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Esquadrão Imortal – Vitória 1992-1993

Em pé: Dida, China, João Marcelo, Gil Sergipano, Rodrigo e Renato Martins. Agachados: Roberto Cavalo, Paulo Isidoro, Claudinho, Giuliano e Alex Alves.

 

Grandes feitos: Campeão do Campeonato Baiano (1992) e Vice-campeão do Campeonato Brasileiro (1993). Alcançou a melhor colocação da história do clube na elite nacional.

Time-base: Dida (Borges); Rodrigo, João Marcelo, China e Renato Martins; Gil Sergipano (Vampeta), Roberto Cavalo (Dourado) e Paulo Isidoro (Arthurzinho / Édson Santos); Alex Alves, Claudinho (Dão / Betinho / Giuliano) e Pichetti. Técnicos: João Francisco (1992) e Fito Neves (1993).

 

“Brasil rubro-negro (por um triz)”

 

Por Guilherme Diniz

 

Quando o assunto era Campeonato Brasileiro, o Vitória não tinha boas recordações. Com mais baixos do que altos, o rubro-negro só havia ficado entre os 10 primeiros em três oportunidades: 1973 (10º lugar), 1974 (8º lugar) e 1979 (8º lugar). E, para piorar, o rival Bahia já possuía em sua galeria um título da competição, conquistado em 1988, além do caneco da Taça Brasil de 1959. Ou seja, os tricolores tinham dois títulos nacionais de expressão, enquanto o Vitória, nenhum. Mas, em 1993, o rubro-negro fez uma campanha memorável no Brasileirão e, por pouco, não alcançou o topo do Brasil. Os leões despacharam pelo caminho grandes clubes, entre eles Santos, Corinthians e o então campeão Flamengo, e chegaram à decisão, na qual perderam para o poderoso Palmeiras da Parmalat. Mesmo com o vice, o Vitória entrou para a história com sua melhor campanha na competição, começou a trilhar a partir dali uma década de 1990 brilhante e revelou talentos como o goleiro Dida, o lateral Rodrigo, o volante Vampeta, o meia Paulo Isidoro e o atacante Alex Alves. É hora de relembrar.

Índice

Capitalizando o Vitória

Pichetti, um dos destaques do Vitória da época.

 

A década de 1990 foi um verdadeiro divisor de águas para a história do rubro-negro. Após ver o sucesso do rival Bahia no âmbito nacional e uma ampliação da hegemonia estadual, o Leão da Barra precisava de uma mudança urgente se não quisesse ficar para trás de vez. Com isso, o então presidente Paulo Carneiro decidiu acabar com a política de incentivos financeiros que torcedores davam ao clube para que o Vitória caminhasse com seus próprios recursos. Era hora de pôr fim às doações e favores que perpetuavam no rubro-negro e impediam voos maiores tanto no estado quanto em torneios nacionais. Isso explicava as campanhas medíocres e a falta de competitividade do clube quando enfrentava equipes de fora da Bahia e o sobe e desce na Série A do Brasileirão. Carneiro estipulou o trabalho do clube em três pontos: 

 

  • Utilizar mais, em médio e longo prazo, o estádio Barradão para as partidas em casa; 
  • Criar campanhas de marketing a fim de trazer patrocinadores;
  • Explorar as categorias de base e aproveitar pelo menos 15 jovens por temporada no time profissional. 
Dida, principal revelação do Vitória em 1992/1993.

 

Aos poucos, tais pilares de trabalho foram incorporados e, nas categorias de base, um reforço de peso chegou: Newton Motta, responsável por revelar talentos no rival Bahia como Zé Carlos e Charles, que preferiu deixar o tricolor naquele começo de anos 1990 após desavenças com o presidente Paulo Maracajá. No Vitória, Motta ajudou a pincelar craques que gastavam a bola nas categorias de base. Ou que a defendia. É o caso de Dida, goleiraço de apenas 18 anos em 1992 e que rapidamente subiu para os profissionais. Junto com ele, foram promovidos o talentoso meia Paulo Isidoro, o meio-campista Gil Baiano, o volante Vampeta e o meia/atacante Alex Alves. Em entrevista ao Bahia Notícias em 2009, o ex-presidente do Vitória, Paulo Carneiro, comentou sobre aquela era de mudanças. 

