in ,

Esquadrão Imortal – Universitario 1969-1972

Universitario 1972
Universitario 1972
Em pé: Soria, Fernando Cuéllar, César Luna, Carlos Carbonell, Héctor Chumpitaz e Humberto Ballesteros. Agachados: Juan José Muñante, Percy Rojas, Rubén Techera, Luis Cruzado e Oswaldo Ramírez. Foto: Arquivo / Conmebol.
 

Grandes feitos: Bicampeão do Campeonato Peruano (1969 e 1971), Campeão da Copa Presidente da República (1970) e Vice-campeão da Copa Libertadores da América (1972). Foi o primeiro clube peruano a disputar uma final continental na história.

Time-base: Ballesteros (Rubén Correa); Soria (Félix Salinas), Cuéllar (José Fernández / Carbonell / Luis La Fuente), Chumpitaz e Luna (Fuentes); Techera (Roberto Chale), Cruzado (Víctor Calatayud) e Castañeda (Pedro Gonzales); Percy Rojas (Héctor Bailetti), Muñante (Fernando Alva) e Oswaldo Ramírez (Enrique Rodríguez / Enrique Cassaretto). Técnico: Roberto Scarone.

 

“Los Cremas d’Oro”

Por Guilherme Diniz

No final dos anos 1960 e em boa parte da década de 1970, o futebol peruano viveu provavelmente o período mais brilhante de sua história. Com clubes competitivos e uma safra marcante de craques, o país conseguiu virar protagonista no futebol sul-americano com uma seleção que deixou de fora a Argentina da Copa do Mundo de 1970 e alcançou uma impressionante fase de quartas de final, perdendo apenas para o campeão Brasil. E um dos principais fornecedores de matéria-prima daquela seleção foi o Universitario, que teve nove jogadores entre os convocados de 1970, entre eles a lenda Chumpitaz (capitão), Fuentes, Roberto Chale e Pedro Gonzales. Os Cremas levantaram naquela época dois campeonatos peruanos e, em 1972, conseguiram algo inédito para o país: disputar uma final de Copa Libertadores. 

Pelo caminho, os Cremas despacharam o rival Alianza Lima e os poderosos Nacional (campeão em 1971) e Peñarol (tricampeão em 1960, 1961 e 1966) antes de enfrentarem o Independiente-ARG, que acabou campeão após segurar um empate sem gols no Peru e vencer por 2 a 1 em Avellaneda. Mesmo com o vice, aquele Universitario entrou para a história como um dos maiores esquadrões do futebol peruano e da América. É hora de relembrar.

Bons prenúncios e a chegada de Scarone

Roberto Scarone, lendário técnico do Universitario. Foto: Arquivo / Universitario de Deportes
 

O Universitario começou os anos 1960 com conquistas e feitos que deixaram seu torcedor esperançoso. A equipe venceu o campeonato nacional em 1960 e emendou mais três títulos em 1964, 1966 e 1967, todos com um elenco repleto de ótimos jogadores. Além disso, a equipe fez uma grande campanha na Copa Libertadores de 1967, quando alcançou a fase semifinal e venceu os gigantes argentinos River Plate (1 a 0) e Racing (2 a 1) fora de casa e debaixo de muito frio, com os termômetros registrando 0o.

Foram feitos imensos para os Cremas, que terminaram o grupo com os mesmos 9 pontos do Racing, o que forçou uma partida desempate para ver quem iria para a decisão. Em campo neutro, o Racing acabou vencendo por 2 a 1, mas o feito do Universitario mobilizou 50 mil pessoas no aeroporto Jorge Chávez, que receberam os atletas como se fossem campeões! Ver um clube peruano ir tão longe na Libertadores na época foi uma enormidade e comprovou que o trabalho estava sendo bem feito, além de jogadores como Luis La Fuente, Chale e Chumpitaz se destacarem no plantel com grandes atuações e muito talento.

