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Maiores goleadas da história das Copas do Mundo

 

Por Guilherme Diniz

 

Jogos de Copa do Mundo quase sempre têm equilíbrio, tensão e disputa. Mas, de vez em quando, o torneio registra goleadas marcantes de seleções muito superiores aos seus rivais ou mesmo que se aproveitam do momento ruim do adversário para sapecá-lo sem dó. Por isso, vamos conferir as maiores goleadas da história das Copas. Lembrando que nesta lista só entraram placares com sete gols ou mais. O sarrafo é alto!

 

1º Hungria 10×1 El Salvador – Fase de grupos – 1982

Um desavisado que chegasse ao Nuevo Estadio de Elche, na Espanha, e visse o placar marcando 10 a 1 para a Hungria poderia pensar que os Mágicos Magiares de 1954 estavam em campo, reencarnados. Mas o que se viu foi o último suspiro da Hungria em uma Copa do Mundo, competição que o país disputaria só mais uma vez, em 1986. Aproveitando a fragilidade de El Salvador, que vivia na época os problemas de uma intensa guerra civil, os europeus massacraram o rival principalmente no segundo tempo – na primeira etapa, o placar foi “apenas” 3 a 0. Na etapa complementar, a Hungria anotou quatro gols em apenas sete minutos, um recorde na história das Copas na época até acontecer um certo 7 a 1…

Reserva, o atacante László Kiss entrou no lugar de Törocsik e marcou três gols, tornando-se o primeiro suplente a marcar três gols em um jogo de Mundial. Ramírez Zapata fez o gol de honra de El Salvador, mas os 10 a 1 dos Magiares entraram direto para a história como a maior goleada das Copas em todos os tempos e o primeiro placar com dois dígitos em uma competição da FIFA.

 

2º Hungria 9×0 Coreia do Sul – Fase de grupos – 1954

A maior máquina de gols de uma só Copa começou com essa goleada sua brilhante caminhada no Mundial da Suíça. Puskás (2 gols), Kocsis (3 gols), Palotás (2 gols), Czibor e Lantos foram os autores dos gols de um time que marcou 27 gols em apenas cinco jogos naquela Copa, mas que perdeu a final para a Alemanha por 3 a 2. Leia mais clicando aqui!

 

3º Iugoslávia 9×0 Zaire – Fase de grupos – 1974

Líder de seu grupo na Copa de 1974, a Iugoslávia não tomou conhecimento do frágil Zaire e goleou a equipe africana por 9 a 0 no segundo jogo do time europeu no Mundial. Foi 6 a 0 só no primeiro tempo, com destaque para o atacante Bajevic, autor de três gols – o curioso é que os outros seis gols foram anotados por seis jogadores diferentes. Outro fato é que o técnico do Zaire trocou o goleiro quando a partida estava 3 a 0 pensando que o problema estava na meta… Só que não adiantou nada e o reserva levou seis gols depois. Para piorar, N’Daye foi expulso ainda no primeiro tempo por tentar agredir o árbitro Omar Delgado. Acontece que o infrator foi o defensor Mwepu, que saiu ileso por causa da confusão de Delgado na hora de identificar o briguento… Nos outros dois jogos da Copa, Zaire só levou cinco gols – dois da Escócia e três do Brasil.

 

4º Suécia 8×0 Cuba – Quartas de final – 1938

Depois de a Áustria ser anexada pela Alemanha no Anschluss, a Suécia passou às quartas de final do Mundial de 1938 por WO e encarou Cuba, que vinha de uma grande classificação diante da Romênia após 3 a 3 no primeiro jogo e vitória por 2 a 1 no replay. Porém, os cubanos, cansados, foram goleados pelos suecos por 8 a 0, com show de Harry Andersson e Gustav Wetterström, autores de três gols cada um. Curiosamente, a equipe escandinava foi eliminada nas semifinais ao ser goleada pela Hungria por 5 a 1.

