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Esquadrão Imortal – Dukla Praga 1956-1966

Grandes feitos: Octacampeão do Campeonato Tchecoslovaco (1956, 1958, 1960-1961, 1961-1962, 1962-1963, 1963-1964 e 1965- 1966), Tetracampeão da Copa da Tchecoslováquia (1952, 1960-1961, 1964-1965 e 1965-1966), Campeão da International Soccer League (1961) e Tetracampeão da American Challenge Cup (1961, 1962, 1963 e 1964).

Time-base: Kouba (Ivo Viktor); Šafránek, Cadek (Milan Dvorák) e Novák; Pluskal (Geleta) e Masopust; Brumovsky (Ivo Urban), Vacenovsky, Borovicka (Adamec), Kucera e Jelínek. Técnicos: Karel Kolsky (1956-1959), Bohumil Musil (1959-1960 e 1965-1966) e Jaroslav Vejvoda (1959-1965).

“O supercampeão mais odiado da história”

Por Leandro Stein

Oito vezes campeão da liga tchecoslovaca e quatro da copa nacional. Semifinalista da Copa dos Campeões da Europa. Vice da Copa Mitropa. Dono do título que era considerado o Campeonato Mundial de Clubes – e conquistado dentro dos Estados Unidos, território hostil aos comunistas. Base da seleção da Tchecoslováquia em três Copas do Mundo, incluindo no vice-campeonato em 1962. Dono do melhor jogador da Europa em 1962. O currículo do Dukla Praga em seus primeiros 20 anos de história merece muito respeito. E, mesmo assim, o clube era odiado pela população de seu país. A trajetória dos aurirrubros é complexa. Nasceu do seio do exército, sem relação com torcida alguma. E foi roubando jogadores de outros times, o que alimentou o desprezo dos adversários durante décadas. Seus craques só eram aliviados quando vestiam a camisa da seleção, e ainda com certa desconfiança. Mas, se o reconhecimento da maioria dos tchecoslovacos às suas glórias são mínimos, não dá para negar a importância do Dukla Praga, um dos melhores times do mundo na década de 1960 e do Leste Europeu em todos os tempos. É hora de relembrar.

Da libertação nacional ao ódio dos adversários

 

A história do Dukla Praga não começa em um estádio de futebol, mas no campo de batalha. A Tchecoslováquia esteve no centro da Segunda Guerra Mundial. Dominada pelos nazistas, só começou a recuperar a liberdade a partir de 1944. Em agosto daquele ano, uma das chaves para o triunfo do povo tchecoslovaco foi o enfrentamento na cidade de Dukla, na fronteira com a Polônia. Apoiado pelo exército soviético, o Slovenské Naroden se levantou contra os invasores alemães. A batalha deixou 70 mil mortos, mas abriu caminho para o fim da ocupação do país. Em 1946, com a Tchecoslováquia já liberta, o exército local formou o Army XI. O time, que disputou apenas um torneio entre soldados aliados, foi o precursor de um dos maiores campeões nacionais.

O comunismo tomou o poder em definitivo na Tchecoslováquia a partir de fevereiro de 1948. E o futebol local atravessou o mesmo processo aplicado em outros países da Cortina de Ferro. Os principais clubes foram apossados pelos órgãos estatais, a fim de criar uma ligação entre o regime e uma das grandes paixões nacionais. O exército, porém, preferiu não adotar nenhum time. Reavivou aquela antiga equipe que entrou em campo em 1946, agora com o objetivo de contar com os melhores jogadores do país e ter projeção internacional. Naquele mesmo mês de fevereiro, era fundado o ATK Praga – o primeiro nome do clube, cuja sigla significava ‘Clube de Educação Física do Exército’.

O ATK iniciou sua trajetória detestado por boa parte dos torcedores. Já em 1948, o Campeonato Tchecoslovaco foi adaptado para o calendário solar, seguindo as diretrizes soviéticas. E o clube do exército ganhou a vaga no certame com uma mísera vitória, superando o MZK Pardubice, que realmente havia vencido a divisão de acesso. Apesar dos privilégios, os primeiros anos na elite foram modestos. O ATK era um clube de meio de tabela, que passou suas cinco primeiras temporadas entre o quarto e o oitavo lugar na liga.