 

“Meu maior orgulho no Vitória é ter deixado o clube sem depender mais de mecenas. Um clube que depende de uma pessoa física ou conselheiro para se sustentar é um clube que vive sob permanente risco dos humores das pessoas. Se a pessoa estiver de bom humor continuará ajudando, se estiver de mau humor, não ajudará. E uma instituição não pode depender de ninguém, não pode pertencer a ninguém, ela tem que ter vida própria. Eu acho que o meu grande processo no Vitória é que ele hoje tem autossuficiência financeira, não depende mais de ninguém. As pessoas vão passar pelo Vitória, mas a estrutura vai estar lá permanente, definitiva”.

 

Título estadual e o acesso

Em 1992, o Vitória conseguiu o acesso à Série A do Brasileirão após terminar na segunda posição do Grupo 2 da etapa inicial, ostentando a melhor defesa entre os oito times – apenas 9 gols sofridos em 14 jogos. Na etapa seguinte, os rubro-negros lideraram seu grupo de novo com a força da defesa – apenas três gols sofridos em seis jogos. E, na terceira fase, o Vitória levou apenas um gol em seis jogos no Grupo H. Na semifinal, o Leão encarou o Criciúma, que vivia grande fase após o título da Copa do Brasil de 1991 e a disputa da Libertadores de 1992, e, após perder por 2 a 1 em Santa Catarina, venceu os catarinenses em Salvador por 3 a 1, garantindo o acesso e a vaga na final. Nela, a equipe baiana acabou perdendo para o Paraná Clube e ficou com o vice. Em 30 jogos, o Vitória venceu 14 jogos, empatou nove, perdeu sete, marcou 37 gols e sofreu 19. Arturzinho, com 10 gols, foi o artilheiro do time na competição nacional.

A ótima campanha na Série B embalou o Vitória na disputa do Campeonato Baiano. Bicampeão em 1989 e 1990, o rubro-negro queria retomar a coroa no estado e aproveitar a queda de rendimento do rival Bahia, que já não tinha a força do final dos anos 1980. Em um campeonato longo e com quatro turnos (!), o Vitória sobrou desde o início e permaneceu invicto nos Ba-Vis daquela temporada – três empates e uma vitória. O experiente técnico João Francisco, campeão mineiro pelo Cruzeiro em 1984, comandou com maestria o time rubro-negro e apostou na mescla entre atletas experientes e jovens da base. Na final, a equipe empatou em 3 a 3 com o Bahia e foi campeão com 19 vitórias, 10 empates e apenas uma derrota em 30 jogos, com 72 gols marcados e apenas 19 gols sofridos. Era mais um caneco para confirmar a hegemonia do Leão no estado. E deixar a torcida na expectativa pelo ano de 1993.

 

Da Copinha ao Brasileirão

Claudinho, artilheiro do Vitória no Brasileirão de 1993.

 

Com tantos talentos, o Vitória teve na Copa SP de Futebol Júnior uma vitrine para que seus atletas pudessem brilhar. O time de base foi comandado na edição de 1993 por Péricles Chamusca, que nos anos 2000 faria história com o título da Copa do Brasil de 2004 pelo Santo André. Chamusca levou a campo nomes como o goleiro Dida, o lateral-direito Rodrigo, o volante Vampeta, o meia Paulo Isidoro, o lateral-esquerdo Júnior (este só ganharia espaço nos profissionais a partir de 1994) e o atacante Alex Alves. O Leão conseguiu alcançar a semifinal, quando acabou derrotado pelo futuro campeão São Paulo por apenas 1 a 0, em um jogo duríssimo e que teve pênalti perdido de Paulo Isidoro. Na disputa pelo 3º lugar, o Vitória venceu a Portuguesa por 1 a 0 e terminou com o bronze na Copinha.

Alex Alves, atacante de pura habilidade e talento naquele Vitória.

 

Já comandado por Fito Neves, o Vitória entrou na temporada disputando o Campeonato Baiano como favorito. Porém, mesmo com o melhor ataque (52 gols), o rubro-negro acabou atrás do rival Bahia no quadrangular final e foi vice-campeão. O revés não abalou o clube, que entrou na disputa do Brasileirão de 1993 pensando em ir longe com um elenco entrosado e os reforços do zagueiro João Marcelo, experiente e campeão brasileiro pelo Bahia em 1988, do lateral-esquerdo Renato Martins e dos atacantes Pichetti e Claudinho. 

