Nascimento: 16 de fevereiro de 1964, em Salvador, Bahia, Brasil.
Posição: Atacante
Clubes: Bahia (1981, como amador), Vitória (1981, como amador), Vitória (1982-1983), Flamengo (1983-1989), Vasco da Gama (1989-1992), Deportivo La Coruña-ESP (1992-1996), Flamengo (1996), Sevilla-ESP (1997), Vitória (1997), Cruzeiro (1997), Botafogo (1998-1999), Toros Neza-MEX (1999), Gavilanes Tampico-MEX (1999), Kashima Antlers-JAP (2000), Vitória (2000), Vasco da Gama (2001), Al-Ittihad-SAL (2002), América (2010, como treinador).
Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Brasileiro (1983), 1 Módulo Verde do Campeonato Brasileiro (1987) e 1 Campeonato Carioca (1986) pelo Flamengo;
1 Campeonato Brasileiro (1989) pelo Vasco da Gama;
1 Copa do Rei da Espanha (1995), 1 Supercopa da Espanha (1995) e 1 Troféu Teresa Herrera (1995) pelo Deportivo La Coruña;
1 Campeonato Baiano (1997) e 1 Copa do Nordeste (1997) pelo Vitória;
1 Torneio Rio-São Paulo (1998) pelo Botafogo;
1 Campeonato Japonês (2000), 1 Copa do Imperador (2000) e 1 Copa da Liga Japonesa (2000) pelo Kashima Antlers.
Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo da FIFA (1994), 1 Copa América (1989), 1 Copa das Confederações da FIFA (1997), Medalha de prata – Jogos Olímpicos de Seul (1988) e Medalha de bronze – Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) pelo Brasil.
Principais títulos individuais e artilharias:
Artilheiro do Campeonato Carioca: 1988 (17 gols), 1989 (18 gols)
Artilheiro da Copa América: 1989 (6 gols)
Artilheiro do Campeonato Brasileiro: 1992 (18 gols)
Artilheiro do Campeonato Espanhol: 1993 (29 gols)
Artilheiro do Torneio Rio-SP: 1999 (5 gols)
Craque do Ano da Revista Placar (1989)
3º Maior jogador do Mundo eleito pela revista inglesa World Soccer (1989)
Jogador Sul-Americano do Ano (1989)
Revelação do Campeonato Brasileiro (1984)
Bola de Prata (1992)
Eleito um dos 100 Craques do Século da World Soccer (Eleito pelos Leitores em 1999)
19º Maior jogador brasileiro do Século XX pela IFFHS (1999)
“O baiano mais carioca do Brasil”*
*Texto de Antony Curti
A Bahia nunca viu um atacante como Bebeto. Provavelmente também nunca mais verá. Com passagem pelas categorias de base dos dois principais clubes de Salvador para depois brilhar nos dois times de maior torcida do Rio de Janeiro, José Roberto Gama de Oliveira acabou sendo lembrado por muitos como o “coadjuvante” de Romário na Copa do Mundo FIFA de 1994 ou como o substituto do mesmo após o corte na Copa de 1998. Mas sua carreira vai muito além disso. Bebeto tinha velocidade, bom toque de bola e maestria ao recepcionar cruzamentos dentro da área. Tinha o dom em levitar para aplicar voleios magníficos e surpreender o mais temido goleiro. E tinha a ginga natural para o drible curto que entortou zagueiros por todo o mundo. É hora de relembrar a história do coadjuvante mais estrela que o futebol brasileiro já teve.
O início no futsal
Bebeto começou sua paixão pela bola no futsal da AAB (Associação Atlética da Bahia), um clube da região de Salvador. Após algum tempo, o jovem foi descoberto por um olheiro, que o levou para o EC Bahia. Bebeto vestiu por pouco tempo a camisa tricolor (um mês) e logo em seguida foi jogar no Vitória, onde se profissionalizou ainda em 1982. Rapidamente, o garoto foi convocado para a seleção brasileira que veio a ser campeã mundial sub-20 no México.
Naturalmente, o interesse dos clubes do sudeste haveria de ser marcante. Em 1983, o Flamengo sondou o passe do baiano e conseguiu trazê-lo para a Gávea. Muito jovem, Bebeto sequer imaginava o peso que carregaria nas costas, afinal, ele tinha a missão de suplantar a saída de Zico e a perda do irmão mais velho. O início não foi nada fácil – a equipe caiu na Libertadores de 1984 mesmo tendo a melhor campanha, perdeu a final do Carioca para o Fluminense e caiu nas quartas de final do Brasileirão. O biênio 1984-1985 foi de amadurecimento pessoal e profissional – ao mesmo tempo que a torcida continuou na seca de títulos importantes após ficar mal acostumada na Era Zico. Seria impossível que o franzino baiano substituísse o “Galinho de Quintino” no coração da torcida, afinal, sequer jogavam na mesma posição – vale lembrar que Zico tinha mais a característica de técnica refinada, sendo meia-atacante (enquanto Bebeto na maior parte da carreira se portou como segundo atacante). Com o tempo, o jovem conseguiu superar os anos difíceis e a provar cada vez mais que tinha qualidade e técnica para ser muito mais que um príncipe herdeiro. E que podia ser campeão pelo rubro-negro.
