Data: 25 de junho de 2006
O que estava em jogo: uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo da FIFA de 2006.
Local: Frankestadion, Nuremberg, Alemanha.
Juiz: Valentim Ivanov (RUS)
Público: 41.000 pessoas
Os Times:
Portugal: Ricardo; Miguel, Meira, Ricardo Carvalho e Nuno Valente; Costinha e Maniche; Figo (Tiago, aos 39’ do 2ºT), Deco e Cristiano Ronaldo (Simão, aos 34’ do 1ºT); Pauleta (Petit, aos 1’ do 2ºT). Técnico: Luiz Felipe Scolari.
Holanda: Van der Sar; Boulahrouz, Ooijer, Mathijsen (Rafael van der Vaart, aos 11’ do 2ºT) e Van Bronckhorst; Van Bommel (Heitinga, aos 22’ do 2ºT), Sneijder e Cocu (Vennegoor of Hesselink, aos 39’ do 2ºT); Robin van Persie, Dirk Kuyt e Robben. Técnico: Marco van Basten.
Placar: Portugal 1×0 Holanda (Gol: Maniche, aos 23’ do primeiro tempo).
Cartões Amarelos: Ricardo (31’, 2ºT), Nuno Valente (31’, 2ºT), Costinha (31’ e 46’, 1ºT), Maniche (20’, 1ºT), Figo (15’, 2ºT), Deco (28’ e 33’, 2ºT) e Petit (5’, 2ºT), Portugal.
Boulahrouz (7’, 1ºT; 18’, 2ºT), Van Bronckhorst (14’ e 50’, 2ºT), Van Bommel (2’, 1ºT), Sneijder (28’, 2ºT) e Rafael van der Vaart (29’, 2ºT), Holanda.
Cartões Vermelhos: Costinha (46’, 1º) e Deco (33’, 2º), Portugal.
Boulahrouz (18’, 2ºT) e Van Bronckhorst (50’, 2ºT), Holanda.
“A Batalha de Nuremberg”
Por Guilherme Diniz
Durante 315 dias, entre novembro de 1945 e outubro de 1946, a cidade de Nuremberg abrigou o tribunal militar internacional que julgou o alto escalão nazista por seus crimes durante a II Guerra Mundial. A cidade não foi escolhida por acaso: era lá o grande centro do nazismo e serviu para acabar de vez com a aura do regime de Hitler. Após 60 anos, a cidade foi outra vez notícia em todo mundo, mas por outro motivo. Ela era uma das sedes da Copa do Mundo da FIFA de 2006, e, nas oitavas de final da competição, abrigaria um confronto muito esperado pelos amantes do esporte: Portugal e Holanda. No entanto, o que era para ser um espetáculo de gols, lances maravilhosos vindos dos grandes craques em campo – Deco, Cristiano Ronaldo, Figo, Sneijder, Robben, Van Persie, isso só para citar alguns – foi um show de horrores. Faltas absurdamente violentas. Buscas por pernas ao invés de gols. Cabeçadas. Encontrões. Nem os cartões do juiz serviam para amenizar a situação. Parecia que os sopros de crueldade de mais de seis décadas atrás entravam no subconsciente dos jogadores.
Aquela partida entrou para a história como a mais violenta de todas as Copas. Não foram distribuídos dois, quatro ou cinco cartões. Foram 20. Impressionantes 16 amarelos e quatro vermelhos. Só Portugal levou 11 advertências. Foi o jogo com mais cartões e mais expulsões na história das Copas. Aquilo não se assemelhava em nada com um jogo da estirpe de uma Copa do Mundo. Parecia uma volta ao passado. Parecia até uma Copa Libertadores. E, de Libertadores, apenas uma pessoa em meio a toda aquela gente entendia: Luiz Felipe Scolari. Com taças conquistadas por Grêmio e Palmeiras, o treinador brasileiro sabia como vencer aquele jogo. E conseguiu. Fez Portugal ganhar na briga e inflou a Holanda a cair nela. Foi um jogo elétrico, quente, ávido. O juiz, sozinho, não conseguia controlar aqueles jogadores dominados por ira. Naquele dia, seria preciso um tribunal inteiro. É hora de relembrar a sádica Batalha de Nuremberg.
