
Grandes feitos: Campeão do Mundial de Clubes da FIFA (2021), Campeão da Liga dos Campeões da UEFA (2020-2021), Campeão Invicto da Liga Europa da UEFA (2018-2019) e Campeão da Supercopa da UEFA (2021).
Time-base: Mendy (Kepa); Azpilicueta, Thiago Silva (David Luiz) e Rüdiger (Marcos Alonso); Reece James (Christensen), Jorginho (Kovacic), Kanté e Chilwell (Emerson Palmieri / Hudson-Odoi); Kai Havertz (Eden Hazard / Pulisic / Ziyech) e Mason Mount (Pedro / Willian / Loftus-Cheek); Timo Werner (Giroud / Morata / Abraham / Lukaku). Técnicos: Maurizio Sarri (2019), Frank Lampard (2019-2021) e Thomas Tuchel (2021).
“Mundo Azul”
Por Guilherme Diniz
No começo da década de 2010, o Chelsea conseguiu sua primeira Liga dos Campeões da UEFA após vencer uma final histórica diante do Bayern München em plena Allianz Arena. O troféu consagrou de vez lendas como Petr Cech, John Terry, Frank Lampard e Didier Drogba, personagens máximos de uma era única no clube de Stamford Bridge. O tempo passou e os Blues, como todo esquadrão, passaram por uma entressafra. Antigos ídolos saíram ou aposentaram e novos atletas tomaram frente. E essa geração conseguiu, no final da década, uma nova taça continental: a Liga Europa da UEFA, que veio de maneira invicta e diante do rival londrino Arsenal, com uma goleada de 4 a 1 que só não foi maior por causa do goleirão Petr Cech, que na época jogava pelos Gunners.
Dentro da Inglaterra, as taças teimavam em escapar, mas no âmbito internacional a equipe conseguiu novos troféus a partir da época 2020-2021. Primeiro, o bicampeonato da Liga dos Campeões da UEFA, após superar pelo caminho vários gigantes como Real Madrid e o carrasco Manchester City, este na final, em uma doce vingança após tantas derrotas para os Citizens nas temporadas anteriores. Depois, a Supercopa da UEFA, taça que não vinha desde os anos 1990. E, por último, o inédito Mundial de Clubes da FIFA, conquistado na prorrogação em cima dos brasileiros do Palmeiras. Com uma mescla de experiência e jovens atletas, o Chelsea daquela época aliava enorme eficiência tática com bom volume de jogo e jogadores vivendo grande fase em setores pontuais do campo.
Teve Kepa e Mendy, goleiros jovens e com personalidade. Teve Azpilicueta, capitão que podia jogar tanto na lateral-direita quanto na zaga. Teve Thiago Silva e Rüdiger, um paredão na zaga azul. Teve Jorginho e Kanté, meio-campistas essenciais para a construção de jogadas, tomadas de bola e pressionar o adversário em seu campo. E teve Eden Hazard, Giroud, Havertz, Mount e Lukaku, armas letais no ataque e que foram decisivos quando o Chelsea mais precisou deles. É hora de relembrar.
Sumário
Para seguir vencendo

Ainda vivendo a gloriosa – e polêmica – Era Abramovich, o Chelsea já era um dos mais competitivos e vencedores clubes do mundo no século XXI. Desde 2004-2005 que os Blues levantavam taças nacionais e internacionais e sempre frequentavam as principais competições. Após o auge da primeira Era Mourinho e dos títulos da UCL e da Liga Europa em 2012 e 2013, respectivamente, o clube levantou mais duas Premier Leagues em 2014-2015 e 2016-2017, uma Copa da Liga em 2014-2015 e a Copa da Inglaterra de 2017-2018, esta com brilho de Eden Hazard, autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Manchester United na final. O meia belga vivia fase esplendorosa na época e era protagonista também de sua seleção, que terminou na 3ª colocação a Copa do Mundo da FIFA de 2018.
Para a temporada 2018-2019, o Chelsea mais uma vez promoveu uma “dança das cadeiras” ao trazer o técnico italiano Maurizio Sarri para o lugar de Antonio Conte, além de ir às compras a fim de suprir as saídas de vários atletas, como o goleirão Courtois, que foi jogar no Real Madrid. Entre os novos contratados, destaque para o meio-campista Jorginho, ex-Napoli e que havia trabalhado com Sarri no clube italiano, e o goleiro Kepa Arrizabalaga, ex-Athletic Bilbao, comprado por 72 milhões de libras, o que fez dele o goleiro mais caro do mundo na época.

Mantendo a espinha dorsal do time campeão da Copa da Inglaterra, com o zagueiro Rüdiger, o volante Kanté, o veterano atacante Pedro, o centroavante Giroud, os defensores Christensen, David Luiz e Azpilicueta, o lateral Emerson e o meia Hazard, o Chelsea tinha condições de seguir brigando por títulos, embora seu técnico fosse polêmico e arrumasse confusões de vez em quando. Adepto do 4-3-3, de contra-ataques rápidos e linhas defensivas compactas quando o adversário tinha a bola, Sarri queria ser o oposto de seu predecessor no Chelsea e tornar o ambiente mais alegre ao invés de focar no resultado, como queria Conte.
“Meu objetivo é me divertir enquanto estiver aqui e ser competitivo em todas as competições até o fim. O nosso não é um esporte, mas um jogo, e qualquer um que joga um jogo começa a fazer isso quando é jovem. É divertido. A criança em cada um de nós deve ser nutrida porque isso geralmente nos torna melhores. Acho que se um time se diverte com frequência, os fãs também se divertem. Isso é muito importante, e depois há os objetivos de alto nível, mas devemos começar nos divertindo. Isso é importante para nós e para nossos fãs.”
Os times de Sarri costumavam ser fortes no setor ofensivo, mas ele era constantemente criticado pela imprensa por ser teimoso taticamente e pouco mudar a maneira de jogar. Pesava contra ele ainda não ter um título relevante na carreira, embora tenha feito boas campanhas no Napoli entre 2015 e 2018, incluindo um vice-campeonato italiano em 2017-2018. Ele sabia que apenas um troféu não era garantia de sucesso em Stamford Bridge, ainda mais com o retrospecto de tantos e tantos técnicos nos últimos anos naquela Era Abramovich. Não bastava vencer. Tinha que convencer. Será que, com aquele time, era possível?
Tropeços nacionais

