Por Guilherme Diniz
“Ah, prefiro Copa do Mundo”. “Ah, não curto”. “Ah, nem conheço esses jogadores”. “Ah, é meio sem graça”. Quando perguntamos sobre a opinião das pessoas a respeito do futebol nas Olimpíadas, essas respostas que você leu são bem comuns. No maior evento esportivo mundial, curiosamente o esporte mais popular do planeta não possui o prestígio visto em outras competições. Mesmo assim, a modalidade possui muita história e ajudou na emancipação do próprio futebol como um todo, além de inspirar a FIFA na criação da Copa do Mundo, lá em 1930. Com um início meio bagunçado e atletas amadores, o futebol nas Olimpíadas passou a ser disputado mais regularmente após a 2ª Guerra Mundial, com benefícios aos países comunistas, que podiam enviar seus atletas principais (“patrocinados pelos governos”), até chegar à normalidade a partir dos anos 1990. Com hegemonias distintas, países com grande peso em Copas e torneios continentais nunca tiveram vida fácil nas Olimpíadas, como exemplos claros o Brasil – campeão olímpico apenas em 2016 – e Alemanha, que jamais venceu um ouro mesmo com quatro Copas e três Eurocopas no currículo (vale lembrar que a Alemanha Oriental venceu um Ouro).
O próprio posicionamento do futebol nos Jogos sempre deixou claro que ele não é a vedete, tanto é que a grande maioria das partidas acontecem fora das cidades-sede. E o torneio também não permite que as seleções enviem seus principais jogadores, apenas juniores e três ou quatro maiores de 23 anos, algo que acaba equiparando um pouco a disputa. Confira a seguir todos os campeões e a evolução do torneio ao longo das décadas.
OBS.: As fichas técnicas das partidas finais são do site Trivela, parceiro do Imortais! 🙂
Atenas 1896
A primeira edição dos jogos modernos não teve disputa oficial de futebol, embora partidas envolvendo equipes da Dinamarca, Atenas e Izmir, cidade pertencente ao Império Otomano na época, tenham acontecido, mas os registros foram perdidos. Por isso, o COI não considera a modalidade presente nessa edição dos Jogos.
Paris 1900
Ouro: Upton Park – Grã-Bretanha
Prata: Club Français – França
Bronze: Université de Bruxelles – Bélgica
OBS: não houve entrega de medalhas nesta edição.
Enfim, o futebol apareceu pela primeira vez, mas a modalidade não foi colocada entre as principais do torneio em Paris, que foi um tanto desorganizado, sem cerimônia de abertura nem encerramento e nem medalhas em alguns esportes – o futebol foi um deles… Apenas três nações enviaram equipes: a Grã-Bretanha, representada pelo Upton Park (que só aceitou disputar o torneio se fosse direto para a final); a França, com o Club Français, e a Bélgica, que foi representada por estudantes da Universidade de Bruxelas. No primeiro jogo, o Club Français venceu os belgas por 6 a 2 e foi para a final contra o Upton Park, que venceu facilmente os franceses por 4 a 0. O resultado garantiu a primeira colocação aos britânicos. Ninguém recebeu medalha, mas a disputa é computada pelo COI até hoje.
Club Français (FRA) 0x4 Upton Park (GBR)
Local: Velódromo Municipal de Vincennes (Paris-FRA)
Público: cerca de 500 pessoas
Árbitro: Maignard (França)
Club Français (FRA): Huteau; Bach e Allemane; Gaillard, Bloch e Macaire; Fraysse, Garnier, Lambert, Grandjean e Canelle.
Upton Park (GBR): Jones; Buckingham e Grosling; Chalk, Burridge e Quash; Turner, Spackman, Nicholas, Zealey e Haslom.
Gols: Nicholas (2), Turner e Zealey
Saint Louis 1904
Ouro: Galt FC – Canadá
Prata: Christian Brothers College – EUA
Bronze: Saint Rose Parish – EUA
Seriam quatro times na disputa, dois do Canadá e dois dos EUA, mas a Universidade de Toronto declinou da competição. Os três times restantes jogaram entre si e os canadenses do Galt ficaram com o ouro após derrotarem o Christian Brothers College por 7 a 0 e o Saint Rose Parish por 4 a 0. No duelo entre estadunidenses, um empate sem gols forçou o replay, vencido pelo Christian Brothers por 2 a 0. Registros dizem que nesta edição foram entregues medalhas aos vencedores do futebol pela primeira vez, mas o esporte passou quase imperceptível diante das outras modalidades dos Jogos. O ouro de 1904 é até hoje o maior resultado da história do futebol do Canadá.
Galt FC (CAN) 4×0 Saint Rose Parish (EUA)
Local: Saint Louis (EUA)
Público: desconhecido
Árbitro: Paul MsSweeney (Estados Unidos)
Galt FC (CAN): Linton; Ducker e Gourlay; Lane, Johnston e Christman; Taylor, Steep, Hall, Henderson e Twaits.
Saint Rose Parish (EUA): Frost; Crook e Jameson; Brady, Dierkes e Dooling; Costgrove, O’Connell, Jameson, Tate e Cook.
Gols: Taylor (2), Hendersen e gol contra (autor desconhecido)
Londres 1908
Ouro: Grã-Bretanha
Prata: Dinamarca
Bronze: Holanda
Enfim, as nações foram devidamente representadas em um torneio olímpico após duas edições com times e universitários. Foram seis equipes na disputa (com duas seleções da França, uma A e outra B) e a Grã-Bretanha provou sua força com 100% de aproveitamento e fáceis vitórias. Os campeões golearam a Suécia por 12 a 1, a Holanda por 4 a 0 e a Dinamarca por 2 a 0, na decisão. Os dinamarqueses, por outro lado, acabaram donos da maior goleada do torneio e jamais igualada em qualquer outra Olimpíada: 17 a 1 na França A, com 10 gols de Sophus Nielsen, maior artilheiro em um só jogo na história da competição ao lado do alemão Fuchs, que repetiria o feito em 1912. A Dinamarca também superou o time B da França por 9 a 0. Uma curiosidade é que o célebre matemático dinamarquês Harald Bohr foi um dos atletas do time alvirrubro na competição e marcou dois gols!
Vale lembrar que dois anos antes, em 1906, aconteceram os Jogos Intermediários, em Atenas, que não têm o cunho olímpico, mas tiveram disputa de futebol, com vitória da Dinamarca sobre dois times do Império Otomano (Smyrna e Salônica) e o time de Atenas.
Grã-Bretanha 2×0 Dinamarca
Local: Estádio de White City (Londres-GBR)
Público: 8 mil
Árbitro: John Lewis (Grã-Bretanha)
Grã-Bretanha: Bailey; Corbett e Smith; Hunt, Chapman e Hawkes; Berry, Woodward, Stapley, Purnell e Hardman.
Dinamarca: Drescher; Buchwald e Hansen; Bohr, Kristian Middelboe e Nils Middelboe; Oscar Nielsen-Noerland, Lindgren, Sophus Nielsen, Wolfhagen e Rasmussen.
Gols: Chapman (26/1º) e Woodward (1/2º)
Estocolmo 1912
Ouro: Grã-Bretanha
Prata: Dinamarca
Bronze: Holanda
Os medalhistas foram os mesmos de 1908 e o torneio na Suécia teve o maior número de seleções até então – 11 países. A Grã-Bretanha faturou o ouro vencendo três jogos: 7 a 0 na Hungria (com seis gols de Harold Walden), 4 a 0 na Finlândia e 4 a 2 na Dinamarca, que de novo não conseguiu superar os britânicos. A novidade nessa edição foi a disputa de uma espécie de torneio de consolação, que reuniu sete seleções eliminadas durante a disputa por medalhas, mas sem qualquer premiação. Foi nesse estágio que a Alemanha goleou a Rússia por 16 a 0 e Gottfried Fuchs igualou o recorde do dinamarquês Sophus Nielsen, ao anotar 10 gols no jogo. A Hungria foi a “campeã” ao derrotar a Alemanha na semifinal por 3 a 1 e a Áustria na final por 3 a 0.
Grã-Bretanha 4×2 Dinamarca
Local: estádio Olímpico (Estocolmo-SUE)
Público: 25 mil
Árbitro: Christiaan Jacobus Groothoof (Holanda)
Grã-Bretanha: Brebner; Burn e Knight; McWhirther, Littlewort e Dines; Berry, Woodward, Walden, Hoare e Sharpe.
Dinamarca: Sophus Hansen; Nils Middelboe e Harald Hansen; Buchwald, Jørgensen e Berth; Oscar Nielsen, Thufvason, Olsen, Sophus Nielsen e Wolfhagen.
Gols: Walden-GBR (10/1º), Hoare-GBR (22/1º), Olsen-DIN (27/1º), Hoare-GBR (41/1º), Berry-GBR (43/1º) e Olsen-DIN (36/2º)
Antuérpia – 1920
Ouro: Bélgica
Prata: Espanha
Bronze: Holanda
A expansão continuou e 14 seleções disputaram o torneio nos Jogos de 1920, e, pela primeira vez, uma nação não-europeia esteve entre os classificados – o Egito. Por outro lado, os países europeus envolvidos na eclosão da Primeira Guerra Mundial (Alemanha, Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia) não foram convidados para os Jogos. Naquele ano, a FIFA já havia declarado que o torneio de futebol nos jogos olímpicos era um “grande torneio internacional para amadores” (profissionais não eram permitidos) e começou a ajudar na organização e a olhar mais de perto a competição.
A grande zebra foi a primeira derrota dos britânicos logo na primeira fase diante da Noruega, que venceu por 3 a 1 e eliminou os campeões das duas últimas Olimpíadas. No entanto, os escandinavos foram derrotados nas quartas de final para a forte Tchecoslováquia, que seguiria rumo à final, onde enfrentou a dona da casa, Bélgica, que vinha de vitórias sobre Espanha (3 a 1) e Holanda (3 a 0).
Na decisão, no estádio Olímpico da Antuérpia tomado por 35 mil pessoas, os belgas abriram 2 a 0 com 30 minutos de jogo, mas a partida terminou aos 39’ quando o time tcheco deixou o gramado em protesto pela expulsão do lateral-esquerdo Steiner, após falta em Robert Coppée. Além da objeção pela expulsão, os tchecos não aprovavam a arbitragem do britânico John Lewis, que havia apitado a vitória belga sobre a Holanda na semifinal, partida esta observada pelos tchecos. Os protestos acabaram desqualificando o time das Olimpíadas e a Bélgica ganhou o Ouro automaticamente.
Como a medalha de prata ficou vaga, o comitê decidiu realizar um mini-torneio para definir os medalhistas de prata e bronze. Com isso, a Espanha conquistou o segundo lugar após derrotar Suécia (2 a 1), Itália (2 a 0) e Holanda (3 a 1), que acabou com o bronze pela terceira vez seguida.