Em 1969, a diretoria trouxe o experiente técnico uruguaio Roberto Scarone, com passagens por vários clubes da América do Sul e Central e bicampeão da Libertadores pelo Peñarol em 1960 e 1961. Adepto de um esquema de jogo baseado na marcação, mas também com investidas constantes ao ataque, Scarone rapidamente se integrou ao cotidiano do clube e adquiriu uma identificação muito forte com as cores e a torcida do Universitario. Com um elenco forte e entrosado, ele tratou o Campeonato Peruano de 1969 como principal objetivo. E, de bate-pronto, alcançou o sucesso.

Glória nacional e combustível para a seleção

O Campeonato de 1969 teve um regulamento diferente: no Apertura, os 14 times jogaram entre si em turno único, com o campeão garantindo vaga direta na Liguilla final. Na fase seguinte, novamente os 14 times jogaram entre si em turno único, com os times do primeiro ao sexto lugar na Liguilla final e os times do sétimo ao 14º lugar agrupados em um grupo de rebaixamento. No Apertura, o Universitario fez uma boa campanha, venceu oito, empatou três e perdeu apenas dois dos 13 jogos e terminou na 2ª colocação, dois pontos atrás do líder Atlético Grau, do atacante Juan Seminario. Jogando em casa, o Universitario não perdeu e acumulou seis vitórias e três empates.

Na fase seguinte, o time de Scarone seguiu no pelotão de frente e terminou na 2ª colocação, com sete vitórias, quatro empates e duas derrotas, dois pontos atrás do líder Deportivo Municipal, do artilheiro Jaime Mosquera. Mas foi na Liguilla que a equipe se sobressaiu e assumiu a dianteira, garantindo o título na última rodada no empate em 1 a 1 contra o Atlético Grau. Em 31 jogos, os Cremas venceram 17, empataram 10 e perderam apenas 4, marcando 60 gols e sofrendo 38. Percy Rojas, com 12 gols, e Enrique Cassaretto, com 10 gols, foram os artilheiros da equipe na competição.

Chumpitaz, capitão, líder e maior zagueiro da história do futebol peruano.
 

O troféu veio em um ano muito especial para o futebol peruano, afinal, a seleção conseguiu a vaga na Copa do Mundo da FIFA de 1970 em uma partida épica contra a Argentina, em La Bombonera. A albiceleste precisava de uma vitória simples para se classificar, mas o Peru foi valente e arrancou um empate em 2 a 2, resultado que colocou a albirroja no Mundial e deixou a albiceleste de fora! Já em 1970, o técnico brasileiro Didi convocou nove jogadores do Universitario para integrar a lista de 22 atletas da seleção peruana: 

  • Rubén Correa e Jesús Goyzueta (goleiros); 
  • Pedro Gonzales, Héctor Chumpitaz, José Fernández, Nicolás Fuentes e Félix Salinas (defensores); 
  • Roberto Chale e Luis Cruzado (meio-campistas). 
Em pé: Eloy Campos, Roberto Chale, Héctor Chumpitaz, Luis Rubiños, Rafael Risco e Orlando La Torre. Agachados: José del Castillo, Hugo Sotil, Pedro “Perico” León, Teófilo Cubillas e Alberto Gallardo.
 

A seleção peruana fez um Mundial brilhante e alcançou a fase de quartas de final, quando acabou eliminada pelo forte Brasil por 4 a 2. No mesmo ano, os Cremas venceram a Copa Presidente de la República, disputada durante o período da Copa do Mundo, como forma de os times ficarem na ativa naquele período. Mesmo com um time majoritariamente reserva, o Universitario superou a primeira fase, eliminou o Atlético Grau, nas quartas de final, por 2 a 0, o Porvenir, nas semis, por 2 a 0, e goleou o Melgar na final por 4 a 0.

No campeonato nacional, os Cremas fizeram uma ótima primeira fase e terminaram na liderança, com três pontos a mais do que o segundo colocado, além de 16 vitórias, sete empates e apenas três derrotas em 26 jogos, com 56 gols marcados (melhor ataque) e 22 sofridos. Mas, na Liguilla final, o Universitario perdeu pontos importantes e acabou com o vice-campeonato por causa de um ponto – a taça ficou com o Sporting Cristal.

