Nascimento: 07 de junho de 1970, em São Paulo, SP, Brasil.
Posição: Lateral-direito
Clubes: São Paulo-BRA (1988-1994), Real Zaragoza-ESP (1994-1995), Palmeiras-BRA (1995-1997), Roma-ITA (1997-2003) e Milan-ITA (2003-2008).
Principais títulos por clubes: 2 Mundiais Interclubes (1992 e 1993), 2 Copas Libertadores da América (1992 e 1993), 2 Recopas Sul-Americana (1993 e 1994), 1 Supercopa da Libertadores (1993), 1 Campeonato Brasileiro (1991) e 3 Campeonatos Paulista (1989, 1991 e 1992) pelo São Paulo.
1 Recopa da UEFA (1995) pelo Real Zaragoza.
1 Campeonato Paulista (1996) pelo Palmeiras.
1 Campeonato Italiano (2001) e 1 Supercopa da Itália (2001) pela Roma.
1 Mundial de Clubes da FIFA (2007), 1 Liga dos Campeões da UEFA (2007), 2 Supercopas da UEFA (2003 e 2007), 1 Campeonato Italiano (2004) e 1 Supercopa da Itália (2004) pelo Milan.
Principais títulos por seleção: 2 Copas do Mundo (1994 e 2002), 1 Copa das Confederações (1997) e 2 Copas América (1997 e 1999) pelo Brasil.
Principais títulos individuais:
Bola de Prata da Revista Placar: 1992 e 1993
Jogado Sul-Americano do Ano: 1994
FIFA 100: 2004
Eleito para o Dream Team do Ballon d’Or da revista France Football: 2020
Eleito para o Time dos Sonhos do São Paulo do Imortais: 2021
Eleito para o Time dos Sonhos do Milan do Imortais: 2021
“Teimoso, craque e quebrador de recordes”
Por Guilherme Diniz
Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Imagine você ser reprovado em oito peneiras de clubes logo no início de sua carreira como futebolista. Terrível, não é mesmo? Seria a deixa para desistir e partir para outra carreira? Para muitos, sim, mas para Marcos Evangelista de Moraes, o Cafu, de jeito nenhum! O craque e capitão do pentacampeonato mundial do Brasil, em 2002, foi exemplo de perseverança e conseguiu superar os obstáculos para se tornar um dos maiores jogadores do futebol mundial. Ícone do melhor São Paulo de todos os tempos, lateral que deu à Roma um título nacional depois de mais de uma década e soberano na lateral direita do Brasil por 10 anos, Cafu fez história com seus números, recordes e regularidade. Cheio de fôlego, polivalente e líder, o jogador deixou até hoje a seleção brasileira carente na lateral-direita. É hora de relembrar a trajetória do maior “teimoso” do futebol.
Sumário
Força de vontade
Nascido em São Paulo, Cafu viveu no Jardim Irene com seus pais e irmãos e, desde os sete anos de idade, passou a viver, também, com a bola. O pequeno jogador tentou a todo custo ingressar em uma grande equipe, mas não foi fácil. Cafu foi dispensado no São Paulo, Nacional, Portuguesa, Corinthians, Palmeiras, Santos e até no Atlético-MG. Apenas em 1988, finalmente, o jovem foi admitido no São Paulo e começou a mostrar suas qualidades: polivalência, velocidade, fôlego e muita técnica. Em 1989, começou a integrar o time profissional e fez parte do elenco campeão paulista daquele ano. Mas sua trajetória começaria a mudar definitivamente com a chegada do novo técnico do tricolor: Telê Santana.
Lapidando um craque
Com a chegada de Telê, Cafu passou a ter mais chances na equipe titular e virou um faz tudo no time como meia, lateral e até atacante, vestindo a camisa 11. No São Paulo, Cafu teve seu talento lapidado por Telê e passou a ser peça fundamental no esquema tático do tricolor, além de ser titular absoluto. Em pouco tempo, ganhou fama, títulos e garantiu seu lugar no time do Brasil que foi tentar o tetracampeonato da Copa do Mundo, nos EUA.