Bélgica 2×0 Tchecoslováquia
Local: Estádio Olímpico (Antuérpia-BEL)
Público: 35 mil
Árbitro: John Lewis (Grã-Bretanha)
Bélgica: De Bie; Swartenbroeks e Verbeeck; Musch, Hanse e Fierens; Van Hage, Larnoe, Bragard, Coppée e Bastin.
Tchecoslováquia: Klapka; Hojer e Steiner; Kolenatý, Pesek e Seifert; Sedlácek, Janda, Vaník, Mazal e Pilát.
Gols: Coppée-BEL (6/1º, de pênalti) e Larnoe-BEL (30/1º)
Paris – 1924
Ouro: Uruguai
Prata: Suíça
Bronze: Suécia
As Olimpíadas de 1924 foram provavelmente uma das mais emblemáticas da história do futebol. A competição teve 22 seleções de quatro confederações diferentes pela primeira vez e o mundo viu o início da dinastia da lendária Celeste Olímpica do Uruguai, que representou a América do Sul e fez bonito com a medalha de ouro. Jogando de maneira bastante ofensiva e com uma técnica jamais vista pelas bandas europeias, os uruguaios encantaram o público francês, em especial os craques José Nasazzi, Héctor Scarone, Pedro Petrone (artilheiro dos Jogos com 7 gols) e José Leandro Andrade, que ganhou o apelido de Maravilha Negra pelo futebol absurdo que jogou, dominando o meio de campo e o setor direito da defesa celeste. O Uruguai goleou a Iugoslávia por 7 a 0 na primeira fase, fez 3 a 0 nos EUA na sequência, bateu a França por 5 a 1 e venceu a Holanda por 2 a 1 até chegar à final, contra a Suíça, que levou de 3 a 0 dos sul-americanos.
Foi nessa competição que nasceu o termo “volta olímpica”, pois os jogadores uruguaios caminharam em volta do gramado agradecendo o prestígio do público francês após a vitória, algo inédito na época. Vale lembrar que a final, assim como boa parte dos jogos, foi disputada em Colombes, comuna próxima à cidade de Paris.
Uruguai 3×0 Suíça
Local: Estádio Colombes (Paris-FRA)
Público: 41 mil
Árbitro: Marcel Slawick (França)
Uruguai: Mazali; Nasazzi e Arispe; Andrade, Vidal e Ghierra; Urdinarán, Scarone, Petrone, Cea e Romano.
Suíça: Pulver; Reymond e Ramseyer, Oberhauser, Schmiedlin e Pollitz; Ehrenbolger, Pache, Dietrich, Abegglen e Fassler.
Gols: Petrone (27/1º), Cea (18/2º) e Romano (36/2º)
Amsterdã – 1928
Ouro: Uruguai
Prata: Argentina
Bronze: Itália
O bicampeonato olímpico do Uruguai veio com três vitórias sobre europeus (2 a 0 na Holanda, 4 a 1 na Alemanha e 3 a 2 sobre a Itália) e triunfo sobre a vizinha Argentina na final (2 a 1, após empate em 1 a 1 no primeiro jogo). Antes dos Jogos, houve certa tensão pelo fato de os britânicos acusarem os times sul-americanos de profissionalismo (algo proibido nos Jogos) e se recusarem a jogar caso eles disputassem as Olimpíadas. Argentina, Uruguai e Chile foram para Amsterdã e a Grã-Bretanha não participou, em uma grande briga administrativa com o COI e a FIFA, que não chegava no consenso do que era amadorismo e profissionalismo. A zebra dos Jogos de 1928 foi o Egito, que alcançou as semifinais após superar Turquia (7 a 1) e Portugal (2 a 1), mas caiu diante da Argentina (6 a 0) e da Itália (11 a 3), na disputa pelo bronze.
Com o sucesso do Uruguai e o peso que o futebol ganhou nesta edição dos Jogos e também em 1924, a FIFA decidiu criar um torneio que rivalizasse de vez com as Olimpíadas. E, em 1930, surgiu a Copa do Mundo, realizada no Uruguai e vencida por ele, fechando o mais lendário período do futebol no país.
Uruguai 2×1 Argentina
Local: Estádio Olímpico (Amsterdã-HOL)
Público: 28.113
Árbitro: Johannes Mutter (Holanda)
Uruguai: Mazali; Nasazzi e Arispe; Andrade, Píriz e Gestido; Arremón, Scarone, Borjas, Cea e Figueroa.
Argentina: Bossio; Bidoglio e Paternoster; Médici, Monti e Evaristo; Carricaberry, Tarasconi, Ferreira, Perducca e Orsi.
Gols: Figueroa-URU (17’/1º), Monti-ARG (28’/1º) e Scarone-URU (28’/2º)
Berlim – 1936
Ouro: Itália
Prata: Áustria
Bronze: Noruega
A criação da Copa do Mundo criou um grande empecilho para o COI, que encontrou dificuldades para estabelecer quais atletas poderiam disputar os Jogos. Com o amadorismo saindo cada vez mais de cena, ficava difícil manter a ideia inicial do torneio e isso desmotivou a realização do futebol nas Olimpíadas de 1932. Já em 1936, em Berlim, as seleções começaram a enviar times juniores ou escalações “B”, a fim de despistar os atletas profissionais. Outra artimanha, em especial dos países comunistas, seria a permissão de escalar atletas patrocinados pelo Estado, algo que beneficiaria muitos países principalmente na época da Guerra Fria.
Com 16 participantes de quase todos os continentes (a exceção foi a Oceania), o torneio teve protagonismo da Itália, então campeã mundial em 1934 e que conseguiu levar um time fortíssimo com os defensores Foni e Rava e o meia Ugo Locatelli, além do lendário técnico Vittorio Pozzo. Sem Argentina e Uruguai na disputa, os italianos venceram EUA (1 a 0), Japão (8 a 0), Noruega (2 a 1) e Áustria (2 a 1), conquistando o Ouro pela primeira vez. Annibale Frossi, que jogava na Ambrosiana-Inter, foi o artilheiro do torneio com 7 gols, dois deles na final, que teve um público recorde na época de 90 mil pessoas. Dois anos depois, em 1938, a Itália venceria outra Copa do Mundo e consagraria outra seleção imortal.
Um fato em destaque foi a partida entre Peru e Áustria, nas quartas de final. A equipe europeia, uma das mais fortes do mundo na época, abriu 2 a 0, mas levou o empate. Na prorrogação, muita confusão, invasão de campo e paralisação do jogo. Na retomada, o Peru fez 4 a 2, mas os austríacos pediram à FIFA que remarcasse o jogo por conta dos transtornos ocorridos. A entidade aceitou o argumento, mas os peruanos, não. Eles abandonaram os Jogos e a Áustria seguiu nas Olimpíadas até perder para a Itália na final.
Itália 2×1 Áustria
Local: Estádio Olímpico (Berlim-ALE)
Público: 90 mil
Árbitro: Peter Bauwens (Alemanha)
Itália: Venturini; Foni e Rava; Baldo, Piccini e Locatelli; Frossi, Mancini, Bertoni, Biagi e Gabriotti.
Áustria: Eduard Kainberger; Künz e Kargl; Krenn, Wahlmüller e Hofmeister; Werginz, Laudon, Steinmetz, Karl Kainberger e Fuchsberger.
Gols: Frossi-ITA (25/2º), Karl Kainberger-AUT (35/2º) e Frossi-ITA (2/1º da prorrogação)
Londres – 1948
Ouro: Suécia
Prata: Iugoslávia
Bronze: Dinamarca
Após anos sem eventos esportivos e grandes competições por causa da Segunda Guerra Mundial, as Olimpíadas voltaram em 1948 e escancararam de vez as diferenças técnicas entre o torneio e a Copa do Mundo. Àquela altura, os principais países já tinham ligas profissionais e o lema dos Jogos de aceitar apenas atletas amadores, juniores ou patrocinados pelo Estado acabou tirando do torneio os melhores de cada seleção. Com isso, a diferença técnica de uma partida olímpica para uma de Copa do Mundo passou a ser gritante. E, com isso, os campeões olímpicos passaram a ser bem diferentes dos tradicionais que vemos de quatro em quatro anos nos torneios da FIFA. Mas teve uma equipe que se deu bem e jogou em alto nível por conta dos talentos que produzia à época: a Suécia.
Com o trio Gunnar Gren, Gunnar Nordahl e Nils Liedholm, o famoso Gre-No-Li, a seleção escandinava venceu Áustria (3 a 0), Coreia do Sul (12 a 0), Dinamarca (4 a 2) e derrotou a Iugoslávia na disputa do Ouro por 3 a 1, com dois gols de Gunnar Gren e um de Nordahl. A campanha impecável coroou um time que serviria como base para a seleção vice-campeã da Copa do Mundo de 1958, além de Gunnar Nordahl ser o artilheiro com 7 gols, ao lado de John Hansen, da Dinamarca. O Ouro foi o melhor resultado da Suécia na história do futebol olímpico.
Suécia 3×1 Iugoslávia
Local: estádio de Wembley (Londres-GBR)
Público: 60 mil
Árbitro: William Ling (Grã-Bretanha)
Suécia: Lindberg; Knut Nordahl e Nilsson; Rosengren, Bortil Nordahl e Andersson; Rosen, Gren, Gunnar Nordahl, Carlsson e Liedholm.
Iugoslávia: Lovric; Brozovic e Stankovic; Zlatko Cajkovski, Jovanovic e Atanakovic; Cimermancic, Mitic, Bobek, Zeljko Cajkovski e Vukas.
Gols: Gren-SUE (24/1º), Bobek-IUG (42/1º), Gunnar Nordahl-SUE (3/2º) e Gren-SUE (22/2º de pênalti)
Helsinque – 1952
Ouro: Hungria
Prata: Iugoslávia
Bronze: Suécia
Com a ascensão do bloco soviético, os países do leste europeu passariam a dominar o futebol nas Olimpíadas por um bom tempo. Pelo fato de os atletas serem majoritariamente bancados pelo governo, eles podiam jogar por seus países sem problema algum, enquanto os outros países tinham que enviar os juniores ou amadores. Com isso, a força dos soviéticos ficou muito desproporcional. Mas, dentre todos os campeões dali em diante, Helsinque viu o mais justo e espetacular de todos: a Hungria. Invictos há três anos e com lendas como Grosics, Czibor, Kocsis, Puskás, Hidegkuti e companhia, os Mágicos Magiares desfilaram suas virtudes pela Finlândia.
