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Craque Imortal – Nándor Hidegkuti

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Nascimento: 03 de março de 1922, em Budapeste, Hungria. Faleceu em 14 de fevereiro de 2002, em Budapeste, Hungria.

Posições: Centroavante, Ponta-direita e Meia

Clubes: Elektromos-HUN (1942-1945), Herminamezei AC-HUN (1945-1946) e MTK Hungária-HUN (1947-1958).

Principais títulos por clubes: 3 Campeonatos Húngaros (1951, 1953 e 1958), 1 Copa da Hungria (1952) e 1 Copa Mitropa (1955) pelo MTK Hungária.

Principal título por seleção: 1 Medalha de Ouro Olímpico (1952), 1 Campeonato da Europa Central (1953), 1 Copa dos Balcãs e da Europa Central (1947) e 1 Vice-campeonato da Copa do Mundo da FIFA (1954) pela Hungria.

Principais títulos individuais:

Jogador Húngaro do Ano: 1953

Eleito para o All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA: 1954

 

“O Revolucionário”

Por Guilherme Diniz

Um dos esquadrões mais avassaladores do século XX foi o montado pela Hungria nos anos 1950. Durante quatro anos, a seleção magiar empilhou recordes, gols e atuações memoráveis que deram àquela equipe os codinomes Time de Ouro e Mágicos Magiares. Era comum a equipe abrir pelo menos 2 a 0 nos primeiros 20 minutos de jogo, entrar já aquecida ao campo de jogo e desorientar os rivais com o esquema WM invertido, quando um específico jogador desfazia o “M” para recuar, distribuir o jogo e chegar de trás, por meio de tabelas rápidas, para marcar gols ou dar passes precisos para os companheiros de ataque diante de tantos espaços encontrados nos esquemas rivais. Era algo inédito e revolucionário para a época. 

Aquela maneira de jogar criou em definitivo o falso 9, já utilizado em décadas passadas, mas não com tanta perfeição como naquela Hungria. E isso só aconteceu graças à genialidade e talento de Nándor Hidegkuti, um dos maiores craques da história do futebol e cerebral para os magiares vencerem o Ouro Olímpico de 1952, aplicarem um 6 a 3 na Inglaterra em pleno Wembley e alcançarem a final da Copa de 1954. Se todos falavam de Puskás, Kocsis, Czibor, Bozsik, Grosics e o técnico Sebes, Hidegkuti era o craque silencioso que fazia aquela engrenagem funcionar. Tanto é que, com ele muito bem marcado na decisão de 1954, a Hungria padeceu diante da Alemanha. É hora de relembrar a carreira dessa lenda.

De Ôbuda ao futebol

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Filho de um herói da Primeira Guerra Mundial e de uma diretora de fábrica, Hidegkuti cresceu em Ôbuda, região histórica do país e que se uniu à Budapeste no século 19. Localizada às margens do rio Danúbio, a área é atualmente conhecida como Distrito III e foi nela onde Hidegkuti começou a jogar futebol nos campos de terra ao lado do Hospital Szent Margit. “Eu devia ter sete anos quando acordei e vi minha mãe procurando a sua meia. Eu a havia escondido sob meu travesseiro, mas já não era mais uma meia, e sim uma bola de pano novinha em folha. Nos campos ao redor da fábrica de tijolos de Újlak, esse era o maior tesouro, uma bola pequena e redonda feita com pedaços de pano e materiais usados que eu conseguia arranjar em casa”, comentou o jogador certa vez sobre sua infância. 

Nos jogos de rua, Hidegkuti era normalmente escolhido como capitão e goleiro de seus times por conta da altura e grande velocidade, mas aos poucos foi demonstrando enorme aptidão com a bola nos pés. “Naquela época, eu trabalhava na fábrica de meias, como aprendiz, assim como no time de futebol. Na fábrica, eu tinha que correr até a tabacaria ou até o açougue para agradar os assistentes, e ainda carregava o equipamento para os jogos”. Rapidamente, sua habilidade foi notada e, aos 17 anos, Hidegkuti foi chamado para o time do Gázművek, da segunda divisão, que ficava nas proximidades de sua casa. Após três anos, foi jogar na equipe profissional do Elektromos, onde permaneceu até 1945 e não conseguiu ter uma boa sequência de jogos devido à Segunda Guerra Mundial. No entanto, após o conflito, a carreira de Hidegkuti iria deslanchar de vez.

