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Esquadrão Imortal – Real Madrid 1955-1960

O time na final de 1960. Em pé: Domínguez, Marquitos, Santamaría, Pachin, José María Vidal e José María Zárraga. Agachados: Canário, Luis Del Sol, Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e Francisco Gento.
Real Madrid 1955-1960
Em pé: Domínguez, Marquitos, Santamaría, Pachín, José María Vidal e José María Zárraga. Agachados: Canário, Luis Del Sol, Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e Francisco Gento.
 

Grandes feitos: Primeiro Campeão Mundial Interclubes em 1960, Primeiro e único Pentacampeão consecutivo da Liga dos Campeões da UEFA (1955-1956, 1956-1957, 1957-1958, 1958-1959 e 1959-1960) e Tetracampeão do Campeonato Espanhol (1954-1955, 1956-1957, 1957-1958 e 1960-1961).

Time-base: Juan Alonso (Rogelio Domínguez); Marquitos (Ángel Atienza), José Santamaría (José “Joseíto” Iglesias) e Rafael Lesmes (Pachín); Juan Santisteban (Vidal), Miguel Muñoz (Enrique Mateos / Del Sol) e José María Zárraga; Raymond Kopa (Canário), Di Stéfano, Héctor Rial (Ferenc Puskás) e Francisco Gento (Luis Molowny / Ramón Marsal Ribó). Técnicos: José Villalonga (1955-1957), Luis Carniglia (1957-1959) e Miguel Muñoz (1959-1960).

 

“Um esquadrão mais que Real…”

Por Guilherme Diniz

Antes de surgir grandes forças no futebol europeu ao longo das décadas, a Europa pôde presenciar a hegemonia de dois clubes inesquecíveis nas décadas de 1940 e 1950. Na de 1940, só deu os italianos do Torino, que, mesmo em meio a 2ª Guerra Mundial, desfilaram suas habilidades pela Itália e pelo continente vencendo um pentacampeonato nacional. Já na década de 1950 foi a vez de um time espanhol dar as cartas: o Real Madrid. Sob a batuta do astuto presidente Santiago Bernabéu, o clube que era a segunda força na capital virou o maior time da Espanha e o mais temido da Europa ao conquistar nada mais nada menos que 5 Ligas dos Campeões consecutivas. Isso mesmo. O Real teve também a proeza de ser o primeiro time a vencer a Liga dos Campeões, em 1955-1956 e o Mundial Interclubes, em 1960. Os feitos do esquadrão comandado por Gento, Di Stéfano, Rial, Santamaria, Zárraga, Kopa e Puskás foram tão magníficos que a FIFA elegeu o Real Madrid o melhor time do século XX. É hora de descobrir porque os espanhóis foram tão absolutos em seis anos mais que perfeitos.

 

Reconstruindo um clube

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Em 1945, Santiago Bernabéu Yeste assumiu como presidente do Real Madrid. O novo mandatário do clube tinha como principal objetivo colocar os merengues na rota dos títulos, escassos desde o longínquo ano de 1933, quando o time venceu pela última vez o Campeonato Espanhol. Antes de tudo, ele tratou de organizar uma ampla reforma no estádio do clube, então chamado de Estádio Chamartín (o estádio passaria a se chamar Santiago Bernabéu apenas em 1955). Em 1947, tanto o estádio quanto o centro de treinamento do Real estavam novinhos em folha e prontos para revelar novas promessas e ver o clube brilhar. Mas ainda era cedo.

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Bernabéu iniciou, em 1953, uma política de contratar grandes jogadores de outros países, enfatizando a alma vencedora do time e as recentes reformas nas “casas” do time para convencer os craques. Foi com base nisso que desembarcou no clube o maior ídolo do Real Madrid na história: o argentino (que se naturalizaria espanhol anos mais tarde) Alfredo Di Stéfano, além das vindas posteriores de Héctor Rial (argentino), Raymond Kopa (francês), Ferenc Puskás (húngaro) e José Santamaría (uruguaio).

