior artilheiro em uma só edição do torneio com 9 gols em apenas cinco jogos!), e jamais pôde levantar a maior de todas as taças: a Copa do Mundo, por culpa da falta de sorte e da Alemanha, algoz nos Mundiais de 1982 e 1986, quando a França alcançou as semifinais em ambos.

Mesmo sem uma Copa no currículo, Platini conseguiu façanhas históricas, como ser o primeiro jogador a faturar três Ballon d’Or em sequência (1983, 1984 e 1985). Em 72 jogos, Platini marcou 41 gols e é o 3º maior artilheiro da história da seleção francesa. O meia disputou as Copas de 1978, 1982 e 1986. Uma pena que o craque tenha manchado sua trajetória desportiva após pendurar as chuteiras quando um grave caso de corrupção o baniu do esporte em 2015, no período em que ele era presidente da UEFA. Mas o que ele fez em campo isso ninguém jamais irá esquecer. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

 

Já imaginou os dois maiores jogadores franceses de todos os tempos juntos, criando chances de gols ou marcando tentos esplendorosos? Pois é. Óbvio que Zidane e Platini iriam vencer a disputa pelas duas vagas de Meia nesta França dos Sonhos. Zizou obteve 98,8% dos votos e Platini 93,5%. Quem mais se aproximou da dupla foi outro gigante: Raymond Kopa, virtuoso meia e atacante da França nos anos 1950 e multicampeão pelo Stade de Reims e pelo Real Madrid, somando 24,5% dos votos.

 

Atacante: Thierry Henry

Ele foi um daqueles jogadores que não aparecem toda hora. Um atleta completo tanto no físico quanto na técnica. No alto dos seus 1,88m, ele tinha habilidade para costurar defesas adversárias e não foram raros os gols marcados pelo craque quando ele partia do meio-campo. Chutava de dentro e de fora da área. E com os dois pés. Podia jogar aberto ou como centroavante. Era acima de tudo letal e cerebral. Após revelar-se um enorme talento no principado de Mônaco, ganhou os holofotes com curtas, porém marcantes exibições durante a caminhada do primeiro título mundial da França, em 1998. Ali, ele já provava ter estrela. Mas foi com a camisa 14 do Arsenal que Thierry Henry construiu seu legado, fama e lenda. O francês foi a referência máxima da mais gloriosa e inesquecível era de toda a história dos Gunners. Virou unanimidade mundial. Com a bola nos pés, tudo era possível para ele. Gols e mais gols, artilharias e mais artilharias, prêmios e mais prêmios que catapultaram Henry ao rol dos maiores atacantes de todos os tempos.

Dono de uma carreira brilhante, foi eleito por duas vezes o 2º melhor jogador do mundo. E conseguiu a proeza de ser o maior artilheiro da história da seleção francesa com 51 gols. Levando em consideração que a França já teve lendas do calibre de Fontaine, Kopa, Platini, Cantona e Zidane, isso só para citar alguns, não é pouca coisa. Henry é o 2º jogador com mais jogos pela França na história (123 jogos), venceu a Copa de 1998, a Euro de 2000 e a Copa das Confederações de 2003 e atuou nas Copas de 1998, 2002, 2006 e 2010, sendo o recordista (ao lado do goleiro Barthez) em partidas disputadas em Mundiais pelo país: 17 jogos. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Atacante: Just Fontaine

Foi uma verdadeira máquina de gols em sua época e escreveu seu nome na história pela façanha na Copa de 1958 – a única que disputou na carreira -, quando marcou incríveis 13 gols em seis jogos pela seleção da França. Parável apenas com faltas e muito habilidoso, Fontaine fez história com a camisa do Stade de Reims, marcando 122 gols em 131 jogos do Campeonato Francês e sempre figurou ou no topo da artilharia do torneio ou entre os cinco primeiros. Pela seleção, marcou 30 gols em apenas 21 jogos, uma média de 1,43 gols por jogo – é uma das maiores de um jogador atuando por uma seleção em todos os tempos. Com médias fantásticas, foi vítima da maldade dos adversários e teve que se aposentar com apenas 28 anos após fraturar a tíbia e o perônio da perna direita. Mesmo assim, ele fez em pouquíssimo tempo o que vários atacantes não fizeram em décadas. Uma lenda. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

 

O maior artilheiro e o mais prolífico artilheiro da França foram os preferidos dos leitores nesta eleição. Henry venceu a disputa com 85,2% dos votos, seguido de Fontaine, com 45,5%. A terceira colocação ficou com Raymond Kopa, que também podia atuar mais avançado, com 30,3%. Quem apareceu bem na votação e desbancou inclusive Eric Cantona, polêmico craque francês dos anos 1990, foi Kylian Mbappé, um dos principais nomes da França campeã do mundo em 2018 e que ainda tem uma brilhante carreira pela frente, com 25,8% da preferência dos leitores e leitoras.