A temporada dos Blues começou com derrota na final da Supercopa da Inglaterra, diante do Manchester City, por 2 a 0 (dois gols de Agüero). Na sequência, porém, a equipe se encontrou e engatilhou 12 jogos sem perder na Premier League, desempenho que manteve a equipe no pelotão de frente da competição. Hazard seguia como principal expoente ofensivo do time e esbanjava talento ao marcar gols, dar passes e ditar o ritmo de jogo. Seu entrosamento com Jorginho e Kanté logo chamou a atenção e o meio de campo do time inglês se transformou no principal ponto forte da equipe. A sequência invencível no campeonato nacional só terminou na 13ª rodada, no revés por 3 a 1 para o Tottenham, fora de casa.
A partir dali, a equipe de Sarri não conseguiu manter o embalo no torneio e oscilou bastante, caindo para a 4ª colocação e chegando até ao 6º lugar na 26ª rodada, no trágico revés por 6 a 0 para o City, fora de casa, que quase causou a demissão de Sarri. O treinador, aliás, já estava balançando desde fevereiro de 2019, quando o Chelsea perdeu a final da Copa da Liga Inglesa para o City (notável carrasco dos Blues naquela época) em uma situação curiosa. Com a partida empatada em 0 a 0 e indo para os pênaltis, Sarri queria substituir o goleiro Kepa pelo argentino Caballero, que havia contribuído para um título do City na Copa da Liga de 2016 ao defender três pênaltis na época. O problema é que o goleiro espanhol se recusou a deixar o gramado e queria disputar os pênaltis.


Sarri ficou irritadíssimo e, após o apito final, teve que ser contido pelo zagueiro Rüdiger para não entrar em conflito com Kepa! Na marca da cal, Kepa só defendeu um chute – de Sané – e ainda levou um frango de Agüero, que chutou fraco e muito mal, e ainda sim viu a bola passar pelo espanhol. O City venceu por 4 a 3 e aumentou a freguesia diante do adversário. Após a final, Sarri e Kepa disseram à imprensa que foi um mal entendido.
“O treinador achou que eu não estava em condições de continuar jogando e minha intenção era expressar que estava em boas condições para continuar ajudando o time, enquanto os médicos que me trataram chegaram ao banco para dar o recado. Sinto que a imagem que foi retratada não foi minha intenção. Tenho total respeito pelo treinador e sua autoridade.” – Kepa, em entrevista após o jogo.
“Eu entendi que ele tinha cãibra, então não queria que o goleiro fosse para os pênaltis naquela condição física. Eu percebi a situação depois de três ou quatro minutos, quando o médico chegou ao banco. Eu queria Caballero em campo, mas o goleiro queria me avisar que ele estava em condições de ir para os pênaltis. Foi apenas um grande mal-entendido. Kepa estava certo, mas da maneira errada. Errado na maneira como ele se comportou, mas mentalmente ele estava certo porque ele foi capaz de ir para os pênaltis. Mas eu percebi tudo apenas quando o médico chegou ao banco. Não antes.” – Maurizio Sarri, em entrevista após o jogo.
Ainda em solo nacional, o Chelsea foi eliminado precocemente na Copa da Inglaterra e terminou a Premier League na 3ª colocação, com 72 pontos, bem atrás das campanhas absurdas de Manchester City – campeão com 98 pontos – e Liverpool – vice, com 97 pontos. Hazard, com 16 gols, foi o artilheiro do Chelsea na Premier League, seguido de Pedro, com 8. O craque belga ainda foi o líder em assistências do elenco na competição com 15 passes, ou seja, ele contribuiu com praticamente a metade dos gols dos Blues na Premier League daquela temporada – dos 63 gols, 31 gols tiveram participação de Hazard. Se em casa o Chelsea não levantou troféus, ainda havia uma chance: a Liga Europa da UEFA.
Por uma nova glória continental

Se o Chelsea não tinha um elenco capaz de vencer torneios longos, em competições de tiro-curto e contra adversários mais frágeis, a história poderia ser diferente. E a Liga Europa da UEFA era o cenário ideal aos Blues. No Grupo L, a equipe teve pela frente o BATE-BLR, Fehérvár-HUN e PAOK-GRE e conseguiu a classificação em primeiro lugar sem complicações. Foram cinco vitórias e um empate em seis jogos, 12 gols marcados e apenas três gols sofridos. Os Blues derrotaram o PAOK, fora de casa, por 1 a 0; fizeram 1 a 0 no Fehérvár, em casa, 3 a 1 no BATE, em casa, e 1 a 0, fora, goleara o PAOK por 4 a 0, em casa, e empataram em 2 a 2 com o Fehérvár na Hungria.
Na fase 16-avos de final, o Chelsea enfrentou o Malmö-SUE e venceu o primeiro jogo, na Suécia, por 2 a 1 e também a volta, em Londres, por 3 a 0. Nas oitavas, os Blues começaram a eliminatória contra o Dynamo de Kiev-UCR, em casa, e venceram por 3 a 0, com gols do sempre infalível Pedro, do brasileiro Willian e de Hudson-Odoi. Na volta, mesmo diante de 64 mil pessoas no Estádio Olímpico de Kiev, o Chelsea goleou por 5 a 0, com três gols de Giroud, um de Marcos Alonso e outro de Hudson-Odoi. Nas quartas, o Slavia Praga-RCH poderia oferecer alguma dificuldade, mas os Blues venceram a ida por 1 a 0, fora de casa (gol de Marcos Alonso) e também a volta, em Stamford Bridge, em um tenso 4 a 3, com dois gols de Pedro, um de Giroud e um contra de Simon Deli, além de muitas faltas e cartões – foram quatro amarelados do lado azul e dois do lado tcheco.