 

Acelerando em casa

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A política vencedora e ambiciosa de Bernabéu começou a render frutos em 1954. O time conquistou, depois de 21 anos, o Campeonato Espanhol, ficando 4 pontos à frente do rival Barcelona. Naquele ano, Di Stéfano foi o artilheiro da competição com 27 gols e já mostrava a exímia habilidade que encantaria a Europa muito em breve. Na temporada seguinte, o Real manteve o ritmo e faturou mais um título espanhol, com Di Stéfano e Rial marcando, juntos, 43 gols na competição. Mal sabiam eles que começaria ali uma hegemonia não só em casa, mas também no continente…

 

Nasce a Liga dos Campeões da UEFA

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O primeiro troféu da Copa dos Clubes Campeões Europeus.

 

 

Há anos que o jornalista francês Gabriel Hanot, editor do periódico francês L´Équipe, queria que a Europa tivesse um torneio interclubes legítimo. Até 1955, apenas amistosos ou torneios de pouca expressão conseguiam reunir equipes de outros países entre si. Até a América do Sul já havia tido um torneio internacional, chamado de Campeonato Sul-Americano de Clubes, em 1948, vencido pelo Vasco da Gama (BRA) e que seria o embrião da Copa Libertadores da América, criada em 1960. Foi então que Hanot conseguiu, ao lado do presidente do Real Madrid, Santiago Bernabéu, convencer a UEFA a criar uma competição oficial com os campeões dos principais países do continente.

Depois de muita insistência, a entidade decidiu, na cidade de Paris, em 1955, criar a Copa dos Clubes Campeões Europeus, que receberia décadas depois o nome atual: Liga dos Campeões da UEFA. A primeira edição do torneio reuniria 16 times, entre eles o Real Madrid, então campeão espanhol. A final seria na França, berço da competição, no estádio Parc des Princes, em Paris. A base de disputa seria simples, com partidas eliminatórias de ida e volta e a final sendo decidida em uma só partida. Esse formato seguiu por décadas, até dar lugar às fases de grupos atuais.

 

Rumo ao pioneirismo

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O Real Madrid não queria fazer feio em sua primeira grande competição internacional e tratou de lutar desde o início pelo título. A equipe fez a primeira partida na história da competição contra o Servette, da Suíça. Os espanhóis venceram o primeiro jogo fora de casa por 2 a 0, com gols de Muñoz e Rial. Na volta, em Madri, goleada por 5 a 0, com dois gols de Di Stéfano. Nas quartas de final, o time merengue enfrentou os iugoslavos do Partizan. O primeiro jogo foi em Madri e o Real goleou: 4 a 0. O time levou uma ótima vantagem para a partida de volta, em Belgrado, mas quase levou uma virada histórica ao perder por 3 a 0. Quem ajudou o time a não levar a virada foi Alfredo Di Stéfano, que ajudou a zaga com sua garra e mexeu com o brio dos companheiros, que ficaram intimidados com a pressão dos iugoslavos e sentiram bastante o frio.

Passado o susto, era hora da semifinal contra o grande Milan do trio sueco Liedholm, Nordahl e Gren, além do carrasco do Brasil em 1950, o uruguaio Schiaffino, e o pai de Paolo Maldini, Cesare Maldini. O primeiro jogo, em Madri, foi alucinante, com vitória do Real por 4 a 2. Na volta, em Milão, outro jogaço e vitória do Milan por 2 a 1. O golzinho marcado fora por Iglesias colocou o Real na primeira final da Liga dos Campeões da UEFA. O adversário seria o forte time francês do Stade de Reims.

 

A primeira e inesquecível Copa

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O jogo no Parc des Princes, na França, foi outro embate alucinante e cheio de gols. O Reims abriu 2 a 0 logo com 10 minutos de jogo com Leblond e Templin. Tempo depois, Di Stéfano diminuiu e Rial empatou para os espanhóis. No segundo tempo, o Reims ficou na frente do placar novamente, com Hidalgo, mas Marquitos e Rial sacramentaram a vitória madrilena por 4 a 3 e a conquista do inédito título de campeão europeu. O time escrevia seu nome na história como o pioneiro no torneio, além de ter em mãos um troféu continental genuíno e oficial, colocando por terra os torneios amistosos disputados por diversos clubes no continente anos antes.