 

5º Uruguai 8×0 Bolívia – Fase de grupos – 1950

Míguez (à dir.), artilheiro do jogo.

 

 

A futura campeã mundial começou sem qualquer problema sua caminhada na Copa realizada no Brasil. Com três gols de Míguez, dois de Schiaffino, um de Pérez, um de Vidal e um de Ghiggia, o Uruguai goleou os bolivianos por 8 a 0 no estádio Independência, em Belo Horizonte, e avançou para o quadrangular final da Copa, no qual empatou com a Espanha (2 a 2), venceu a Suécia (3 a 2 ) e o Brasil (2 a 1 ) para ficar com o título. Uma curiosidade é que, durante 44 anos, muita gente (inclusive a FIFA) acreditava que Schiaffino havia marcado cinco gols nesse jogo. Isso até o próprio Schiaffino, em 1994, desmentir a história quando o russo Salenko marcou cinco gols no Rússia 6×1 Camarões e os jornais uruguaios dizerem que o tal recorde do maestro de 1950 havia sido igualado. Após ver e rever os lances da partida e arquivos históricos – e ouvir Schiaffino – a FIFA reconheceu que o craque balançou as redes duas vezes…

 

6º Alemanha 8×0 Arábia Saudita – Fase de grupos – 2002

Copyright: imago/Sven Simon

 

 

A partida ficou marcada pelo início da lenda do atacante Miroslav Klose, maior artilheiro da história das Copas e que marcou os primeiros dos seus 16 gols em Mundiais exatamente nessa goleada. O alemão fez três gols, todos de cabeça, e foi o grande nome do show da Nationalelf pra cima da frágil Arábia. Virou quatro, acabou oito. O time europeu avançou até a final, mas acabou derrotado pelo Brasil por 2 a 0.

 

7º Espanha 7×0 Costa Rica – Fase de grupos – 2022

Uma goleada que enganou muita gente. Motivo? É que o passeio da Espanha sobre a Costa Rica colocou o time no topo da lista de favoritos ao título da Copa do Catar pelo belo futebol apresentado na estreia da seleção roja. Só que aquela foi a única vitória da equipe de Luis Enrique. No segundo jogo, empate em 1 a 1 com a Alemanha. Depois, derrota por 2 a 1 para o Japão. E, nas oitavas, empate sem gols diante do Marrocos que levou à decisão por pênaltis. Na marca da cal, a Espanha não fez nenhum gol e foi eliminada com uma derrota de 3 a 0.

 

8º Uruguai 7×0 Escócia – Fase de grupos – 1954

Com um time tão bom quanto em 1950, o Uruguai demonstrou já na fase de grupos que iria lutar muito pelo tricampeonato mundial. Na estreia, a equipe venceu a Tchecoslováquia por 2 a 0 e, no segundo jogo, goleou a Escócia por 7 a 0, com três gols de Borges, dois gols de Míguez e dois gols de Abbadie. A Celeste avançou até as quartas de final e venceu a Inglaterra por 4 a 2. Na semifinal, os uruguaios perdiam por 2 a 0 para a Hungria até que Hohberg conseguiu marcar dois gols e empatou o jogo de maneira heroica. Na prorrogação, a Hungria fez mais dois e venceu por 4 a 2 um dos maiores jogos da história das Copas.

 

9º Turquia 7×0 Coreia do Sul – Fase de grupos – 1954

Depois de perder por 4 a 1 para a Alemanha na estreia, os turcos precisavam derrotar a frágil Coreia do Sul para tentar lutar pela última vaga do grupo, já que a primeira era da Hungria. E, com show de Burhan Sargun, autor de três gols, a Turquia venceu por 7 a 0 e foi para o playoff contra a Alemanha. Mas a esperança ruiu diante do forte time germânico, que venceu por 7 a 2 – com três gols de Morlock – e seguiu adiante rumo ao título inédito da Copa.