Pré-jogo
Após a definição das oitavas de final da Copa de 2006, o confronto entre Portugal e Holanda era tido como um dos mais promissores entre todos os oito duelos daquela fase. Apesar de ser um embate relativamente novo na história – as duas seleções se enfrentaram pela primeira vez apenas em 1990 e tinham nove duelos entre si, com cinco vitórias portuguesas, uma vitória holandesa e três empates – as equipes prometiam um jogo aberto e com vários gols por conta dos bons nomes em seus planteis e pela ideologia dos técnicos Luiz Felipe Scolari e Marco van Basten, sempre cercados de ótimos jogadores e adeptos do bom futebol.
Portugal, particularmente, levava vantagem não só pelo retrospecto contra os holandeses, mas também por causa da melhor safra de atletas em uma Copa desde 1966. Não era qualquer seleção que podia contar com jogadores do quilate de Ricardo Carvalho, Costinha, Maniche, Figo, Tiago, Deco e Cristiano Ronaldo – este ainda em começo de carreira. Nas Eliminatórias, o time de Felipão passou com facilidade por seus adversários, e, na Copa, venceu os três duelos da fase de grupos: 1 a 0 em Angola, 2 a 0 no Irã e 2 a 1 no México.
A Holanda também passou fácil pelas Eliminatórias e voltou a um Mundial depois de se ausentar em 2002. No entanto, a equipe de Van Basten teve o azar de cair no chamado “Grupo da Morte” ao lado de Costa do Marfim, Sérvia e Montenegro e Argentina. Embora soubesse da força dos rivais, a equipe conseguiu vencer a Sérvia (1 a 0) e Costa do Marfim (2 a 1), e empatar com os argentinos em 0 a 0, resultados que classificaram os laranjas para as oitavas. Embora tivesse grandes nomes, o time não demonstrava o brilho de gerações passadas e Van Basten era muito criticado pelo fato de deixar o atacante Ruud van Nistelrooy no banco e ter preterido nomes como Kluivert e Seedorf para aquele Mundial. Em termos de time e clima, Portugal levava muito mais vantagem para o duelo marcado para a cidade de Nuremberg. Mas, se tratando de Holanda, todo cuidado era pouco para os lusitanos.
No dia do jogo, as escalações eram as melhores possíveis para ambos os lados. Felipão, especialista em mata-matas – dos 16 títulos na carreira à época, 14 foram em competições desse tipo, mandou à campo o que tinha de melhor e apostava na criatividade de seu plantel para vencer a falta de experiência da seleção lusitana em Mundiais. Do lado holandês, Van Basten deixou mesmo Van Nistelrooy no banco e apostou na entrada de Dirk Kuyt para jogar ao lado de Robben e Van Persie. Além da vitória, a equipe queria diminuir o péssimo retrospecto holandês no confronto e vingar a derrota por 2 a 1 na semifinal da Eurocopa de 2004. Seria preciso jogar muito futebol para vencer os lusitanos. E força para quebrar a sequência de dez vitórias em dez jogos de Scolari em Copas do Mundo.
Primeiro tempo – O que significa Fair Play?