 

Dobradinha em casa

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Se em 1955/1956 o Real não levou o Campeonato Espanhol, o time emendou um bicampeonato em 1956/1957 e 1957/1958, com novos shows de Di Stéfano e Rial. O time parecia não ter adversários na Espanha e deixou para trás Sevilla e Atlético de Madrid, respectivamente. Soberano no país, o esquadrão queria mesmo era ser absoluto no continente.

 

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Campeão da primeira edição, o Real Madrid “pulou” uma fase na temporada 1956/1957 da Liga dos Campeões. O time encarou o Rapid Wien, da Áustria, e parece ter sentido a falta da primeira etapa. Após vencer o primeiro jogo por 4 a 2, em casa, os merengues perderam por 3 a 1 o jogo de volta. Foi preciso uma partida extra, em Madri, para decidir o classificado. Empurrado por mais de 100 mil torcedores, o Real Madrid venceu os austríacos por 2 a 0, gols de Joseíto e Kopa, e avançou de fase. Nas quartas de final, o adversário foi mais fácil: duas vitórias por 3 a 0 e 3 a 2 sobre o Nice, da França. Nas semifinais, embate clássico contra o Manchester United. No primeiro jogo, em Madri, vitória merengue por 3 a 1, gols de Rial, Di Stéfano e Mateos. Na volta, Kopa e Rial abriram 2 a 0 para o Real, que avançou mesmo com o empate no final do jogo em 2 a 2.

 

Fazendo a festa de novo. E em casa!

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Kopa e Di Stéfano celebram mais uma conquista europeia.

 

O Real teve o privilégio de decidir em casa a sua segunda Liga, contra os italianos da Fiorentina, que tinham o brasileiro Julinho Botelho como grande astro. Mas o Real Madrid não dependia apenas de um astro como o rival. A equipe tinha vários astros que não decepcionaram os mais de 120 mil torcedores que entupiram o Santiago Bernabéu e viram Gento e Di Stéfano fazerem os 2 a 0 do Real. Sob muita festa, o Real Madrid era bicampeão europeu. Ápice para o esquadrão espanhol? Que nada! A dinastia estava apenas começando…

 

Tri e tetra

O Real trocou de técnico durante a disputa de sua terceira Liga dos Campeões, na temporada 1957/1958. O espanhol José Villalonga deu lugar ao argentino Luis Carniglia, que manteve o padrão de jogo do time, ofensivo e artístico, sem dar chances ao rival. O Real começou a caminhada rumo ao tricampeonato massacrando o Royal Antwerp, da Bélgica, ao vencer por 2 a 1 fora de casa e 6 a 0 em Madri. Nas quartas de final, clássico doméstico contra o Sevilla e goleada apoteótica no primeiro jogo, no Santiago Bernabéu: 8 a 0, com 4 gols de Di Stéfano, 2 de Kopa, 1 de Marsal e 1 de Gento. Na volta, um empate em 2 a 2 apenas para cumprir tabela colocou o Real Madrid nas semifinais para enfrentar o surpreendente Vasas, da Hungria. Na primeira partida, em casa, Di Stéfano marcou três dos 4 a 0 do Real. Na volta, a vitória dos húngaros por 2 a 0 não foi o bastante para evitar a ida dos merengues à final pelo terceiro ano seguido.

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A decisão foi contra o Milan, na cidade de Bruxelas, na Bélgica. Com duas equipes tão fortes tecnicamente e taticamente, o duelo só poderia terminar empatado: 2 a 2. Mesmo assim, o Real foi soberano no quesito posse de bola: absurdos 75%. Na prorrogação, porém, brilhou a estrela e a experiência do time, que marcou aos 107´, com Gento, o gol do tricampeonato europeu do Real. Era a coroação de Di Stéfano como melhor jogador do continente, que marcou 10 gols na Liga.

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Na temporada 1958/1959, o Real Madrid ganhou o reforço do lendário atacante húngaro Ferenc Puskás, que deixou o time madrileno ainda mais forte e quase imbatível. O time ainda mudaria novamente de técnico, com a chegada de seu ex-jogador Miguel Muñoz. A parceria Puskás-Di Stéfano começaria com tudo logo na Liga dos Campeões daquele ano, quando o Real estreou eliminando o Besiktas, da Turquia, ao vencer por 2 a 0 o primeiro jogo e empatar em 1 a 1 na volta. Nas quartas de final, após empatar sem gols contra o Wiener Sport-Club, da Áustria, o Real Madrid massacrou o rival por 7 a 1 em Madrid, com 4 gols de Di Stéfano.