 

10º Polônia 7×0 Haiti – Fase de grupos – 1974

A equipe que seria uma das sensações da Copa de 1974 deu sua primeira mostra de força na vitória sobre a Argentina na estreia, por 3 a 2. E, no segundo jogo, os poloneses fizeram 7 a 0 no fraco Haiti, com show de Lato (autor de dois gols), Szarmach (autor de três gols) e do maestro Deyna. Os polacos ainda derrotaram a Itália por 2 a 1, e, na fase final, ficaram em segundo lugar em um dos quadrangulares, perdendo a chance de disputar a final por conta da derrota por 1 a 0 paa a futura campeã Alemanha. Na disputa do 3º lugar, a Polônia venceu o Brasil por 1 a 0 (gol de Lato) e ficou com o bronze.

 

11º Portugal 7×0 Coreia do Norte – Fase de grupos – 2010

Foi o histórico reencontro de portugueses e norte-coreanos desde o emblemático duelo de 1966, quando a equipe asiática vencia por 3 a 0 até Eusébio assombrar o mundo, marcar quatro gols, e liderar a virada por 5 a 3. Em 2010, os lusos haviam empatado sem gols com Costa do Marfim na estreia, enquanto os norte-coreanos perderam para o Brasil por 2 a 1. Muitos esperavam um novo sufoco imposto pela equipe asiática, mas Portugal fez 7 a 0 com muita tranquilidade principalmente no segundo tempo – a primeira etapa terminou apenas 1  a 0. Tiago, com dois gols, foi o artilheiro do jogo, e Cristiano Ronaldo marcou apenas um gol. Portugal empatou sem gols contra o Brasil na rodada seguinte e, nas oitavas de final, perdeu por 1 a 0 para a Espanha e deu adeus ao Mundial.

 

12º Itália 7×1 Estados Unidos – Oitavas de final – 1934

Jogando em casa e sob as ordens de Benito Mussolini (presente nas tribunas do estádio Nacional PNF, em Roma), a Itália sabia que tinha que vencer aquela Copa de qualquer jeito, caso contrário teria que arcar com as consequências. E os italianos deram um show logo na estreia com um 7 a 1 diante dos estadunidenses. O goleador Angelo Schiavio, lenda do Bologna multicampeão da época, fez três gols – um deles, o terceiro, foi o 100º da história das Copas -, Orsi anotou dois, Ferrari fez um e Meazza fechou a goleada da futura campeã.

 

13º Brasil 7×1 Suécia – Quadrangular final – 1950

A maior goleada do Brasil em Copas foi em casa, no Maracanã, logo na abertura do quadrangular decisivo daquela Copa. Em atuação magistral de todo o time, a seleção aplicou 7 a 1 nos suecos, que tinham nomes de peso como Skoglund e Sundqvist. Tudo começou aos 17’, quando Ademir fez 1 a 0. Nos minutos seguintes, as duas equipes se alternaram no ataque até os 35’, quando Sundqvist passou por Bigode e chutou cruzado. A bola passou por toda a pequena área e foi pra fora. A torcida emudeceu um pouco, mas Ademir tratou de arrancar gritos daquela multidão dois minutos depois, quando recebeu de Jair – em lance idêntico ao do primeiro gol – e fez 2 a 0. Foi o bastante para abrir as porteiras suecas. 

Aos 39’, Chico fez 3 a 0 e o Brasil criou outras três chances de gols. Na segunda etapa, Ademir, aos 6’, recebeu de Zizinho, invadiu a área, driblou Svensson e tocou para o gol vazio: 4 a 0. Aos 14’, Ademir fez o quinto. Aos 22’, a Suécia diminuiu de pênalti, mas o Brasil fez o sexto gol com Maneca, aos 40’, e o sétimo com Chico, aos 43’. Final: Brasil 7×1 Suécia, na maior goleada da seleção em Copas e ainda o jogo com maior número de gols de um só jogador brasileiro em um Mundial: Ademir, com quatro gols.