Campeão mundial
Cafu já sabia o que era ser campeão do mundo em 1994, pelo menos quando o assunto era clubes, afinal, ele já era bicampeão mundial pelo São Paulo. Mas isso nem se comparava a uma Copa do Mundo. O jovem foi reserva na trajetória do Brasil, mas entrou em vários jogos, inclusive na final da Copa, contra a Itália, no lugar do contundido Jorginho. Ele foi eficiente, não sentiu a responsabilidade e ajudou o Brasil no empate em 0 a 0. Nos pênaltis, deu Brasil, e Cafu se tornou campeão mundial. Mal sabia ele que aquela seria apenas a primeira de suas três finais de Copa.
Ainda em 1994, Cafu foi eleito o melhor jogador da América do Sul, coroando a sua passagem impecável pelo São Paulo, onde venceu 11 títulos, com destaque para dois Mundiais, duas Libertadores e um Campeonato Brasileiro. No tricolor, Cafu venceu, também, duas Bolas de Prata da Revista Placar. Tanto sucesso, claro, despertou a cobiça do futebol europeu, que aproveitou o auge do craque, e do início do declínio do São Paulo, para levá-lo. O felizardo foi o Real Zaragoza, da Espanha.
Breve passagem, mas com caneco
Cafu ficou apenas uma temporada na Espanha, mas o suficiente para vencer um título: a extinta Recopa Europeia, de 1995, que reunia os times vencedores de Copas de diversos países. O brasileiro não teve muito espaço no time e aceitou uma proposta do Palmeiras da Parmalat, para onde o jogador foi, em 1996.
Estrela no ataque dos 100 gols
Cafu brilhou ao lado de craques como Rivaldo, Luizão, Velloso e companhia e venceu o Campeonato Paulista de 1996 com o Palmeiras, em uma campanha memorável do time alviverde, que ficou conhecido como o ataque dos 100 gols, por sapecar os adversários com goleadas marcantes. Mas o lateral teve uma decepção tremenda quando o mesmo grande Palmeiras perdeu a final da Copa do Brasil para o Cruzeiro, em uma das maiores zebras do futebol nacional da época. A derrota culminou com a saída de vários jogadores do elenco alviverde, que culminaria, também, com a saída de Cafu, que aceitou, em 1997, uma proposta da Roma.
Antes da Itália, a América
Em 1997, Cafu foi titular do Brasil na conquista da Copa América, quando a seleção venceu a Bolívia, por 3 a 1. Sempre preciso no apoio ao ataque, nos cruzamentos e na defesa, o lateral logo virou a referência e peça chave no time brasileiro. Ele era, definitivamente, o melhor lateral-direito do Brasil. E um dos maiores do planeta. No mesmo ano, Cafu venceu a Copa das Confederações contra a fraca Austrália, que levou 6 a 0 do time comandado por Zagallo. A dupla Ro-Ro (Ronaldo e Romário) foi demais para os gringos…
A primeira Copa como titular
Em 1998, Cafu ainda não havia conquistado um título com a Roma, que ainda estava formando o esquadrão que brilharia alguns anos depois, mas o jogador já era renomado e prestigiado pela seleção. Titular, Cafu partiu com a equipe brasileira em busca do pentacampeonato na Copa do Mundo da França. No primeiro jogo, ele foi um dos protagonistas da vitória do Brasil por 2 a 1 contra a Escócia quando participou do segundo gol do Brasil, que foi contra, mas que teve uma ajudinha do brasileiro, que comemorou com uma cambalhota meio desajeitada.
A seleção seguiu firme rumo à final com apresentações convincentes (3 a 0 no Marrocos e 4 a 1 no Chile) e outras dramáticas (3 a 2 na Dinamarca e 1 a 1 com a Holanda, com 4 a 2 nos pênaltis). O Brasil chegava a sua segunda final de Copa consecutiva, assim como Cafu, que já se igualava a craques como Meazza, Krol, Garrincha, Zagallo e outros. Mas a façanha de Cafu não foi tão feliz, pois o filme de 1994 não se repetiu e o Brasil foi sapecado pela França de Zidane por 3 a 0. Ele via a chance do bicampeonato pessoal ruir. Seriam necessários mais 4 anos de espera.