Como de praxe, os times entraram em campo juntos, com a clássica música da FIFA, as bandeiras dos países e o foco no “jogo limpo”, sempre frisado pela entidade máxima do futebol. Após os hinos e o pontapé inicial, Van Bommel deu um bom chute logo no primeiro minuto e o público já se animou com a promessa de uma partida bastante disputada. Mas, pouco tempo depois, o mesmo Van Bommel acertou Cristiano Ronaldo por trás e levou cartão amarelo. Aos seis minutos, Boulahrouz cravou as travas de sua chuteira na coxa do mesmo Cristiano e foi advertido com o cartão amarelo. Acontece que aquilo era uma falta para vermelho e fruto de uma selvageria absurda. Felipão, à beira do gramado, ficou enlouquecido com a brandeza do árbitro. O atacante sentiu muito a solada do rival e precisaria ser atendido três vezes fora do gramado após o lance.
Portugal tratou de devolver na mesma moeda, e, nos lances corpo a corpo, chegava junto sem receio de causar falta. Pauleta não conseguia se desvencilhar da linha de impedimento holandesa e foi pego duas vezes em posição irregular – aos oito e aos 12 minutos. Aos 14’ e aos 16’, a Holanda arriscou com Van Persie e Robben, mas Portugal saiu ileso. Aos 19’, Maniche derrubou Van Bommel por trás e levou o primeiro amarelo de Portugal. O jogo era elétrico, disputado, com a Holanda esperando mais Portugal em seu campo após as frustradas investidas iniciais.
Foi então que, aos 22’, Cristiano Ronaldo dominou e pediu a passagem de Deco pela direita. O meia recebeu e cruzou rasteiro para Pauleta. O centroavante deixou para Maniche, que driblou um, dois e chutou alto sem chances para Van der Sar: 1 a 0. E que golaço! Portugal mantinha a sina de se dar bem contra a Holanda e provava que a experiência do rival em Copas não dizia nada àquela altura. A Holanda tentou responder nos minutos seguintes com Robben, mas a bola teimava em não entrar. Maniche ainda teve uma outra chance, mas o chute saiu por cima do gol. Em um de seus últimos lances no jogo, Cristiano Ronaldo deixou de letra para Figo, que tocou para Deco, mas este chutou muito mal. O jovem Cristiano não aguentou as dores na coxa e teve que ser substituído por Simão Sabrosa, aos 34’, para o temor da torcida lusitana. O atacante era um dos trunfos do esquema de Felipão, mas a desleal entrada de Boulahrouz acabou prejudicando a condição física de Cristiano, que não aguentava mais jogar.
Aos 36’, Costinha acertou um carrinho violento em Cocu e levou o cartão amarelo. Já eram quatro no jogo. Tempo depois, Van Persie costurou a zaga portuguesa pela direita, e, por pouco, não marcou um lindo gol. Aos 42’, o árbitro marcou impedimento de Robben. Na sequência, Nuno Valente atingiu o holandês com um pé alto que deveria ter originado um pênalti e até a expulsão do português. Porém, o árbitro fez vista grossa e deixou o lance seguir. O jogo seguia nervoso, a bola parava com lances ríspidos dos atletas – Costinha era um dos mais violentos e já era para ter sido expulso àquela altura – e o árbitro penava para seguir o ritmo dos jogadores.
Aos 44’, Pauleta respondeu e chutou à queima roupa, mas Van der Sar fez ótima defesa. Já nos acréscimos, Costinha, num lance irresponsável, interceptou uma bola holandesa com a mão, levou o segundo amarelo e o vermelho. Portugal ficava com dez homens. E Felipão se viu obrigado a queimar mais uma substituição para a segunda etapa, trocando Pauleta por Petit e deixando Simão mais avançado no ataque. Ao apito do juiz, Portugal foi para o vestiário aliviado com a vantagem no placar, mas apreensivo por causa da inferioridade numérica. Já a Holanda esperava tirar vantagem com seu homem a mais e ter mais eficiência no ataque. Mas o que mais chamava a atenção do público eram os nervos dos jogadores. Todos estavam visivelmente exaltados, viam os adversários primeiro para depois focar a bola e pareciam soldados num campo de guerra. Será que os ventos do passado de Nuremberg estavam afetando aqueles atletas?