Na fase preliminar, a Hungria venceu a Romênia por 2 a 1. Na primeira fase, vitória sobre a Itália por 3 a 0. Nas quartas de final, massacre contra a Turquia: 7 a 1, com 2 de Kocsis e 2 de Puskás. Na semifinal, 6 a 0 contra a então campeã olímpica Suécia, com novo show do trio mágico Hidegkuti, Puskás e Kocsis. Na decisão, o adversário foi a Iugoslávia, que havia eliminado URSS, Dinamarca e Alemanha. A Hungria não tomou conhecimento dos iugoslavos e venceu por 2 a 0, gols de Puskás e Czibor. O time conquistou a sua primeira de três medalhas de ouro na história do futebol olímpico. Foi a consagração de uma campanha impecável, com cinco vitórias em cinco jogos, 20 gols marcados e apenas dois sofridos. A Europa e o mundo conheciam, enfim, a força daquele time mágico.
Os Jogos de Helsinque tiveram 25 seleções, entre elas o Brasil, que disputou pela primeira vez o torneio de futebol e levou jogadores como Zózimo, Mauro Ramos, Evaristo de Macedo e Vavá, todos que viriam a ser lendas do nosso futebol. A seleção passou por Holanda (5 a 1) e Luxemburgo (2 a 1), mas acabou eliminada nas quartas de final pela Alemanha, com derrota por 4 a 2.
Hungria 2×0 Iugoslávia
Local: estádio Olímpico (Helsinque-FIN)
Público: 60 mil
Árbitro: Arthur Ellis (Grã-Bretanha)
Hungria: Grosics; Buzánszky, Lóránt e Lantos; Boszik e Zakariás; Hidegkuti, Kocsis, Palotás, Puskás e Czibor.
Iugoslávia: Beara; Stankovic e Crnkovic; Cajkovski, Horvat e Boskov; Ognjanov, Mitic, Vukas, Bobek e Zebec.
Gols: Puskás-HUN (25/1°) e Czibor-HUN (43/2º)
Melbourne – 1956
Ouro: URSS
Prata: Iugoslávia
Bronze: Bulgária
Vice-campeã da Copa de 1954 e campeã olímpica, a Hungria era franca favorita ao ouro naquele ano, mas uma série de problemas impossibilitou a dobradinha dos magiares. Cerca de um mês antes do início dos Jogos, o exército soviético invadiu Budapeste para reprimir manifestações do povo húngaro, que sofria demais com as exigências do governo soviético e a influência de Moscou no país. Além disso, os jogadores principais da seleção estavam excursionando com o Budapeste Honvéd e o MTK. Após saberem do ocorrido na capital húngara, os jogadores não voltaram, partiram para outros países, passaram a jogar em outros clubes e alguns até trocaram de nacionalidade. Sem qualquer chance de montar uma seleção, a Hungria não foi para as Olimpíadas e o lendário esquadrão magiar se extinguiu.
Pelo fato de os Jogos serem realizados na Austrália, uma série de países não enviou times de futebol e o torneio teve apenas 11 seleções participantes. As poucas europeias na disputa eram as favoritas. E, claro, confirmaram a alcunha com o pódio. O Ouro ficou com a URSS de Lev Yashin, Igor Netto e companhia, uma seleção que seria campeã da primeira edição da Eurocopa quatro anos depois. Os soviéticos venceram a Alemanha por 2 a 1, empataram sem gols com a Indonésia (uma zebra e tanto!), venceram o replay por 4 a 0, derrotaram a Bulgária por 2 a 1 na semifinal e venceram a Iugoslávia por 1 a 0 na final.
União Soviética 1×0 Iugoslávia
Local: estádio Melbourne Olympic Park (Melbourne-AUS)
Público: 86.716
Árbitro: R. Wright (Austrália)
União Soviética: Yashin; Baschaschkin, Ogognikov e Kuznetsov; Netto e Maslenkin; Tatushin, Isaev, Simonyan, Salinikov e Ilyin.
Iugoslávia: Radenkovic; Koscak e Radovic; Santek, Spajic e Krstic; Sekularac, Antic, Papek, Veselinovic e Mujic.
Gol: Ilyin-URSS (3/2º)
Roma – 1960
Ouro: Iugoslávia
Prata: Dinamarca
Bronze: Hungria
Pela primeira vez o torneio de futebol olímpico teve os países divididos em grupos, acabando com os jogos únicos eliminatórios. As 16 seleções de quatro confederações se dividiram em quatro chaves de quatro, com os campeões de cada uma avançando às semifinais. Depois de tantos revezes, enfim, a Iugoslávia conseguiu a medalha de ouro graças ao talentosíssimo atacante Milan Galic, lenda do Partizan e que também brilhou no futebol belga. Na fase de grupos, os campeões venceram os EAU por 6 a 1, golearam a Turquia por 4 a 0 e empataram em 3 a 3 com a Bulgária. Na semifinal, duelo complicado contra a anfitriã Itália, que tinha jovens talentos como Rivera, Burgnich e Trapattoni. Após 0 a 0 no tempo normal, o jogo foi para a prorrogação e terminou empatado em 1 a 1. Como o regulamento não previa pênaltis nem outra partida, a vaga foi decidida no cara ou coroa. E a Iugoslávia venceu na moedinha… Na disputa do bronze, a Azzurra perdeu para a Hungria por 2 a 1.
Na decisão, a sempre presente Dinamarca não foi páreo para Galic e Matus, que fizeram 2 a 0 com apenas 10 minutos e viram Kostic selar a vitória no segundo tempo. Nielsen descontou, mas os 3 a 1 deram o sonhado ouro ao futebol iugoslavo. Reformado para a disputa dos Jogos, o estádio Olímpico de Roma – por incrível que pareça! – não sediou nenhum jogo de futebol. As partidas foram realizadas em sedes distintas, com a decisão acontecendo no estádio Flamínio, na capital.
Iugoslávia 3×1 Dinamarca
Local: estádio Flamínio (Roma-ITA)
Público: 40 mil
Árbitro: Concetto Lo Bello (Itália)
Iugoslávia: Vidinic; Roganovic e Jusufi; Perusic, Durkovic e Zanetic; Ankovic, Matus, Galic, Knez e Kostic.
Dinamarca: From; Andersen e Jensen; Hansen; Hans Nielsen e Flemming Nielsen; Pedersen, Troelsen, Harald Nielsen, Enoksen e Sørensen.
Gols: Galic-IUG (1/1º), Matus-IUG (10/1º), Flemming Nielsen-DIN (5/2º) e Kostic-IUG (27/2º)
Tóquio – 1964
Ouro: Hungria
Prata: Tchecoslováquia
Bronze: Alemanha Oriental
Com uma nova geração de futebolistas, a Hungria começou nesse ano a dinastia que não conseguiu lá nos anos 1950. Comandada pelo prolífico atacante Ferenc Bene, os magiares ficaram com o ouro com shows e um pouco de emoção. Na fase de grupos, a equipe goleou Marrocos por 6 a 0 com todos os gols anotados por Bene. Mas, na partida seguinte, fez uma partida maluca e pirotécnica contra a então campeã Iugoslávia: 6 a 5, de virada, resultado que classificou ambas as equipes graças a mudança no regulamento, que garantia os dois primeiros de cada grupo nas quartas de final. O adversário seguinte dos magiares foi a Romênia, derrotada por 2 a 0. Na semifinal, goleada de 6 a 0 sobre os Emirados Árabes Unidos e novo show de Bene, autor de quatro gols. Na decisão, vitória por 2 a 1 sobre a Tchecoslováquia e ouro garantido aos magiares. Ferenc Bene foi o artilheiro dos Jogos com 12 gols em apenas cinco jogos, a maior artilharia já registrada na história.
Um fato triste que remete à essa época aconteceu antes mesmo das Olimpíadas, no Pré-Olímpico Sul-Americano, quando Peru e Argentina se enfrentaram no Estádio Nacional de Lima e a não-marcação de um gol para o time da casa quando a Argentina vencia por 1 a 0 desencadeou uma imensa invasão de torcedores no gramado. O resultado disso foi a morte de 328 pessoas, no maior desastre futebolístico da história. Nem Heysel, nem Hillsborough nem qualquer outro desastre envolvendo torcedores em um estádio ocasionou tantas mortes como esse jogo.
Hungria 2×1 Tchecoslováquia
Local: estádio Nacional (Tóquio-JAP)
Público: 75 mil
Árbitro: Menahem Ashkenazi (Israel)
Hungria: Szentmihalyi; Novak, Ihasz, Szepesi e Orban; Nogradi, Csernai e Komora; Farkas, Bene e Katona.
Tchecoslováquia: Schumucker; Urban, Picman, Vojta e Weiss; Geleta, Mraz e Lichtnegl; Brumovsky, Masny e Valosek.
Gols: Weiss – contra (2/2º), Bene-HUN (14/2º) e Brumovsky-TCH (35/2º)
Cidade do México – 1968
Ouro: Hungria
Prata: Bulgária
Bronze: Japão
A dinastia húngara foi completada em uma das Olimpíadas com maior quantidade de zebras na história. Foi também a primeira vez que um país fora da Europa e América conquistou uma medalha: o surpreendente Japão, do artilheiro Kamamoto, que venceu o anfitrião México em pleno estádio Azteca por 2 a 0 (com dois gols dele) e deu ao país a primeira – e até hoje única – medalha japonesa no futebol masculino. O Brasil foi outro que sofreu com as zebras ao ser eliminado na fase de grupos após perder para a Espanha por 1 a 0, só empatar com o Japão em 1 a 1 e empatar em 3 a 3 com a Nigéria (guarde bem esse nome…) após estar vencendo por 3 a 0. Quem também aprontou foi a Guatemala, classificada após vencer a Tchecoslováquia (vice-campeã olímpica quatro anos antes) por 1 a 0 e a Tailândia por 4 a 1 na fase de grupos e perder por apenas 2 a 1 para a Bulgária.
No caminho húngaro, após vencer El Salvador por 4 a 0, a equipe viu a zebra aparecer no empate em 2 a 2 com Gana, resultado que obrigou o time europeu a vencer de qualquer maneira Israel. A vitória veio (2 a 0), mas foi bem suada. Nas quartas de final, vitória magra por 1 a 0 sobre Guatemala e triunfo categórico de 5 a 0 sobre o Japão. Na final, vitória de virada sobre a Bulgária por 4 a 1 e Hungria tricampeã olímpica, a primeira da era mais recente dos Jogos na época.
Hungria 4×1 Bulgária
Local: Estádio Azteca (Cidade do México-MEX)
Público: 75 mil
Árbitro: Diego de Leo (México)
Hungria: Fater; Novák, Lajos Dunai, Páncsics e Menczel; Szücs, Fazekas e Antal Dunai; Nagy, Noskó e Juhász.
Bulgária: Yordanov; Guerov, Christiakov, Gaidarski e Ivkov; Georgiev, Dimitrov, Yantchovski (Kirik Christov); Jekov, Atanasse Christov e Donev (Ivanov).