Nova glória nacional

A diretoria contratou os atacantes Juan José Muñante, Héctor Bailetti  e Oswaldo Ramírez, e o goleiro argentino Ballesteros para retomar a coroa no Campeonato Peruano de 1971, que passaria a ser em turno e returno. E tais reforços foram cruciais para o Universitario levantar mais um título peruano. Em 30 jogos, os Cremas venceram 18, empataram 10 e perderam apenas dois, com 57 gols marcados (melhor ataque) e apenas 20 gols sofridos (melhor defesa). Bailetti, com 13 gols, e Ramírez, com 11 gols, foram os principais artilheiros do time na competição, além de Ballesteros levar o prêmio de melhor goleiro da temporada e Scarone ganhar o título de melhor técnico.

A saga na Libertadores de 1972

A trajetória do Universitario na Copa Libertadores foi um marco histórico para o clube peruano e para o futebol do país. A equipe começou no Grupo 4, junto com o também peruano e rival Alianza Lima e os representantes chilenos Universidad de Chile e Unión San Felipe. A equipe destacou-se com uma campanha sólida, mostrando um futebol consistente e ofensivo, que lhe garantiu a classificação para as semifinais. La ‘U’ venceu por 2 a 1 o rival Alianza Lima, com gols de Percy Rojas e Oswaldo Ramírez, e perdeu o jogo seguinte para a Universidad de Chile, fora, por 1 a 0. A recuperação veio na partida seguinte, também fora, com vitória por 3 a 1 sobre o Unión San Felipe. 

No returno do grupo, empate em 2 a 2 com o Alianza Lima, com dobletes de Percy Rojas, para o Universitario, e a lenda Teófilo Cubillas para os grones. Ne penúltima rodada, os Cremas empataram sem gols com o Unión San Felipe e foram para a última rodada precisando da vitória, afinal, os triunfos ainda valiam dois pontos na época. E, de novo diante de sua torcida, o Universitario conseguiu a vitória por 2 a 1 sobre a Universidad de Chile e garantiu a vaga na etapa seguinte com 8 pontos, três vitórias, dois empates, uma derrota, nove gols marcados e seis sofridos em seis jogos.

Uma das formações do Universitario em 1972.
 

Após o sorteios da chaves semifinais, o Universitario teve pela frente os uruguaios Nacional e Peñarol, e teria que jogar muito se quisesse ser líder e garantir uma inédita vaga na decisão. O primeiro jogo foi um balde de água fria para os peruanos: derrota por 3 a 2 para o Peñarol, em casa. No segundo, também em casa, os Cremas conseguiram dar a volta por cima e venceram os campeões do Nacional por 3 a 0, resultado categórico que aumentou a confiança do time em busca da vaga. Na terceira partida, os peruanos foram até Montevidéu encarar o Nacional e protagonizaram um frenético empate em 3 a 3. Ainda em terras uruguaias, os Cremas enfrentaram o Peñarol e empataram em 1 a 1.

Com isso, a sorte de la ‘U’ dependia do choque entre os rivais uruguaios. Com quatro pontos, o Universitario torcia por uma vitória do Nacional, de preferência com uma quantidade de gols que não fosse superior a cinco para se classificar pelo saldo de gols, pois todos tinham a chance de terminar com quatro pontos. Os tricolores venceram os aurinegros por 3 a 0, ficaram com saldo zero, enquanto o Peñarol ficou com -2. Já o Universitario terminou com saldo positivo de dois gols e se garantiu na final da Copa Libertadores pela primeira vez!

Uma curiosidade é que durante o jogo entre os uruguaios, o Universitario jogava contra o Sporting Cristal pelo campeonato peruano e todos estavam mais atentos nas rádios do que na competição local – os Cremas, inclusive, perderam por 2 a 1. Era a primeira vez que um clube do Peru alcançava a final da maior competição do continente. Mas, para conquistar a Glória Eterna, eles teriam que superar o temido Independiente de Francisco Sá, Pavoni, Pastoriza, Maglioni, Balbuena e companhia.