Títulos e início da era de ouro
Na Copa União de 1987 (leia mais sobre o polêmico torneio clicando aqui), Bebeto marcou um gol por jogo. Ao lado de um elenco estelar que reunia jovens talentosos e veteranos consagrados (Zico, Andrade e Edinho no segundo grupo, bem como Leonardo, Jorginho, Zinho, Renato Gaúcho e o próprio Bebeto no primeiro), a equipe foi campeã do Módulo Verde.
Campeão da Taça Guanabara em 1988 e 1989 – tendo sido artilheiro, embora caído ante Vasco e Botafogo na final do Campeonato Carioca, respectivamente, Bebeto já tinha 143 tentos com o manto rubro-negro. Após ser rendido e eliminado pelo Grêmio no Campeonato Brasileiro de 1988, a expectativa para 1989 era alta, afinal, Bebeto começava a atingir o auge de sua carreira, então com 24 anos. Era hora de um contrato extenso, com boas quantias e que garantisse o futuro do atacante como jogador do Flamengo. Mas não foi bem assim que a história se desenvolveu.
Bebeto estava com o contrato vencido e o preço foi estabelecido por arbitragem pela Federação Carioca. O Flamengo assistiu inerte enquanto a diretoria do Vasco assinava pelo valor estabelecido pela FERJ. Era como se o pior inimigo tivesse roubado sua namorada de si. Era o pesadelo para a torcida do Flamengo ver seu principal jogador no ataque virar um reforço do rival, assim, do dia para a noite. Mas não era pesadelo. Era verdade. Revoltados, os torcedores começaram a chamar Bebeto de mercenário e de chorão, haja vista a facilidade pela qual o atacante chorava nos gramados. Em 2009, à revista inglesa Four Four Two, assim explicou a controvérsia da saída:
“Eu nunca quis sair do Flamengo. O Flamengo faz parte da minha vida, da minha história. Sou flamenguista. Na verdade, sou Vitória e Flamengo (…). Na Gávea eu joguei oito anos, foi lá que conheci a Denise, minha mulher. (…) Aí o passe foi para a federação e o presidente do Vasco o enganou, estava em Portugal com ele, e disse que não estava nada certo, mas já tinha tudo acertado comigo. Eu ainda tentei desistir, mas entrou meu procurador no meio, que estava ganhando uma porcentagem com o meu passe e por isso não queria que eu desistisse. Terminei indo para o Vasco.”
1989, ano de títulos
O Vasco da Gama precisava urgentemente de reforços para a segunda metade da temporada de 1989. Bebeto foi, de modo determinante, o atleta de destaque do Vasco na conquista do Campeonato Brasileiro de 1989 (leia mais clicando aqui). Ao mesmo tempo, o atacante formou com Romário, na Copa América de 1989, o que seria o embrião do Tetra em 1994. Outrora rivais por Flamengo e Vasco – e não tendo atuado juntos por este pelo fato de Romário haver se transferido para a Europa – os dois protagonizaram o melhor ataque do certame, o qual catapultou a seleção para um título que não conquistava desde 1949.
A dupla não se perfez na Copa do Mundo de 1990 – o Brasil veio com um time bastante defensivo, com três zagueiros e um meio campo cujo escopo era roubar a bola do adversário e jogar no contra-ataque.
Transferência para a Europa e o emblemático Tetra
Após ser campeão brasileiro e fazer sólidas campanhas nos anos posteriores, Bebeto atraiu a atenção do Deportivo La Coruña e para lá se transferiu em 1992, equipe em franca ascensão na Espanha. Embora os azuis não tenham tido força para vencer La Liga, Bebeto se mostrou um artilheiro implacável e ganhou o respeito de todos com a artilharia do Campeonato de 1993, ao anotar 29 gols e ficar à frente de Zamorano (do real Madrid) e Stoichkov (do Barcelona). O craque ainda celebrou, anos depois, a Copa do Rei de 1995, seu principal título pelo clube.
Aquele, contudo, não seria o principal caneco de Bebeto na década de 1990. Finalmente formando a dupla que ergueu a taça na Copa América de 1989 com Romário, Bebeto se mostrou na melhor forma da carreira na Copa do Mundo FIFA de 1994, disputada nos Estados Unidos.
A dupla era mortal porque ambos eram parecidos e se completavam ao mesmo tempo. Baixos, rápidos e com uma proficiência incrível para bater de primeira na bola, Bebeto conseguir atrair a marcação para os flancos – no meio tempo em que Romário ficava livre para finalizar em seu território favorito, a grande área. Não tinha como o resultado ser outro senão o título, mesmo que a armada tática de Parreira tivesse um viés defensivo durante todo o certame. O momento marcante na participação de Bebeto na Copa foi o segundo gol contra a Holanda em Dallas, no Cotton Bowl.