Segundo tempo – Batalha campal
Quando o árbitro apitou o início da segunda etapa, a Holanda sabia que precisava de um gol logo de cara para continuar viva no jogo. E, logo aos três minutos, Robben cruzou e Cocu acertou uma pancada no travessão de Ricardo! Miguel respondeu pelo lado português com uma ótima investida pela direita, mas interceptada por Van der Sar. Na sequência, Petit levou amarelo após derrubar, literalmente, Van Bommel. A partida seguia nervosa. Em seguida, Van Bommel chutou de fora da área e obrigou Ricardo a fazer uma defesa bem difícil. Aos 11’, Figo pedalou e tocou para Maniche, mas o camisa 18 chutou fraco e Van der Sar agarrou fácil. Aos 13’, numa confusão na entrada da área holandesa, Figo se desentendeu com Van Bommel e acertou uma cabeçada no holandês. De costas, o árbitro não viu. Foi alertado apenas depois e deu um mero amarelo para o capitão português. Aliás, começava a acontecer tanta coisa naquela partida que um só juiz não dava conta. Do lado de fora, Felipão gritava, batia no banco e encarnava o torcedor. Do outro lado, Van Basten não se deixava inflamar e permanecia quieto, lacônico e com as mãos no bolso.
Aos 14’, Van Bronckhorst foi nas pernas de Deco e recebeu o amarelo. Aos 17’, Figo recebeu na direita e saiu em disparada. Malandro, ele percebeu a chegada de Boulahrouz e, quando o holandês colocou os braços para se desvencilhar do rival, Figo valorizou o lance e levou as mãos ao rosto. O árbitro deu o segundo amarelo e, em seguida, o vermelho para o lateral holandês. O tempo mais uma vez esquentou. Boulahrouz não se conformou com a expulsão, se desentendeu com Simão Sabrosa antes de deixar o gramado tentando forçar outra expulsão, as comissões técnicas foram para o gramado junto com os reservas… O jogo estava definitivamente fora do controle. Era um jogo sujo, difícil, energético.
Felipão olhava para o gramado e voltava no tempo. Lembrava de 1995. Lembrava da Libertadores. Das batalhas vencidas com seu Grêmio em campos gringos e do título continental. De 1999, quando suou para vencer os colombianos do Deportivo Cali quando comandava o seu Palmeiras. Naquele dia, ele tinha que salvar sua seleção portuguesa. De um jeito ou de outro. Para isso, ele mandava seus atletas terem sangue frio e jamais tirarem o pé nas divididas. Os holandeses estavam visivelmente transtornados e também não tinham mais paciência com nada nem ninguém. Após uma investida aos 25’ que resultou em uma caída no chão do goleiro Ricardo, o time de Van Basten não fez uso do “Fair Play”, e, ao invés de tocar a bola para a lateral, continuou o jogo.
Heitinga, que acabara de entrar, aproveitou o momento para engatilhar um contra-ataque. Deco, furioso, deu uma tesoura no zagueiro sem dó. Óbvio que a falta era para vermelho. Mas, acredite, o juiz deu amarelo! Mais uma vez a pólvora explodiu e nova confusão começou. Sneijder, indignado, deu um empurrão violento em Petit e provocou a ira dos portugueses. Completamente perdido, o árbitro distribuiu mais dois cartões – Sneijder e Van der Vaart – e aumentou ainda mais a conta de indisciplina da partida. Na cobrança de falta após a confusão, a cabeçada holandesa foi para fora.
Aos 31’, Ricardo levou amarelo por reclamação. Também aos 31’, Nuno Valente levou amarelo após chutar mais a perna de Van Persie do que a bola. Aos 33’, Deco retardou a saída de bola holandesa, levou o segundo amarelo, e, depois, o vermelho. Portugal ficava com nove jogadores. Felipão explodiu de raiva e não economizou “elogios” e acenos ao quarto árbitro. Na tentativa de pegar a bola de Deco no lance, Cocu simplesmente arremessou o camisa 20 ao chão, numa prova do estado de nervos dos jogadores. Coube então ao time português se defender a todo custo e esperar o apito do árbitro. A Holanda, sem organização alguma, não conseguia criar nada. Na única chance clara que teve, o time desperdiçou quando Kuyt, aos 35’, ficou cara a cara com Ricardo e acabou chutando fraco em cima do goleiro.