 

Além deles, o goleiro Dida vivia grande fase após a conquista do Mundial de Juniores pela seleção brasileira em março de 1993 e, com 19 anos, era o titular da equipe, deixando Borges no banco. Jogando no 4-3-3, que se alternava no 4-4-2, o Vitória era forte no ataque e muito organizado na defesa, um de seus pontos fortes nos último anos. Se o título era algo um pouco distante, aquele time podia pelo menos chegar à fase final do Brasileirão. 

 

A saga do Leão

O Brasileirão de 1993 reuniu 32 equipes (os 20 clubes da Série A de 1992 e os 12 melhores da Série B de 1993), um regulamento inédito e nunca mais repetido. As equipes foram divididas em quatro grupos, com os três primeiros dos Grupos A e B se classificando para a etapa final, enquanto apenas os dois primeiros dos Grupos C e D iriam para a etapa seguinte. O Vitória, que vinha da Série B, estava no Grupo C, ao lado de Remo, Paysandu, Náutico, Ceará, Santa Cruz, Goiás e Fortaleza. Era mais do que obrigação do rubro-negro baiano se classificar. E o Leão da Barra conseguiu sem sustos cumprir com seu objetivo. Na estreia, vitória por 3 a 0 contra o Goiás em Goiânia. Depois, empate sem gols contra o Fortaleza, em casa, e um 3 a 0 sobre o Ceará de novo fora de casa e com triplete de Claudinho. No terceiro jogo, em casa, o Vitória venceu o bom Remo da época por 2 a 1, gols de João Marcelo e Alex Alves. Na sequência, o primeiro revés: 2 a 0 para o Paysandu, no Pará. Mas, nos dois últimos jogos do turno da chave, as vitórias sobre Náutico (2 a 0, fora) e Santa Cruz (2 a 1, em casa), deixaram o Leão firme em busca da classificação.

No returno, vitória por 3 a 1 sobre o Goiás, em casa, revés por 3 a 1 para o Fortaleza, fora, e empate sem gols contra o Santa Cruz, no Recife. Na quarta rodada, a derrota para o Remo por 2 a 0, fora, ligou o alerta no time, que viu os concorrentes ficarem próximos. A volta por cima aconteceu diante do Ceará: 2 a 1, gols de Claudinho e Alex Alves. Nos dois jogos finais, o rubro-negro se impôs e goleou: fez 4 a 1 no Náutico (três de Claudinho e um de Alex Alves) e 5 a 2 no Paysandu (mais três de Claudinho, em fase espetacular, um de Alex Alves e outro de Pichetti), resultados que deram a liderança ao Vitória. Foram 14 jogos, nove vitórias, dois empates, três derrotas, 27 gols marcados e 14 gols sofridos – 71% de aproveitamento. Era hora da fase final.

 

Revanche e a vaga na decisão

Antes de ir para a fase final, o Vitória teve que enfrentar o Paraná em um dos playoffs – o outro foi entre Remo e Portuguesa – para ver quais equipes iriam se juntar aos seis clubes dos grupos A e B. Era a chance de o Vitória se vingar do clube tricolor, que havia derrotado o rubro-negro na Série B de 1992, e eliminá-lo. Na partida de ida, em Curitiba, o Vitória abriu o placar com Alex Alves ainda no primeiro tempo e, no segundo, levou o empate. O placar de 1 a 1 deu a vantagem de mais um empate em Salvador ao Leão – como tinha melhor campanha, o Vitória podia empatar as duas partidas. E o placar de 0 a 0 em 14 de novembro selou a vaga do Vitória ao Grupo E da fase final. Os baianos tiveram pela frente três titãs: Corinthians, Flamengo (campeão brasileiro de 1992) e Santos, do artilheiro Guga.

Uma das formações do Vitória de 1993: time rápido no contra-ataque e muito organizado defensivamente.

 

A estreia do Leão foi diante do Flamengo, na Fonte Nova. E, com um gol de Roberto Cavalo, o Vitória largou na frente e venceu por 1 a 0. De novo jogando em Salvador, o rubro-negro encarou o Corinthians de Ronaldo Giovanelli, Ezequiel, Zé Elias, Luís Carlos Winck, Válber, Rivaldo e Viola. Mesmo com tantos nomes de peso, o Vitória se impôs e, com gols de Alex Alves (um golaço no qual ele arrancou do meio de campo, passou por um, dois, três, quatro e chutou na saída de Ronaldo!) e Claudinho, venceu o Timão por 2 a 1. 