Gols: Dimitrov-BUL (22/1º), Menczel-HUN (40/1º), Antal Dunai-HUN (41/1º e 4/2º) e Juhász-HUN (17/2º)
Cartões vermelhos: Atanasse Christov-BUL, Ivkov-BUL e Dimitrov-BUL (42/1º) e Juhász-HUN (43/2º)
Munique – 1972
Ouro: Polônia
Prata: Hungria
Bronze: Alemanha Oriental e URSS (medalha dividida)
A hegemonia europeia nas Olimpíadas continuou e uma nova seleção imortal apareceu: a Polônia, com a base que terminaria a Copa do Mundo de 1974 na terceira colocação. A equipe começou sua caminhada olímpica no Grupo D, ao lado de Colômbia, Alemanha Oriental e Gana. Logo na estreia, os europeus massacraram os colombianos por 5 a 1, com três gols de Gadocha e dois de Deyna. Na partida seguinte, nova goleada: 4 a 0 em Gana, com gols de Lubanski, Gadocha (2) e Deyna. Já pensando na segunda fase, os poloneses suaram, mas venceram os alemães do oriente por 2 a 1 com dois gols de Gorgon.
No Grupo 2 da fase decisiva, a Polônia empatou em 1 a 1 com a Dinamarca (gol de Deyna), venceu, de virada, a forte URSS de Oleg Blokhin por 2 a 1 (gols de Deyna e Szoltysik, cobrando pênalti) e se garantiu na disputa da medalha de ouro ao massacrar Marrocos por 5 a 0, com gols de Deyna (2), Kmiecik, Lubanski e Gadocha.
Na decisão, com mais de 80 mil pessoas no estádio Olímpico de Munique, a Polônia voltou a mostrar seu espírito de luta e sangue frio contra a sempre perigosa Hungria, que saiu na frente com um gol de Várady, aos 42´do primeiro tempo. Logo no começo da segunda etapa, o craque Deyna empatou num lance genial ao despachar dois marcadores e chutar de fora da área. O mesmo Deyna virou o jogo, aos 23´, com um golzinho chorado e deu a vitória e o inédito ouro olímpico ao futebol polonês.
A conquista surpreendeu a todos e mostrou a força daquele time, dono de um futebol veloz, criativo e muito consistente. Acima de tudo, o meio-campista Deyna era um virtuose com a bola nos pés ao organizar o jogo, chamar a responsabilidade e marcar gols importantes, como os da final contra a Hungria. O craque foi o artilheiro dos Jogos com nove gols.
Uma particularidade foi a disputa da medalha de bronze entre Alemanha Oriental e URSS. O jogo terminou empatado em 2 a 2, e, como não havia prorrogação nem pênaltis, ambas as seleções ficaram com o bronze! Anos depois, em 2017, um preparador físico do time soviético afirmou que a partida foi arranjada entre alemães orientais e soviéticos para que ambos ficassem com a medalha.
Polônia 2×1 Hungria
Local: estádio Olímpico (Munique-RFA)
Público: 80 mil
Árbitro: Kurt Tschenscher (Alemanha Ocidental)
Polônia: Kostka; Szoltysik, Gorgon, Kraska e Anczok; Cmikiewicz, Deyna (Szymczak) e Maszczyk; Gut, Lubanski e Gadocha.
Hungria: Geczi; Vepi, Pancsics, Szucs e Juhasz; Balint, Ku (Kocsis) e Ede Dunai; Kozma, Antal Dunai (Toth) e Várady.
Gols: Váradi-HUN (42/1º) e Deyna-POL (4 e 23/2º)
Montréal – 1976
Ouro: Alemanha Oriental
Prata: Polônia
Bronze: URSS
Foi a primeira vez que o Brasil realmente foi longe em uma Olimpíada. Com jogadores como o goleiro Carlos, o zagueiro Edinho e o volante Batista, o time canarinho terminou na 4ª colocação, terminando em primeiro lugar a fase de grupos após empatar sem gols com a Alemanha Oriental e vencer a Espanha por 2 a 1. Na etapa eliminatória, o time brasileiro goleou Israel por 4 a 1, mas perdeu para a Polônia por 2 a 0. Na disputa do bronze, a equipe não conseguiu superar os soviéticos, que venceram por 2 a 0. O ouro ficou mesmo com a Alemanha Oriental, que superou uma fase de grupos apenas regular e cresceu na reta final após golear a França de Platini, Battiston e Luis Fernández por 4 a 0 nas quartas de final. Nas semis, triunfo por 2 a 1 sobre a URSS e, na final, vitória por 3 a 1 sobre os campeões olímpicos poloneses, que vinham com o moral elevado após a grande Copa do Mundo protagonizada em 1974.
O ouro foi a única grande glória da seleção oriental da Alemanha na história. Após a queda do muro de Berlim, a medalha foi computada à Alemanha, mas o “lado ocidental” ainda busca sua primeira medalha dourada.
Alemanha Oriental 3×1 Polônia
Local: estádio Olímpico (Montreal-CAN)
Público: 71.617
Árbitro: Ramón Barreto (Uruguai)
Alemanha Oriental: Croy; Dörner; Weise, Kische e Lauck; Kurbjuweit, Häfner e Schade; Löwe (Gröbner), Riediger (Bransch) e Hoffmann.
Polônia: Tomaszewski (Mowlik); Wieczorek; Stymanowski, Zmuda e Wawrowski; Maszczyk, Deyna e Kasperczak; Lato, Szarmach e Kmiecik.
Gols: Schade-ALO (7/1º), Hoffmann-ALO (14/1º), Lato-POL (15/2º) e Häfner-ALO (39/2º)
Moscou – 1980
Ouro: Tchecoslováquia
Prata: Alemanha Oriental
Bronze: URSS
Jogando em casa, a URSS era a favorita ao ouro, ainda mais com a não-classificação do Brasil, a recusa da Argentina em ir às Olimpíadas (a Venezuela foi no lugar da albiceleste) e a ausência de vários países por conta do boicote estadunidense aos Jogos por conta da invasão soviética ao Afeganistão. Com 16 seleções e a volta dos países africanos após o hiato de 1976, o torneio foi um tanto fraco e viu a Tchecoslováquia levar seu primeiro ouro olímpico após vitória sobre a Colômbia (3 a 0) e empates com Nigéria (1 a 1) e Kuwait (0 a 0). Nas quartas de final, a equipe tcheca derrotou Cuba (3 a 0), eliminou a Iugoslávia nas semis (2 a 0) e venceu a Alemanha Oriental na final por 1 a 0, gol de Svoboda.
Tchecoslováquia 1×0 Alemanha Oriental
Local: estádio Luzhniki (Moscou-URS)
Público: 70 mil
Árbitro: Azim Zade (União Soviética)
Tchecoslováquia: Seman; Mazura, Macela, Radimec e Rygel; Rott, Berger e Stambachr; Vízek (Svoboda), Licka e Pokluda (Nemec).
Alemanha Oriental: Rudwaleit; Muller, Hause (Liebers), Trieloff e Ullrich; Schnuphase, Terletzki e Steinbach; Baum, Netz e Kuhn.
Gol: Svoboda-TCH (33/2º)
Los Angeles – 1984
Ouro: França
Prata: Brasil
Bronze: Iugoslávia
Demorou, mas, enfim, o COI permitiu nesta edição dos Jogos a ida de jogadores profissionais à disputa do futebol! A condição mudou em um diálogo entre FIFA e COI, que perceberam (já era hora, né?) que o torneio precisava de mais disputa e só trazia benefícios aos falsos amadores do leste europeu. Naquele primeiro momento, puderam ir aos EUA atletas que não tivessem disputado uma Copa do Mundo em suas carreiras. E, com essa flexibilização e a não-ida de países soviéticos aos Jogos como forma de protesto pelo boicote de 1980, o Brasil pôde sonhar pela primeira vez com o ouro. Com Gilmar Rinaldi, Mauro Galvão e Dunga entre os principais nomes, a equipe passou pela fase de grupos com três vitórias em três jogos.
Nas quartas, vitória nos pênaltis sobre o Canadá (4 a 2) após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar e, na semifinal, vitória por 2 a 1 sobre a fortíssima Itália de Vierchowod, Baresi, Ferri, Filippo Galli, Massaro e Serena. Na final, porém, a equipe perdeu para a França por 2 a 0, e os Bleus conquistaram seu primeiro ouro olímpico justamente no ano em que a seleção principal venceu a Eurocopa. O principal nome dos franceses foi o atacante Daniel Xuereb, autor de cinco gols nos Jogos – incluindo um na final. Falando na decisão, os 101.970 espectadores no lendário Rose Bowl foram o maior público em uma final olímpica na época.
França 2×0 Brasil
Local: estádio Rose Bowl (Los Angeles-EUA)
Público: 101.970
Árbitro: Jan Keizer (Holanda)
França: Rust; Jeannol, Bibard, Zanon e Ayache; Lacombe, Bijotat e Rohr; Lemoult, Brisson (Garande) e Xuereb (Cubaynes).
Brasil: Gilmar; Ronaldo, Pinga, Mauro Galvão e André Luís; Dunga, Ademir e Tonho (Milton Cruz); Silvinho, Gilmar Popoca e Kita (Chicão).
Gols: Brisson-FRA (10/2º) e Xuereb-FRA (17/2º)
Seul – 1988
Ouro: URSS
Prata: Brasil
Bronze: Alemanha Ocidental
Na última Olimpíada com alguma força dos países do leste europeu e do regime comunista, o ouro acabou ficando com a URSS de maneira emblemática e com vitórias sobre grandes equipes pelo caminho. Na fase de grupos, os soviéticos empataram em 0 a 0 com a anfitriã Coreia do Sul, venceram a Argentina de Alfaro por 2 a 1 e bateram os rivais EUA por 4 a 2. Nas quartas de final, vitória sobre a Austrália por 3 a 0 e, na semifinal, triunfo dramático sobre a Itália de Tassotti, Virdis, Ferrara, Crippa e Evani por 3 a 2, com a vitória só saindo na prorrogação graças ao talentoso meia Mikhaylichenko, autor do gol decisivo.
Na final, a equipe da URSS encarou o fortíssimo Brasil de Taffarel, André Cruz, Jorginho, Andrade, Neto, Geovani, Valdo, Bebeto e Romário, sem dúvida a melhor seleção brasileira em uma Olimpíada até então. O time canarinho vinha de vitórias sobre Nigéria (4 a 0), Austrália (3 a 0) e Iugoslávia (2 a 1), na fase de grupos, e Argentina (1 a 0) e Alemanha Ocidental (1 a 1 e triunfo nos pênaltis por 3 a 2), na fase eliminatória, e tinha certo favoritismo. Romário abriu o placar aos 30’ do primeiro tempo, mas a URSS buscou a virada com Dobrovolski, de pênalti, e Savichev, na prorrogação, gols que decretaram a vitória por 2 a 1. O brasileiro Romário terminou como artilheiro dos Jogos com sete gols.
