in

Os títulos Mundiais do Bayern München

Títulos mundiais do Bayern München

Por Guilherme Diniz

Um dos clubes recordistas em títulos internacionais com 14 troféus, o Bayern München já levantou o Mundial de Clubes em quatro oportunidades: 1976, quando a competição era disputada em jogos de ida e volta; 2001, em jogo único no Japão, e em 2013 e 2020, já sob organização da FIFA. Relembre a seguir as glórias bávaras.

Mundial Interclubes de 1976 – ⭐ Bayern München 2×0 Cruzeiro-BRA / Cruzeiro-BRA 0x0 Bayern München –

2160ebc8cc5010f8aefa9640a4516b7c
Em 1976, o Bayern foi simpático ao bom futebol do Cruzeiro e participou do Mundial.
 

Tricampeão europeu consecutivo em 1974/1975/1976, o Bayern havia abdicado das finais do Mundial Interclubes em 1974 e 1975. Na primeira, o clube preferiu se concentrar na campanha continental de 1974-1975 e em jogos mais rentáveis no exterior por causa da alta popularidade do elenco base da seleção alemã, campeã da Copa do Mundo em 1974. Com isso, quem participou foi o vice, Atlético de Madrid, que acabou campeão em cima do Independiente-ARG. Em 1975, mais uma vez o Bayern se recusou a disputar, assim como o vice-campeão Leeds United-ING, e o torneio não foi realizado. Até que, em 1976, os alemães aceitaram jogar a competição pela primeira vez graças ao seu adversário: o Cruzeiro-BRA, que jogava um grande futebol e sem as botinadas e catimba dos argentinos da época. 

Com Raul, Nelinho, Piazza, Zé Carlos, Palhinha, Joãozinho e Jairzinho, era impossível aquele esquadrão jogar mal, nem se quisesse! Por isso, o Bayern topou o desafio. E os alemães não ficavam atrás em termos de talento, pois tinham nomes como Sepp Maier, Schwarzenbeck, Beckenbauer, Rummenigge, Gerd Müller, Uli Hoeneß e Kapellmann. No primeiro jogo, no estádio Olímpico de Munique, um frio tomava conta da cidade e até neve caiu naquele gélido 23 de novembro de 1976. Uma curiosidade é que a equipe de campo optou por jogar jatos d’água sobre uma espessa camada de neve que cobria o gramado do Estádio Olímpico, mas a medida imprudente só piorou a situação e a superfície de jogo parecia uma pista de gelo! 

bayern76final
O time de 1976. Em pé: Hans-Georg Schwarzenbeck, Conny Torstensson, Udo Horsmann, Gerd Müller, Uli Hoeneß e Franz Beckenbauer. Agachados: Björn Andersson, Josef Weiß, Sepp Maier, Hans-Josef Kappelmann e Karl-Heinz Rummenigge.
 

Apesar das condições “árticas”, um corajoso público de 20 mil pessoas foi ao estádio para testemunhar o duelo entre brasileiros e alemães. O time mineiro começou melhor, mas a zaga bávara se segurou. O zero não saiu do placar até os 80’, quando Gerd Müller marcou um gol típico do centroavante sublime que era, ao receber dentro da área de Uli Hoeneß e chutar rasteiro, como sempre fazia, sem chances para o goleiro Raul. Oito minutos depois, Jupp Kapellmann aumentou a vantagem e fechou os 2 a 0.

A partida de volta ficou marcada para um mês depois, em dezembro, no Mineirão tomado por 123 mil pessoas! Ambas as equipes jogaram com seus maiores craques e a esperança era de um jogo frenético e cheio de gols. Mas o goleiro Sepp Maier e o capitão Franz Beckenbauer fizeram uma partida estupenda, fecharam a área alemã e o zero não saiu do placar. O empate sacramentou o primeiro título mundial do Bayern e um amargo vice ao Cruzeiro, que teve outra chance de vencer o torneio em 1997, mas também perdeu para um clube alemão: o Borussia Dortmund.

Mundial Interclubes de 2001 – ⭐⭐ Bayern München 1×0 Boca Juniors-ARG –

Kahn Bayern 2001 Mundial
Kahn levanta a taça no Japão. (Foto: Alexander Hassenstein/Bongarts/Getty Images).
 

Após perder o título europeu de maneira dramática em 1999, o Bayern deu a volta por cima e foi campeão da Liga dos Campeões da UEFA em 2001, seu primeiro título na competição após 25 anos. Depois de levantar a Velhinha Orelhuda diante do Valencia-ESP, os bávaros não começaram a temporada 2001-2002 bem e caíram na Copa da Liga Alemã já nas semifinais, além de perderem a final da Supercopa da UEFA para o Liverpool-ING. Na Bundesliga, derrota na estreia por 1 a 0 para o Borussia Mönchengladbach, mas uma sequência de nove vitórias seguidas a partir da 4ª rodada deixou a equipe confortável na tabela. 

Em novembro, o time de Oliver Kahn, Sagnol, Kovac, Kuffour, Lizarazu, Paulo Sérgio, Élber e Pizarro viajou até o Japão para a disputa do Mundial Interclubes contra o Boca Juniors-ARG de Carlos Bianchi, campeão mundial no ano anterior ao derrotar o Real Madrid. Os alemães sabiam do perigo que era o jogo dos argentinos, mas foram precavidos para o duelo com boa proteção à frente da zaga (Fink, Hargreaves e Niko Kovac) e três homens na frente (Paulo Sérgio, Élber e Pizarro). 

