Nascimento: 18 de Agosto de 1943, em Alessandria, Itália.
Posição: Meio-campista
Clubes: Alessandria-ITA (1959-1960) e Milan-ITA (1960-1979).
Principais títulos por clubes: 1 Mundial Interclubes (1969), 2 Ligas dos Campeões da UEFA (1962-1963 e 1968-1969), 2 Recopas da UEFA (1967-1968 e 1972-1973), 3 Campeonatos Italianos (1961-1962, 1967-1968 e 1978-1979) e 4 Copas da Itália (1966-1967, 1971-1972, 1972-1973 e 1976-1977) pelo Milan.
Principal título por seleção: 1 Eurocopa (1968) pela Itália.
Principais títulos individuais e artilharias:
Bola de Ouro da revista France Football: 1969
Artilheiro do Campeonato Italiano: 1972-1973 (17 gols)
Artilheiro da Copa da Itália: 1966-1967 (7 gols) e 1970-1971 (7 gols)
Eleito um dos 1000 Maiores Esportistas do Século XX pelo jornal The Sunday Times
Eleito um dos 100 Maiores Jogadores do Século XX pela World Soccer: 1999
Eleito o 14º Maior Jogador do Século XX pelo Guerín Sportivo: 1999
Eleito um dos 50 Melhores Jogadores do Século XX pelo Planète Foot: 1996
Eleito o 20º Maior Jogador do Século XX pela IFFHS
Eleito o 12º Maior Jogador Europeu do Século XX pela IFFHS
Eleito o Maior Jogador Italiano do Século XX pela IFFHS
FIFA 100: 2004
Eleito para o Hall da Fama do Futebol Italiano: 2013
Eleito para o Time dos Sonhos do Milan do Imortais: 2021
“O eterno Garoto de Ouro”
Por Guilherme Diniz
Se a Alexandria egípcia se fez famosa pelo imponente Farol e por suas fascinantes histórias que já têm mais de 1600 anos, a homônima cidade italiana (com duplo “s” no lugar do “x”) foi o berço de dois craques históricos. O primeiro deles, nascido no começo do século XX, foi Giovanni Ferrari, um dos mais vitoriosos jogadores do Calcio e presente nas inesquecíveis conquistas da Azzurra nos anos 30, incluindo duas Copas do Mundo e um Ouro Olímpico. Décadas depois, a comuna do Piemonte apresentou ao mundo mais um Giovanni, ainda mais talentoso que seu predecessor e nascido para vestir a maglia vermelha e preta do Milan: Giovanni Rivera, mais conhecido como Gianni Rivera, um dos mais completos meio-campistas de todo o futebol italiano e um patrimônio do clube de Milão.
Craque prodígio, Rivera marcou época nos anos 60 e 70 vencendo todos os títulos possíveis com o Milan em uma era de ouro do time rossonero. Como aconteceu com vários outros jogadores, Rivera não conseguiu o mesmo brilho pela seleção, mas ainda sim levantou uma Eurocopa, em 1968, e ajudou sua Itália a chegar até a final da Copa do Mundo de 1970, perdida para o Brasil. Inteligente, com enorme visão de jogo, primoroso nos passes e dono de um chute venenoso, o maestro foi fiel a uma só camisa por 19 anos e cravou seu nome para sempre no rol dos maiores craques do mundo. É hora de relembrar.
Um novo Giovanni para adorar
Após acompanhar o crescimento e auge de Giovanni Ferrari, dono de sete títulos italianos, duas Copas do Mundo e um Ouro Olímpico entre 1930 e 1940, a cidade de Alessandria viu nascer, em 1943, Giovanni Rivera, que começou desde pequeno a demonstrar grande afeição ao futebol. Pelas ruas da comuna que se situa próxima ao rio Tanaro, Rivera encantava quem o via com uma habilidade primorosa, fáceis dribles e muita inteligência. Após gastar a bola no Oratório Don Bosco, não demorou muito para o jogador ser incorporado ao Alessandria Calcio, em 1958, clube que havia tido grandes momentos entre os anos 20 e 40.