Nas semifinais, duelo épico e histórico contra o rival Atlético de Madrid. No primeiro jogo, no Santiago Bernabéu, vitória dos merengues por 2 a 1, gols de Rial e Puskás. Na volta, vitória do Atlético por 1 a 0, forçando uma nova partida, em campo neutro, na cidade de Zaragoza. Di Stéfano abriu o placar para o Real, mas Collar empatou dois minutos depois. Ainda no primeiro tempo, Puskás mostrou porque era gênio e fez o gol da vitória do Real, que colocou a equipe pela 4ª vez seguida na final.

 

Novo velho rival

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O Real reencontrou o Stade de Reims na decisão da Liga dos Campeões de 1958/1959, na cidade de Stuttgart (ALE). Os franceses tinham a chance de se vingar da derrota em 1956. Já o Real queria confirmar a hegemonia e manter o gosto único de ser campeão europeu, não compartilhado com nenhum clube até então. Logo no começo do jogo, Mateos abriu o placar para o Real. No comecinho do segundo tempo, Di Stéfano fez o segundo e último gol do Real, decretando a vitória e o tetracampeonato europeu. Era incrível: Real Madrid tetra! Ninguém havia vencido a Liga dos Campeões, apenas os merengues. Eles eram soberanos, ávidos por vitórias e brilhantes. Qual era o limite para aquele esquadrão?

 

A mais brilhante das conquistas

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O Real Madrid não precisava provar mais nada a ninguém. O time já era o maior esquadrão da Europa e também da Espanha. Seus jogadores jogavam por música, eram habilidosos, entupiam os adversários de gols e adoravam uma taça europeia. E foi atrás da quinta que o Real partiu na temporada 1959/1960. O time estreou contra o fraquíssimo Jeunesse Esch, de Luxemburgo, e simplesmente humilhou: 7 a 0 em Madri, com 3 gols de Puskás, e 5 a 2 em Luxemburgo. Nas quartas de final, derrota para o Nice, na França, por 3 a 2, e vitória por 4 a 0 em casa, garantindo lugar nas semifinais. O adversário seria ninguém mais ninguém menos que o Barcelona de Kocsis e Evaristo.

 

Deliciosa semifinal

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O Real começou o mata-mata contra o Barça em casa e venceu por 3 a 1, gols de Di Stéfano (2) e Puskás. Na volta, em Barcelona, o time podia até perder que mesmo assim estaria na final. Mas quem disse que Puskás, Gento e Di Stéfano queriam perder? O trio de ouro conduziu o Real a mais uma vitória, 3 a 1, com dois gols de Puskás e um de Gento, levando o Real à 5ª final consecutiva de Liga dos Campeões. Era hora de escrever definitivamente o nome na história.

 

Apoteose merengue

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O Real Madrid decidiu com os alemães do Eintracht Frankfurt, em Glasgow (ESC), a quinta edição da Liga dos Campeões da UEFA. Quando a bola rolou, porém, nem parecia uma decisão tão importante. O que a Europa viu foi um baile de gala de dois dos maiores jogadores da história do Real Madrid – Puskás e Di Stéfano. Os craques marcaram TODOS os gols da maior goleada em uma final de Liga dos Campeões da UEFA na história: 7 a 3 para os merengues, com 4 gols de Puskás e 3 de Di Stéfano. Os dois, ao lado do italiano Pierino Prati, foram os únicos a conseguir um hat-trick em uma decisão de Liga. O Real encerrava de maneira brilhante o seu pentacampeonato europeu, um feito incrível, inimaginável e impagável (leia mais clicando aqui).

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Nunca uma equipe conseguiu chegar perto do feito daquele time. Ajax e Bayern München, na década de 1970, emendaram 3 conquistas seguidas cada um, mas perderam força para tentar um tetra e um penta. O torcedor do Real era o único no continente a ter o prazer de comemorar uma conquista europeia. Mas ainda haveria outro caneco a ser conquistado: o Mundial Interclubes.