O Boca, claro, tentou usar o contra-golpe como arma, mas foi dominado pelo Bayern, que teve 62% de posse de bola, chutou 21 vezes contra seis dos argentinos e teve oito escanteios contra nenhum do Boca. A soberania se deu muito por causa da expulsão do atacante Delgado, do Boca, logo no final do primeiro tempo. Após um interminável 0 a 0 no tempo normal, o Bayern chegou ao título com um gol de Kuffour, aos 4’ do segundo tempo da prorrogação. O time faturou seu segundo Mundial na história e confirmou ser mesmo o melhor esquadrão do planeta na época.

Mundial de Clubes da FIFA de 2013 – ⭐⭐⭐ Bayern München 2×0 Raja Casablanca-MAR

lahm 2013 bayern

O Bayern sempre soube se levantar após um grande tombo. Logo após a derrota na final europeia de 1999, levantou a UCL em 2001. E, após perder em casa a UCL para o Chelsea em 2012, refez o caminho até a final e foi campeão europeu já em 2013, ao bater o compatriota Borussia Dortmund na final em Wembley. Com um timaço – Neuer, Boateng, Lahm, Kroos, Schweinsteiger, Ribéry, Robben, Thomas Müller e companhia -, o clube bávaro passou a ser comandado por Pep Guardiola, que vinha de um trabalho excepcional no Barcelona. A esperança da diretoria alemã era de construir uma dinastia na Europa assim como aconteceu na década de 1970 e o primeiro passo foi a Supercopa da UEFA, quando os bávaros derrotaram o Chelsea-ING por 5 a 4 nos pênaltis após empate de 2 a 2. 

No final do ano, veio a disputa do Mundial de Clubes da FIFA e, sem qualquer percalço, o time alemão derrotou o Guangzhou Evergrande-CHN por 3 a 0 nas semifinais (gols de Ribéry, Mandzukic e Götze) e avançou à final para encarar o surpreendente Raja Casablanca-MAR, que eliminou o Atlético Mineiro nas semis com uma vitória por 3 a 1. Muito superior, o Bayern abriu o placar logo aos 7’ do primeiro tempo, com o brasileiro Dante, em jogada ensaiada após cobrança de escanteio. Aos 22’, foi a vez de Thiago aproveitar passe rasteiro de Alaba e ampliar: 2 a 0. Dali em diante, foi só administrar a vantagem e comemorar o tricampeonato mundial. E isso que Schweinsteiger e Robben nem viajaram ao Marrocos por conta de lesão.

Mundial de Clubes da FIFA de 2020 – ⭐⭐⭐⭐ Bayern München 1×0 Tigres-MEX

bayern de munique e campeao do mundial de clubes da fifa
Neuer ergue a taça do Mundial de 2020. Foto: MOHAMMED DABBOUS/REUTERS.
 

O quarto título mundial do Bayern veio em um ano mágico do clube. Foi em 2020 que os alemães levantaram o lendário “sêxtuplo”, assim como o Barcelona em 2009, e conquistaram impressionantes seis títulos: Campeonato Alemão, Copa da Alemanha, Supercopa da Alemanha, Liga dos Campeões da UEFA, Supercopa da UEFA e o Mundial. Aliás, a vaga no torneio da FIFA veio após o clube realizar a primeira e até hoje única campanha com 100% de aproveitamento na Liga dos Campeões da UEFA, com 11 vitórias em 11 jogos, incluindo o devastador 8 a 2 no Barcelona na fase final. Comandado pelo técnico Hansi Flick, o Bayern tinha DNA ofensivo e um esquadrão formado por Neuer, Pavard, Lucas Hernandez, Alphonso Davies, Kimmich, Alaba, Leroy Sané, Gnabry, Lewandowski entre outros.

No Mundial, os alemães despacharam o Al Ahly-EGI na semifinal com uma vitória por 2 a 0 e se garantiram na decisão para encarar o Tigres-MEX, que superou o Palmeiras-BRA, campeão da Libertadores. Mesmo sem jogar bem, o Bayern venceu por 1 a 0, em gol polêmico de Pavard, aos 59’. A jogada começou quando Kimmich cruzou para a área e Lewandowski dividiu no alto com o goleiro Guzmán. A bola sobrou para Pavard, que só teve o trabalho de empurrar para o gol.

lewandowskigettyimages 1231106105
Polêmico lance de Lewandowski. Foto: Gaston Szerman/Getty Images
 

Inicialmente, o lance foi anulado por impedimento de Lewandowski, mas, após revisão do VAR, o polonês estava em posição legal, validando o tento. No entanto, o que o VAR não viu é que houve toque de mão de Lewa no lance, pois a bola bateu em seu braço antes de ir de encontro a Pavard. O jogo seguiu, os mexicanos não conseguiram superar Neuer (em fase absurda) e o título (merecido, pois os alemães finalizaram 17 vezes, contra apenas três do Tigres) ficou com os bávaros, que se igualaram ao Milan como tetracampeões mundiais.

Licença Creative Commons
O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

títulos mundiais da Juventus

Os títulos mundiais da Juventus em 1985 e 1996