O problema do ATK não era especificamente falta de elenco. Pelo contrário. Por ser o time do exército, o clube lançou uma tática nenhum pouco limpa para contar com os principais craques tchecoslovacos. Quem estava na idade do serviço militar obrigatório era convocado a se juntar ao time, assim como quem também já tinha servido o exército. Mas o que era para ser uma garantia de qualidade foi um problema nesses primeiros anos. A falta de organização chegou a deixar o elenco com 64 jogadores. Muitos deles não estavam ali por vontade própria e não se empenhavam tanto em campo. Além disso, o elenco era pouco estável. Metade da tropa era liberada anualmente e causava uma rotação alta no time.

Enfim, o esquadrão começa a ser formado

Masopust, principal craque do esquadrão. Foto: Zdenek Havelka / AP.
 

Só a partir de 1951 que o ATK passou a ter sua casa colocada em ordem. Naquele ano, assumiu o comando da equipe Karel Kolsky, ex-jogador do Sparta Praga e da seleção tchecoslovaca. O técnico fez aquilo que parecia óbvio, mas não tão claro para os militares: a equipe precisava de estabilidade, com os jogadores no grupo, não à mercê do serviço militar. E assim o timaço do ATK começou a ser montado. Vários nomes importantes chegaram ao clube, como Ladislav Novák, Jaroslav Borovicka, Frantisek Safránek, Svatopluk Pluskal e Josef Masopust. Todos jovens, que serviriam como base para os aurirrubros por duas décadas, em tempos sem rotatividade nem contratações constantes.

A transferência de Masopust é a mais notável. Não apenas por se tratar do craque do time, mas também pela controvérsia que gerou. Mesmo tão novo, o meio-campista era visto como um dos grandes talentos da Tchecoslováquia. Pepik tinha ótima visão de jogo, precisão nos passes, voracidade para tomar conta da meia-cancha. Por isso mesmo, era um dos destaques do Teplice, equipe que passara pelo controle de várias indústrias estatais. O problema é que o ATK queria Masopust. E ninguém poderia fazer nada contra o artifício do exército. O prodígio foi convocado para o serviço militar aos 21 anos e se juntou à equipe de Kolsky. Masopust passou a ser repudiado por torcedores de vários clubes, não só do Teplice. Algo que só mudaria com seus serviços prestados à seleção.

Uma das formações do Dukla: meio de campo era o grande destaque de um time muito competitivo.
 

Foram precisos apenas meses para que o ATK encontrasse o caminho das glórias a partir de então. Kolsky passou a aplicar um regime de treinos intensos, que antes eram impossíveis com as mudanças no elenco. O clube não foi bem no Campeonato Tchecoslovaco, terminando na oitava colocação. Mas foi na Copa da Tchecoslováquia que os aurirrubros conquistaram o seu primeiro título, derrotando o Sokol Hradec Králové na decisão. Daquele momento em diante, levantar taças se tornaria um hábito para o time do exército.

O nascimento do poderoso Dukla Praga

A primeira mudança de nome do ATK aconteceu em 1953. Parte de uma série de novas políticas implementadas pelo governo comunista, o clube militar seria chamado de UDA, a Casa Central do Exército. Outra novidade também estava nas cores. Os primeiros uniformes, com camisas verdes e calções pretos, seriam trocados pelo amarelo e pelo vermelho escuro, que tornariam o Dukla célebre com o passar dos anos. E as mudanças deram certo. O UDA Praga conquistou o inédito título da liga, em uma edição mais curta. Foram dez vitórias e apenas uma derrota em 13 rodadas, superando o Spartak Praga por três pontos.

Enquanto isso, a transferência de jogadores ao UDA continuava causando polêmica. Às vésperas da Copa de 1954, o clube foi usado para “entrosar” a defesa da Tchecoslováquia, reforçado por três jogadores do Dynamo de Praga – o atual Slavia Praga. Apesar do benefício, os aurirrubros não conseguiram voltar ao topo da tabela nas duas temporadas seguintes e tiveram que engolir o vice-campeonato na Copa Mitropa de 1955, derrotados na final pelo Vörös Lobogó (atual MTK), potência da Hungria. Já a seleção também não teve muita sorte no Mundial da Suíça, eliminada após as derrotas para Uruguai e Áustria, que seriam semifinalistas do torneio.

Já em 1956, a mudança definitiva. Em homenagem à batalha decisiva de 1944, o clube passa a se chamar Dukla Praga. Ali começa também o período mais consistente dos aurirrubros. Embora alguns veteranos do elenco tenham saído naquele ano, os jovens trazidos por Karel Kolsky chegavam ao ápice da forma – não à toa, sete jogadores, cinco deles com 27 anos, foram convocados pelo próprio Kolsky para a Copa de 1958. O Dukla ainda foi bicampeão tchecoslovaco em 1956 (quando chegou a enfiar 9 a 0 no terceiro colocado Spartak Praga) e 1957/58. Um time marcado principalmente pelo equilíbrio entre ataque e defesa.