O último desafio antes da final foi o Eintracht Frankfurt-ALE, que vinha de excelente campanha, embalado por sua fanática torcida e pelos gols do sérvio Luka Jovic. Na ida, fora de casa, o Chelsea não se intimidou com o rival e, após levar 1 a 0 aos 23’ do primeiro tempo (gol de Jovic), Pedro empatou ainda na etapa inicial e David Luiz, no segundo tempo, acertou o travessão do goleiro Trapp. O empate em 1 a 1 permaneceu e deixou tudo em aberto para a volta, em Londres. Loftus-Cheek abriu o placar para os Blues, aos 28’ do 1º T, mas Jovic empatou no começo da etapa complementar.
A partida ficou tensa, foi para a prorrogação, mas de novo o empate persistiu. Nos pênaltis, Kepa se redimiu do fiasco na final da Copa da Liga e defendeu duas cobranças para garantir a vitória por 4 a 3 e a vaga na final aos Blues! Ainda havia tempo de salvar a temporada! Mas, para isso, a equipe de Sarri teria que derrotar o rival Arsenal e o técnico Unai Emery, tricampeão da Liga Europa no comando do Sevilla.
Show e glória europeia

Realizada em Baku, capital do Azerbaijão, a final da Liga Europa significava muito para Arsenal e Chelsea. Os Gunners poderiam levantar uma rara taça continental, algo que não acontecia desde os anos 1990, enquanto o Chelsea tinha a oportunidade de salvar a temporada e aumentar sua coleção de troféus europeus. O jogo era simbólico também por ser a última partida da carreira de Petr Cech, goleiro ídolo do Chelsea e que vestia curiosamente a camisa do Arsenal naquele ano. E, quando a bola rolou, foi o tcheco quem evitou uma vitória do Chelsea ainda no primeiro tempo. Com grandes defesas e a segurança de sempre, o gigante queria encerrar sua trajetória com uma taça. Mas, no segundo tempo, os Blues iniciaram um bombardeio que nem Cech foi capaz de segurar.
Logo aos 4’, Emerson cruzou e Giroud completou para o gol, de cabeça. Onze minutos depois, Hazard fez linda jogada pela esquerda, girou o corpo e encontrou Pedro na entrada da área. O espanhol recebeu e chutou de primeira, no canto de Cech, para se tornar o primeiro jogador a marcar gols em finais de Liga dos Campeões e de Liga Europa na história (ele já havia deixado sua marca pelo Barcelona, em 2011, na final da UCL)! O Chelsea sobrava em campo e o Arsenal não demonstrava qualquer reação.



Aos 18’, Hazard, de pênalti, fez 3 a 0. Aos 23’, os Gunners descontaram, em lindo gol de Iwobi, mas três minutos depois, Emerson aproveitou saída errada do Arsenal, roubou a bola e deixou com Hazard, que tocou para Giroud dentro da área. O centroavante francês devolveu por cima e Hazard tocou de canhota para o fundo do gol: 4 a 1. O Chelsea ainda teve outras chances, mas Petr Cech evitou um massacre azul em Baku.
Ao apito ao árbitro, a festa foi azul na capital do Azerbaijão! Chelsea bicampeão da Liga Europa. E invicto, com 12 vitórias e três empates em 15 jogos, 36 gols marcados e 11 gols sofridos. Giroud, com 11 gols, foi o artilheiro do time e da Liga Europa da UEFA. Pedro, com 5 gols, também brilhou entre os goleadores do elenco na competição. Willian, com 7 assistências, e Giroud, com 4, foram os garçons dos azuis no torneio. Grande nome da final e da temporada dos Blues, Hazard falou em tom de despedida após a final.
“Eu tomei minha decisão há duas semanas. Vocês saberão daqui a alguns dias. Eu acho que isso foi um adeus, mas no futebol você nunca sabe. […] No primeiro tempo, ambas as equipes tiveram um pouco de tensão porque se tratava de uma final. Quando Olly (Giroud) marcou, acho que foi o começo de uma ótima noite. Nós controlamos o jogo e estou feliz em levantar este troféu”.

O meia belga já tinha acordo com o Real Madrid e, de fato, seria anunciado pelos merengues por 100 milhões de euros. Hazard foi o maior artilheiro do Chelsea naquela temporada (21 gols) e o líder em assistências (17 assistências). Além dele, era certo que Maurizio Sarri não iria seguir, pois a Juventus estava disposta a pagar a multa rescisória do contrato e o Chelsea não iria se opor. Outro fato era a sanção imposta pela FIFA ao clube por causa de ilegalidades em contratações de jovens menores de 18 anos, o que impediria o Chelsea de contratar nas próximas duas janelas – a FIFA ainda multou o clube inglês em 420 mil libras. Com isso, os Blues só poderiam voltar a contratar em junho de 2020.
Novas incertezas

Com as saídas de Eden Hazard (Real Madrid), Gary Cahill (Crystal Palace), Morata (Atlético de Madrid) e David Luiz (Arsenal), além do técnico Sarri, que foi mesmo para a Juventus, o Chelsea começou a temporada 2019-2020 sem muitas perspectivas. O clube teve que manter seu elenco a qualquer custo, não pôde contratar nenhum novo jogador e trouxe suas crias que estavam emprestadas a outros clubes para compor o elenco, como Mason Mount e Tammy Abraham. O alento é que o Chelsea teve tempo, ainda antes do embargo da FIFA, de trazer Pulisic e Kovacic, que seriam peças importantes nos anos seguintes.
No entanto, faltava ao Chelsea um verdadeiro artilheiro, algo que nem Giroud ou Pedro tinham demonstrado em termos de volume de gols. Para o comando técnico, a diretoria apostou em Frank Lampard, ídolo como jogador e que havia iniciado sua trajetória como treinador há pouco tempo. Com ele, o ambiente ficava mais propenso à calmaria, mas cravar seu sucesso ainda era incerto. Em seus primeiros jogos, Lampard manteve o esquema tático 4-3-3 e teve como primeiro compromisso a final da Supercopa da UEFA, contra o rival Liverpool, campeão da Liga dos Campeões. Jogando em Istambul, o Chelsea abriu o placar com Giroud, aos 36’, mas levou o empate aos 3’ do segundo tempo, em gol de Mané. Na prorrogação, Mané virou o jogo e Jorginho, de pênalti, empatou, levando o duelo para as penalidades. Nelas, todos foram convertendo seus chutes até Abraham errar o último chute dos Blues – Adrián defendeu – e o placar de 5 a 4 sacramentar o título dos Reds.
Com lacunas na defesa que não foram preenchidas ao longo da temporada, o Chelsea foi mais uma vez inconstante nos torneios nacionais e registrou uma marca negativa que nenhum torcedor gosta de lembrar: os Blues levaram 54 gols em 38 jogos na Premier League, o pior desempenho do time no torneio desde 1996-1997. Mesmo assim, conseguiram terminar na 4ª colocação, dentro da zona de classificação para a Liga dos Campeões da UEFA, com 20 vitórias, seis empates e 12 derrotas.