MTK e primeiros jogos pela seleção

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O ano de 1945 foi um divisor de águas para a carreira de Hidegkuti. Naquela temporada, o craque conseguiu sua primeira convocação para a seleção e mostrou seu cartão de visitas com dois gols na goleada de 7 a 2 da Hungria sobre a Romênia, em amistoso disputado na capital Budapeste. No mesmo ano, conseguiu uma vaga no Herminamezei, onde seguiu jogando bem até despertar o interesse do MTK, um dos principais clubes do país e principal rival do Honvéd. Em tempos difíceis e com enormes interferências militares nos esportes, o MTK acabaria mudando de nome três vezes sob comando da polícia secreta: Textiles, Bástya e Vörös Lobogó, para só depois voltar a ser MTK Hungária. 

Embora tivesse toda uma carga obscura por trás, o MTK era famoso por seu estilo refinado de jogo, baseado em passes rasteiros, toques precisos, jogadas inteligentes e um futebol criativo e dinâmico. E essas características fizeram com que Hidegkuti se identificasse com a filosofia do clube e melhorasse ainda mais seu futebol. Em 1947, seu primeiro ano no MTK, voltou a jogar pela seleção e marcou três gols nos 9 a 0 sobre a Bulgária, pela Copa dos Balcãs. Na temporada seguinte, marcou mais dois gols nos 6 a 2 sobre a Polônia em plena capital polonesa. E, a partir dali, não saiu mais das convocações da seleção, principalmente após a chegada de Gusztáv Sebes ao comando técnico dos magiares. Aliás, o treinador foi essencial para a sequência de Hidegkuti não só na seleção, mas também no próprio futebol por causa das dificuldades que a família do jogador passou a enfrentar após a ascensão do Partido Comunista no país. 

“Meu pai já havia perdido o emprego naquela época. Minha mãe também estava com problemas e queriam expulsá-la da fábrica. E quanto a mim? Muitos simplesmente me ignoravam por causa do nosso passado. Foi então que Gusztáv Sebes nos ajudou. Ele disse: ‘Precisamos apagar da cabeça dos camaradas quem éramos. Precisamos inventar uma nova família Hidegkuti. E essa nova história precisa ser apresentada aos camaradas e ao país por meio de um filme.’”

O próprio Sebes dirigiu o filme, que foi exibido em um cinejornal da época. Nele, a mãe de Hidegkuti aparecia como operária, com um grande lenço na cabeça, trabalhando. O filme a mostrava em ação, enquanto narravam como ela criava a família com grande dificuldade, além do trabalho. Quem conhecia a família sabia que não era verdade. Mas, mesmo assim, o Partido Comunista aceitou que os Hidegkuti tinham “uma nova identidade” e que eram “outras pessoas”. Assim, a mãe do jogador pôde continuar na fábrica e Hidegkuti, agora reconhecido como ‘filho de operário’, pôde jogar futebol. 

Susto e sangue novo

Em meados de 1948, Hidegkuti sofreu uma lesão e viu sua condição física piorar após uma excursão com o MTK pelo Oriente Médio. Quando ele jogava, não conseguia apresentar o mesmo rendimento de antes. Desconfiados, os médicos do clube o levaram a um Hospital Esportivo e, após alguns exames laboratoriais, descobriram que o craque estava anêmico. 

“Começou então a luta dos médicos contra minha anemia. Espalhou-se a notícia de que um jogador de futebol precisava de meio litro de sangue. Até que uma bela enfermeira se apresentou ao médico e disse: ‘Verifiquem se meu sangue pode ser usado para Hidegkuti…’ Desde então, lembro-me dela com carinho, pois, pouco depois, em 1948, em Bucareste, marquei três gols deslocado como ponta-esquerda da seleção B, garantindo nossa vitória contra a Romênia. 

Após a partida, enviei um cartão-postal à generosa e solidária enfermeira: ‘Usei seu sangue com responsabilidade. Mais uma vez, obrigado pelo seu sacrifício.’ E o mais bonito de tudo: o jornal esportivo escreveu sobre mim: ‘A entrada de Hidegkuti trouxe sangue novo ao jogo.’” – comentou o craque sobre o episódio, anos depois.