Ao mesmo tempo, o Dukla também começava a ganhar relevância internacional. Os aurirrubros disputaram duas edições seguidas da Copa dos Campeões, embora seus resultados não tenham sido tão bons. Em 1957/58, foram eliminados nas oitavas de final para os Busby Babes do Manchester United. Depois de perderem por 3 a 0 em Old Trafford, a vitória por 1 a 0 em Praga foi inútil para os tchecoslovacos, que viram a classificação dos Red Devils – meses antes do famoso desastre aéreo de Munique, que vitimou oito jogadores da equipe. Já no ano seguinte, os algozes foram os austríacos do Wiener Sport-Club, também nas oitavas.

Pelé e Masopust

E, tanto quanto na Europa, os tchecoslovacos também fizeram sua fama entre os brasileiros. Primeiro derrotaram por 1 a 0 o Botafogo de Garrincha e Nilton Santos na semifinal do Torneio da Antuérpia de 1956, do qual se sagrariam campeões. Já em 1959, o Santos de Pelé foi colocado na roda em amistoso disputado no México. Vitória por 4 a 3 dos europeus, que impressionaram pela ótima capacidade nos dribles, especialmente Masopust. Uma prévia do que os brasileiros encontrariam tempos depois, na Copa do Mundo de 1962.

O tetracampeonato nacional e a glória dos comunistas nos EUA

Se a década de 1950 já tinha terminado gloriosa para o Dukla Praga, os anos 1960 foram ainda mais pródigos. O clube trocou de técnico em 1958/59. O vice-campeonato tchecoslovaco forçou a saída de Karel Kolsky, substituído por Jaroslav Vejvoda. E, depois do terceiro lugar em 1959/60, o treinador iniciou a melhor sequência dos aurirrubros na história da liga nacional. Foram quatro títulos entre 1961 e 1964, sempre com o melhor ataque da competição e uma das duas defesas menos vazadas. Os adversários não eram páreos para uma equipe que se via cada vez mais forte com o passar dos anos. Naquela primeira metade de década, chegaram ótimos jogadores como Jozef Adamec, Ján Geleta, Josef Jelínek e Ivo Viktor, considerado o melhor goleiro tchecoslovaco da história. Viktor desembarcou no clube em 1964, convocado para o serviço militar após se destacar em clubes do interior.

Durante a sequência de títulos, faltou um pouco mais de sorte ao Dukla em suas campanhas na Copa dos Campeões (atual Liga dos Campeões da UEFA). O time caiu três vezes consecutivas nas quartas de final, para Tottenham, Benfica e Borussia Dortmund. E foi justamente contra os encarnados, então bicampeões continentais, que os tchecoslovacos fizeram a eliminatória mais parelha, em 1962/63. Derrotados por 2 a 1 no Estádio da Luz, com dois gols de Coluna, não passaram do 0 a 0 no reencontro em Praga. Por fim, a sequência de quatro participações na Champions foi encerrada com uma queda nas oitavas, superados pelo Real Madrid.

O Dukla Praga só alcançou o sonhado título internacional saindo da Europa. Durante a década de 1960, os Estados Unidos organizaram a International Soccer League. A competição foi a primeira tentativa concreta de introduzir o futebol entre o público americano, levando para o país clubes da Europa e da América do Sul durante a intertemporada dos times locais. E a liga, chancelada pela FIFA, chegou a ganhar a pecha de Campeonato Mundial de Clubes para alguns. Uma honraria que o Dukla adicionou ao currículo na segunda edição do certame, em 1961. 

 

Os tchecoslovacos não participaram do primeiro turno, vencido pelo Everton-ING. Já na segunda metade da liga, sobraram: foram seis vitórias e um empate em sete rodadas, com 36 gols marcados e apenas seis sofridos. Entre os adversários derrotados, alguns clubes de respeito, como o Monaco, o Espanyol, o Estrela Vermelha e o Rapid Viena. Para ficar com a taça, contudo, os aurirrubros precisavam derrotar os ingleses. E foi uma surra sem tamanho em Nova York. O Dukla Praga venceu o primeiro encontro por 7 a 2, com direito a pênalti defendido pelo goleiro Pavel Kouba. Goleada humilhante sobre um time que frequentava as primeiras posições do Campeonato Inglês. Ainda haveria uma partida de volta, na qual os tchecoslovacos foram um pouco mais piedosos, vencendo por 2 a 0. 