União Soviética 2×1 Brasil
Local: estádio Olímpico (Seul-CSU)
Público: 73 mil
Árbitro: Gerard Biguet (França)
União Soviética: Kharin; Ketashvili, Yarovenko, Gorlukovich e Losev; Kuznetsov, Dobrovolski, Mikhaylichenko e Tatarchuk; Liuty (Skliyarov) e Narbekovas (Savichev).
Brasil: Taffarel; Luiz Carlos Winck, André Cruz, Aloísio e Jorginho; Andrade, Milton e Neto (Edmar); Hamilton de Souza, Bebeto (João Paulo) e Romário.
Gols: Romário-BRA (30/1º), Dobrovolski-URSS (17/2º, de pênalti) e Savichev-URSS (14/1º da prorrogação)
Cartões vermelhos: Tatarchuk (5/2º da prorrogação) e Edmar (13/2º da prorrogação)
Barcelona – 1992
Ouro: Espanha
Prata: Polônia
Bronze: Gana
A FIFA impôs novas e definitivas mudanças nos Jogos de Barcelona. A partir daquela edição, seriam permitidos apenas atletas com menos de 23 anos e três vagas entre os convocados para jogadores com idade superior a essa estabelecida. Enfim, todas as seleções teriam equiparidade e tal fato acabou de vez com o amadorismo e as restrições tão prejudiciais aos países do ocidente. Com os tradicionais 16 países classificados, o torneio ganhou sobrevida e foi bastante disputado, com bom nível técnico. O ouro ficou pela primeira vez com a Espanha, que apresentou em casa uma ótima geração de futebolistas como Luis Enrique, Guardiola, Kiko, Cañizares, Abelardo e Ferrer, maioria do grande Barcelona da época.
Na fase de grupos, a Fúria venceu os três jogos: 4 a 0 na Colômbia, 2 a 0 no Egito e 2 a 0 no Catar. Nas quartas de final, vitória por 1 a 0 sobre a Itália e, na semifinal, vitória por 2 a 0 sobre Gana, que seria a primeira seleção africana a vencer uma medalha olímpica (o bronze). Na decisão, duelo eletrizante contra a Polônia e vitória espanhola por 3 a 2, de virada, para delírio dos 95 mil torcedores que lotaram o Camp Nou.
Espanha 3×2 Polônia
Local: estádio Camp Nou
Público: 95 mil
Árbitro: José Torres Cadena (Colômbia)
Espanha: Toni; López, Solozábal, Abelardo e Lasa (Amavisca); Ferrer, Guardiola, Luis Enrique e Berges; Alfonso Pérez e Kiko.
Polônia: Klak; Lapinski, Waldoch, Kozminski e Jalocha (Swierczewski); Staniek, Brzeczek, Kobylanski e Gesior; Kowalczyk e Juskowiak.
Gols: Kowalczyk-POL (44/1º), Abelardo-ESP (20/2º), Kiko-ESP (27/2º), Staniek-POL (31/2º) e Kiko-ESP (46/2º)
Atlanta – 1996
Futebol Masculino
Ouro: Nigéria
Prata: Argentina
Bronze: Brasil
Ronaldo, Roberto Carlos, Dida, Juninho Paulista, Flávio Conceição, Zé Elias, Sávio, Bebeto, Aldair e Rivaldo. Crespo, Ortega, Zanetti, Almeyda, Chamot, Simeone, Ayala e Gallardo. Ler esses nomes de Brasil e Argentina indicam o imenso favoritismo que os países ostentaram nos Jogos de Atlanta. Eram muitos craques, muita qualidade, muito futebol. Os resultados prévios indicavam isso. E, jogo a jogo, parecia mesmo que a dupla faria uma final para a história. Só que ambos não contavam com um detalhe: a Nigéria… Os africanos fizeram uma Olimpíada simplesmente mágica e conquistaram o Ouro de forma categórica e vencendo exatamente os titãs sul-americanos.
Na fase de grupos, a equipe alviverde venceu Hungria (1 a 0) e Japão (2 a 0), mas perdeu para o Brasil (1 a 0). Com a vaga na segunda fase, os nigerianos derrotaram o México (2 a 0) e reencontraram o Brasil. O time canarinho abriu 3 a 1 e parecia mesmo ficar com a vaga. Só que a Nigéria alcançou o empate e forçou a prorrogação, que na época tinha o famigerado Gol de Ouro. E ele foi da Nigéria, mais precisamente do matador Kanu, carrasco brasileiro naquele duelo com dois gols: 4 a 3.
Na final, a Nigéria enfrentou a Argentina e de novo saiu atrás do placar. Mas os africanos viraram o jogo para 3 a 2 e coroaram futebolistas lendários como Taribo West, Okechukwu, Babayaro, Oliseh, Amuneke, Babangida, Kanu, Amokachi e o maior de todos eles, o meio campista Jay-Jay Okocha, que virou uma verdadeira celebridade no futebol mundial e ídolo de várias gerações.
Nigéria 3×2 Argentina
Local: estádio Sanford (Athens-EUA)
Público: 86.100
Árbitro: Pierluigi Collina (Itália)
Nigéria: Dosu; Obaraku (Oruma), West, Okechukwu e Babayaro; Oliseh, Ikpeba (Amunike), Okocha (Lawal) e Amokachi; Babangida e Kanu.
Argentina: Cavallero; Zanetti, Ayala, Sensini e Chamot; Bassedas, Almeyda, Ortega e Morales (Simeone); Claudio López e Crespo.
Gols: Cláudio López-ARG (3/1º), Babayaro-NIG (28/1º), Crespo-ARG (5/2º), Amokachi-NIG (29/2º) e Amunike-NIG (47/2º)
Futebol Feminino
Ouro: EUA
Prata: China
Bronze: Noruega
Em ascensão após a primeira Copa do Mundo Feminina realizada em 1991, o futebol feminino ganhou seu espaço pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de 1996. E, para alegria da torcida local, a campeã foi a lendária seleção dos EUA, comandada na época pela craque Mia Hamm. A principal diferença em relação ao torneio masculino é que a FIFA permitiu a disputa das jogadoras principais, sem qualquer limite de idade, algo que beneficiou a qualidade dos jogos e das seleções, equiparando o torneio com a própria Copa. A seleção estadunidense encarou na final a China, sua principal rival na época. E, com gols de MacMillan e Milbrett, venceu o ouro. Anos depois, em 1999, o time ainda venceu a Copa do Mundo também jogando em casa.
China 1×2 Estados Unidos
Local: Estádio Sanford (Athens-EUA)
Público: 76.489
Árbitro: Bente Ovedie Skogvang (Noruega)
China: Gao Hong; Fan Yunjie; Wang Liping (Yu Hongqti), Xie Huilin, Sun Wen, Zhao Lihong, Shui Qingxia, Liu Ailing e Liu Ying; Sun Qingmei e Shi Guihong (Wei Haiying).
Estados Unidos: Scurry; Overbeck, Chastain e Fawcett; MacMillan, Foudy, Venturini e Lilly; Akers, Hamm (Gabarra) e Milbrett (Roberts).
Gols: MacMillan-EUA (19/1º), Wen-CHN (32/1º) e Milbrett-EUA (23/2º)
Sydney – 2000
Futebol Masculino
Ouro: Camarões
Prata: Espanha
Bronze: Chile
Confirmando a boa fase do futebol africano, Camarões fez bonito e levou a medalha de ouro nos Jogos de 2000. Com Mboma em grande fase, além de Lauren, Geremi e um ainda um novato Samuel Eto’o, os leões avançaram na segunda colocação do Grupo C, após vitória sobre Kuwait (3 a 2) e empates contra EUA (1 a 1) e República Tcheca (1 a 1). Nas quartas de final, a equipe enfrentou o Brasil, não tão forte como em 1996, mas com nomes como Ronaldinho e Alex. O jogo terminou 1 a 1 no tempo regulamentar e, na prorrogação, M’Bami marcou o Gol de Ouro que classificou os africanos para a semifinal. Nela, vitória por 2 a 1 sobre o surpreendente Chile – do artilheiro Zamorano, que marcou seis gols naquela edição dos Jogos – e, na final, a equipe derrotou a Espanha de Puyol, Marchena, Capdevila e Xavi nos pênaltis (5 a 3) após empate em 2 a 2 no tempo normal. A final teve um impressionante público superior a 104 mil pessoas no Stadium Australia, número que superou o registrado na final de 1984.
Camarões 2×2 Espanha (5×3 nos pênaltis)
Local: Stadium Australia (Sydney-AUS)
Público: 104.098
Árbitro: Felipe Ramos Rizo (México)
Camarões: Kameni; Wome, Abanda, Nguimbat (Kome) e Branco (Epalle); Lauren, Geremi, Alnoudji (Meyong Ze) e Mimpo; Mboma e Eto’o.
Espanha: Aranzubia; Puyol, Lacruz, Marchena e Amaya; Albelda, Xavi, Velamazan (Gabri) e Angulo (Capdevila); José Mari e Tamudo (Ferron).
Gols: Xavi (2/1º), Gabri (45/1º), Amaya – contra (8/2º) e Eto’o (13/2º)
Cartões vermelhos: Gabri (25/2º) e José Mari (45/2º)
Futebol Feminino
Ouro: Noruega
Prata: EUA
Bronze: Alemanha
Favoritas, as estadunidenses chegaram em mais uma final olímpica, mas foram surpreendidas pela Noruega, adversária derrotada pelos EUA na fase de grupos. Em um jogo muito disputado, Milbrett abriu o placar para as Stars com menos de dois minutos, mas Espeseth empatou ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, a Noruega virou e Milbrett empatou nos acréscimos. O jogo foi para a prorrogação e Mellgren fez 3 a 2, decretando o primeiro ouro olímpico das escandinavas e a primeira glória desde o título na Copa do Mundo de 1995.
Noruega 3×2 Estados Unidos (na prorrogação)
Local: Sydney Football Stadium (Sydney)
Público: 22.848
Árbitra: Sonia Denoncourt (Canadá)
Noruega: Bente Nordby; Brit Saudane, Goeril Kringen, Gro Espeseth e Silje Joergensen; Hege Riise, Solveig Gulbrandsen (Unni Lehn), Monica Knudesen e Margunn Haugenes; Marianne Pettersen e Ragnhild Gulbrandsen.
Estados Unidos: Siri Mullinix; Christie Rampone, Brandi Chastain, Joy Fawcett e Kate Markgraf; Lorrie Fair, Shannon MacMillan, Julie Foudy e Kristine Lilly; Mia Hamm e Tiffeny Milbrett.