Vestindo a camisa cinza, Rivera estreou na Serie A com apenas 15 anos e 288 dias, fato que o tornou o segundo mais jovem a disputar uma partida do Campeonato Italiano na história (o mais jovem foi Amedeo Amadei, da Roma, com 15 anos e 280 dias, em maio de 1937). Em junho de 1959, o jovem estreou pela equipe no empate em 1 a 1 contra a Internazionale, no estádio Giuseppe Moccagatta, em Alessandria, e foi despertando a curiosidade de vários torcedores e arrancando elogios até do lendário atacante Silvio Piola, que dizia que “com essa idade, ele consegue fazer coisas que nem sequer sonhou”.
Em outubro de 1959, já titular do time, Rivera anotou seu primeiro gol no empate em 2 a 2 contra a Sampdoria, pelo Campeonato Italiano de 1959-1960. Naquele torneio, o craque prodígio fez seis gols em 25 jogos, incluindo um golaço na derrota por 3 a 1 para o Milan, em fevereiro de 1960. Àquela altura, o Milan já havia se rendido ao talento de Rivera e contratado o jovem por uma quantia astronômica na época (cerca de 200 mil dólares) com o intuito de ter um atleta para assumir o posto de Juan Schiaffino, que em breve iria deixar o clube de Milão para jogar na Roma. Mesmo tendo pouquíssimos jogos como profissional, Rivera não deixou dúvidas de seu potencial aos dirigentes de Milão, que ficaram impressionados com o talento daquele garoto habilidoso e imponente mesmo com tão pouca idade. Rivera seguiu no Alessandria até o final da temporada 1959-1960 para adquirir experiência e só foi incorporado ao Milan na temporada 1960-1961.
Nesse período, o jovem foi convocado para a seleção olímpica da Itália e disputou os Jogos de 1960, em Roma. Comandada por Giuseppe Viani, a Itália esperava repetir o Ouro conquistado em 1936 não só com o talento de Rivera, já com 17 anos, mas também com outros jovens de brilho como Tarcisio Burgnich, Giacomo Bulgarelli, Giorgio Ferrini, Giovanni Trapattoni e Sandro Salvadore. Na primeira fase, a equipe azul bateu a China, por 4 a 1 (com dois gols de Rivera), empatou com a Grã-Bretanha em 2 a 2 e venceu o Brasil, de Gérson e Roberto Dias, por 3 a 1, com mais um gol de Rivera. Na semifinal, os italianos empataram em 1 a 1 com a Iugoslávia e acabaram eliminados pelo sorteio logo em seguida (não havia prorrogação nem partida extra). Abatidos, os azuis perderam para a Hungria a disputa pelo bronze e deram adeus aos Jogos. Mesmo assim, Rivera ganhou muitos elogios e deixou uma ótima impressão nas partidas olímpicas. Era hora de cravar seu nome com a camisa do Milan.
O jovem maestro
Antes de começar a jogar pelo Milan, Rivera passou por vários testes e treinamentos no clube rossonero e chamou a atenção de alguns dirigentes por causa de seu físico frágil e sua nítida magreza. Mesmo assim, o clube apostou no jogador e Juan Schiaffino, uruguaio ídolo do clube na época, ajudou muito na adaptação do craque à Milão. Tempo depois, Schiaffino deixou o Milan e Rivera assumiu o posto de principal articulador de um time muito forte que havia vencido grandes títulos no final dos anos 50. A equipe contava com jogadores como Cesare Maldini (pai de Paolo Maldini), Giovanni Trapattoni, Mario Trebbi, Nils Liedholm e José Altafini, e ganhou ainda mais força com a chegada do técnico Nereo Rocco, em 1961, que mudaria para sempre a maneira de jogar do Milan e também sua sala de troféus – que ganharia taças e mais taças nos anos seguintes.
