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Os títulos mundiais do Boca Juniors

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Por Guilherme Diniz

Um dos clubes recordistas em títulos internacionais com 18 troféus, o Boca Juniors é um titã do futebol, com 120 anos de muitas histórias. Embora não passe por uma boa fase, o clube argentino sempre desperta temor nos adversários por seu passado rico em conquistas, entre elas os três títulos mundiais levantados em 1977, 2000 e 2003. É hora de relembrar essas grandes glórias xeneizes.

Mundial Interclubes de 1977 – ⭐ Boca Juniors 2×2 Borussia Mönchengladbach-ALE / Borussia Mönchengladbach-ALE 0x3 Boca Juniors

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Suñé ergue o troféu do Mundial de 1977. Foto: Acervo / El Gráfico
 

Após ser vice-campeão da América em 1963, o Boca, enfim, levantou sua primeira Libertadores em 1977 ao derrotar o forte Cruzeiro-BRA na decisão. Com Hugo Gatti, Vicente Pernía, Francisco Sá, Mouzo, Rubén Suñé, Zanabria, Mastrángelo e Salinas, o time argentino era muito competitivo e bem armado taticamente graças ao técnico Toto Lorenzo, que vinha de bons trabalhos no San Lorenzo e no Atlético de Madrid. Na final do Mundial Interclubes daquele ano, os xeneizes teriam pela frente o campeão europeu Liverpool, porém, os ingleses desistiram de participar alegando “não encontrar datas disponíveis” para disputar as partidas. Com isso, o Borussia Mönchengladbach, vice-campeão, acabou indo no lugar dos Reds.

Enfrentar um vice parecia barbada para os argentinos, só que a equipe alemã tinha um esquadrão muito forte, com destaque para o lateral Vogts, o polivalente Bonhof, o meio-campista Schäfer, o volante Wimmer e o atacante dinamarquês Alan Simonsen. 

O primeiro jogo da decisão foi disputado apenas em março de 1978, no estádio La Bombonera. O Boca abriu o placar com o artilheiro Mastrángelo, aos 16´ do primeiro tempo. Hannes empatou, aos 24´. Cinco minutos depois, Bonhof virou para os alemães. Mas, no segundo tempo, o reserva Ribolzi empatou, deixando tudo aberto para a partida de volta, na Alemanha.

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Mastrángelo marca o segundo gol argentino na Alemanha.
 

O jogo foi disputado no Wildparkstadion, em Karlsruhe, que se destacava como o estádio com a melhor iluminação da Alemanha. Para surpreender o rival, o técnico Juan Carlos Lorenzo decidiu substituir Francisco Sá, um jogador experiente, porém lento (de 33 anos), pelo mais jovem e rápido José Luis Tesare no miolo de zaga. Ele também colocou três jogadores de ataque, um deles Darío Felman, autor do primeiro gol do jogo, logo aos 2’. Então emprestado ao Valencia CF, o atacante não jogou o primeiro jogo em La Bombonera, mas Alberto J. Armando (presidente do clube e que dá nome à La Bombonera) o convenceu a jogar a segunda partida.

Felman deu ainda um passe preciso para Ernesto Mastrángelo marcar o segundo gol, aos 33’, e Salinas fechou a conta: 3 a 0. De maneira categórica e fora de casa, o Boca levantou seu primeiro mundial e se igualou aos compatriotas Racing e Independiente, então únicos clubes argentinos campeões mundiais na época. Após a partida, até o técnico do Borussia, Udo Lattek, reconheceu o título dos rivais dizendo que “o Boca Juniors era um time mais maduro e inteligente que nós”.

Mundial Interclubes de 2000 – ⭐⭐ Boca Juniors 2×1 Real Madrid-ESP

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Foto: Shaun Botterill/ALLSPORT/One Football
 

Já dominante na Argentina no final dos anos 1990, o Boca estendeu sua boa fase ao continente quando conquistou a Copa Libertadores de 2000 diante do Palmeiras de Felipão, em duas finais dramáticas (e polêmicas). Comandado por El Mago Carlos Bianchi e com nomes como Córdoba, Bermúdez, Ibarra, Battaglia, Serna, Riquelme, Palermo, Delgado e Schelotto, o esquadrão xeneize iniciaria naquele ano sua mais vertiginosa era de títulos. E, para provar que não estava para brincadeira, viajou ao Japão ciente de sua força para o duelo contra o Real Madrid de Casillas, Hierro, Helguera, Roberto Carlos, Makélélé, Figo, McManaman, Raúl e comandado por Vicente Del Bosque, outro timaço e que havia vencido o Valencia na final da UCL por 3 a 0.