Gols: Milbrett-EUA (5/1º, 47/2º), Espeseth-NOR (44/1º), Ragnhild Gulbrandsen-NOR (33/2º), Mellgren-NOR (12/2ºP)
Atenas – 2004
Futebol Masculino
Ouro: Argentina
Prata: Paraguai
Bronze: Itália
Com jovens de exímio talento como Tevez, Mascherano, Lucho González e D’Alessandro, além de Roberto Ayala, Delgado, Heinze e Coloccini, a Argentina sobrou nas Olimpíadas de Atenas e fez uma das campanhas mais perfeitas da história do duelo: seis jogos, seis vitórias, 17 gols marcados, nenhum gol sofrido e Tevez sendo o artilheiro do torneio com 8 gols. Foi um título merecidíssimo para o esquadrão comandado pelo técnico Marcelo Bielsa, que deu o título que faltava à albiceleste depois de muitas décadas. Na fase de grupos, a equipe derrotou Sérvia e Montenegro (6 a 0, curiosamente o mesmo placar aplicado no mesmo rival na Copa do Mundo de 2006), Tunísia (2 a 0) e Austrália (1 a 0). Nas quartas, goleada de 4 a 0 na Costa Rica e, na semifinal, categórica vitória de 3 a 0 sobre a Itália de Pirlo, De Rossi e Gilardino.
Na decisão, o rival foi a seleção do Paraguai, a outra representante da América do Sul no torneio e com o capitão Carlos Gamarra. Só que Tevez não ligou para a experiência do zagueiro e marcou o gol da vitória argentina por 1 a 0 logo aos 16’ do primeiro tempo. Na disputa do bronze, a Itália venceu sua primeira medalha desde o ouro de 1936 ao derrotar o Iraque por 1 a 0 (gol de Gilardino). O Brasil não participou dos Jogos por ter sido eliminado ainda no pré-olímpico.
Argentina 1×0 Paraguai
Local: Estádio Olímpico, em Atenas
Público: 41.116
Árbitro: Kyros Vassaras (Grécia)
Argentina: Lux, Heinze, Ayala e Coloccini; Mascherano, Rosales, Kily González, D’Alessandro e Lucho González; Tevez e Cesar Delgado (Clemente Rodríguez). Técnico: Marcelo Bielsa.
Paraguai: Barreto, Martínez, Manzur, Gamarra e Torres; Esquivel (Julio González), Enciso (Díaz), Giménez, Barreto (Cristaldo) e Figueiredo; Freddy Barero. Técnico: Carlos Jara Saguier.
Gol: Tevez-ARG (16/1º)
Futebol Feminino
Ouro: EUA
Prata: Brasil
Bronze: Alemanha
Com 10 seleções na disputa – maior número de países desde o primeiro torneio em 1996 -, as Olimpíadas de Atenas viram as garotas dos EUA voltarem ao ponto mais alto do pódio com uma mescla de veteranas e jovens talentos. Após duas vitórias e um empate na fase de grupos, as Stars eliminaram o Japão nas quartas de final (2 a 1), venceram a forte Alemanha (campeã do mundo em 2003) por 2 a 1 na semifinal e encararam na sequência o Brasil de Marta, Cristiane, Pretinha e Formiga. Na decisão, a equipe brasileira jogou muito, arriscou, chutou, mas pecou demais nas finalizações. Como quem não faz leva, Tarpley abriu o placar para os EUA no primeiro tempo. Na segunda etapa, Pretinha empatou e o jogo foi para a prorrogação. Nela, Wambach (vice-artilheira dos Jogos com quatro gols) fez de cabeça o gol do ouro.
Estados Unidos 2×1 Brasil (na prorrogação)
Local: Karaiskaki Stadium, Atenas
Público: 10.270
Árbitra: Jenny Palmqvist (Suécia)
Estados Unidos: Briana Scurry; Christie Rampone, Brandi Chastain (Cat Reddick), Joy Fawcett e Kate Markgraf; Lindsay Tarpley (Heather O’Reilly), Shannon Boxx, Julie Foudy e Kristine Lilly; Mia Hamm e Abby Wambach.
Brasil: Andreia; Juliana Cabral, Mônica e Tânia; Elaine (Renata Costa), Daniela Alves, Formiga, Rosana (Maycon) e Pretinha; Cristiane e Marta.
Gols: Tarpley-EUA (39’/1º), Pretinha-BRA (28’/2º) e Wambach-EUA (7’/2º da prorrogação)
Pequim – 2008
Futebol Masculino
Ouro: Argentina
Prata: Nigéria
Bronze: Brasil
Eles tiveram que esperar mais de uma década, mas conseguiram a vingança. Derrotada na final olímpica de 1996 pela Nigéria, a Argentina deu o troco em 2008 e faturou o bicampeonato olímpico com outra seleção lendária e direito a um chocolate para cima do rival Brasil durante a caminhada dourada. Na primeira fase, a albiceleste venceu novamente seus três jogos: 2 a 1 na Costa do Marfim, 1 a 0 na Austrália e 2 a 0 na Sérvia. Nas quartas de final, Messi e Di María fizeram os gols da vitória por 2 a 1 sobre a Holanda e, nas semifinais, Agüero, duas vezes, e Riquelme marcaram os gols da categórica vitória por 3 a 0 sobre o Brasil de Rafinha, Marcelo, Breno, Hernanes, Lucas Leiva, Ronaldinho, Thiago Neves, Rafael Sóbis e Diego. Na final, Di María foi o autor do gol do triunfo por 1 a 0 sobre os nigerianos que selou o bi da Argentina e o primeiro bicampeonato olímpico de uma seleção no futebol masculino exatos 40 anos depois.
Argentina 1×0 Nigéria
Local: Estádio Nacional, em Pequim
Público: 89.102
Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)
Argentina: Romero, Zabaleta, Garay, Pareja e Monzón; Gago, Mascherano, Riquelme e Di María (Banega); Messi (Lavezzi) e Agüero (Sosa). Técnico: Sergio Batista.
Nigéria: Vanzekin, Okonkwo, Adeleye, Apam e Adefemi; Monday James, Ajilore, Obinna e Promise (Ekpo); Odemwingie e Okoronkwo (Anichebe). Técnico: Samson Siasia.
Gol: Di María (13/2º)
Futebol Feminino
Ouro: EUA
Prata: Brasil
Bronze: Alemanha
Com um novo aumento no número de seleções – foram 12 equipes – o pódio foi exatamente o repeteco dos Jogos de 2004. Mesmo sem serem as favoritas (a Alemanha, bicampeã do mundo, e o Brasil, vice-campeão, eram os favoritos), as estadunidenses mostraram força e experiência principalmente nas fase eliminatória, quando derrotaram Canadá (2 a 1), Japão (4 a 2) e foram para a final contra o Brasil de Marta e Cristiane, que vinha de uma vitória espetacular de 4 a 1 sobre a temida Alemanha na semifinal e havia vencido os EUA na semifinal da Copa do Mundo da China um ano antes por 4 a 0. Mas, na decisão, as estadunidenses foram precavidas e mostraram terem aprendido com os erros do ano anterior. Após 90 minutos sem gols, Carli Lloyd marcou o gol da vitória na prorrogação e deu o ouro às Stars. De novo, o Brasil ficou com a prata.
Brasil 0x1 Estados Unidos (na prorrogação)
Local: Workers Stadium, Pequim
Público: 51.612
Árbitro: Dagmar Damkova (República Tcheca)
Brasil: Barbara; Simone (Rosana), Tânia, Renata Costa, Erika; Maycon, Daniela (Fabiana), Formiga (Francielle), Ester; Marta e Cristiane.
Estados Unidos: Hope Solo; Heather Mitts, Christie Rampone, Kate Markgraf, Lori Chalupny; Lindsey Tarpley (Lauren Cheney), Shannon Boxx, Heather O’Reilly (Natasha Kai), Carli Lloyd, Angela Hucles; Amy Rodrigues (Stephanie Cox).
Gol: Lloyd-EUA (6’/1º da prorrogação)
Londres – 2012
Futebol Masculino
Ouro: México
Prata: Brasil
Bronze: Coreia do Sul
O carma brasileiro em Olimpíadas atingiu um alto nível de crueldade nos Jogos de Londres. Com nomes como Thiago Silva, Marcelo, Rafael, Alex Sandro, Oscar e Neymar, o time brasileiro passou sem grandes sustos pela fase de grupos e eliminou Honduras (3 a 2) e Coreia do Sul (3 a 0) na fase eliminatória. Um caminho bem tranquilo e sem grandes adversários. Na decisão, o time sul-americano teve pela frente o México, outro rival que não deveria causar problemas. Mas os mexicanos abriram o placar com apenas 29” de jogo (!) em um gol de Peralta, no tento mais rápido da história das Olimpíadas.
No segundo tempo, Peralta fez mais um, Hulk descontou, mas o 2 a 1 deu o primeiro ouro ao futebol do México. O jejum continuava para o Brasil, uma das únicas grandes seleções campeãs do mundo ainda sem um ouro olímpico na época.
Brasil 1×2 México
Local: Estádio de Wembley (Londres)
Público: 86.162
Árbitro: Mark Clattenburg (Reino Unido)
Brasil: Gabriel; Rafael (Lucas Moura), Thiago Silva, Juan Jesus e Marcelo; Sandro (Alexandre Pato), Rômulo, Oscar, Alex Sandro (Hulk); Neymar e Leandro Damião.
México: José Corona; Israel Jiménez (Nestor Vidrio), Carlos Salcido, Hiram Mier, Dárvin Chávez e Diego Reyes; Héctor Herrera, Javier Aquino (Miguel Ponce) e Jorge Henriquez; Marco Fabián e Oribe Peralta (Raúl Jiménez).
Gols: Oribe Peralta-MEX (1’/1º, 30/2º), Hulk-BRA (46/2º)
Futebol Feminino
Ouro: EUA
Prata: Japão
Bronze: Canadá
Campeã do mundo em 2011, a seleção do Japão era favorita ao Ouro em Londres e foi eliminando suas rivais até a decisão. Porém, as japonesas viram os EUA vingarem a derrota no Mundial do ano anterior e faturar a quarta medalha de ouro da história do futebol feminino do país. Após três vitórias na fase de grupos, a equipe bateu a Nova Zelândia por 2 a 0 nas quartas de final e venceu a forte seleção do Canadá, da craque Sinclair, por 4 a 3 na semifinal. Na final, Lloyd fez dois gols e garantiu a vitória por 2 a 1 sobre o Japão. Três anos depois, a seleção dos EUA venceria de novo as japonesas em uma grande final: na Copa do Mundo de 2015, com um categórico 5 a 2.
Estados Unidos 2×1 Japão
Local: Estádio de Wembley (Londres)
Público: 80.203
Árbitra: Bibiana Steinhaus (Alemanha)
Estados Unidos: Hope Solo; Christie Rampone, Kelley O’Hara, Amy Le Peilbet e Rachel Buehler (Becky Sauerbrunn); Shannon Boxx, Carli Lloyd, Megan Rapinoe (Lauren Cheney) e Tobin Heath; Alex Morgan e Abby Wambach.