Contra o Santos, fora de casa, o Vitória levou três gols do Peixe, mas revidou e também marcou três, com Paulo Isidoro, Roberto Cavalo e Pichetti: 3 a 3. No returno do grupo e muito perto da vaga, o Vitória empatou de novo com o Santos, em casa, em 2 a 2 (dois gols de Paulo Isidoro) e teve que decidir seu futuro em duelos complicados fora de casa contra Corinthians e Flamengo. Àquela altura, o Vitória tinha seis pontos (as vitórias ainda valiam dois pontos na época, e não três como hoje), enquanto o Corinthians tinha quatro pontos e Flamengo e Santos três pontos cada. 

Foto: Acervo / Gazeta Press

 

Contra o Timão, no Morumbi com 60 mil pessoas, o Vitória não se intimidou e abriu 2 a 0 em 10 minutos, gols de Roberto Cavalo e Alex Alves. No final do primeiro tempo, Rivaldo descontou para o alvinegro e, na segunda etapa, Henrique empatou. O placar de 2 a 2 manteve o Vitória na liderança, que dependia só de si e apenas um ponto para ir à final. Na última partida, contra o eliminado Flamengo no Maracanã quase vazio, o rubro-negro baiano empatou em 1 a 1 e, invicto, se classificou para uma inédita final de Brasileirão. O sonho era possível. Mesmo que tivesse pelo caminho o bicho-papão Palmeiras, endinheirado graças à Parmalat e com sua constelação de craques como Antônio Carlos, Cléber, Roberto Carlos, César Sampaio, Mazinho, Edílson, Zinho, Edmundo e Evair (é, praticamente o time todo!).

 

Prata eterna

A partida de ida da final aconteceu na Fonte Nova, tomada por mais de 77 mil pessoas. A fanática torcida do Vitória fez uma festa digna para o time que já estava na história pela inédita final nacional. Jogando com sua força máxima, o Vitória sabia que um jogo perfeito em Salvador era a única garantia de continuar vivo para a volta, no Morumbi, onde o Palmeiras teria toda a torcida a seu favor. A diferença entre as duas equipes naquela final em termos financeiros era gritante. Para se ter uma ideia, se juntasse todos os salários dos 24 jogadores do Vitória, não daria para pagar o salário do palmeirense Edmundo, que ganhava na época 30 mil dólares. Em reportagem antes da final, o atacante Alex Alves ainda disse: “A geladeira lá de casa tava estragada e dei uma de presente à minha mãe. Agora meu sonho é dar uma casa”.

Por mais que soubesse da força do rival, o Vitória era unido e muito focado. Mas, no futebol, às vezes nem isso é o suficiente. O jogo foi disputado, o Vitória tentou, mas quem venceu foi o Palmeiras: 1 a 0, gol do baiano Edílson. O time rubro-negro teria que conseguir uma vitória por dois gols em SP se quisesse o título. E, no Morumbi com mais de 88 mil pessoas, o Palmeiras praticamente selou a taça em menos de cinco minutos, quando Roberto Carlos cruzou e Evair marcou o primeiro gol, aos 4’. Aos 23’, César Sampaio, em passe de trivela, encontrou Edmundo livre, que fez o 2 a 0. O Verdão venceu o título brasileiro, seu primeiro desde 1974, enquanto o Vitória acabou com o vice.

 

Em 24 jogos, foram 11 vitórias, oito empates, cinco derrotas, 39 gols marcados (2º melhor ataque) e 27 gols sofridos. Claudinho, com 10 gols, foi o artilheiro rubro-negro na competição, enquanto Alex Alves anotou 8 gols. Dida, Roberto Cavalo e Alex Alves venceram a Bola de Prata da Placar e integraram o time do ano do Brasileirão de 1993. Paulo Isidoro, um dos destaques daquele time, recordou em entrevista ao Correio 24h: “Não houve fracasso. Poucos acreditavam na gente. Foi tudo muito mágico. Participamos daquilo com orgulho e isso não pode passar em branco”.