Na Copa da Liga, os Blues foram eliminados logo na segunda fase, diante do Manchester United, e viveram um relativo momento de brilho na Copa da Inglaterra, quando superaram pelo caminho Nottingham Forest (2 a 0), Hull City (2 a 1), Liverpool (2 a 0), Leicester City (1 a 0) e Manchester United (3 a 1) até alcançarem a decisão. Nela, acabaram perdendo para o Arsenal por 2 a 1. No âmbito continental, os Blues passaram pela fase de grupos da Liga dos Campeões, mas foram eliminados já nas oitavas de final para o super Bayern campeão daquela temporada após derrotas em Londres (3 a 0) e Munique (4 a 1).
De fato, a primeira temporada de Lampard não foi animadora, mas o fraco desempenho se deu pela escassez de bons nomes na defesa, à lesão de Kanté que o privou de dezenas de jogos e à crise no gol, já que Kepa regrediu demais, perdeu a confiança do técnico e virou reserva de Caballero. Outro ponto foi a pandemia, que bagunçou o futebol como um todo naquele ano de 2020. De positivo, apenas a artilharia do prata da casa Abraham, autor de 18 gols na temporada.
De volta às compras e mudança no comando

Para a temporada 2020-2021, o Chelsea pôde contratar novamente, mas concentrou seus esforços em nomes ofensivos ao invés de tentar incorporar zagueiros. O clube inglês trouxe Kai Havertz (ex-Bayer Leverkusen-ALE), Timo Werner (ex-RB Leipzig-ALE) e Hakim Ziyech (ex-Ajax-HOL), todos para o setor de ataque. Para a área defensiva, os Blues trouxeram apenas Ben Chilwell (ex-Leicester), o veterano Thiago Silva (ex-PSG-FRA) e o goleiro Mendy (ex-Rennes-FRA), nomes que não davam “corpo” ao elenco e a uma temporada tão cheia de compromissos como a inglesa. A equipe ainda perdeu Pedro, Willian e Pasalic.
Quando a temporada começou, o Chelsea mais uma vez repetiu os erros da época anterior e jamais engatilhou uma boa sequência de vitórias na Premier League. A equipe até permaneceu no top 3 entre as rodadas 9 e 11, mas despencou de vez a partir da rodada 12, chegando a um péssimo 9º lugar na rodada 19, bem longe do pelotão de frente e totalmente fora da briga pelo título. Esse desempenho, aliado à eliminação na segunda fase da Copa da Liga Inglesa diante do Tottenham, custou o cargo de Lampard no comando da equipe, que deixou Stamford Bridge em janeiro de 2021. Em nota oficial, o Chelsea informou:
“Esta foi uma decisão muito difícil, e não tomada levianamente pelo proprietário e pela diretoria. Somos gratos a Frank pelo que ele conquistou em seu tempo como treinador do clube. No entanto, os resultados e desempenhos recentes não corresponderam às expectativas, deixando o clube a meio da tabela sem qualquer caminho claro para uma melhoria sustentada. Nunca pode haver um bom momento para se separar de uma lenda do clube como Frank, mas após longa deliberação e consideração, foi decidido que uma mudança é necessária agora para dar ao clube tempo para melhorar o desempenho e os resultados nesta temporada.”
Em 84 jogos sob o comando de Lampard, o Chelsea teve 44 vitórias, 17 empates e 23 derrotas e não venceu nenhum título. Para o lugar do ex-craque, a diretoria trouxe o alemão Thomas Tuchel, que havia deixado o PSG no final de 2020, após levantar 6 títulos e ser vice-campeão da Liga dos Campeões da UEFA. Ele tinha a missão de fazer o time melhorar, além de focar em um melhor rendimento da dupla Havertz e Werner. Sabendo da pobre condição do time no Campeonato Inglês, ele focou seu trabalho nas competições de tiro curto: a Copa da Inglaterra e a Liga dos Campeões.
Enfim, uma boa sequência

Após empatar com o Wolves em sua estreia, Tuchel conduziu o Chelsea a uma sequência de 10 jogos sem derrotas na Premier League, a melhor série de um novo técnico no comando do clube na época. Nessa série, destaque para a vitória por 1 a 0 sobre o Tottenham, fora de casa, os 2 a 0 sobre o Newcastle United, o 1 a 0 diante do Liverpool em pleno Anfield Road e os 2 a 0 sobre o Everton, em casa. Os Blues ainda emendaram vitórias importantes na Copa da Inglaterra, superando o Luton Town (3 a 1), Barnsley (1 a 0), Sheffield United (2 a 0) e Manchester City (1 a 0), este na semifinal, resultado que garantiu o Chelsea em mais uma final.
Na Liga dos Campeões, Tuchel herdou o clube nas oitavas de final, após quatro vitórias e dois empates na fase de grupos, superando Sevilla, Krasnodar e Rennes. O adversário foi o Atlético de Madrid e, no primeiro jogo, o Chelsea venceu por 1 a 0 (gol de Giroud), e foi para Londres com a vantagem do empate. Sem baixar a guarda, os Blues venceram de novo – 2 a 0, gols de Ziyech e Emerson – e garantiram a vaga nas quartas de final. Tuchel já tinha mudado bastante o estilo de jogo do Chelsea, adotando um esquema mais comedido na defesa, na maioria da vezes com três zagueiros, e um futebol mais pragmático, porém, eficiente e competitivo. A equipe azul não chegava tanto ao ataque como a equipe de Sarri, por exemplo, mas procurava ser precisa quando tinha a bola no setor ofensivo. Compacto, o Chelsea jogava num 3-4-2-1, com Azpilicueta atuando como zagueiro, fechando a linha pela direita, que tinha ainda Rüdiger e Thiago Silva, dupla que vivia grande fase na época (e sem lesões).
Só em abril que o Chelsea perdeu a primeira sob o comando de Tuchel – um 5 a 2 para o West Bromwich -, revés que pôs fim à série de 14 jogos de invencibilidade. Um fato em destaque é que os blues levaram apenas dois gols nesses 14 jogos. Ainda em abril, a equipe de Stamford Bridge enfrentou o Porto em partidas disputadas em campo neutro – por conta dos protocolos sanitários da pandemia -, pelas quartas de final da UCL, e venceu o primeiro duelo por 2 a 0, gols de Mount e Chilwell. Na volta, a derrota por 1 a 0 foi insuficiente para atrapalhar a caminhada inglesa.
Demolindo o titã e vaga na final