Japão: Mihjo Fukumoto; Yukari Kinga, Azusa Iwashimizu, Saki Kumagai e Aya Sameshima (Mana Iwabushi); Mizuho Sakaguchi (Asuna Tanaka), Aya Miyama, Nahomi Kawasumi e Homare Sawa; Shinobu Ohno (Karina Maruyama) e Yuki Nagasato.
Gols: Carli Lloyd-EUA (8/1º, 9/2º), Yuki Nagasato-JAP (18/2º)
Rio de Janeiro – 2016
Futebol Masculino
Ouro: Brasil
Prata: Alemanha
Bronze: Nigéria
Nem o mais otimista torcedor poderia imaginar que o primeiro ouro olímpico do Brasil viria em casa, no Maracanã! E contra a Alemanha, adversário que dois anos antes havia aplicado o famoso 7 a 1 na equipe principal durante a Copa do Mundo. Mas, em um roteiro de cinema, foi assim mesmo. Na fase de grupos, o time da casa flertou com a eliminação após dois empates sem gols contra as inexpressivas África do Sul e Iraque. A vitória – e a vaga – só veio na última rodada, nos 4 a 0 sobre a Dinamarca, com dois gols de Gabriel Barbosa, um de Gabriel Jesus e outro de Luan. Nas quartas, Neymar e Luan fizeram os gols da vitória por 2 a 0 sobre a Colômbia. Na semifinal, goleada de 6 a 0 sobre Honduras (dois gols de Neymar, dois de Gabriel Jesus, um de Marquinhos e outro de Luan) e vaga na decisão contra a Alemanha.
Claro que muita gente temeu pelo pior, lembrou do 7 a 1, dos fantasmas, do choro. Mas o time brasileiro foi equilibrado e abriu o placar com Neymar, cobrando falta, aos 27’ do primeiro tempo. Na segunda etapa, Meyer empatou e o jogo foi para a prorrogação, que terminou sem gols. A decisão foi para os pênaltis e o goleiro Weverton defendeu o chute de Petersen. Na última cobrança, Neymar fez o gol do Brasil, garantiu o 5 a 4 e o primeiro título olímpico da seleção. Demorou, mas quando veio, foi inesquecível! De lavar a alma. E com a “benção” do Maracanã.
Brasil 1×1 Alemanha (5 a 4 nos pênaltis)
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 63.707
Árbitro: Alireza Faghani (Irã)
Brasil: Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos; Walace e Renato Augusto; Gabriel Jesus, Luan e Neymar; Gabriel Barbosa.
Alemanha: Timo Horn; Lukas Klostermann, Matthias Ginter e Niklas Süle; Sven Bender, Jeremy Toljan, Maximilian Meyer, Julian Brandt, Serge Gnabry e Lars Bender (Promel); Davie Selke (Petersen).
Gols: Neymar-BRA (27/º), Max Meyer-ALE (14/2º)
Futebol Feminino
Ouro: Alemanha
Prata: Suécia
Bronze: Canadá
Por pouco a Alemanha não fez uma dobradinha histórica no futebol em 2016. Se os homens perderam o ouro, as mulheres garantiram o primeiro título ao país na modalidade com uma campanha histórica e contra os prognósticos que apontavam EUA, Canadá e Japão como favoritos. Na fase de grupos, as alemãs terminaram na segunda colocação após vitória sobre Zimbabwe (6 a 1), empate contra a Austrália (2 a 2) e derrota para o Canadá (2 a 1). Nas quartas, a equipe encarou a China e venceu por 1 a 0 (gol da artilheira Behringer) e reencontrou o Canadá na semifinal. Só que a vingança veio em hora oportuna com um triunfo por 2 a 0 e a sonhada vaga na decisão, contra a Suécia, que vinha embalada após despachar EUA e Brasil em disputas de penalidades.
Diante de mais de 50 mil pessoas no Maracanã, as alemãs abriram o placar no começo do segundo tempo com Marozsán e ampliaram pouco depois, em gol contra de Sembrant. As suecas foram pra cima e descontaram cinco minutos depois, mas a Alemanha se segurou e venceu por 2 a 1. Foi o terceiro grande título da seleção, que se somou às duas Copas do Mundo conquistadas em 2003 e 2007.
Suécia 1×2 Alemanha
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 52.432
Árbitra: Carol Chenard (Canadá)
Suécia: Hedvig Lindahl; Linda Sembrant, Nilla Fischer, Elin Rubensson (Magdalena Eriksson) e Jessica Samuelsson; Kosovare Asllani (Pauline Hammarlund), Caroline Seger, Lisa Dahlkvist e Lotta Schelin; Olivia Schough e Sofia Jakobsson (Stina Blackstenius).
Alemanha: Almuth Schult; Saskia Bartusiak, Annike Krahn, Tabea Kemme e Leonie Maier; Dzsenifer Marozsán, Sara Däbritz (Svenja Huth) e Melanie Behringer (Lena Goessling); Alexandra Popp, Anja Mittag e Melanie Leupolz.
Gols: Marozsán-ALE (3’/2º), Sembrant-SUE, contra (17’/2) e Blackstenius-SUE (22’/2º)
Tóquio – 2020
Futebol Masculino
Ouro: Brasil
Prata: Espanha
Bronze: México
Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram os mais atípicos de toda a história. Por conta da pandemia da COVID-19, o evento foi cancelado em 2020 e realizado em 2021, mas manteve o nome original, sem alterações do ano na logomarca (por isso mantivemos o 2020 também). Por causa dessa adversidade, os jogos tanto do futebol masculino quanto feminino não tiveram público, o que tirou obviamente a empolgação das partidas. As seleções puderam ter à disposição 22 atletas por jogo ao invés dos 18 jogadores tradicionais, uma alteração motivada pela pandemia. Com partidas mornas, o torneio não teve surpresas e Brasil e Espanha, ambos campeões olímpicos, conseguiram suas vagas na decisão.
O time canarinho começou bem ao vencer a Alemanha por 4 a 2, com três gols de Richarlison só no primeiro tempo. Na sequência, empate sem gols contra Costa do Marfim e vitória por 3 a 1 sobre a Arábia Saudita, triunfo que garantiu a primeira colocação ao time sul-americano. Nas quartas de final, vitória por 1 a 0 sobre o Egito e, na semifinal, o adversário foi o México, algoz de 2012. O jogo foi truncado e o gol não saiu nem nos 90 minutos nem na prorrogação. Nos pênaltis, o Brasil teve 100% de aproveitamento e venceu por 4 a 1.
A Espanha conseguiu a vaga nas quartas de final jogando bem abaixo da média. Na estreia, empate sem gols contra o Egito. No segundo jogo, vitória por 1 a 0 sobre a Austrália e, na partida final, empate em 1 a 1 com a Argentina. Mesmo com cinco pontos, a Espanha conseguiu o primeiro lugar no grupo. Nas quartas, sufoco contra Costa do Marfim e empate em 2 a 2 no tempo regulamentar. Na prorrogação, Mir, duas vezes, e Oyarzabal fizeram os gols que decretaram a vitória por 5 a 2 e a vaga na semifinal. E, de novo, a Fúria precisou da prorrogação para vencer o anfitrião Japão: 1 a 0, gol de Asensio, um dos convocados com mais de 23 anos.
A decisão foi cercada de expectativa pelo peso das seleções e pelo fato de as Olimpíadas ganharem mais um bicampeão, além de o Brasil ter a chance de vencer o segundo ouro seguido, algo restrito apenas ao Uruguai (1924 e 1928), Argentina (2004 e 2008), Hungria (1964 e 1968) e Grã-Bretanha (1908 e 1912). O duelo foi bastante disputado e o Brasil teve a chance de abrir o placar aos 37’ do primeiro tempo, mas Richarlison chutou para fora. A volta por cima veio rápido e Matheus Cunha abriu o placar nos acréscimos, após receber dentro da área, ganhar de três marcadores e chutar forte para o gol de Unai Simón.
No segundo tempo, a Espanha foi para cima e empatou em outro belo gol, anotado por Oyarzabal, em chute de primeira. Pela terceira vez seguida, a Espanha levou um jogo para a prorrogação. Cansados, os times chegaram ao limite, mas o Brasil buscou o gol graças às mexidas do técnico Jardine, entre elas Malcom, que entrou no lugar de Matheus Cunha e fez o gol da vitória e do ouro brasileiro no segundo tempo da prorrogação. Enfim, o bicampeonato foi do Brasil. E o país chegou ao mesmo patamar dos vizinhos Uruguai e Argentina, além de ser campeão olímpico no mesmo estádio onde foi campeão do mundo em 2002. Simplesmente histórico!
Brasil 2×1 Espanha (na prorrogação)
Data: 07 de agosto de 2021
Local: Estádio Internacional de Yokohama, Yokohama, Japão
Público: sem público
Árbitro: Chris Beath (Austrália)
Brasil: Santos; Daniel Alves, Diego Carlos, Nino e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Reinier); Antony (Gabriel Menino), Richarlison (Paulinho) e Matheus Cunha (Malcom).
Espanha: Unai Simón; Óscar Gil (Vallejo), Eric García, Pau Torres e Cucurella (Miranda); Zubimendi (Moncayola), Merino (Soler) e Pedri; Dani Olmo, Asensio (Bryan Gil) e Oyarzabal (Mir).
Gols: Matheus Cunha-BRA (47’/1º); Oyarzabal-ESP (16’/2º); Malcom-BRA (2’/2º da prorrogação)
Futebol Feminino
Ouro: Canadá
Prata: Suécia
Bronze: EUA
Mais uma vez a Suécia chegou a uma final olímpica e não conseguiu o ouro. E, ao contrário de 2016, a derrota em Tóquio foi ainda mais dolorida. As escandinavas fizeram uma primeira fase marcante e enfiaram logo 3 a 0 na seleção dos EUA, principal favorita e campeã do mundo em 2019. Na sequência, 4 a 2 sobre a Austrália e 2 a 0 sobre a Nova Zelândia, resultados que colocaram as suecas na liderança e nas quartas de final. O desafio seguinte foi o Japão, anfitrião, mas outra vez a Suécia sobrou e fez 3 a 1. Na semifinal, reencontro com a Austrália e vitória magra por 1 a 0.
A rival das europeias foi o Canadá, da histórica artilheira Christine Sinclair. A seleção alvirrubra fez uma fase de grupos apenas razoável com dois empates (1 a 1 com o Japão e 1 a 1 com a Grã-Bretanha) e uma vitória (2 a 1 sobre o Chile). Nas quartas de final, as canadenses eliminaram o Brasil nos pênaltis (4 a 3) após empate sem gols e despacharam os EUA com uma vitória por 1 a 0. Pela quantidade de gols que havia marcado nas Olimpíadas e o futebol apresentado, a Suécia entrou na disputa pelo ouro como favorita e abriu o placar no primeiro tempo, com a artilheira Blackstenius. Mas, na segunda etapa, Canadá empatou e forçou a prorrogação.