Regularidade. Sempre.
Após a derrota na Copa, Cafu seguiu firme e sempre com o físico privilegiado, o vigor e o apoio constante ao ataque tanto na seleção quanto na Roma. Na Itália, o jogador ganhou o apelido de “Il Pendolino” (o Trem Expresso) por conta de suas arrancadas ao ataque que quase sempre resultavam em cruzamentos e passes precisos aos atacantes. Mas o jogador ficava incomodado pelo fato de ainda não ter vencido nada com a equipe italiana, algo bem diferente dos outros times pelos quais já havia passado. Ficar sem vencer não combinava com Cafu.
Em 1999, na ausência de canecos na Roma, Cafu venceu seu penúltimo título com o Brasil: a Copa América, quando o Brasil venceu o Uruguai na decisão por 3 a 0. A conquista serviu para dar uma animada na torcida do time canarinho depois da decepção na França, além de mostrar um Cafu ainda mais líder e focado na equipe.
Enfim, campeão!
Demorou, mas a grande temporada chegou. Cafu, em 2001, venceu o sonhado Campeonato Italiano pela Roma, um feito para pouquíssimos jogadores, já que a Roma possui tão poucos canecos (o último Italiano havia sido na temporada de 1982/1983). Ele repetiu o feito de Falcão, na década de 80, e levantou o Scudetto exatamente uma temporada depois de a grande rival da Roma, a Lazio, ter sido campeã. A Roma fez uma ótima campanha com 22 vitórias, 9 empates e apenas três derrotas em 34 partidas. O time teve o melhor ataque e a terceira melhor defesa da competição. O destaque foram os embates contra a Lazio, com empate em 2 a 2 e vitória por 1 a 0.
Cafu integrou uma grande equipe, ao lado dos brasileiros Aldair, Antonio Carlos, Marcos Assunção e Emerson, e de nomes como Nakata, Montella, Totti, Batistuta, Tommasi, Delvecchio e Candela. A festa em Roma foi absurda e fez Cafu virar ídolo no time. Para coroar uma temporada magnífica, o jogador ainda faturou a Supercopa da Itália, quando a Roma bateu a Fiorentina por 3 a 0. O lateral seguia a rotina de sempre vencer ao menos um título por onde passava. Mas um novo desafio estava prestes a chegar: a Copa do Mundo de 2002.
O capitão do penta
O Brasil chegou desacreditado ao Oriente para a Copa do Mundo de 2002. A grande favorita era a França, então campeã do mundo e da Europa. Porém, o que se viu no Japão e na Coreia foi um fiasco dos franceses (que não venceram nenhum jogo e não marcaram um mísero gol). Já o Brasil mostrou autoridade, sorte e muita união para chegar a sua terceira final de Copa seguida. Além da seleção, Cafu fez história ao ser o primeiro e único jogador a disputar três finais de Copa seguidas. O craque fez um ótimo mundial, apoiou e defendeu com precisão e ainda teve estrela ao assumir a braçadeira de capitão do time por conta da contusão do volante Emerson em um rachão antes do Mundial.
Na decisão contra a Alemanha, o Brasil mostrou força, venceu por 2 a 0, e Cafu fez as duas declarações de amor mais famosas do futebol: o escrito “100% Jardim Irene”, em sua camisa, e o grito “Regina, eu te amo!” antes de levantar o troféu da Copa. Ele foi o pioneiro em subir no palco onde estava o troféu, ficando acima de tudo e todos, gesto repetido por muitos capitães desde então. Cafu chegava ao topo do mundo. E não precisava mostrar nem provar nada a ninguém.