A taça era levantada por Masopust e os jogadores da equipe passaram a ser colocados entre os melhores do mundo, em especial o artilheiro Rudolf Kucera. A equipe que representava o orgulho do regime comunista tchecoslovaco triunfava nos Estados Unidos, a pátria defensora ferrenha do comunismo, em plenos tempos de Guerra Fria. E o Dukla sairia vitorioso dos EUA outras vezes em 1962, 1963 e 1964, quando voltou para a disputa da American Challenge Cup (uma espécie de Supercopa) e bateu America-RJ, West Ham e Zaglebie Sosnowiec.

A Bola de Ouro e o auge da seleção

A fase esplendorosa do Dukla Praga refletiu diretamente na seleção da Tchecoslováquia. A equipe nacional aproveitou a base da equipe tetracampeã da liga para montar seu elenco na Copa do Mundo de 1962. Eram sete jogadores aurirrubros, incluindo o capitão Ladislav Novák e o craque Josef Masopust. Depois de superar a Escócia nas Eliminatórias, a seleção deu azar no sorteio dos grupos: caiu ao lado dos favoritos Brasil e Espanha, além do México. Ainda assim, o time venceu os espanhóis e passou na segunda colocação da chave. Depois, passou por Hungria e Iugoslávia, até a final contra os brasileiros. Masopust abriu o placar, mas os tchecoslovacos não seguraram Garrincha e Amarildo, derrotados por 3 a 1. Quatro titulares naquela final eram do Dukla: os defensores Pluskal e Novák, o meia Masopust e o atacante Jelínek.

A campanha não rendeu a Taça Jules Rimet, mas pelo menos outro troféu dourado foi parar na Tchecoslováquia em 1962. Por suas atuações pelo Dukla e pela seleção, Masopust foi eleito o melhor jogador da Europa. Era o primeiro jogador de um país da Cortina de Ferro a receber o Ballon d’Or. “Primeiramente, eu devo aquele prêmio ao sucesso dos meus companheiros no clube e na seleção. O impacto do Dukla e da Tchecoslováquia naquele me garantiram a escolha”, afirmou, tempos depois.

O meio-campista recebeu 65 votos, 12 a mais que Eusébio, deixando para trás também outros mitos como Gianni Rivera, Denis Law, Omar Sívori, Raymond Kopa e Luis Suárez Miramontes

“Não importava quem era o adversário, Masopust sempre destacou. Ele nunca deu um chutão na bola, sempre jogava com passes curtos e tabelas até que os espaços se abrissem. Então, ele iria destruir. Passava um, dois, três adversários, um depois do outro, como se fossem cones nos treinos. Era um jogador incrível”, definiu Svatopluk Pluskal, seu ex-companheiro na meio-cancha do Dukla e da seleção por 14 anos.

O último canto do cisne

Se o auge do Dukla Praga foi construído gradualmente, sua queda foi repentina. A temporada de 1964/65 foi trágica e os aurirrubros não passaram nem perto do pentacampeonato tchecoslovaco. O clube sofreu com as lesões e com a perda de vários jogadores importantes, como Borovicka, Sura, Safránek e Urban. Pior, a geração liderada por Masopust e Novák já chegava aos seus 34 anos. O elenco contou com alguns bons valores na reposição, mas foi um fiasco na liga, acabando na modestíssima oitava colocação e tendo que se satisfazer apenas com o título da copa. Jaroslav Vejvoda acabou demitido e o novo técnico seria Bohumil Musil, assistente desde a década de 1950.

Os últimos títulos daquele esquadrão do Dukla Praga aconteceram em 1965/66. O time compensou a decepção do ano anterior com a dobradinha na copa e na liga. Entretanto, o Campeonato Tchecoslovaco veio de maneira muito mais sofrida do que antes. Os aurirrubros terminaram empatados na tabela com Sparta Praga e Slavia Praga, todos com 33 pontos. A taça só foi garantida pelo ‘goal average’, critério de desempate que considerava a divisão dos gols marcados pelos gols sofridos. Por fim, aquele Dukla teve seu suspiro derradeiro de grandiosidade na Copa dos Campeões de 1966/67. Os tchecoslovacos passaram por Esbjerg, Anderlecht e Ajax – já treinado por Rinus Michels e com o garoto Johan Cruyff em início de carreira. No entanto, a equipe sucumbiu na semifinal ao Celtic de Jock Stein, que ficaria com a taça. Depois da derrota por 3 a 1 em Glasgow, o Dukla não foi além do 0 a 0 em Praga.