Rocco colocaria em prática um sólido sistema defensivo com enorme poder de criação no ataque, no contraponto da outra grande equipe da Itália na época, a Internazionale, que tinha mais força defensiva do que ofensiva. O Milan de Rocco iria se destacar pela velocidade dos contra-ataques e pelo cada vez mais crescente talento de Rivera, que teve Rocco como um verdadeiro mentor para sua carreira naquela época. A dupla foi um verdadeiro símbolo do Milan naqueles anos e demonstrava enorme sintonia dentro e fora de campo, com Rocco dando conselhos primordiais ao jovem Rivera, que correspondia com gols, passes perfeitos e cobranças de falta impecáveis.
Após uma temporada de estudos e sem títulos, o Milan venceu o Campeonato Italiano de 1961-1962 com uma campanha impecável: 24 vitórias, cinco empates, cinco derrotas, 83 gols marcados e 36 gols sofridos em 34 jogos. Os destaques ficaram por conta das goleadas sobre a rival Juventus, que foi atropelada duas vezes: 4 a 2, em Turim, e 5 a 1, em Milão, com um gol de Rivera e quatro de Altafini. Rivera anotou 10 gols em 27 jogos na campanha do título e se consagrou de vez como um dos principais jogadores do país.
Como não poderia deixar de ser, o craque foi convocado para sua primeira Copa do Mundo, em 1962, como o mais jovem da equipe (18 anos). Mas, no Mundial do Chile, Rivera disputou apenas um jogo (o primeiro, no empate sem gols contra a Alemanha), e a Itália caiu ainda na primeira fase após perder por 2 a 0 para o Chile, em um dos jogos mais violentos da história das Copas, e vencer a Suíça por 3 a 0, resultado insuficiente para a classificação da Azzurra.
Glória continental e contestações na seleção
Na temporada 1962-1963, o Milan de Rivera tratou a Liga dos Campeões da UEFA como objetivo principal. E fez bem. O time passou por todos os desafios até a final e foi campeão ao vencer o Benfica-POR, de virada, por 2 a 1, em Wembley. Rivera foi um dos destaques da equipe na competição, marcou um gol, e deu vários passes açucarados para o artilheiro Altafini, que deixou sua marca 14 vezes ao longo da campanha rossonera. Aquele foi o primeiro título do Milan e o primeiro de um clube italiano na principal competição da Europa. Ainda em 1963, o Milan perdeu a final do Mundial Interclubes para o Santos-BRA de Pelé, e Rivera por muito pouco não venceu a Bola de Ouro da revista France Football, premiação ao melhor jogador do continente na temporada. Rivera ficou em segundo lugar, atrás do grande vencedor daquele ano: o lendário goleiro soviético Lev Yashin, que segue até hoje como o único em sua posição a vencer uma Bola de Ouro.
Entre 1964 e 1967, o Milan teve que aturar o auge da Internazionale e viu Nereo Rocco deixar o comando do clube. Nesse período sem títulos, Rivera manteve seu talento com 28 gols marcados nos campeonatos de 1963-1964, 1964-1965, 1965-1966 e 1966-1967. Embora fosse ídolo para a torcida do Milan e peça fundamental no esquema tático do time, Rivera não tinha a mesma aura de intocável na seleção. Muitos jornalistas criticavam o jogador pela falta de empenho e concentração quando vestia a camisa azul da Itália, mesmo o craque tendo disputado 20 jogos entre 1964 e 1967 e marcado cinco gols.