Cafu rossonero
Depois da conquista do penta, Cafu virou uma estrela mundial e passou a ser requisitado por muitos clubes. Após muitas sondagens, o Milan conseguiu contratar o jogador brasileiro, que passou a integrar o esquadrão rossonero em 2003. O lateral seguiu com boas apresentações, ótimos desarmes e muito fôlego. Em 2004, venceu seu segundo título italiano e sua segunda Supercopa da Itália. No ano seguinte, viveu um drama: disputou sua primeira final de Liga dos Campeões, em Istambul, contra o Liverpool, e viu seu time deixar os ingleses empatarem de maneira épica um jogo que era vencido pelo Milan por 3 a 0. Na decisão por pênaltis, o lateral viu o goleiro Dudek se consagrar e o Liverpool levar a taça europeia. Decepção para o brasileiro capitão do penta. Será que ele daria a volta por cima em 2006, na Copa do Mundo?
Adeus à seleção
Na Copa do Mundo de 2006, Cafu não foi nem sombra do craque que jogou demais quatro anos antes. Na época, o lateral Cicinho, que integrava o elenco do Brasil, estava em melhores condições que o capitão, mas não foi titular pela falta de experiência. Cafu, por outro lado, fez do Mundial a ponte para quebrar recordes como o brasileiro com maior número de jogos pela seleção canarinho em Copas: 20 partidas, além de chegar aos 142 jogos pelo Brasil, recorde até hoje. Parece que a quebra de recordes fez com que ele se esquecesse do básico: jogar futebol. Ele, e a seleção como um todo, foram péssimos na Copa, e o Brasil foi eliminado, nas quartas de final, para a França. Acabava ali a trajetória de Cafu à frente do Brasil. Restava a ele seus últimos lampejos no Milan.
Fim de carreira com títulos
Ciente de que estava perto do final da carreira, Cafu fez do ano de 2007 o seu derradeiro no futebol. E foi em grande estilo, mesmo com ele sendo reserva em grande parte da temporada. O Milan acertou contas com dois antigos algozes, o Liverpool e o Boca Juniors, e faturou a Liga dos Campeões da UEFA e o Mundial de Clubes da FIFA em cima dos dois rivais, respectivamente. Cafu, como fez parte dos elencos vencedores, pôde contabilizar mais dois importantes canecos em sua invejável galeria.
Em 2008, Cafu se despediu do Milan com gol, na vitória por 4 a 1 sobre a Udinese. Terminava ali, de maneira quieta e bem sutil, a carreira de um dos maiores laterais do futebol brasileiro. A seleção brasileira busca, desde Cafu, um substituto a sua altura para a lateral-direita, mas está difícil. Daniel Alves, Maicon, Rafael… Nenhum deles conseguiu, até agora, repetir o sucesso de Cafu com a amarelinha. A torcida espera que algum deles consiga, afinal, o futebol nacional precisa de um jogador rápido, eficiente, cheio de fôlego e impecável em cruzamentos e apoio ao ataque e defesa como Cafu. O eterno capitão do penta.
Números de destaque:
Único jogador a disputar 3 finais de Copa do Mundo de maneira consecutiva.
Jogador que mais vestiu a camisa da seleção brasileira em Copas do Mundo: 20 vezes.
Jogador que mais vezes vestiu a camisa da seleção brasileira na história: 142 vezes.
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.
Eu tenho um filho que tem a mesma vontade de ser um jogador Cafu mas eu não sei como marcar um teste para ele ,ele se chama Lucas neander nos somos de sete Lagoas MG ,ele e da escolinha do América de sete Lagoas e está em São Paulo jogando um torneio em São Vicente Cafu se você ler esta mensagem mim ajuda ,sei que você e muito acoplado ,fora isto a seleção acabou se você sou te Fam obrigado ,meu filho e 2005
Grande cafú, um grande lateral, que quando se aposentou deixou o brasil carente da posição, achei que o maicon iria vingar, mas a seleção de 2010 não foi tão bem…
Grande craque o melhor lateral direito da história do Brasil