O time na final de 1960. Em pé: Domínguez, Marquitos, Santamaría, Pachin, José María Vidal e José María Zárraga. Agachados: Canário, Luis Del Sol, Alfredo Di Stéfano, Ferenc Puskás e Francisco Gento.

 

 
O Real Madrid de 1960: para muitos, o melhor time do século XX.
O Real Madrid de 1960: para muitos, o melhor time do século XX.
 

 

O primeiro Mundial

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A primeira edição do Mundial Interclubes, criado em 1960, reuniu o campeão da Liga dos Campeões da UEFA (Real Madrid) e o campeão da Libertadores (Peñarol), que iriam decidir em dois jogos o título de melhor equipe do mundo. O embate entre uruguaios e espanhóis colocou um time em franca ascensão (Peñarol) contra uma equipe já consagrada como uma das maiores da história e na época pentacampeã europeia (Real Madrid). No primeiro jogo, no Uruguai, o Real segurou o empate em 0 a 0. Na volta, em Madri, Puskás, Di Stéfano, Gento e companhia deram um baile nos aurinegros: 5 a 1, resultado que deu aos merengues o primeiro título do torneio na história. Era a coroação definitiva de um esquadrão que dominou a Europa por mais de cinco anos e protagonizou bailes memoráveis. Porém, a hegemonia estava perto do fim.

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Gento e Di Stéfano posam com a taça do primeiro Mundial: note que o clube jogou com uma camisa especial, utilizando o brasão da UEFA, representando o continente na decisão. Foto: Arquivo / Real Madrid.
 

A queda na Liga e o fim

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O Real reconquistou a Liga Espanhola na temporada 1960/1961, com show de seus brilhantes atacantes. Porém, na Liga dos Campeões, os merengues foram surpreendentemente eliminados pelo maior rival, o Barcelona, logo na primeira fase da competição, após empatar em 2 a 2 em Madri e perder por 2 a 1 em Barcelona. Acabava ali a soberania merengue na Europa. O time só voltaria a vencer uma Liga em 1966. Até lá, o clube mandou em casa vencendo 5 campeonatos espanhóis consecutivos, porém, sem o brilho constante e as apresentações no auge da forma de Di Stéfano, Gento, Rial, Santamaría, Kopa e Puskás.

Aquele é, para muitos, o melhor Real Madrid de todos os tempos, melhor até que os Galácticos dos anos 2000 e o Real de CR7. Foi aquele esquadrão que colocou o nome do Real na história do futebol, que fez o time ser até hoje o maior de seu país e do mundo e ajudar a manter até hoje a hegemonia em títulos da Liga dos Campeões da UEFA. Vencer tudo o que aquele time venceu nem mesmo galácticos poderiam vencer. Aquilo tudo foi obra de gênios mágicos. E imortais do futebol.

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Di Stéfano e as cinco Ligas dos Campeões.
 

 

Os personagens:

Juan Alonso: sofreu muito em um time tão ofensivo, mas ria à toa com os gols que seu ataque produzia. Alonso foi a referência no gol espanhol nas três primeiras conquistas da Liga dos Campeões da UEFA, além de vários títulos nacionais. Assumiu a braçadeira de capitão após a aposentadoria de Miguel Muñoz, em 1958. Disputou mais de 220 partidas pelo Real.

Rogelio Domínguez: depois de brilhar no Racing Club, o argentino Domínguez foi contratado pelo Real em 1957, mas só assumiu o posto de titular em 1959. Foi peça importante nas conquistas das Ligas dos Campeões de 1959 e 1960.

Marquitos: Marcos Alons Imaz ganhou o engraçado apelido de Marquitos no futebol, mas seu futebol não era nada engraçado. Muito eficiente, técnico e ainda fazedor de gols, Marquitos colecionou títulos no Real e foi titular da zaga do time em praticamente todos os grandes e decisivos jogos da equipe de 1954 até 1962. Tem seu nome marcado na história do clube.