As críticas aumentaram principalmente após a pífia campanha da Itália na Copa do Mundo de 1966, quando os italianos foram eliminados ainda na primeira fase após uma derrota vexatória para a Coreia do Norte por 1 a 0. Curiosamente, Rivera fez uma de suas mais brilhantes partidas pela Azzurra naquele jogo e mandou duas bolas na trave do goleiro Lee Chang Myung. Em entrevista a Paulo Vinícius Coelho no livro “Os 55 Maiores Jogos das Copas do Mundo”, Marco Zunino, jornalista do Guerín Sportivo, foi ácido ao definir Rivera com o manto da Itália:
“Rivera era um craque, com a camisa do Milan, mas nunca foi jogador para nenhuma Seleção Italiana que se formasse entre o fim dos anos 1960 e início dos 1970. Não tinha alma, não vibrava e acabava preterido na hora da decisão”. – Marco Zunino.
O comentário de Zunino foi apenas um dos muitos que acompanharam a carreira de Rivera sempre que ele era convocado. Suas atuações fantásticas com a camisa do Milan pesavam demais e o torcedor italiano queria ver apresentações semelhantes ou superiores pela Azzurra. E, para piorar, a partir da entrada de Ferruccio Valcareggi no comando da seleção após o fiasco no Mundial da Inglaterra, Rivera teria a concorrência de Sandro Mazzola, da Inter, no meio de campo. Na cabeça do treinador, a dupla não podia jogar junta. Com isso, era comum Mazzola jogar o primeiro tempo e Rivera o segundo em jogos da Itália.
Euro e a volta das conquistas no Milan
Na temporada 1967-1968, Nereo Rocco voltou ao comando do Milan, Rivera já era o capitão do time e o clube rossonero voltou ao caminho das glórias. Graças à conquista da Copa da Itália de 1966-1967 (temporada na qual Rivera foi o artilheiro do time com 19 gols em 43 jogos), a equipe garantiu vaga na Recopa da UEFA e venceu o segundo principal torneio europeu da época pela primeira vez. Rivera foi decisivo nas quartas de final, quando marcou um gol na vitória sobre o Standard Liège-BEL por 2 a 0 e capitaneou o Milan na vitória por 2 a 0 sobre o Hamburgo-ALE, na final disputada em Roterdã, na Holanda. O craque confirmou a boa fase, também, no Campeonato Italiano, torneio vencido pelo Milan com 18 vitórias, 10 empates e apenas duas derrotas em 30 jogos. Rivera anotou 11 gols em 29 jogos e foi um dos artilheiros do time na temporada.
Pela Itália, o craque fez parte do time que venceu a Eurocopa de 1968, a primeira e única do país e que encerrou um longo jejum de títulos da Azzurra em competições internacionais. Mesmo sem jogar alguns jogos, Rivera contribuiu para o sucesso da equipe na conquista e carimbou sua vaga para a disputa da Copa do Mundo de 1970, no México. Mas, antes disso, ele iria brilhar de maneira plena na temporada 1968-1969.
Garoto de ouro
O apelido que consagrou Rivera ganhou notoriedade graças ao rendimento espetacular do meia na temporada 1968-1969, a melhor de sua carreira. Pelo Milan, Rivera mostrou enorme maturidade e não só ajudou o ataque como também mostrou qualidade na defesa, ajudando a marcação e recuperando bolas fundamentais – reflexo disso foi a sua baixa quantidade de gols no Campeonato Italiano: três, em 28 jogos. Na Liga dos Campeões, Rivera deixou sua marca nos dois jogos contra o Malmö-SUE, na primeira fase (um gol na derrota por 2 a 1, na ida, e um gol na vitória por 4 a 1, na volta), e foi o maestro do time nos duelos seguintes contra Celtic-ESC e Manchester United-ING.
Na grande final, os italianos tiveram pela frente o Ajax-HOL, que começava a mostrar seu Futebol Total com o técnico Rinus Michels e jogadores de puro talento como Wim Suurbier, Velibor Vasovic e Johan Cruyff. Em Madrid, o Milan mostrou sua força e venceu os holandeses por 4 a 1, com um histórico hat-trick de Pierino Prati. A façanha do atacante só foi possível graças a Rivera, que deu o passe para o segundo gol e fez toda a jogada do quarto tento rossonero após driblar o goleiro e esperar o momento certo para cruzar na cabeça do companheiro. Era a segunda taça da Liga de Rivera, que teve a honra de levantar o troféu como capitão e ídolo do Milan.