Aos 42’, Miguel avançou bem pela direita e cruzou para Simão. Na dividida com Van der Sar, o atacante acertou a cabeça do goleiro, mas o árbitro não deu nada. Um minuto depois, Kuyt emendou um chute de primeira, mas Ricardo defendeu. Depois de uma pressão mais assídua da Holanda, Portugal conseguiu ir para o ataque nos acréscimos, e, prendendo a bola, viu Van Bronckhorst levar o segundo amarelo, e, depois, o vermelho, totalizando 20 cartões no jogo. Ao sair, o holandês se sentou ao lado de Deco, seu companheiro no Barcelona-ESP, e ambos ficaram conversando como se nada tivesse acontecido. Parecia que a ira e a cólera estavam mesmo dentro de campo.
Astuto, Felipão pedia para seus jogadores prenderem a bola ao máximo e ficarem no chão quando preciso. Aos 50’, Tiago perdeu uma chance incrível de acabar de vez com aquela partida, mas conseguiu chutar bisonhamente para fora. Único fora de campo contaminado pelos ares maléficos de Nuremberg, Felipão não sossegava um minuto sequer e queria desesperadamente o fim de um jogo que já seguia para os 51’ do segundo tempo. Após um último suspiro holandês, Portugal ganhou um tiro de meta. Era o momento derradeiro. Quando Ricardo bateu, o juiz, enfim, encerrou a Batalha de Nuremberg.
Felipão e toda sua comissão vibraram como nunca. Os jogadores portugueses respiraram aliviados pelo término de um dos jogos mais tensos da história das Copas. E o mais indisciplinado. Foram 25 faltas. Incríveis 20 cartões distribuídos. Quatro expulsões no jogo com o maior número de cartões de todos os Mundiais. O triunfo lusitano ganhou as manchetes de todo o mundo e mostrou o poder de Felipão, que estendeu para 11 triunfos sua marca em Copas – sete com o Brasil, em 2002, e quatro com Portugal. A Holanda, sem criatividade a “alma da Libertadores”, foi mais cedo para casa.
Como não podia deixar de acontecer, a FIFA condenou veemente a atitude dos jogadores e do árbitro pelo fato de todos ignorarem o “Fair Play”. Joseph Blatter, presidente da entidade à época, disse que o árbitro Ivanov “deveria ter ganhado um cartão amarelo pelo seu desempenho abaixo do nível dos jogadores”. O pai do juiz, uma das estrelas da forte seleção soviética dos anos 50 e 60 (leia mais clicando aqui) retrucou e disse que o filho “apenas aplicou as regras da própria FIFA para coibir o jogo duro e ele se saiu muito bem devido às circunstâncias”. O fato é que nem ele nem outro árbitro conseguiria conter aqueles jogadores.
No Frankestadion de Nuremberg, o futebol acabou ficando em segundo plano. Foi um dia de guerra. E de mais uma vitória portuguesa sobre os holandeses como a do século 17, quando os holandeses tentaram montar suas colônias no Brasil e foram expulsos pelos lusitanos. Como bem definiu Scolari ao fim da partida: “Foi um jogo de Libertadores. É meu papel fazer os jogadores correrem um pouco mais, lutarem um pouco mais. É assim que se vence”. Não era o certo. Mas, naquele dia, foi preciso nervos de aço e muito, mas muito sangue frio para vencer.
O que aconteceu depois?