O último rival dos londrinos antes da final foi o Real Madrid, sempre hostil na UCL, mas que na época não despertava medo no Chelsea. Em 1971, os Blues foram campeões da Recopa da UEFA diante dos merengues. E, em 1998, venceram a Supercopa da UEFA também sobre o Real. E, em 2021, a sina foi mantida. No primeiro jogo, no Estádio Alfredo Di Stéfano, Pulisic abriu o placar para o Chelsea, aos 14’, e Benzema empatou, aos 29’. O 1 a 1 permaneceu e deixou o confronto aberto para a volta, na Inglaterra.
Jogando em casa, o Chelsea controlou a partida, não deixou as estrelas madrilenas jogarem e demonstrou enorme segurança na defesa, além de velocidade nas chegadas ao ataque, com chances claras criadas em poucos toques. O Chelsea venceu por 2 a 0 – gols de Werner e Mount -, e garantiu presença em sua terceira final de UCL na história. Antes da decisão continental, os Blues encerraram sua participação na Premier League na 4ª colocação, com 38 jogos, 19 vitórias, 10 empates, 9 derrotas, 58 gols marcados e 36 gols sofridos. Em 15 de maio, os Blues ainda disputaram a final da Copa da Inglaterra, mas foram derrotados por 1 a 0 pelo Leicester City. A única chance de troféu era mesmo a final europeia. E o rival seria um velho conhecido dos últimos anos: o Manchester City.
Acerto de contas e bicampeonato

Enfrentar o City em uma final de UCL não poderia ser mais simbólico ao Chelsea. Era justamente o clube que tanto “bateu” nos Blues nos últimos anos, incluindo duas finais – Copa da Liga de 2019 e Supercopa da Inglaterra de 2018 – e o 6 a 0 na Premier League de 2019. Era o melhor momento para a vingança, justamente na competição que tanto os Citizens queriam e almejavam desde o início dos investimentos do Abu Dhabi United Group, em 2008. A partida foi disputada no Estádio do Dragão, na cidade do Porto (POR), com público de pouco mais de 14 mil pessoas – ainda por conta das restrições da pandemia.
O Chelsea foi a campo completo, com Mendy no gol, Azpilicueta, Thiago Silva e Rüdiger na defesa, Reece James e Chilwell nas alas, Kanté e Jorginho no meio e Mount e Havertz atrás de Timo Werner. O City, favorito, apostava no entrosamento e qualidade de seu elenco, com Ederson no gol, Walker e Zinchenko nas laterais, Rúben Dias e Stones na zaga, Gündogan, Foden e Bernardo Silva no meio, De Bruyne na armação e Sterling e Mahrez no ataque. Guardiola buscava o grande troféu que ainda lhe faltava no comando dos Citizens e que ele não levantava desde os tempos do Barcelona. Já Tuchel tinha a chance de levantar a taça que escapou pelo PSG, na final de 2020 contra o Bayern.

E, quando a bola rolou, o Chelsea equilibrou as coisas e não deixou o City tomar conta do jogo como todos esperavam. Nos primeiros 15 minutos, os Blues criaram mais chances, mas esbarraram na falta de pontaria. O jogo seguiu lá e cá até que, aos 37 minutos, Kanté roubou a bola e puxou o contra-ataque rápido, mandando uma bola em profundidade para Kai Havertz dentro da área. O alemão tentou o drible, mas acabou travado. Aos 42 minutos, Chilwell recebeu na altura do meio de campo e tocou para Mount. O destaque do Chelsea na temporada percebeu os buracos na defesa do City e viu Havertz aparecer livre no corredor central em direção ao gol. O passe em profundidade de Mount foi preciso, cortou completamente as linhas dos Citizens e deixou o alemão frente à frente com Ederson. Com um drible para o lado, Havertz tirou o brasileiro da jogada e bateu para o gol vazio para fazer 1 a 0.


No segundo tempo, o Chelsea fechou os espaços e viu o rival rodar a bola sem encontrar inspiração para tentar o empate. Sem um centroavante de ofício e ainda com De Bruyne saindo lesionado aos 15’, os Citizens pararam na muralha azul armada por Thomas Tuchel. Por outro lado, quando chegava ao ataque, o Chelsea era muito mais perigoso, como aos 28’, quando Havertz conduziu a bola e passou para Pulisic na hora certa. O estadunidense bateu na saída de Ederson, mas a bola passou rente à trave direita.
O Chelsea manteve o 1 a 0, e, ao apito do árbitro, celebrou sua segunda Liga dos Campeões da UEFA. Uma campanha irrepreensível, com 9 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota em 13 jogos, com 23 gols marcados e apenas 4 gols sofridos. Giroud, com 6 gols, e Timo Werner, com 4 gols, foram os artilheiros do Chelsea na UCL. Werner e Havertz ainda se destacaram nas assistências, com 3 passes para gols cada um. Ao final da partida, Tuchel exaltou o seu elenco e ter vencido pela terceira vez em 2021 o Manchester City de Guardiola.
“City chegou com mais confiança e até mais autoconhecimento nessa final. Mas a gente sempre sentiu, a gente pensou o tempo inteiro que dava. A gente é a pedra no sapato do City. Eu dizia que não vamos deixar eles relaxar e quando chegar o nosso momento, temos que aproveitar. […] Foi um jogo muito difícil, a gente precisou também de sorte. Sair daqui sem tomar gol é muito importante. Nossa defesa jogou demais”.
A conquista do mundo