 

Técnico: Didier Deschamps

Ele pode não ter explorado toda a capacidade do elenco fantástico que tinha em mãos na Copa de 2018. Ele pode ter sido pragmático em alguns jogos. Ele pode ter sido pouco ousado. Mas ele foi campeão. Invicto. Com méritos. E usando e abusando da eficiência e do erro praticamente zero, virtudes que dominam um esporte cada vez mais competitivo e sagaz. A história de Deschamps como treinador não começou por acaso. Ele conduziu com maestria um grande time do Monaco a uma final de Liga dos Campeões da UEFA lá em 2004. Depois, trouxe a Juventus de volta à Série A italiana. Continuou escrevendo sua história pelo Olympique de Marselha, campeão francês de 2009-2010 após 18 anos de jejum, justamente na época em que ele próprio era jogador do OM. Até que, em 2012, assumiu uma seleção francesa em frangalhos e começou a reconstruir a imagem dos Bleus convocando atletas jovens e inspirando confiança a eles, treinando jogadas ensaiadas à exaustão, transformando zagueiro em lateral e elevando a mística de uma camisa que não brilhava há quase uma década.

Deschamps aos céus! Foto: Michael Dalder / Reuters.
 

 

Na Euro de 2016, conduziu a França até a final, mas o vice diante de Portugal trouxe à tona contestações sobre seu trabalho, o tal excesso de confiança e a incapacidade de matar o jogo quando podia. Virada a página, Deschamps classificou os Bleus para o Mundial sem repescagem, e, com uma retaguarda impecável, um meio de campo de combate e uma linha de frente rápida e devastadora em contra-ataques, catapultou a França até à final e foi campeão exatamente com as virtudes que sempre deixou aflorar no time: eficiência e erro zero, ensinamentos da derrota de 2016. Com isso, Deschamps se tornou apenas o terceiro homem campeão do mundo como jogador e treinador. Com arte ou sem arte, isso pouco importa. Ele já está no rol dos imortais do futebol. De 2012 até outubro de 2020, Deschamps acumulou mais de 65% de aproveitamento à frente da seleção, com 69 vitórias, 19 empates e apenas 17 derrotas em 105 jogos.

 

 

Seria curioso ver Deschamps jogando no time titular e ao mesmo tempo treinando essa França dos Sonhos! Ele venceu a disputa com 40,5% dos votos, deixando Aimé Jacquet, técnico do time campeão do mundo de 1998, em segundo lugar, com 34,7%. A dupla praticamente polarizou a disputa e não deu chances para os outros rivais, tanto é que o 3º lugar ficou com Raymond Domenech, comandante do time vice-campeão mundial em 2006, com apenas 7,9% dos votos.

 

Reservas Imediatos:

Goleiro: Hugo Lloris

Lateral-Direito: Manuel Amoros

Lateral-Esquerdo: Patrice Evra

Zagueiros: Marius Trésor e Raphaël Varane

Volantes: Jean Tigana e Claude Makélélé

Meias: Raymond Kopa e Franck Ribéry

Atacantes: Kylian Mbappé, Eric Cantona e Jean-Pierre Papin

Auxiliar técnico: Aimé Jacquet

 

O Imortais também escalou a sua seleção! Veja abaixo:

 

França dos Sonhos – Escolha do Imortais

Esquema tático: 4-1-3-2

O time: Fabien Barthez; Lilian Thuram, Marius Trésor, Marcel Desailly e Bixente Lizarazu; Jean Tigana; Raymond Kopa, Zinédine Zidane e Michel Platini; Thierry Henry e Just Fontaine. Técnico: Albert Batteux.