O Brasil deu 31 chutes a gol e acertou a trave três vezes. Se o placar fosse 11 a 1 (contando as bolas na trave e o tento anulado de Zizinho), não seria nenhum exagero. No jogo seguinte, o Brasil enfiou 6 a 1 na Espanha e foi para a partida final precisando apenas de um empate contra o Uruguai para ficar com o título. Porém, Schiaffino e Ghiggia acabaram com o sonho brasileiro e consumaram o apoteótico e lendário Maracanazo.

 

14º Alemanha 7×1 Brasil – Semifinal – 2014

O maior desastre brasileiro em Copas também faz parte desta lista. E não só pelo placar elástico, mas pelo peso histórico e pelos recordes quebrados. A Alemanha abriu o placar aos 11’, com o artilheiro Thomas Müller, e, a partir dos 23’, iniciou um pandemônio na zaga brasileira. Klose, Kroos, duas vezes, e Khedira fizeram quatro gols em apenas seis minutos, desbancando o recorde húngaro de 1982 com a maior quantidade de gols marcados em um curto intervalo de tempo da história – quatro gols em seis minutos. No segundo tempo, Schürrle marcou dois gols, Oscar descontou, e o 7 a 1 eternizou o maior vexame brasileiro em Mundiais. O “lá vem eles de novo” foi:

 

  • A pior derrota do Brasil em Copas;
  • A partida que o brasil mais tomou gols em Copas;
  • A maior goleada em semifinais de Copas, superando outros três duelos que haviam terminado em 6 a 1; A maior goleada em um jogo entre campeões do mundo;
  • A pior derrota de um anfitrião da Copa;
  • A Alemanha foi a terceira seleção a conseguir marcar cinco gols ou mais em um só tempo. As outras foram Iugoslávia (marcou seis gols no primeiro tempo), na goleada de 9 a 0 sobre o Zaire, em 1974, e a Polônia (marcou cinco gols no primeiro tempo), nos 7 a 0 sobre o Haiti, também em 1974.

 

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Bônus – Áustria 7×5 Suíça – Quartas de final – 1954

Este jogo merece destaque na lista por ser o com maior número de gols em toda a história das Copas: impressionantes 12 gols! Aquela Copa de 1954 já era um Mundial recheado de gols, mas ninguém esperava tal script em uma partida com a Suíça em campo. Seus jogadores eram treinados para não levar gols. Conter o inimigo a qualquer custo, com cinco homens na retaguarda. E contra-atacar de maneira clínica. No entanto, os primeiros 20 minutos daquele jogo provaram que muita coisa iria acontecer. Os suíços fizeram três gols. Pareciam no embalo da goleada anterior, sobre a Itália. Todos pensaram que eles já tinham garantido a vaga na semifinal. Era óbvio. Levar três gols? Aquele time? De jeito nenhum. 

Ernst Happel (à esquerda), da Áustria.

 

 

Só que, em três chutes dos austríacos, saíram três gols. Mais alguns minutos e mais dois gols. Cinco em nove minutos. Uma loucura (maior do que vimos em 2014…). Injuriada, a Suíça fez mais um. Alfred Körner quase fez o sexto da Áustria, de pênalti, mas mandou a bola para fora. Tinha mais? Sim. No segundo tempo, em seis minutos, mais dois gols, um para cada lado. O calor aumentava. O fôlego minguava. Mas ainda teve tempo para mais um gol. E mais calor. O goleiro austríaco desmaiou no final. Ele perguntou: “quanto foi o jogo?”.  Vixe, ninguém sabia! Era preciso fazer a contagem. Depois de um tempinho, o resultado: Áustria 7×5 Suíça. A “Batalha de Calor de Lausanne”, como ficou conhecida aquela partida orgásmica para os apaixonados por gols. Leia mais clicando aqui!

 

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