O elenco perdia suas referencias. Masopust, Novák, Pluskal e Jelínek, quatro peças fundamentais para os longos anos de sucesso, deixaram os aurirrubros entre 1966 e 1968. Para piorar, o Dukla não tinha nem mesmo uma torcida na qual se agarrar. Apesar do futebol vistoso e dos títulos, o clube sempre foi visto como privilegiado pelo poder central, capaz de conseguir o acesso sem méritos e roubar jogadores de outras equipes. “As pessoas nunca gostaram do Dukla Praga. É só olhar para o público de seus jogos, eram baixos em relação aos outros times mesmo quando eram campeões. Por exemplo, em 1965/66, eles tiveram 9 mil espectadores por partida, menos que os 24 mil de Slavia e Sparta, assim como os 13 mil de média do campeonato”, explica Radovan Jelínek, escritor tcheco especialista em futebol.

Embora a geração seguinte tivesse suas qualidades, não era boa o suficiente para competir com Spartak Trnava e Slovan Bratislava, os dois clubes hegemônicos naquela época. Foram 11 anos com um mísero título da Copa da Tchecoslováquia, até que o Campeonato Tchecoslovaco fosse reconquistado em 1977, em campanha liderada pelo veteraníssimo Ivo Viktor e pelo artilheiro Zdenek Nehoda. Nem de longe lembrava os tempos áureos de outras décadas.

O que aconteceu depois?

Além do título de 1977, o Dukla reconquistaria o Campeonato Tchecoslovaco em 1979 e 1982, enquanto faturaria a Copa em 1981, 1983, 1985 e 1990. Porém, o fim do regime comunista e do apoio do exército foram os empurrões finais para a derrocada. Sem torcida e sem grandes campanhas, o clube não conseguiu se sustentar e, além de rebaixado para a segunda divisão, declarou falência. Dos aurirrubros, ainda surgiu o FK Pribram, que carrega a história do Dukla, que conseguiu, por mais de uma década, cravar seu nome na história como um esquadrão imortal.

Os personagens (Por Guilherme Diniz):

Kouba: chegou ao Dukla em 1958 e permaneceu até 1965, quando acabou deixando a equipe por conta da ascensão do goleirão Viktor. Enquanto esteve no time titular, Kouba fez grandes jogos e manteve a fama de bons goleiros do país. Venceu quatro títulos nacionais e foi convocado para a Copa do Mundo de 1962.

Ivo Viktor: após chegar ao Dukla em 1963, Viktor foi assumindo a titularidade até virar o camisa 1 principal do time por mais de 10 anos. Na seleção, o goleiro demorou a engrenar e só foi assumir a meta da equipe a partir de 1966, se destacando na Copa do Mundo de 1970 e, principalmente, na conquista da Eurocopa de 1976, ano em que ficou em 3º lugar no Ballon d’Or. Foi, sem dúvida, um dos maiores goleiros da Europa no século XX.

Safránek: zagueiro muito seguro e que podia atuar, também, como lateral, Safranek jogou de 1952 até 1966 no Dukla Praga e participou de duas Copas do Mundo pela seleção tcheca: 1954 e 1958.

Cadek: com mais de 330 jogos pelo Dukla, foi uma das maiores lendas do clube e essencial para a segurança defensiva do time. Atuava mais centralizado na zaga e também na cabeça de área. Outro convocado para a Copa do Mundo de 1958, Cadek jogou de 1954 até 1971 no Dukla Praga.

Milan Dvorák: jogador polivalente, que podia atuar mais recuado, no meio ou mesmo no ataque, foi um dos mais inteligentes jogadores tchecoslovacos de seu tempo e jogou de 1954 até 1970 no Dukla Praga. Disputou 283 jogos no campeonato nacional e marcou 61 gols pela equipe. Em 1958, disputou quatro jogos da Tchecoslováquia na Copa do Mundo e marcou dois gols.