Em Tóquio, o mundo inteiro pôde testemunhar a força do time de Bianchi e o talento do craque Riquelme. Quem ainda não o conhecia, conheceu. E quem já sabia do que ele era capaz, se encheu de emoção com o que o camisa 10 fez durante os 90 minutos contra o poderoso Real. Riquelme foi o dono da bola. Organizou tudo o que o Boca fez no jogo. Foi um terror para Makélélé e companhia. 

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Riquelme deixa Geremi para trás. Foto: Shaun Botterill /Allsport
 

Román viu Palermo abrir o placar logo aos três minutos de jogo. E, após uma roubada de bola no campo de defesa, fez um lançamento de mais de 50 metros perfeito para o matador boquense fuzilar Casillas. Foi como se ele tivesse feito um arremesso com a mão como quem diz “toma, faz mais um e liquida esse jogo”. O Boca abriu 2 a 0 com apenas seis minutos de jogo, Roberto Carlos descontou, aos 12’, mas o jogo terminou 2 a 1 para os argentinos, que celebraram o bicampeonato mundial de maneira categórica e com um domínio marcante e uma contundente atuação ofensiva sobre os europeus.

Mundial Interclubes de 2003 – ⭐⭐⭐ Boca Juniors 1×1 Milan-ITA (Boca Juniors 3×1 Milan nos pênaltis)

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Mesmo sem Riquelme, o Boca Juniors seguiu forte na temporada 2003 e levantou sua quinta Libertadores com duas vitórias inapeláveis sobre o Santos-BRA – 2 a 0, em La Bombonera, e 3 a 1, no Morumbi – confirmando ser quase imbatível na América do Sul, afinal, já eram três títulos (2000, 2001 e 2003) em quatro anos. O Boca de 2003 tinha o goleirão Abbondanzieri, a dupla de zaga Schiavi e Burdisso, os laterais Perea e Clemente Rodríguez, o meio de campo com Cascini, Battaglia, Cagna e Donnet, e o ataque formado por Iarley e Schelotto, além de Tevez, que começou a final do Mundial do banco. Pela frente, o time argentino encarou o poderoso Milan do técnico Carlo Ancelotti, campeão da UCL em cima da Juventus e que tinha nomes como Dida, Cafu, Costacurta, Maldini, Seedorf, Pirlo, Gattuso, Kaká e Shevchenko. Uma máquina! E que aumentou ainda mais o peso do jogo, com cinco títulos mundiais e 11 troféus continentais das duas equipes em campo.

Embora os italianos fossem favoritos, o que se viu foi um jogo muito brigado, com o Milan tomando a iniciativa e o Boca respondendo com boas chegadas no ataque. O primeiro gol foi rossonero, aos 23’, quando Pirlo roubou a bola no campo de defesa e fez um lindo lançamento para Tomasson, que tocou por entre as pernas de Abbondanzieri. Calejado, o Boca foi pra cima e empatou cinco minutos depois, quando Schelotto cruzou, Iarley desviou e Dida defendeu. No rebote, a bola sobrou para Donnet fazer 1 a 1. A partir dali, o jogo ficou dramático, com chances desperdiçadas por ambos tanto no segundo tempo quanto na prorrogação.

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O Boca de 2003. Em pé: Schiavi, Abbondanzieri, Burdisso, Perea, Cagna e Cascini. Agachados: Schelotto, Iarley, Battaglia, Donnet e Clemente Rodríguez.
 


A igualdade levou a decisão para os pênaltis, especialidade do goleirão brasileiro Dida. Só que a noite era do Boca. Pirlo bateu o primeiro e Abbondanzieri defendeu. Schiavi fez para os xeneizes. Rui Costa foi o segundo batedor italiano e fez. Battaglia cobrou o segundo do Boca e Dida pegou. Na sequência, Seedorf mandou para fora e Donnet fez. Costacurta bateu o quarto do Milan e Abbondanzieri defendeu de novo! Cascini converteu o seu chute e o placar de 3 a 1 garantiu o tricampeonato mundial ao Boca. Quatro anos depois, os rivais decidiram outro mundial, em 2007, já com organização da FIFA, e o Milan conseguiu a revanche ao vencer por 4 a 2, com gols de Inzaghi (2), Nesta e Kaká para os italianos e Palacio e Ledesma a favor dos argentinos.

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