O Chelsea seguiu enxugando seu elenco e fez mais limpas do que contratações para a época 2021-2022. Caballero, Giroud, Abraham, Emerson e Zouma foram alguns dos que deixaram Stamford Bridge. Entre as contratações, o único destaque foi a chegada do belga Romelu Lukaku, por 97,5 milhões de libras. Embalados pelo título continental, os Blues venceram a Supercopa da UEFA em agosto de 2021, após empate de 1 a 1 com o Villarreal-ESP e vitória nos pênaltis por 6 a 5. Uma curiosidade é que, momentos antes das penalidades, o goleiro Mendy foi substituído por Kepa. E, dessa vez, o espanhol defendeu duas cobranças e fez jus à confiança do técnico Tuchel.
Após o caneco, o Chelsea emendou sete vitórias seguidas – com destaque para os 2 a 0 sobre o Arsenal, fora de casa, e os 3 a 0 sobre o Tottenham, também fora -, e conseguiu terminar o ano de 2021 na liderança da Premier League, além de se classificar para as oitavas de final da Liga dos Campeões da UEFA ao terminar na 2ª colocação o Grupo H, com 13 pontos em seis jogos. A equipe venceu os três jogos em casa – 1 a 0 no Zenit-RUS, 4 a 0 no Malmö-SUE e 4 a 0 na Juventus-ITA -, perdeu fora para os italianos (1 a 0), venceu os suecos fora (1 a 0) e empataram na Rússia contra o Zenit (3 a 3).
Já em fevereiro de 2022, o Chelsea viajou até Abu Dhabi para a disputa do Mundial de Clubes da FIFA de 2021, que acabou sendo realizado em 2022 por causa do calendário ainda bagunçado devido à pandemia. Nas semifinais, os ingleses venceram o Al-Hilal-ARS por 1 a 0 (gol de Lukaku) e foram à final encarar o Palmeiras-BRA, que havia eliminado o Al-Ahly-EGI. Era a chance do clube de Stamford Bridge conquistar o troféu que escapou lá em 2012 justamente para o rival do Verdão, o Corinthians, que venceu os ingleses no Japão por 1 a 0. Ao contrário do que muitos pensavam, o Chelsea queria muito vencer o torneio e Petr Cech, ex-goleiro do clube e consultor da equipe na época, alertou os atletas sobre a importância da competição e a frustração de ter perdido em 2012, como relatou o atleta do Chelsea Mason Mount.
“Petr falou um pouco antes do treino desta semana e disse que não tem muitos arrependimentos na carreira. No entanto, disse que um deles é não ter disputado esse torneio (Mundial) com a força máxima e não ter conquistado o título dessa competição quando teve a chance”, disse Mount.
“Ele só teve uma chance de vencer o Mundial em toda a sua carreira. Eu posso ter apenas uma chance na minha carreira também. Então, nós, como grupo, estamos levando tudo muito a sério para ganhar uma grande competição, que poucos clubes no mundo conquistaram. É raro, muito raro, ter a chance de disputar o Mundial. Você tem que vencer a Champions League para estar aqui, então não é algo que acontece todo dia”.


Quando a bola rolou, o Chelsea teve dificuldades para criar jogadas diante da proposta defensiva ao extremo do Palmeiras, que só queria aproveitar o erro do adversário. Após um primeiro tempo sem gols, os Blues abriram o placar aos 9’ da etapa final, em gol de Lukaku, de cabeça, após cruzamento de Hudson-Odoi. Dez minutos depois, o Palmeiras, já mais assíduo no ataque, teve pênalti a seu favor e Raphael Veiga empatou: 1 a 1.
O jogo foi para a prorrogação e o cansaço começou a atingir o time brasileiro, que acabou acuado diante dos ingleses, que foram pra cima dispostos a liquidar o jogo sem depender dos pênaltis. Faltando três minutos para o fim, Luan tocou a bola com a mão dentro da área e o árbitro marcou pênalti. Na cobrança, Havertz mandou a redonda pro fundo do gol e decretou a vitória azul: 2 a 1. Chelsea campeão do mundo! E apenas o terceiro clube inglês a conquistar tal título, a exemplo do Manchester United (campeão em 1999 e 2008) e Liverpool (campeão em 2019). Tuchel comentou, em entrevista à TNT Sports, em fevereiro de 2022, sobre a dificuldade da decisão.
“Quando você está disputando e vê cenas como a do Palmeiras deixando o centro de treinamento, é possível sentir a dimensão do trabalho para chegar a essa competição. Precisa classificar para a Liga dos Campeões pela Premier League – que é difícil -, ganhar a Liga dos Campeões. Só então você chega para jogar contra os times de outros continentes, como o Palmeiras. Dá para entender as dificuldades e importância desse título”.
À espera de novas conquistas