Ángel Atienza: foi outro grande defensor nos tempos áureos do Real Madrid na década de 50. Virou artista e pintor depois de pendurar as chuteiras, talvez por ter participado de um time que era uma verdadeira obra de arte viva…

José Santamaría: é um dos maiores zagueiros de todos os tempos e um dos poucos que brilhou tanto pela seleção do Uruguai quanto pela seleção da Espanha. Forte, imponente e técnico, Santamaría foi o símbolo da zaga do Real de 1957 até 1966. É um ídolo eterno do clube merengue.

José “Joseíto” Iglesias: rápido e oportunista, Joseíto fez gols importantes em sua trajetória pelo Real, de 1951 até 1959. Venceu 8 títulos com o clube.

Rafael Lesmes: defensor, Lesmes brilhou no Valladolid e pelo Real, onde venceu 3 Ligas dos Campeões. Foi titular em muitas partidas decisivas.

Pachín: chegou no final da década em Madri e conseguiu cravar seu espaço no timaço merengue que venceu a Liga dos Campeões da UEFA de 1959-1960 atuando em todos os setores da defesa, em especial na lateral-direita. Muito forte na marcação e com fôlego privilegiado, dava a proteção necessária para o ataque madrileno destroçar as zagas rivais. Permaneceu nos anos 1960 e colecionou títulos espanhóis, além de ser um dos experientes do time campeão europeu em 1966, completando a zaga ao lado de Zoco, De Felipe e Manuel Sanchís.

Juan Santisteban: começou sua carreira profissional no Real e logo se tornou um dos grandes meio-campistas do time. Venceu 10 títulos com o Real de 1956 até 1961 sendo forte no desarme e no passe.

Miguel Muñoz: tem sua carreira totalmente identificada com o Real Madrid. Foi dele o primeiro gol do clube na história da Liga dos Campeões, em 1955, e a liderança no meio de campo como capitão. Depois de pendurar as chuteiras, foi ele o técnico do time na 5ª conquista europeia do clube, em 1960, e na 6ª, em 1966. Jogou 10 anos no Real e é ídolo no clube.

Vidal: era do Real naquela década de 1950, mas foi emprestado para vários clubes entre 1953 e 1959. Foi incorporado ao elenco definitivamente na temporada 1959-1960 e teve sua participação na conquista do pentacampeonato europeu.

Enrique Mateos: podia ser um meia de ligação ou um ótimo atacante, mas, como o time já tinha outras estrelas lá na frente, Mateos jogava mais recuado. Mesmo assim, marcou vários gols no time. Colecionou títulos no período em que ficou no Real, de 1953 até 1961.

Del Sol: muito habilidoso, o meia brilhou no Real por dois anos, período no qual foi mais do que essencial para a conquista da Liga dos Campeões de 1960.

José María Zárraga: cabeça de área clássico, José María Zárraga esteve presente durante toda a dinastia merengue na Liga dos Campeões da UEFA entre 1955 e 1960 e foi o capitão do Real nas conquistas dos títulos de 1959 e 1960, herdando a braçadeira de Miguel Muñoz. Líder e ótimo meio-campista, Zárraga foi um dos poucos que jogou as cinco finais vencidas pelo Real naquela época, além de contabilizar 31 jogos disputados na competição. Foi crucial para ajudar na marcação e na proteção do meio de campo no esquema bastante ofensivo daquele time.

Raymond Kopa: brilhou ao lado de Fontaine na Copa do Mundo de 1958, mas o craque francês já brilhava no Real Madrid, onde mostrou todo o seu faro de gol e seu oportunismo para anotar vários tentos. Jogou de 1956 até 1959 no time merengue. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Canário: o brasileiro Darcy Canário começou no América, do Rio, e partiu para Madri em 1959  até ter a chance de brilhar ao lado de feras da bola. Jogou muito na campanha do penta pela direita, infernizando as zagas rivais com dribles e chutes venenosos.

Ferenc Puskás: o maior gênio do futebol húngaro e um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos foi também um gênio no Real Madrid. Marcou 83 gols em 85 jogos pela Hungria, uma média absurda de quase um gol por jogo. Pelo Real, foram 242 gols em 262 jogos. Rápido, técnico, habilidoso e cerebral, era uma das estrelas do time. Fez uma dupla memorável com Di Stéfano. Desde 2009, a FIFA concede ao jogador que marcou o gol mais bonito do ano um prêmio em homenagem a estrela húngara: Prêmio Ferenc Puskás. Super merecido. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Di Stéfano: é o maior ídolo da história do Real Madrid e um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Inteligente, rápido, goleador, driblador e encantador, Di Stéfano foi um símbolo do Real por mais de uma década e ídolo de toda uma geração. Jogou de 1953 até 1964 no Real Madrid, colecionando 18 títulos. Foi estrela é tinha estrela. É um imortal da bola que você pode conhecer mais clicando aqui.