No final do ano, o Milan venceu o Mundial Interclubes após duas partidas duríssimas contra o Estudiantes-ARG. No primeiro duelo, em Milão, vitória rossonera por 3 a 0. Na volta, em Buenos Aires, Rivera fez o gol na derrota por 2 a 1, mas que deu a taça aos italianos. Para coroar um ano perfeito, Rivera venceu a Bola de Ouro da revista France Football (ele foi o primeiro italiano a vencer o prêmio desde Omar Sívori, ítalo-argentino vencedor em 1961) e ficou à frente do compatriota Luigi Riva e do alemão Gerd Müller, 2º e 3º colocados, respectivamente. O jornalista Max Urbini, da France Football, se rendeu ao talento de Rivera na época do prêmio ao dizer que a Bola de Ouro “era o reconhecimento ao talento futebolístico em sua forma mais pura. Rivera é um artista que homenageia o futebol a cada partida que disputa”. Era o auge do meia, que mostrava mesmo ser um dos maiores jogadores do planeta e o melhor da Itália na época.
Ele merecia uma chance
Em 1970, na Copa do Mundo do México, Rivera era uma das estrelas da Seleção Italiana que buscava o tricampeonato mundial. Embora fosse o principal jogador do time, Rivera não era o titular ainda por causa da teimosia de Valcareggi, que não escalava o jogador junto com Mazzola. Nos dois primeiros jogos da Itália (vitória por 1 a 0 sobre a Suécia e empate sem gols contra o Uruguai), Rivera não jogou. Só na terceira partida que ele entrou no segundo tempo do empate sem gols contra Israel. Nas quartas de final, Rivera entrou novamente e mostrou seu talento ao marcar o terceiro gol e servir Riva para anotar o quarto na goleada de 4 a 1 da Itália pra cima do México. Mesmo com a ótima atuação, o jogador voltou para o banco na semifinal, contra a Alemanha.
Nela, Rivera entrou mais uma vez no segundo tempo e viu os alemães empatarem o duelo em 1 a 1 no finalzinho, resultado que levou o jogo para a prorrogação. E foi no tempo extra que o meia ajudou a Azzurra a vencer o jogo mais espetacular da história das Copas. Após a Alemanha virar o jogo logo no comecinho, Rivera cruzou para a área e viu Burgnich fazer o segundo gol italiano. Na sequência, Riva virou, Müller empatou e Rivera, num chute de primeira, fez o gol da vitória da Itália por 4 a 3. O “jogo do século”, como ficou conhecida aquela partida, consagrou ambas as equipes, mas não mudou o pensamento do técnico Valcareggi.
Na final, a Itália teve pela frente o sublime Brasil, e só conseguiu segurar a pressão e o empate em 1 a 1 no primeiro tempo. No segundo, o time canarinho fez três gols e venceu por 4 a 1. Um fato que gerou muita polêmica e causou enorme indignação à Rivera foi sua entrada na decisão a apenas seis minutos do fim do jogo. Ele não entrou no comecinho do segundo tempo como nos duelos anteriores, um erro fatal do técnico italiano.
Com ele em campo, talvez a Itália tivesse endurecido mais o jogo para o Brasil. Na volta para casa, os rossoneros receberam seu ídolo com faixas de apoio e aplausos, mas nada disso comoveu o técnico Valcareggi, que seguiu inflexível. Na Copa seguinte, o craque mais uma vez não foi titular e a Itália caiu na primeira fase. O Mundial da Alemanha foi o último de Rivera pela seleção, além de o empate em 1 a 1 com a Argentina, em junho de 1974, ter sido a última partida dele com o manto azul. Rivera disputou 60 partidas e marcou 14 gols pela Azzurra.