Depois do título, o Chelsea não conseguiu manter o ritmo na Premier League e viu o Manchester City levantar mais uma vez o troféu, com o Liverpool na segunda colocação – os Blues terminaram em terceiro lugar. Na Liga dos Campeões, a equipe despachou o Lille-FRA sem dificuldades nas oitavas, mas caiu diante do Real Madrid após derrota em casa por 3 a 1 e vitória por 3 a 2 na Espanha, que foi insuficiente para reverter o placar agregado de 5 a 4 dos merengues. Ainda dentro de casa, o Chelsea conseguiu chegar às finais da Copa da Inglaterra e da Copa da Liga Inglesa, mas perdeu ambas para o Liverpool. E ambas nos pênaltis!
Tuchel acabou deixando o comando dos Blues em setembro de 2022 e, a partir dali, o clube parou de competir diante da falta de bons nomes e aos problemas extracampo envolvendo Roman Abramovich, que deixou a liderança do Chelsea após vários anos para a BlueCo assumir o dia a dia do clube ainda em 2022. Tentando se reencontrar depois de tantos anos de glórias – o primeiro passo já foi dado, com o título da Liga Conferência da UEFA de 2024-2025 -, o Chelsea espera poder construir esquadrões como dos anos 2000, 2010 e daquele começo de 2020, equipes que conquistaram praticamente tudo e colocaram os Blues no topo do mundo.
Os personagens:
Mendy: nascido na França, mas com nacionalidade senegalesa, Mendy chegou em 2020 ao Chelsea para assumir a titularidade do gol após a queda de rendimento de Kepa. Com muita regularidade, senso de colocação e frieza, arrumou de vez a meta azul e foi um dos destaques do título europeu de 2021 ao sofrer míseros três gols nos 12 jogos que disputou. O goleiro ainda estendeu sua boa fase à seleção de Senegal, pela qual venceu a Copa Africana de Nações de 2021. Ele foi eleito pela FIFA o melhor goleiro do mundo de 2021. Mendy deixou o Chelsea em 2023 para jogar no futebol árabe. Foram 105 jogos pelos Blues.
Kepa: o espanhol chegou com a pompa de goleiro mais caro do mundo, mas nunca correspondeu aos valores pagos pelo Chelsea e rendeu pouco, tanto é que o clube foi buscar outro goleiro na temporada 2020-2021. Sem boas sequências de jogos, seu melhor momento foi na Supercopa da UEFA de 2021, quando defendeu dois pênaltis e garantiu o título diante do Villarreal. Mas foi muito, muito pouco para um jogador de 72 milhões de libras. Prova disso é que ele deixou o Chelsea em 2023.
Azpilicueta: após a saída e/ou aposentadoria dos estandartes dos tempos de glória do Chelsea, Azpilicueta assumiu a braçadeira de capitão da equipe na época 2019-2020 e seguiu como uma das referências defensivas da equipe. Combativo, muito bom na marcação e capaz de jogar na lateral-direita e também na zaga, Azpilicueta disputou uma média de 45 jogos por temporada na época e foi fundamental para as conquistas continentais dos Azuis. Ele deixou o Chelsea em 2023 após 508 jogos, 17 gols e 9 títulos, entre eles a Liga dos Campeões de 2021 e o Mundial, ambos levantados pelo espanhol.
Thiago Silva: com uma imensa lacuna no setor defensivo, o Chelsea recorreu à experiência do brasileiro para voltar a ter uma zaga de confiança e que levasse poucos gols. E Thiago Silva conseguiu ajudar os azuis com a regularidade de sempre e o aval do técnico Thomas Tuchel, que deu ao brasileiro a titularidade incontestável no período. Entre 2020 e 2024, foram 155 jogos e 9 gols pelos Blues.
David Luiz: o brasileiro teve uma boa passagem pelo Chelsea entre 2011 e 2014, quando conquistou a Liga dos Campeões e a Liga Europa. Após uma ida ao PSG, retornou em 2016 e permaneceu até 2019, fazendo mais bons jogos e ajudando o Chelsea não só na zaga, mas também no meio de campo, além de levar perigo em cobranças de falta e jogadas aéreas. Na temporada 2018-2019, disputou 50 jogos, marcou três gols e foi muito importante na conquista de mais uma Liga Europa.
Rüdiger: defensor muito versátil, raçudo e que pode não só jogar no miolo central, mas também nas laterais, o alemão chegou em 2017 ao Chelsea e, aos poucos, se firmou como zagueiro titular do time pelas boas atuações, desarmes precisos, liderança e espírito de luta. Faturou cinco títulos no Chelsea até ser contratado pelo Real Madrid, em 2022. Foram 203 jogos e 12 gols pelos Blues.
Marcos Alonso: cria do Real Madrid, o defensor podia jogar como zagueiro e lateral-esquerdo, sempre demonstrando eficiência na marcação, no desarme e nos passes. Alonso fez grandes jogos nas caminhadas continentais do Chelsea e registrou, entre 2016 e 2022, 29 gols e 22 assistências em 212 jogos disputados.
Reece James: formado na base do Chelsea, ganhou mais oportunidades com o técnico Frank Lampard e até oportunidades na seleção inglesa. Embora tenha sido titular absoluto, foi bastante utilizado como lateral e ala pela direita. Com o bloqueio de transferências do Chelsea, ganhou chance no time principal e correspondeu.
Christensen: o zagueiro dinamarquês chegou em 2014 e passou algumas temporadas no futebol alemão por empréstimo, para ganhar experiência. Quando retornou, alternou bons e maus momentos, mas não conseguiu cravar sua titularidade. Disputou 161 jogos pelos Blues e foi jogar no Barcelona em 2022.
Jorginho: sob o comando de Sarri, o ítalo-brasileiro se transformou em um dos pilares do meio de campo do Chelsea e contribuiu com gols, passes e grandes atuações que o levaram à titularidade da seleção italiana, pela qual venceu a Eurocopa de 2020. Suas melhores temporadas foram as de 2020-2021 e 2021-2022, período em que anotou 17 gols, fez do Chelsea campeão europeu, da Supercopa e do mundo e levou o prêmio de melhor jogador europeu da UEFA de 2020-2021. Jorginho deixou o Chelsea em 2023 para jogar no Arsenal. Ele disputou 213 jogos, marcou 29 gols e deu 8 assistências pelos Blues.
Kovacic: após chegar por empréstimo, acabou beneficiado pela punição que o Chelsea sofreu da FIFA e foi contratado em definitivo. Com boa participação na construção de jogadas e nos passes, foi muito útil nas trajetórias vencedoras do período. Deixou o Chelsea em 2023 após 221 jogos e 6 gols.
Kanté: o meio-campista francês despontou no Leicester City campeão inglês de 2016 e foi contratado pelo Chelsea naquele mesmo ano. Rapidamente, se transformou em um dos melhores volantes do mundo e peça-chave, também, da França campeã mundial de 2018. Incansável, perito nos desarmes, em iniciar contra-ataques e na proteção à defesa, além de ser muito técnico, Kanté jogou no Chelsea até 2023, acumulou 269 jogos, 13 gols e 6 títulos.
Chilwell: foi contratado por € 50,2 milhões e deu mais força ao setor esquerdo da zaga azul. Titular na maior parte da temporada do título da Liga dos Campeões de 2020-2021, o inglês mostrou seu valor especialmente no esquema com três zagueiros, que lhe dava mais liberdade em campo.
Emerson Palmieri: o brasileiro naturalizado italiano chegou ao Chelsea em 2018. Cria da base do Santos, não conseguiu se firmar e alternou jogos como titular e suplente, mais para compor elenco, embora tenha feito algumas boas partidas principalmente na temporada 2018-2019, quando registrou 27 partidas disputadas. Acabou deixando o clube em 2021 para jogar no Lyon e, em seguida, foi negociado junto ao West Ham. Ele é um dos raros atletas a ter no currículo os três principais torneios da UEFA em disputa atualmente: Liga dos Campeões, Liga Europa (estas duas conquistadas pelo Chelsea) e Liga Conferência (conquistada pelo West Ham).