Héctor Rial: outro brilhante argentino do Real que entupiu de gols os adversários pela Espanha e Europa. Marcou 60 gols em 113 jogos pelo clube de Madrid, muitos deles decisivos. Venceu 10 títulos pelo Real.

Francisco Gento: foi o maior ponta do futebol espanhol e um dos principais nomes do ataque do Real nas décadas de 1950 e 1960. Letal nos contra-ataques e extremamente rápido (corria 100 metros em menos de 11 segundos), foi um mito do time madrileno e levantou incríveis 24 taças com a camisa merengue. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Luis Molowny: veloz, habilidoso e perigosíssimo nas investidas pela esquerda, Molowny foi soberano no ataque do Real antes da chegada de Gento na ponta-esquerda. Cria dos Las Palmas, chegou ao Real em 1946 e permaneceu até 1957, vencendo no período duas Ligas dos Campeões da UEFA (1955-1956 e 1956-1957), 3 Campeonatos Espanhóis e uma Copa do Rei. Foram 198 jogos e 104 gols com a camisa merengue. Quando pendurou as chuteiras, Molowny virou técnico e comandou o Real na lendária era da Quinta del Buitre.

Ramón Marsal Ribó: mesmo ofuscado pelas estrelas do time, Marsal fez gols importantes pelo Real. Em 59 partidas anotou 27 tentos, uma boa média para quem nem titular absoluto era. Teve sua contribuição nas grandes conquistas do time na década de 50.

José Villalonga, Luis Carniglia e Miguel Muñoz (Técnicos): o trio de ouro teve a sua importância ao construir e organizar um dos maiores times da história do futebol. Ambos provaram que uma grande equipe é formada de grandes jogadores e de bons técnicos, e que uma vez iniciada uma filosofia vencedora basta seguir nela que as conquistas continuarão. Villalonga, Carniglia e Muñoz são eternos no Real. E ídolos para sempre.

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Comentários encerrados

9 Comentários

  1. Uma hegemonia que se assemelha a do Expresso da Vitória vascaíno. Pra quem não sabe, o expresso vascaíno foi o primeiro campeão continental do planeta em 1948. Era a base da seleção de 50, com craques como Ademir Queixada, artilheiro da copa de 50. Sete titulares eram vascaínos, fora os reservas. Inclusive essa equipe do Real Madrid foi goleada por esse Vasco em 57, na final do intercontinental de Paris. O expresso da vitória também goleou Barcelona de Kocsis e Evaristo de Macedo, goleou também outros grandes espanhois como Atletico Madrid e etc. Apesar de neste ano já estar no final da era vitoriosa, que seria ofuscada pela era Pelé e o Santos. Em 58 o Vasco ainda forneceu para a selecao o grande zagueiro lendario Bellini, que fazia dupla com Orlando outro vascaíno. Pro ataque forneceu nada mais nada menos que Vavá, o leão da Copa, que marcou dois na final contra a suécia. Em 62 ele também marcou o primeiro gol da final. Essa é uma parte da história do futebol brasileiro que é omitida pela mídia clubista.

  2. Com referência ao CANÁRIO, era prazeroso assistir o ataque do AMÉRICA com CANÁRIO, ROMEIRO, LEÔNIDAS, ALARCON e FERREIRA.
    Lamentavelmente não assisti. mas gostaria de ter assistido o ataque do REAL com CANÁRIO, DEL SOL, PUSKAS, DI STEFANO e GENTO.

  3. Sensacional ! Realmente esse time do Real de Puskas e Di Stéfano conseguiu um feito muito difícil de igualar, que é cinco títulos europeus consecutivos. Continue falando sobre os craques e os grandes times, tanto do passado como do presente também.

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Esquadrão Imortal – LDU 2008-2010