 

Embalo para tempos de ouro

 

A partir de 1993, o Vitória começou a dominar o estado e passou a realizar grandes campanhas em competições nacionais, principalmente na virada do século. Com mais organização, foco nas categorias de base e confiança, o time cravou de vez seu lugar entre os principais clubes do país e deixou o rival Bahia com muita inveja naqueles anos 1990 e boa parte dos anos 2000. Se um grande título nacional da elite ainda não veio – a equipe foi 3ª colocada no Brasileirão de 1999 e vice-campeã da Copa do Brasil de 2010 -, o clube sabe que uma hora ele pode chegar. E inspiração não falta. Basta resgatar a história do esquadrão de 1993, o responsável por projetar de vez o Vitória para todo Brasil. 

 

Os personagens:

Dida: depois de conseguir uma chance nos titulares do Cruzeiro de Arapiraca, pelo qual disputou o Campeonato Alagoano de 1991, aos 17 anos, Dida foi levado para o Vitória por um olheiro do clube, que ficou surpreso com o talento daquele jovem de quase dois metros de altura. A partir de 1992, começaria em definitivo a carreira do goleirão, que ganhou já em 1993 a Bola de Prata da revista Placar como melhor goleiro do Brasileirão. E foi justamente no Campeonato Brasileiro de 1993 que Dida começou a demonstrar algumas de suas principais virtudes: frieza, amplo domínio da área e o estilo de grande “shot-stopper” (defensor de chutes). 

Com muita elasticidade e 1,95m de altura, Dida tinha as características de um grande e seguro goleiro mesmo com a pouca idade. Naquela época, Roberto Cavalo (que seria companheiro de Dida no Cruzeiro), notável cobrador de faltas, dizia que não conseguia de jeito nenhum fazer gols de falta no goleirão. Após tanto brilho, Dida seguiu carreira e se transformou em um dos melhores goleiros da história do Brasil e também do futebol mundial. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Borges: um dos jogadores mais longevos da história do Vitória – jogou de 1982 até 1996 no clube! – Borges integrou o elenco multicampeão baiano no começo dos anos 1990 e foi uma referência em mais de 300 jogos pelo rubro-negro, demonstrando muita frieza e elasticidade. Só perdeu o posto de titular em 1993, com a meteórica ascensão de Dida. 

Rodrigo: cria do clube, o lateral-direito viveu um grande ano em 1993 e foi uma das referências da equipe na campanha mágica do Brasileirão. Perito em passes e cruzamentos, era uma arma muito poderosa para os contra-ataques tão precisos do time baiano na época. Após quase quatro anos no clube, foi jogar no Bayer Leverkusen e, depois no Corinthians, pelo qual venceu o Brasileirão de 1998 e dois Campeonatos Paulistas.

João Marcelo: ótimo zagueiro e cria das bases do Bahia, João Marcelo tinha uma calma impressionante dentro da área, além de ser muito técnico e se impor fisicamente perante os atacantes rivais. Experiente pelo título brasileiro conquistado pelo tricolor em 1988, levou sua qualidade ao setor defensivo do Vitória e foi um dos destaques do time na campanha de 1993. Ficou no rubro-negro até 1994.

China: após jogar no Novorizontino vice-campeão paulista de 1990, China foi levado ao Vitória por Fito Neves, que o conhecia nos tempos do tigre. No rubro-negro, o zagueiro fez uma grande parceria com João Marcelo e ajudou o clube naquela campanha do vice-brasileiro. China tinha grande poder de marcação e senso de colocação. Ele ainda ficou no clube em 1994, até jogar no Athletico-PR. 

Édson Santos: o zagueiro atuou em alguns jogos da campanha rubro-negra e vinha de anos muitos bons no clube, em especial com os títulos estaduais de 1989 e 1990.

Renato Martins: outro experiente do grupo baiano, o lateral-esquerdo tinha um Brasileirão de 1984 no currículo, conquistado pelo Fluminense – embora tenha sido reserva do incontestável Branco na época. No Vitória, levou segurança ao setor esquerdo da defesa e foi muito bom para dar proteção nas subidas ao ataque dos meio-campistas. Após o período no Vitória, jogou no America-RJ, Ceará e Portuguesa.

Gil Sergipano: volante de muita pegada no meio de campo, era o protetor naquela zona do campo e ajudava a iniciar jogadas de ataque, desarmar e marcar. Também campeão brasileiro pelo Bahia em 1988, foi muito importante com sua experiência aos mais jovens do elenco. 