Em 1951, o jogador corou aquela nova fase com o título do Campeonato Húngaro, o primeiro de sua carreira. O MTK – na época chamado de Bástya -, fez uma campanha irretocável com 22 vitórias, dois empates e duas derrotas em 26 jogos, além de 96 gols marcados (melhor ataque) e 27 gols sofridos. Hidegkuti foi o vice-artilheiro da equipe com 21 gols, atrás apenas do companheiro Péter Palotás, que marcou 25. Aliás, Palotás seria o principal “concorrente” de Hidegkuti na seleção naquele começo de anos 1950. Por conta de sua ótima fase, o atacante normalmente ganhava a disputa nas escalações titulares entre 1951 e 1952. Quando jogava, Hidegkuti ainda era escalado como ponta-direita e não mais centralizado como gostava de jogar.

Ouro Olímpico e a revolução

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Os mágicos, ovacionados após o ouro. Mihaly Lántos, Peter Palotas, Zoltan Czibor, Jozsef Bozsik, Gyula Lorant, Jozsef Zakariás, Gyula Grosics, Sandor Kocsis, Nandor Hidegkuti, Ferenc Puskás e Jeno Buzanszky.
 

Em 1952, Hidegkuti disputou quatro dos cinco jogos da Hungria nos Jogos Olímpicos de Helsinque (FIN), marcou um gol e ajudou a seleção magiar a conquistar a medalha de Ouro. O time magiar tinha a espinha dorsal do esquadrão que iria encantar o mundo nos anos seguintes e entrou em campo para a final, contra a Iugoslávia, com a seguinte escalação: Grosics; Buzánszky, Lóránt e Lantos; Bozsik e Zakarías; Palotás, Kocsis, Hidegkuti, Puskás e Czibor. Já naquela temporada, Hidegkuti recuava e puxava a marcação dos defensores adversários, abrindo espaços para os outros quatro homens de frente. Ele “quebrava” o M e fazia a Hungria jogar no WW, com três homens mais recuados na frente, tática que desenvolveu o 4-2-4. 

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A Hungria campeã olímpica: ao invés de ficar centralizado, Hidegkuti recuava e ajudava os companheiros de ataque. Era o início da revolução.
 

Centroavante, ele desorientava os rivais por não ficar preso no miolo do ataque e municiava os companheiros com passes e lançamentos, além de fazer tabelinhas precisas e marcar gols. Hidegkuti ainda chutava muito bem, tinha faro goleador e uma noção tática espetacular. “Ele foi um dos melhores jogadores húngaros de todos os tempos. A posição de centroavante recuado era algo desconhecido até então, e essa inovação pegou os adversários de surpresa”, disse certa vez Jenő Buzánszky, um de seus ex-companheiros de seleção.

O impacto do estilo de jogo de Hidegkuti foi revolucionário. Ele popularizou o papel do falso 9, recuando para organizar o ataque e confundindo os defensores adversários, o que se tornaria uma das maiores inovações táticas do futebol. Vale lembrar que, antes dele, outros jogadores também exerceram esse papel. Anselmo, do Uruguai campeão do mundo em 1930, jogou assim algumas partidas da Celeste naquele Mundial. Matthias Sindelar, do Wunderteam da Áustria dos anos 1930, também. Adolfo Pedernera, lenda da Máquina do River Plate dos anos 1940, era o ponta que recuava e virava o maestro do time. Mas foi Hidegkuti quem consagrou de vez a posição e criou a diretriz a ser seguida ao longo das décadas. 

Maestro no Jogo do Século

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Com uma tática revolucionária para a época, a Hungria virou uma máquina de fazer gols. Goleadas eram comuns e o placar de 2 a 0 era visto quase que 100% das vezes antes dos 20 minutos de jogo. Isso acontecia por causa da preparação física realizada por Sebes com seu elenco e pelo fato de os jogadores fazerem aquecimento antes das partidas, algo que ninguém pensava na época. Vencendo todos e imbatíveis há dezenas de jogos, os húngaros foram convidados para um amistoso contra a Inglaterra, em Wembley, em 1953. Os ingleses ainda nutriam na época a alcunha de “imbatíveis” e jamais haviam perdido para uma seleção não-britânica dentro da Catedral do Futebol. Pois eles sofreram um revés histórico em 25 de novembro de 1953 arquitetado e estrelado exatamente por Hidegkuti. 