 

Por mais que o time campeão do mundo de 1998 fosse recheado de craques e tenha servido como base da seleção dos leitores e leitoras, não dá para imaginar uma zaga sem Marius Trésor. E um meio de campo sem o faz-tudo Jean Tigana também não tem sentido. E um ataque sem Raymond Kopa é totalmente impensável! Por isso, fizemos esses ajustes para que essa França dos Sonhos dominasse completamente seus rivais com a genialidade tática de Albert Batteux, um dos maiores treinadores do século XX e expoente do Stade de Reims dos anos 1950 e da fabulosa França de 1958, um pensador à frente de seu tempo que iria colocar esse timaço totalmente no ataque, mas tranquilo com o paredão Desailly-Trésor lá atrás e o apoio de Lizarazu, Thuram e Tigana na marcação. Imagine Kopa, Zidane e Platini criando variações de jogadas para Henry e Fontaine na frente? Vixe Maria Antonieta!

No banco, as opções seriam: Joël Bats para o gol; André Lerond para a lateral-direita; Patrice Evra para a lateral-esquerda; Robert Jonquet e Laurent Blanc para a zaga; Patrick Vieira e Didier Deschamps como volantes; Alain Giresse e Jean Vincent como meias e Eric Cantona e Kylian Mbappé como atacantes.

 

Os escolhidos pelo Imortais ausentes na seleção dos leitores (as):

 

Zagueiro: Marius Trésor

Ele foi um verdadeiro “tesouro” na zaga da França em duas Copas do Mundo, em 1978 e 1982, justificado pelo sobrenome. Técnico, com ótima visão de jogo e muito forte fisicamente, Trésor foi um dos maiores e mais completos defensores da história do país e do futebol mundial nos anos 1970 e 1980. Ídolo em todos os clubes que passou, Trésor jogava de cabeça erguida, era extremamente atlético, tinha pleno domínio de bola e se arriscava no ataque várias vezes, tanto é que começou a carreira como centroavante e terminou como líbero. Foram 65 jogos e quatro gols pelos Bleus entre 1971 e 1983.

 

Volante: Jean Tigana 

Ele marcava, passava, recuperava bolas, dividia, organizava o meio de campo e fazia tudo o que seu time precisava. Tudo com técnica, visão de jogo, fôlego que beirava o infinito e muita categoria. Jean Tigana foi um dos maiores meio-campistas do mundo nos anos 1970 e 1980 e verdadeiro coração da seleção francesa nas Copas de 1982 e 1986 e no título da Eurocopa de 1984. Ídolo no Bordeaux, onde venceu três títulos nacionais e duas Copas da França, Tigana disputou 52 jogos e marcou um gol pela França entre 1980 e 1988.

 

Meia: Raymond Kopa

Certa vez, após mais uma de suas brilhantes partidas, aquele baixinho de apenas 1,67m de altura que deixava os mais altos e imponentes zagueiros no chão recebeu demasiados elogios e um singelo apelido do jornalista inglês Desmond Hackett: “Napoleão do Futebol”. Mas por que tal referência ao célebre líder político e militar francês? É pelo fato de o tal baixinho controlar o jogo como poucos, fazer da bola sua posse única e conquistar territórios (ou melhor, fãs) como nenhum outro. Raymond Kopa foi um dos mais temidos e destemidos meias de seu tempo e um dos mais brilhantes e completos jogadores de ataque de toda a história do futebol francês e mundial.

Kopa e Fontaine, a dupla de ouro da grande França de 1958.

 

 

Habilidoso, velocíssimo, técnico, sagaz, dono de uma visão de jogo e raciocínio fantásticos e encantador de plateias pleno, Kopa ajudou a transformar o Stade de Reims no maior clube da França e em um dos mais fortes times de todo o Velho Continente. Além disso, conseguiu ser titular no seleto Real Madrid de Di Stéfano e ainda levou a França a um histórico terceiro lugar na Copa do Mundo de 1958, torneio onde ele foi o principal responsável por fazer de Just Fontaine o artilheiro máximo do Mundial com incríveis 13 gols. Kopa disputou 45 jogos e marcou 18 gols pela França entre 1952 e 1962. Um patrimônio de seu país que jamais poderia ficar de fora de uma França dos Sonhos. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Técnico: Albert Batteux

Albert Batteux, técnico da França em 1958.