Vampeta: antes de fazer história no Corinthians campeão de quase tudo no final dos anos 1990, o pentacampeão mundial Vampeta iniciou sua trajetória no Vitória. Atuando como volante e, se necessário, lateral, já esbanjava na época a técnica com a bola nos pés e a precisão nos desarmes que tanto lhe fizeram fama. Jogou no clube até 1994, quando se transferiu para o futebol holandês. Foi no rubro-negro que o jogador ganhou o apelido de Vampeta, a “mistura de vampiro com capeta”, por não ter os dentes frontais na época das categorias de base e ser muito arteiro nos alojamentos.

Roberto Cavalo: Bola de Prata no Brasileirão de 1993, o experiente meio-campista tinha um foguete nos pés e era perigosíssimo em bolas paradas. Referência ofensiva do time, ajudava também na criação das jogadas e nos lançamentos. Antes de jogar no Vitória, fez fama no Criciúma campeão da Copa do Brasil de 1991.

Dourado: revelado pelo Vila Nova de Goiás, chegou ao Vitória em 1992 para compor o meio de campo. Fez bons jogos e tinha características mais de marcação.

Paulo Isidoro: muito veloz e driblador, o meia jogou muito naquele Vitória e despontou para o futebol brasileiro. Cria das bases, era inteligente, se posicionava bem e rompia as defesas com sua velocidade. Seu nome, na verdade, era Alex Sandro Santana de Oliveira, mas ganhou o apelido de Paulo Isidoro pela impressionante semelhança física com o Paulo Isidoro que jogou muito no Atlético Mineiro dos anos 1970, no Grêmio campeão brasileiro de 1981 e na seleção brasileira da Copa de 1982. Após o vice de 1993, Paulo Isidoro foi contratado pelo Palmeiras e sagrou-se campeão brasileiro em 1994. Ele jogou ainda no Inter, no Cruzeiro e no Fluminense.

Arthurzinho: meia-direita de muita técnica e faro goleador, foi o grande nome do time em 1992, ao ajudar o Vitória na conquista do Campeonato Baiano e no acesso à Série A do Brasileiro. Anotou 24 gols no Baiano de 1992 e, com 36 anos, esbanjou vitalidade. Virou ídolo da torcida na época, mas acabou deixando o clube em 1993.

Alex Alves: o “brinquedo assassino” encantou a todos naqueles anos de 1992 e 1993 com sua técnica, arrancadas, dribles e belos gols. Foi um dos artilheiros do Vitória no Brasileiro, venceu a Bola de Prata e marcou um golaço no duelo contra o Corinthians, na fase final. Após aquele período no rubro-negro, Alex Alves jogou no Palmeiras (pelo qual venceu o Brasileirão de 1994), no Juventude, foi vice-campeão brasileiro na Portuguesa de 1996 e também no Cruzeiro de 1998. Alex Alves acabou falecendo precocemente, em 2012, vítima de leucemia.

Claudinho: outro destaque do time em 1993, o atacante anotou gols importantíssimos na trajetória do Leão. Oportunista e com bom vigor físico, anotou três tripletes, fez grandes jogos e uma referência no ataque do Vitória.

Dão: o atacante chegou ao Vitória em 1992 e foi campeão baiano naquele ano. Em 1993, perdeu espaço no ataque por conta da boa fase de Alex Alves.

Betinho: o meia chegou em 1993 ao Vitória após passagem pelo São Paulo. Não foi titular absoluto e disputou poucos jogos.

Giuliano: outra cria das bases e campeão baiano em 1992, foi uma boa opção para o meio de campo. Ajudava na criação e nos passes. Permaneceu no Leão até 1996 e faturou também os estaduais de 1995 e 1996.

Pichetti: veloz e com faro de gol, o ponta-esquerda foi outro destaque do time nas arrancadas pelas beiradas e por atrair a marcação, liberando espaços para os companheiros. Marcou 7 gols em 22 jogos na campanha do vice-campeonato brasileiro de 1993.

João Francisco e Fito Neves (Técnicos): campeão baiano em 1989 e 1992 pelo Vitória, João Francisco ajudou a moldar o time que seria vice-campeão brasileiro em 1993. Após deixar o clube, Fito Neves assumiu o Vitória e deu ainda mais poder ofensivo ao rubro-negro com os jovens das categorias de base.

 

 

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