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A Hungria de 1954: uma das maiores seleções da história do futebol mundial. Em pé: Gyula Lóránt, Jenő Buzánszky, Nándor Hidegkuti, Sándor Kocsis, József Zakariás, Zoltán Czibor, József Bozsik e László Budai. Agachados: Mihály Lantos, Ferenc Puskás e Gyula Grosics.
 

Foi ele quem abriu o placar com apenas um minuto, em golaço da entrada da área. A Inglaterra empatou tempo depois, mas Hidegkuti fez o segundo, aos 20’. Puskás ampliou quatro minutos depois e fez mais um, aos 27′. Mortensen descontou e, no segundo tempo, Bozsik fez outro para os húngaros. Hidegkuti marcou seu terceiro gol, aos 11′. Ramsey fez o terceiro da Inglaterra na sequência, mas era tarde. A Hungria venceu por 6 a 3 e impôs a primeira derrota aos ingleses em Wembley para uma seleção não-britânica. Aquele jogo foi tão impactante que ganhou a alcunha de “jogo do século”. 

Crentes de que aquilo havia sido um “acidente”, os ingleses marcaram uma revanche para o mês de maio de 1954, em Budapeste. Pois levaram outra surra, dessa vez maior: 7 a 1, com um gol de Hidegkuti. De fato, a Hungria era a melhor seleção do planeta. E a consagração esperada para eles era na Copa do Mundo da FIFA de 1954, na Suíça.

A Copa e o doloroso vice 

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No Mundial, a Hungria devastou seus rivais na primeira fase com shows de gols e atuações magistrais de Hidegkuti. Na estreia, goleada de 9 a 0 sobre a frágil Coreia do Sul, em jogo no qual a Hungria não cometeu uma falta sequer. Na sequência, 8 a 3 sobre a Alemanha, com dois gols de Hidegkuti. Neste jogo, o técnico alemão Sepp Herberger escalou um time misto, pois não queria sacrificar sua equipe, que só precisava vencer a Turquia na última partida para se classificar. E, diante de uma Hungria com força máxima, percebeu que o principal nome e “coração” daquela seleção era Hidegkuti. Se o time germânico chegasse à final e enfrentasse a Hungria novamente, ele sabia que marcar o craque húngaro era fundamental.

Nas quartas de final, a Hungria derrotou o Brasil por 4 a 2, com um gol de Hidegkuti logo aos 4’, em jogo que ficou conhecido como “A Batalha de Berna” por causa das brigas, expulsões e 42 faltas cometidas (!). Nas semis, Hidegkuti deixou novamente sua marca nos 4 a 2 sobre o Uruguai, este o melhor jogo da Copa e cheio de emoções. Na final, a Hungria teve pela frente a Alemanha. E, dessa vez com sua equipe titular, a Nationalelf encontrou forças para superar os magiares após levar 2 a 0 em gols de Puskás e Czibor, virou para 3 a 2 e ficou com o título mundial, para espanto de todos no Wankdorf Stadium.

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Os times em campo: Eckel anulou Hidegkuti, Puskás não jogou tudo o que sabia e o gramado molhado brecou a velocidade húngara. Resultado? Vitória alemã.
 

Entre os vários fatores que sacramentaram a vitória alemã, um deles foi a marcação individual e irrepreensível de Horst Eckel sobre Hidegkuti. O incansável alemão de 22 anos não deixou o húngaro pensar e conseguiu coibir as principais jogadas de “quebra do M” da Hungria ao longo da partida, facilitando o trabalho alemão na defesa. Sem seu falso 9, a equipe magiar padeceu e não ficou com a Copa. O vice foi doloroso e decretou o fim de uma das maiores equipes de todos os tempos, que ficou mais famosa do que o próprio campeão, assim como a Holanda de 1974. Hidegkuti deixou o Mundial de 1954 com 4 gols e eleito para o All-Star Team do torneio.