Hudson-Odoi: cria das bases, ganhou mais oportunidades principalmente após 2019-2020 por atuar nas duas pontas do ataque e dar mais velocidade e alternativas ofensivas em passes e cruzamentos. Disputou 126 jogos e marcou 16 gols pelos Blues até ir jogar no Bayer Leverkusen em 2022-2023.
Kai Havertz: revelado pelo Leverkusen, em 2016, chegou ao Chelsea em 2020 e virou um dos principais nomes ofensivos da equipe, além de se entrosar bem como Timo Werner no ataque durante a campanha do título da UCL de 2021. Rápido e habilidoso, marcou o gol do título europeu e, tempo depois, o do título mundial. Nas três temporadas pelos Blues, disputou 139 jogos, marcou 32 gols e deu 12 assistências.
Eden Hazard: após despontar no Lille campeão francês, Hazard chegou ao Chelsea e se transformou em um dos mais cobiçados e talentosos meias do futebol mundial nos anos 2010. Com estupenda visão de jogo, driblador, rápido e com faro artilheiro, cravou seu nome na história azul com 352 jogos e 110 gols, além de 85 assistências. Foi sem dúvida o personagem principal da campanha do título da Liga Europa de 2019 e destruiu o Arsenal na decisão. Uma pena que sua carreira tenha caído abruptamente a partir do momento em que foi para o Real Madrid, onde jamais brilhou, conviveu com lesões até se aposentar precocemente, aos 32 anos, em 2023.
Pulisic: outro jogador habilidoso dos Blues naquela época, podendo jogar como meia e também ponta, Pulisic chegou em 2019, após uma boa passagem pelo Borussia Dortmund. No Chelsea, fez uma temporada 2019-2020 de impacto ao marcar 11 gols em 34 jogos. Seguiu no time nas épocas seguintes e foi um dos destaques das campanhas vencedoras de 2021. Em 145 jogos, marcou 26 gols.
Ziyech: o marroquino não conseguiu repetir o brilho dos tempos de Ajax, mas fez alguns bons jogos pelos Blues. Meia ofensivo e também útil como ponta, chutava bem e aparecia com perigo nas áreas rivais. No esquema do técnico Tuchel, que não precisava tanto de pontas, ele acabou indo para a reserva. Fez o gol da vitória do Chelsea na semifinal da Copa da Inglaterra contra o Manchester City em 2021. Foi um dos destaques da seleção do Marrocos semifinalista da Copa do Mundo de 2022.
Mason Mount: outro formado na base do Chelsea, inicialmente fez parte da política de empréstimos do clube e jogou por outras equipes até retornar a Stamford Bridge quando Lampard assumiu o comando técnico. Aproveitou o ano de embargo de transferências para brilhar e conquistar seu espaço. Se transformou em um dos principais nomes do time em 2019-2020 e 2020-2021, disputando mais de 50 jogos por temporada. Foram 17 gols nesse período e outros 13 gols em 2021-2022. Além de aparecer bem no ataque e poder jogar em várias posições, dava passes precisos aos companheiros. Disputou 195 jogos, marcou 33 gols e deu 35 assistências entre 2019 e 2023, até se transferir para o Manchester United.
Pedro: o já consagrado atacante chegou em 2015 ao Chelsea e manteve a sina por decisões enquanto esteve nos Blues. Embora não tenha sido tão prolífico como nos tempos de Barcelona, deixou sua marca em jogos importantes e na final da Liga Europa de 2019. Nas cinco temporadas em Stamford Bridge, o espanhol disputou 206 jogos, marcou 43 gols e deu 26 assistências.
Willian: jogou entre 2013 e 2020 no Chelsea e foi um dos principais nomes ofensivos do time, sempre atuando na ponta-direita, dando passes precisos aos companheiros, abrindo defesas e distribuindo a bola com qualidade. Rápido e habilidoso, viveu um dos melhores períodos da carreira no clube de Londres, semelhante até ao vivido no Shakhtar Donetsk. Disputou 339 jogos, marcou 63 gols e deu 57 assistências com a camisa azul.
Loftus-Cheek: meio-campista de imposição e revelado no Chelsea, jogou de 2014 até 2023 na equipe londrina, com breves períodos emprestado a outros clubes. Suas melhores temporadas foram 2018-2019 (quando disputou 40 jogos e marcou 10 gols) e 2021-2022.
Timo Werner: veloz e com boa presença de área, chegou com alta expectativa após brilhar pelo RB Leipzig, mas acabou deixando a desejar em seu período no Chelsea. Marcou alguns gols, mas pouco em comparação com sua passagem pelo Leipzig, além de ter perdido muitas oportunidades cara a cara. Foram 23 gols em 89 jogos pelos Blues.
Giroud: o francês nunca foi o artilheiro dos tempos de Arsenal, mas ainda sim deixou sua marca como referência do setor ofensivo, principalmente na temporada do título da Liga Europa em 2018-2019, quando marcou 13 gols em 45 jogos. Além da presença de área, sempre foi muito bom no pivô e em dar passes aos companheiros. Em sua passagem por Stamford Bridge, disputou 119 jogos, marcou 39 gols e deu 14 assistências. Deixou os azuis em 2021 para jogar no Milan.
Morata: o espanhol jogou de 2017 até 2020 no Chelsea, mas nunca se firmou. Com os habituais problemas de finalização, principalmente no mano a mano com o goleiro, deixou a desejar e não foi decisivo como os companheiros. Disputou 72 jogos e marcou 24 gols pelos Blues.
Abraham: cria do Chelsea, foi emprestado a outros clubes até retornar em 2019-2020 para dar mais alternativas ao ataque do time com sua velocidade, bons chutes e dribles. Ele foi o artilheiro do time naquela temporada com 18 gols em 47 jogos e anotou outros 12 gols em 32 jogos na época seguinte. Com a chegada de Lukaku, perdeu espaço e foi negociado junto à Roma.
Lukaku: o belga já havia passado pelo Chelsea lá na época 2011-2012, mas sem brilho. Quando chegou em 2021, veio cercado de expectativas após as boas apresentações na Internazionale e também na seleção belga. No entanto, o atacante oscilou muito e só conseguiu brilhar no Mundial de Clubes, quando fez um dos gols da vitória sobre o Palmeiras que selou o inédito título. Ele deixou o Chelsea ao fim da temporada 2021-2022 para jogar na Inter novamente. Foram apenas 15 gols em 44 jogos pelos Blues.
Maurizio Sarri, Frank Lampard e Thomas Tuchel (Técnicos): embora nunca tenha sido unanimidade, Sarri conseguiu levar o Chelsea ao título invicto da Liga Europa e salvou uma temporada 2018-2019 que tinha tudo para ser um fiasco. O italiano registrou quase 62% de aproveitamento, com 39 vitórias, 13 empates e 11 derrotas em 63 jogos. Lampard assumiu o time em meio ao embargo de contratações e com várias lacunas no elenco, o que prejudicou seu trabalho principalmente na primeira temporada. Na segunda, não conseguiu manter o time competitivo e acabou demitido com pouco mais de 52% de aproveitamento. Já Thomas Tuchel recolocou o Chelsea nos trilhos, levantou três títulos e conseguiu tornar a equipe competitiva mesmo com claras limitações. Ele comandou os azuis em exatos 100 jogos, com 60 vitórias, 24 empates e 16 derrotas, aproveitamento de 60%.
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