Sem gols no tempo extra, a disputa foi para os pênaltis e as canadenses venceram por 3 a 2, acabando com o estigma do bronze que perseguia as norte-americanas desde 2012. Foi um prêmio a uma seleção que há muito tempo vinha bem no cenário futebolístico feminino e também o sonhado ouro para a capitã Sinclair, grande lenda do esporte e que merecia demais por sua brilhante carreira. Um destaque da edição de Tóquio foi a artilharia da holandesa Vivianne Miedema, autora de 10 gols, novo recorde na competição feminina, superando os seis gols da canadense Sinclair, em 2012.
Suécia 1×1 Canadá (Canadá 3×2 Suécia nos pênaltis)
Data: 06 de agosto de 2021
Local: Estádio Internacional de Yokohama, Yokohama, Japão
Público: sem público
Árbitra: Anastasia Pustovoitova (Rússia)
Suécia: Hedvig; Glas, Ilestedt, Bjorn e Eriksson; Angeldal, Seger, Fridolina e Jakobsson; Blackstenius e Asllani.
Canadá: Labbe; Lawrence, Gilles, Buchanan e Chapman; Scott, Flemming e Quin; Sinclair, Beckie e Prince.
Gols: Blackstenius-SUE (34’/ 1º) e Fleming-CAN (21’ / 2º).
Paris – 2024
Futebol Masculino
Ouro: Espanha
Prata: França
Bronze: Marrocos
Campeã olímpica em 1992, em casa, e vice em 2000 e 2020, a Espanha perseguia há muito tempo o bicampeonato. E, com uma safra talentosa e inspirada pelo título da Eurocopa de 2024 conquistado no mês anterior aos Jogos pela seleção principal, a roja voltou ao lugar mais alto do pódio em Paris com uma grande campanha. Na estreia, a equipe espanhola venceu o Uzbequistão por 2 a 1 – gols de Pubill e Sergio Gómez. No duelo seguinte, vitória por 3 a 1 sobre a República Dominicana – gols de Fermín López, Baena e Gutiérrez -, resultado que selou a vaga da roja, que perdeu para o Egito por 2 a 1 no último jogo e terminou na segunda posição.
Nas quartas de final, a Espanha venceu o Japão por 3 a 0, com dois gols de Fermín López e um de Ruiz. Nas semis, o rival foi a forte seleção do Marrocos, que abriu o placar com o artilheiro Rahimi, no primeiro tempo, mas Fermín López, aos 65’, e Sánchez, aos 86’, viraram o jogo e classificaram a roja para a decisão. A vitória foi também uma ligeira vingança da Espanha diante de Marrocos, que eliminou a equipe europeia nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2022.
Na final, no Parque dos Príncipes, a Espanha teve uma missão ingrata: encarar a anfitriã França, embalada, com 100% de aproveitamento e treinada pela lenda Thierry Henry. Os Bleus começaram com tudo e abriram o placar aos 11’, com Millot. Mas a Espanha não se abateu e Baena encontrou o espaço necessário para dar uma bola perfeita que Fermín López não desperdiçou: 1 a 1. O gol atordoou a França e Fermín López, aos 25’, virou. Três minutos depois, Baena cobrou falta perfeita e ampliou para 3 a 1. No segundo tempo, a Espanha diminuiu o ritmo e permitiu a chegada da França, que descontou com Akliouche, aos 34’, e colocou fogo no jogo. Aso 45’, o VAR indicou pênalti para a França e Mateta, artilheiro francês nas semis, empatou em 3 a 3 e premiou o ótimo segundo tempo e a entrega total da França diante de um jogo tão dramático.
Na prorrogação, a Espanha, mesmo desfigurada por conta das modificações realizadas no segundo tempo regulamentar, conseguiu se recompor e, aos 10’, Camello recebeu dentro da área e, com um toque por cobertura na saída do goleiro, fez 4 a 3. A partida já tinha 40 finalizações até aquele momento, uma loucura e um banquete de bom futebol em uma das maiores finais olímpicas de todos os tempos.
No segundo tempo da prorrogação, a França tentou, mas não conseguiu empatar e, em um contra-ataque no minuto final, Camello recebeu um passe espetacular do goleiro Tenas (que lançou com a mão!). O atacante avançou e chutou pro fundo do gol: 5 a 3. Espanha bicampeã olímpica! A medalha de ouro foi o título que comprovou ainda mais a fase espetacular do futebol espanhol, que venceu a Liga das Nações da UEFA de 2022-2023, a Eurocopa de 2024 e as Olimpíadas de 2024, além da Copa do Mundo Feminina da FIFA de 2023.
Além da campeã, outro destaque foi a seleção de Marrocos, que alcançou um inédito bronze olímpico ao golear o Egito por 6 a 0. Rahimi, atacante marroquino, foi o artilheiro da competição masculina com 8 gols marcados e marcou em todos os jogos disputados por Marrocos nas Olimpíadas! Foram dois gols na vitória sobre a Argentina por 2 a 1; um gol na derrota por 2 a 1 para a Ucrânia; um gol nos 3 a 0 sobre o Iraque; um gol nos 4 a 0 sobre os EUA, nas quartas de final; um gol na derrota por 2 a 1 para a Espanha, nas semis; e dois gols nos 6 a 0 sobre o Egito na disputa do bronze. Foi o melhor desempenho de um artilheiro desde os 8 gols de Carlos Tevez, da Argentina, em 2004.
França 3×5 Espanha
Data: 09 de agosto de 2024
Local: Parque dos Príncipes, Paris, França
Público: 48 mil pessoas
Árbitro: Ramon Abatti (Brasil)
França: Restes; Sildilla (Cherki), Bade, Lukeba e Truffert; Kone (Magassa); Millot (Doue) e Chotard (Akliouche, 52’); Olise, Lacazette (Kalimuendo) e Mateta. Técnico: Thierry Henry.
Espanha: Tenas; Pubill (Sánchez), García, Cubarsí e Miranda; Barrios e Baena (Turrientes); Oroz (Pacheco), Fermín López (Bernabé) e Gómez; Ruíz (Camello). Técnico: Santi Denia.
Gols: Millot-FRA (11’/ 1º), Fermín López-ESP (18’ e 25’ / 1º), Baena-ESP (28’ / 1º), Akliouche-FRA (34’ / 2º), Mateta-FRA (pênalti, 45’+3’ / 2º), Camello-ESP (10’ / 1º da prorrogação e 15’ do 2º T da prorrogação).
Futebol Feminino
Ouro: EUA
Prata: Brasil
Bronze: Alemanha
Ausente do lugar mais alto do pódio nas duas últimas Olimpíadas – a Alemanha foi ouro em 2016 e o Canadá em 2020 – os EUA retomaram o posto nos Jogos de Paris com 100% de aproveitamento e alcançaram o 5º ouro de sua história, um recorde absoluto na categoria. Na fase de grupos, as Stars venceram sem sustos Zâmbia (3 a 0), Alemanha (4 a 1) e Austrália (2 a 1). Nas quartas, derrotaram o Japão na prorrogação por 1 a 0 e, nas semis, superaram a Alemanha também na prorrogação pelo placar mínimo.
Na final, a adversária foi a velha conhecida seleção brasileira, vítima das estadunidenses nos Jogos de 2004 e 2008. O Brasil até fez um bom primeiro tempo, mas a equipe dos EUA fez 1 a 0 logo aos 12’ do segundo tempo, segurou o placar e ficou com o título olímpico. Na disputa do bronze, a Alemanha derrotou a Espanha por 1 a 0 e ficou com sua quinta medalha na história – um ouro e quatro bronzes.
EUA 1×0 Brasil
Data: 10 de agosto de 2024
Local: Parque dos Príncipes, Paris, França
Público: 43.813 pessoas
Árbitra: Tess Olofsson (Suécia)
EUA: Naeher; Fox, Girma, Davidson (Sonnett) e Dunn; Coffey e Albert; Rodman, Horan e Swanson (Krueger); Smith (Williams). Técnica: Emma Hayes.
Brasil: Lorena; Lauren (Rafaelle Souza), Tarciane e Thaís; Adriana, Yaya (Ana Vitória), Duda Sampaio (Angelina) e Yasmin; Gabi Portilho, Jheniffer (Priscila) e Ludmilla (Marta). Técnico: Arthur Elias.Gol: Swanson-EUA (12’/ 2º).
Maiores vencedores – Futebol Masculino
Maiores artilheiros
Sophus Nielsen (Dinamarca) – 13 gols
Antal Dunai (Hungria) – 13 gols
Ferenc Bene (Hungria) – 12 gols
Domingo Tarasconi (Argentina) – 11 gols
Pedro Petrone (Uruguai) – 11 gols
Maior artilheiro em uma só Olimpíada
Ferenc Bene (Hungria) – 12 gols em 1964
Maiores vencedores – Futebol Feminino
Maiores artilheiras
Cristiane (Brasil) – 14 gols
Marta (Brasil) – 13 gols
Christine Sinclair (Canadá) – 12 gols
Birgit Prinz (Alemanha) – 10 gols
Carli Lloyd (EUA) – 10 gols
Vivianne Miedema (Holanda) – 10 gols
Maior artilheira em uma só Olimpíada
Vivianne Miedema (Holanda) – 10 gols em 2020
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Você disse do time de 1988 que não ganhou a medalha de ouro, mas desperdício mesmo foi a seleção de 1996 que não ganhou o ouro. A equipe de 1988 perdeu a final para a União Soviética, mas a URSS tinha um time muito bom. Ter perdido a final para aquele time não foi demérito nenhum.
Agora, em 1996 tinha time para ganhar fácil aquela medalha de ouro. Pena que o salto foi alto demais.
Foram muito rápidos na atualização, parabéns cara. Apenas uma correção: na disputa de pênaltis contra o México, na verdade o placar foi 4 x 1, não foi 4 x 2 como foi digitado. Mas mesmo assim cada parabéns, não é um erro que tira tida a exuberância de um belo texto.
Muito obrigado!! Já corrigimos o trecho citado! Abração! 🙂
Parabéns pela matéria
Esse conscerteza deve ter sido um dos textos que mais te deu trabalho pra fazer, mas o esforço pode ter certeza que valeu a pena porque realmente ficou muito bom.
Nada a declarar. FANTÁSTICO. Espero que se deus quiser, você atualize esse texto incluindo as Olimpíadas de Tóquio 2020, se DEUS quiser com vitória do Brasil no futebol masculino. No feminino infelizmente gomos eliminado(a)s para a seleção Canadense nos pênaltis
Muito obrigado!!! E este mês o jogo Barça 2×2 Chelsea estará no Imortais!