 

 

Batteux foi o principal responsável por colocar o lendário Stade de Reims dos anos 1950 no mapa da bola. Com inovações táticas, muita sabedoria de campo e amor pelo futebol, o treinador fez história com os títulos que conquistou, pela maneira como os conquistou e pelos craques que ajudou a revelar. Durante anos, ele foi considerado o maior treinador da história do futebol francês e segue assim até hoje para muitos, afinal, o currículo do revolucionário comandante do Reims é invejável: 5 campeonatos nacionais, 1 Copa Latina, 4 supercopas da França e uma copa nacional pelo Reims, 4 campeonatos nacionais e 2 copas nacionais pelo Saint-Étienne, além do 3º lugar na Copa de 1958 pela seleção francesa e os dois vice-campeonatos da Liga dos Campeões pelo Reims. Um craque fora das quatro linhas.

 

Leia muito mais sobre a França aqui no Imortais clicando neste link!

 

 

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Comentários encerrados

8 Comentários

  1. Lloris eu acho superior ao Barthez.
    Meu time seria: Lloris, Thuram, Blanc, Desailly e Lizarazu. Kante, Deschamps, Platini e Zidane. Henry e Fontaine. Ou então tirando um dos volantes e jogando com Mbappe, Henry e Fontaine.
    Kante é MONSTRO, fica difícil tirar do time!

  2. 4-2-3-1

    Go- Bats (mesmo nível do Barthez, ambos tinham muito estilo hehehe)
    Za- Desailly
    Za- Tresor (para mim ganha do Blanc pela velocidade)
    Ld- Thuram
    Le- Amoros (vi alguns jogos dele nas copas de 86 e 82, um lateralzaço)
    Vo- Vieira
    Vo- Tigana (um pulmão de Kante, só que muito mais técnico)
    Md- Kopa
    Ma- Platini (visão de jogo, precisão e finalização perfeitos)
    Me- Zidane
    At- Fontaine

    Resesrvas:
    Go- Barthez, Darui;
    De- Blanc, Jonquet, Bossis, Lizarazu;
    Mc- Deschamps, Pogba, Giresse;
    At- Cantona, Mbappé, Henry.

  3. Henry era o artilheiro dos amistosos… Quando precisamos dele, “sumiu” na Final da Euro de 2000, na Final da Copa de 2006, na Euro de 2008 e principalmente na Copa do Mundo de 2010, quando deveria ter sido o líder da équipe.

    Já Patrick Evra, não carregaria nem as chuterias de alguns arrières gauches que tivemos, como Domergue campeão da Euro de 84.

    Por fim, se esquecer de Nîmes como Rocheteau, Giresse e Fernandez e se lembrar de Ribéry, me parece bem estranho.

  4. Antes era mais fácil escolher a seleção da França de todos os tempos, hoje com o advento do time de Zidane e depois do Mbappé… as coisas começaram a fica difícil…

    Até os anos 80, podemos incluir dois aí entre os 11… Kopa e Fontaine!
    Podemos incluir seus dois maiores jogadores… Platini e Zidane!

    Faltam 7… Goleiro (Bats / Thepot / Barthez), goleiros + ou – … e aí Remeter como reserva e o Lloris como o N1!
    Linha de defesa… no meu time idela seriam 3… eu deslocaria este monstro que em 2006 jogou como zagueiro… Thuram e jogando ao lado de Blanc e Amoros (mesmo ele sendo lateral) foi gigante seu futebol.

    Como não tenho laterais, preciso de dois volantes( por mais que eu goste de Kanté / Deschamp’s / Ginola e Fernandez) fico com Tigana e Vieira!

    Restando uma posição como nomes como: Giresse / Jonquet / Pogba / Mbappé / Benzema / Griezmann / Cantona e Papin) a vaga fica com Henry.

    Portanto: Lloris / Amoros / Blanc / Thuram / Vieira / Tigana / Kopa / Zidane / Platini / Henry / Fontaine… um timaço…

  5. Bom trabalho, Imortais! A França é realmente uma seleção notável no futebol! Allez les Bleus

    Quero dizer que estou gostando desse quadro dos Times dos Sonhos. Afinal, custa nada imaginar os melhores das seleções jogando juntos. Falta fazer as Seleções dos Sonhos de Portugal, da Espanha e da Inglaterra. Abração!

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