Essencial no MTK e aposentadoria

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De volta ao MTK, o craque ajudou a equipe a vencer mais um Campeonato Húngaro e a Copa Mitropa de 1955, um dos principais torneios continentais da Europa antes da Copa dos Campeões. Na primeira fase, o MTK (chamado na época de Vörös Lobogó) eliminou o Wacker Wien-AUT após três jogos: empates em 3 a 3 e 2 a 2 e vitória por 5 a 1 em plena Viena, na partida desempate – neste jogo, Hidegkuti marcou dois gols. Nas quartas de final, os húngaros venceram o perigoso Hajduk Split-IUG com um 6 a 0 na ida (um gol de Hidegkuti) e derrota por 3 a 2 na volta (outro gol de Hidegkuti), resultado que classificou a equipe de Budapeste com o placar agregado de 8 a 3. 

Nas semis, o rival foi o compatriota Honvéd e a capital húngara simplesmente parou. No primeiro jogo, 75 mil pessoas lotaram o Népstadion e viram o Honvéd, mandante daquela partida, vencer por 5 a 2 – gols de Kocsis (2), Machos (2) e Czibor. Mas, na volta, o time de Hidegkuti fez 5 a 1 (três gols de Molnár e dois de Kovács) e se garantiu na grande final. Nela, a equipe húngara não tomou conhecimento do Dukla Praga-TCH e aplicou um 6 a 0 no jogo da ida, em Budapeste, com três gols de Hidegkuti, um show visto por 70 mil pessoas no Népstadion. Na volta, 50 mil pessoas viram o Vörös vencer por 2 a 1 (mais um gol de Hidegkuti e outro de Palotás) e ficar com o troféu. 

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Hidegkuti e o goleiro Sarti, na Fiorentina dos anos 1960.
 

Em 1956, a Revolução Húngara provocou uma debandada de jogadores do país e lendas como Puskás, Kocsis e Czibor não retornaram aos seus clubes após uma excursão pelo exterior e foram contratados por clubes de outros países, em especial da Espanha. Hidegkuti, porém, não abandonou seu país e permaneceu jogando no MTK por mais dois anos, até se aposentar em 1958, aos 36 anos, logo após a disputa da Copa do Mundo de 1958, na qual a Hungria caiu ainda na primeira fase. 

Amante do esporte, ele não conseguiu ficar longe dos gramados por muito tempo e virou técnico do MTK em 1959 até ir comandar a Fiorentina no começo da década de 1960. Na Viola, fez história ao levantar o título da Recopa da UEFA, até hoje o principal troféu continental da equipe de Florença. Hidegkuti ainda comandou várias equipes ao longo dos anos, levantou títulos nacionais pelo Györi ETO-HUN e Al Ahly-EGI, até se aposentar das pranchetas em 1985. 

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Em 2016, o MTK Hungária rebatizou seu estádio como Estádio Nándor Hidegkuti em homenagem ao maior jogador de sua história.
 

Por sua laureada carreira como jogador e treinador, Hidegkuti foi condecorado pela FIFA, em 1993, com o Prêmio Fair Play, por tudo o que ele fez por clubes, pela seleção e pelo futebol. Certa vez, disse: “Minha carreira como jogador foi bela. Quando entrávamos em campo pela seleção, era uma experiência incrível ver tantos estrangeiros comparecendo aos nossos jogos porque queriam assistir a um futebol bonito. Em todos os lugares, éramos cercados de carinho, e era uma alegria ouvir o Hino Nacional Húngaro antes das partidas. Como treinador, também tive um ambiente tranquilo ao meu redor. Posso dizer que vivi e trabalhei da maneira que queria. Sou um homem feliz”. Hidegkuti se foi em 2002, aos 79 anos, mas seu legado transcende o esporte. Afinal, só nos maravilhamos com Cruyff e Messi, dois dos mais notáveis “falsos 9” do futebol, por causa dele. O húngaro revolucionário. E imortal.

Números de destaque:

Disputou 314 jogos e marcou 226 gols pelo MTK.

Disputou 69 jogos e marcou 39 gols pela Hungria.

Segundo a RSSSF, Hidegkuti marcou 523 gols em 674 jogos na carreira, incluindo amistosos e partidas oficiais.


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