Portugal: mesmo com o cansaço da batalha campal anterior, Portugal conseguiu eliminar a Inglaterra nas quartas de final e chegou a uma semifinal de Copa após 40 anos. Nela, o talento da França de Zidane falou mais alto e os portugueses foram eliminados. Na disputa pelo terceiro lugar, nova derrota, dessa vez para os anfitriões alemães. Com o quarto lugar, eles ficaram atrás da terceira colocação obtida pela seleção de 1966, aquela de Eusébio, Coluna e companhia (leia mais clicando aqui). Em 2012, na primeira fase da Eurocopa, a equipe voltou a enfrentar a Holanda em uma competição oficial. E, de novo, venceu: 2 a 1, com dois gols de Cristiano Ronaldo, numa resposta à violência que o tirou daquela fatídica partida de Nuremberg. Só para constar: o jogo teve apenas três cartões, dois amarelos para a Holanda e um para Portugal…
Holanda: após várias mudanças técnicas, a equipe se reconstruiu e, em 2010, voltou a ir bem em uma Copa do Mundo e chegou à decisão. Nela, teve a chance de conquistar o mundo pela primeira vez com vários remanescentes do time de 2006, mas caiu diante de outro time ibérico: a Espanha, que venceu por 1 a 0. Curiosamente, aquele jogo também ficou marcado pelo excesso de faltas e cartões – foram oito amarelos e um vermelho para a Holanda e cinco amarelos para a Espanha. Teve até “golpe de caratê” de De Jong pra cima de Xabi Alonso punido apenas com um amarelo pelo árbitro Howard Webb, um ex-sargento da polícia de South Yorkshire.
Mas nem ele conseguiu impor autoridade contra aqueles “irados” holandeses. Em 2014, na Copa do Mundo, uma nova geração holandesa aportou no Brasil e, mais tranquilos, terminaram na terceira colocação e ganharam muitos elogios pelo ótimo futebol praticado, numa clara demonstração de que eles não combinavam com botinadas, carrinhos, soladas e voadoras.
Leia mais sobre Portugal 2004-2006 clicando aqui!
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Esse jogo é uma aula de como não apitar um jogo violento em mundial. O árbitro perdeu o controle da partida antes dos 10 minutos iniciais. Era para ter expulsado pelo menos mais 2.
Eu me lembro de ter assistido a esse jogo.
Quer dizer, essa guerra, pois jogo mesmo não teve. Alguns jogadores portugueses ainda quiseram saber de jogar. Já os holandeses entraram para socar.
Lembro que fiquei bastante triste neste dia por conta da eliminação da Holanda. Pra falar a verdade, fique mais triste mesmo pelo Van der Sar, pois a seleção holandesa não jogou nada nessa copa.
Um jogo tão histórico quanto histérico esse. Por isso um jogo eterno. Outro jogo eterno a meu ver é River Plate 1 x 1 Vasco Libertadores 1998 Juninho monumental. Vocês chegaram a postar?
Esse jogo será relembrado em breve, João! 😀
Puxa, eu estou de pleno acordo… foi um jogaço, esse jogo entre River e Vasco, é um jogo que MERECE ser um Jogo Eterno…
Que jogo!
Muita tensão, pouca bola.
Este eu não cheguei a assistir.
Essa pagina é ótima sempre com grandes textos!
Legais seus posts sobre a copa de 2006. Não acompanhei esse torneio na época por estar dividido entre a faculdade e a revolta por achar que o Brasil tinha de perder por causa da corrupção. Só pude ver que foi uma excelente copa depois, pelo Youtube…
Vergonhosa essa partida, por sinal lembra muito a famigerada Batalha de Santiago entre Chile e Itália na copa de 1962. Ou a de Berna em 1954 – Brasil e Hungria. Acontecimentos assim não devem ser esquecidos na construção de um futebol mais pacífico. E pensar que ainda acontecem coisas como no jogo mais recente entre Vasco e Flamengo.
Lamentável.
Abraços.