Aos 18’ da etapa complementar, De Goey repôs a bola ao jogo e a zaga brasileira rebateu com Branco, de cabeça. A bola foi em direção ao ataque. Buscava Romário. Mas o baixinho, impedido, fingiu que não era com ele e continuou caminhando, como se estivesse na praia, tranquilo, de folga. A bola pingou no gramado e achou Bebeto. Ele não estava impedido… O camisa 7 dominou, se livrou do zagueiro, ficou cara a cara com De Goey, driblou o goleirão e marcou um golaço, plástico, daqueles que amamos marcar no vídeo game, na pelada do fim de semana. Gol de Allejo (quem conhece sabe hehehe)! Mas foi em quartas de final de Copa do Mundo: 2 a 0.
Bebeto transbordava alegria. E, na comemoração, simulou embalar um nenê. Era a homenagem espontânea e incrível ao filho que nascera dois dias antes. Mazinho e Romário ajudaram o baiano na cena e o lance se tornou um dos mais emblemáticos e reprisados da história das Copas, além de fazer escola e ser imitado por dezenas e dezenas de jogadores.
“Foi um gesto espontâneo, cheio de amor, ternura. Tal gesto simples, tão espontâneo, vem do coração. Foi uma homenagem à minha esposa e ao meu filho. E, sinceramente, não sabia que teria todo esse impacto.” – Bebeto, em entrevista ao site da Conmebol, 04 de junho de 2014.
A comemoração do “embala nenê”, em homenagem ao filho que acabara de nascer, seria imitada por muitos atletas da bola ao redor do mundo. O Brasil venceu a Holanda por 3 a 2 e seguiu firme rumo ao título mundial. Leia mais clicando aqui.
De Volta para a Gávea, passagens pontuais e o fim de carreira
Após o fracasso do projeto centenário do Flamengo, em 1995 (o clube gastou rios de dinheiro e não ganhou nada), o clube trouxe de volta Bebeto a fim de retomar os bons tempos. Ao contrário dos anos 80, quando chegou para substituir Zico, Bebeto chegava como salvador para colocar ordem no pífio ataque da Gávea. Ele não teve nem de longe o sucesso da década de 80 e começou a ser criticado pela torcida – a qual não havia esquecido a saída conturbada para o Vasco. Em meio a esse turbilhão, Bebeto voltou para a Espanha – onde teve passagem pontual pelo Sevilla, em 1997.
Após voltar a vestir a camisa do Vitória, o atacante foi para o Botafogo e conquistou o Torneio Rio-São Paulo de 1998. No mesmo ano, foi convocado por Zagallo para a disputa da Copa do Mundo, onde fez dupla de ataque com Ronaldo após o corte de Romário. Longe dos melhores tempos, Bebeto não foi nem de longe o craque de 1994, mas ainda sim cumpriu seu papel. Naquela época, a estrela era Ronaldo, que fez uma ótima Copa até a fatídica final – perdida para a França por 3 a 0. Aquele foi o último Mundial de Bebeto, que se despediu da amarelinha com 39 gols em 75 jogos.
Pós-Carreira: Cargos como Treinador, Dirigente e Deputado Estadual
Após a passagem pelo Botafogo, Bebeto passou por vários clubes até se aposentar no futebol árabe, em 2002. Depois da aposentadoria, o craque foi empresário de alguns jogadores e teve curta carreira como treinador no América, em 2010, após convite de Romário – então dirigente do clube. Acabou tendo passagem apagada, sendo demitido no mesmo ano após derrota ante o Olaria no Campeonato Carioca.
Bebeto goza de extrema popularidade no Rio de Janeiro – até por ter passado pelos dois clubes com maiores torcidas do Estado. Assim, acabou se engajando na política e foi eleito Deputado Estadual em 2010 no Rio – e reeleito em 2014 com a impressionante votação de 61 mil votos.
Não dá para falar que Bebeto foi um dos dez melhores jogadores brasileiros de todos os tempos – afinal, a lista teria outros nomes titânicos como Zico, Ronaldo, Romário, Sócrates, Falcão, Garrincha, Leônidas e tantos outros. Mas é certo dizer que o baiano mais carioca que o futebol já viu foi elemento essencial no imaginário do futebol nos anos 1980 e garantiu a memória de longo prazo do torcedor ao ajudar o Brasil no Tetra.
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Este craque dotado de fantasia, técnica e leitura de jogo fora do comum jogou nos anos 90, na minha opinião a época dourada do futebol e na sua posição (segundo-avançado) a concorrência era MUITA! Jogaram e começaram a aparecer jogadores que fizeram história nos seus clubes e seleções tais como Roberto Baggio, Hristo Stoichkov, Bergkamp, Alex del
Piero, Cantona, Zola, Rivaldo, Totti, Henry, Schevchenko, Raúl, Recoba… e o baiano não perdia pra ninguém. Ao lado de Romário conquistou o Mundo e na Corunha foi Rei…
Ótimas Informações
Excelente texto! Acompanho sempre o imortais
Ficou legal, mas acho que resumido demais.
Mais um excelente texto do Imortais do Futebol, já estava com saudades.
Tava c saudades dos textos de vocês.Pretendem voltar com mais frequencia ?
Que bom que vc voltou Imortais!!! Já estava com saudade de seus posts, pois seu blog é o melhor sobre a memória do futebol brasileiro e mundial!