Como vinho
Mesmo já na casa dos 30 anos naquele começo de anos 70, Rivera seguiu como garçom e principal nome do Milan. Com a visão de jogo cada vez mais aguçada e os passes calibrados como sempre, o craque era o remanescente de um time multivencedor nos anos 60 que buscava retomar o caminho das glórias em uma nova década. A espera não foi tão grande e, nas temporadas 1971-1972 e 1972-1973, o Milan venceu duas Copas da Itália e mais uma Recopa da UEFA, após bater o Leeds United-ING na decisão por 1 a 0. Pra variar, o técnico campeão era Nereo Rocco, que se consagrou como o mais vencedor de toda a história do clube de Milão com 10 títulos conquistados (ele venceria, também, uma Copa da Itália na temporada 1976-1977).
Rivera mostrou na temporada 1972-1973 um lado artilheiro simplesmente estonteante durante o Campeonato Italiano (no qual o Milan foi vice-campeão) ao anotar 17 gols em 28 partidas e ser o artilheiro máximo da competição. O craque se tornou o primeiro meio-campista artilheiro de uma Serie A desde o mítico Valentino Mazzola, o “miglior marcatore” na temporada de 1946-1947 jogando pelo Grande Torino.
Nas temporadas seguintes, Rivera não conseguiu vencer mais títulos e só voltou a celebrar em 1977, com mais um título da Copa da Itália após uma saborosa vitória por 2 a 0 na final contra a rival Inter. Na temporada 1978-1979, Rivera, já perto de completar 36 anos, decidiu se aposentar do futebol e ganhou como presente de seu time o título do Campeonato Italiano, vencido pelo Milan com três pontos de vantagem sobre o Perugia. Rivera disputou 13 das 30 partidas e viu um jovem chamado Franco Baresi, de 19 anos, despontar na zaga do time com uma imponência semelhante a que ele apresentara lá nos anos 60. Após 658 jogos, 164 gols e 12 títulos, Gianni Rivera se despediu para sempre da torcida e entrou para o rol dos maiores ídolos de toda a história do clube.
Para sempre rossonero
Após se aposentar dos gramados, Rivera virou vice-presidente do Milan por um breve período antes de ingressar na vida política, tendo passagem de destaque no Parlamento Italiano. Sempre ligado ao futebol e membro da Federação Italiana de Futebol (FIGC), onde cuida do setor de jovens, Rivera não foi esquecido e figurou em diversas listas dos melhores do século feitas por jornais, revistas e até pela FIFA. Na 4ª posição entre os que mais vestiram a camisa do Milan na história e 3º maior artilheiro do clube em todos os tempos, Gianni Rivera pode não ter sido uma unanimidade entre os fervorosos torcedores italianos, mas foi único e inquestionável com a camisa vermelha e preta que ele tanto amou e foi devoto por 19 anos inesquecíveis. Você acha que o torcedor do Milan se ressentiu alguma vez ao ver o seu ídolo no banco da Azzurra? De jeito nenhum. Era só um reforço de que Rivera estaria mais descansado para o próximo compromisso do seu clube, que deve parte de sua rica história aquele craque imortal.
Leia mais sobre o Milan e a Itália que tiveram Rivera como destaque no Imortais!
Números de destaque:
Disputou 658 jogos e marcou 164 gols pelo Milan.
Disputou 60 jogos e marcou 14 gols pela Seleção Italiana.
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Me manda o link de todos os times que vc ja fez. Curto muito seu trabalho.
Veja no facebook do Imortais, Eduardo. Basta clicar nas fotos e ir até os álbuns.
Milan sempre com grandes jogadores nas suas fileiras.E uma pergunta : Num time que já teve tantos craques e gênios como o Milan,qual seria o seu “melhor milan de todos os tempos” ?
Veja você mesmo, Matheus! https://www.facebook.com/imortaisdofutebol/photos/a.496329360447627.1073741830.266838610063371/496329523780944/?type=3&theater