Novák: em 14 anos de Dukla, Novák acumulou oito títulos nacionais pelo clube e virou um símbolo de uma era de ouro. O craque levou seu talento, também, para a seleção nacional, pela qual disputou 75 jogos, sendo 71 como capitão. Presente nas Copas de 1954, 1958 e 1962, Novák não só era um ótimo defensor como também aparecia no ataque e marcava gols. Em 365 jogos de liga nacional pelo Dukla, marcou 23 gols, um número considerável para um zagueiro em sua época.

Pluskal: fez uma parceria lendária com Masopust no meio de campo da seleção e também do Dukla Praga naqueles anos 1950 e 1960. Tinha grande visão de jogo, técnica e eficiência na marcação. Outro que jogou por 14 anos no Dukla, Pluskal disputou 56 partidas pela seleção e esteve nas Copas do Mundo de 1958 e 1962.

Geleta: meio-campista de velocidade, Geleta jogou de 1963 até 1976 no Dukla Praga e vestiu a camisa da seleção em 19 oportunidades, anotando dois gols. Integrou o elenco que disputou os Jogos Olímpicos de 1964, em Tóquio (JAP), e ficou com a medalha de Prata.

Masopust: um dos mais talentosos jogadores do século XX e tido como maior jogador tchecoslovaco de todos os tempos, Josef Masopust foi um craque incontestável que marcou época com um futebol primoroso. Atuando majoritariamente pelo lado esquerdo do meio de campo, Masopust municiava os atacantes com passes precisos, distribuía bem a bola, iniciava contra-ataques e ainda protegia o miolo central com eficiência na marcação e desarmes precisos. Conquistou a marca de oito títulos nacionais pelo Dukla Praga, levantou três copas nacionais e, de quebra, a Bola de Ouro da France Football, em 1962. Entre 1952 e 1968, Masopust disputou 386 jogos de liga pelo Dukla e marcou 79 gols, além de contabilizar  63 jogos e 10 gols pela seleção. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Brumovsky: jogava pelos lados do ataque e foi outro medalhista olímpico da Tchecoslováquia em 1964. Pelo Dukla, anotou 42 gols em 242 jogos.

Ivo Urban: podia atuar no meio de campo, quando o esquema exigia três jogadores centrais, ou mais no ataque, como ponta ou meia. Jogou bem principalmente nas partidas do time pelas competições internacionais, em especial na Copa Mitropa e na Copa dos Campeões.

Vacenovsky: embora não tenha tido chances na seleção – disputou uma mísera partida em 1964 – o atacante brilhou pelo Dukla entre 1957 e 1969, quando marcou 67 gols em 271 jogos. Teve ainda uma passagem pelo Gent-BEL e pelo Lokeren-BEL.

Borovicka: o atacante integrou as seleções da Tchecoslováquia nas Copas de 1958 e 1962 e brilhou no Dukla Praga por 11 anos. Marcou 77 gols em 266 jogos pelos aurirrubros.

Adamec: teve a passagem mais curta dentre os listados por aqui – apenas duas temporadas -, mas o suficiente para ajudar o time a vencer dois campeonatos nacionais com seus 17 gols em 34 jogos. Pela seleção, Adamec integrou o time nas Copas de 1962 e 1970. 

Kucera: podia jogar como centroavante e também mais afastado da área. Participou de três títulos nacionais do Dukla entre 1959 e 1967, com destaque para sua artilharia na campanha de 1960-1961 com 17 gols. 

Jelínek: outro atacante talentosíssimo do time do Dukla, Jelínek atuou entre 1958 e 1967 no time tchecoslovaco e marcou 41 gols em 144 jogos da liga. Esteve na seleção que disputou a Copa do Mundo de 1962.

Karel Kolsky, Bohumil Musil e Jaroslav Vejvoda (Técnicos): Kolsky foi o responsável por mudar para sempre a história do Dukla ao montar um time equilibrado, competitivo e que colecionou títulos e mais títulos nos anos 1950. Seu sucesso o levou à seleção, a qual comandou na Copa do Mundo de 1958. Depois dele, foi Vejvoda quem manteve a sina vencedora e levou o Dukla a voos ainda maiores nas competições internacionais.

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Comentários encerrados

Um Comentário

  1. Parabens pelo texto guilherme o goleiro kouba acredito eu seja pai do goleiro pavel kouba vice na euro 96 quando levou o gol de ouro do bierhoff.o capita novak marcou garrincha duas vezes na copa de 62 e apesar dos dribles disse que dava orgulho enfrentar o camisa 7 e por fim o cerebral masopust bola de ouro e que nunca deu um bico na bola pode virar craque imortal fica a dica.

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