Vice de orgulho

O primeiro jogo da final aconteceu no Estádio Nacional de Lima e mais de 45 mil pessoas empurraram o Universitario em busca de uma vitória que pudesse dar mais tranquilidade para a volta, na temida casa do Independiente, à época chamada de La Doble Visera. Os argentinos, claro, ficaram mais recuados e jogaram pelo empate. Os peruanos tentaram, mas o placar ficou mesmo 0 a 0, deixando a decisão para Avellaneda. Scarone mandou a campo o que tinha de melhor, com Humberto Ballesteros no gol, Eleazar Soria, Fernando Cuéllar, Héctor Chumpitaz e Julio César Luna no setor defensivo, Rubén Techera, Luis Cruzado e Hernán Castañeda no meio e Juan José Muñante, Percy Rojas e Oswaldo Ramírez no ataque.

Com 55 mil pessoas em seu caldeirão, o Independiente tomou a iniciativa do jogo desde o início e abriu o placar aos 6’, ao chutar de perna esquerda após receber passe de Pastoriza (em impedimento, de acordo com a imprensa peruana) e vencer o goleiro Ballesteros. Na segunda etapa, Pastoriza deu nova assistência a Maglioni, que fez 2 a 0 mesmo recebendo marcação de Cuéllar. O Universitario teve que ir para o tudo ou nada e conseguiu um gol faltando 11 minutos para o fim, com Percy Rojas, após bate e rebate na área. O tento gerou tensão nos argentinos e ilusionou os peruanos, mas o placar permaneceu 2 a 1 e deu o terceiro título ao Independiente, que não vencia a competição desde o bicampeonato de 1964 e 1965. Começaria ali a dinastia dos rojos, tetracampeões em 1972, 1973, 1974 e 1975.

 

Ao fim da partida, a torcida aplaudiu as equipes pelo fair play, algo raro em tempos de jogos que mais pareciam guerras. Naquela noite, só teve futebol e vontade de vencer, na bola, sem faltas ríspidas nem violência, o que valorizou ainda mais as campanhas das duas equipes. Apesar da derrota, a trajetória do Universitario foi histórica e elevou o prestígio do clube e do futebol peruano no cenário internacional. A equipe demonstrou talento, determinação e capacidade de enfrentar os melhores clubes do continente, deixando um legado que inspira gerações de torcedores até hoje. Oswaldo Ramírez e Percy Rojas, com seis gols cada, foram os artilheiros daquela Libertadores. O capitão do Universitario, Chumpitaz, comentou sobre aquele vice-campeonato.

“São lembranças muito gratas porque um time peruano ter chegado a essa instância foi fruto de trabalho. Nós nos concentrávamos muito nas partidas, nos dias em que estávamos fora e em casa, nos cuidávamos. Jogamos contra o Independiente, que tinha mais títulos internacionais, e enfrentá-los era uma grande responsabilidade. Demos muita satisfação aos torcedores do Universitario e ao Peru. Formou-se um grande grupo onde havia muita qualidade em todas as posições, era uma equipe completa, e o jogador que entrava fazia bem o seu papel.”Héctor Chumpitaz, em entrevista publicada no Infobae, agosto de 2024.

Nas lembranças de um esquadrão imortal

Imagem: Perfil @ElDiarioCrema no X.com
 

Após a derrota na Libertadores de 1972, o Universitario entrou em uma entressafra e não conseguiu mais repetir a intensidade competitiva de antes. A equipe venceu o Campeonato Peruano de 1974, mas só voltaria a levantar o troféu nacional em 1982. Nos anos 1990, o clube viveu uma nova fase vencedora em casa, mas não conseguiu repetir o desempenho dos anos 1970 no âmbito continental, isso mesmo com seu novo estádio, o imponente Monumental U, que por muito tempo foi o maior da América do Sul até ser suplantado pelo Monumental de Núñez, do River Plate. 

Os Cremas permaneceram por mais de duas décadas como os únicos a terem disputado uma final de Copa Libertadores. A façanha da equipe só foi igualada uma vez: em 1997, pelo Sporting Cristal, que perdeu a decisão para o Cruzeiro. Depois dele, o único clube que obteve sucesso continental foi o Cienciano, campeão da Copa Sul-Americana de 2003 e da Recopa de 2004. Mesmo assim, o timaço do Universitario dos anos 1970 segue como um dos mais cultuados da história do futebol peruano. E será eternamente.

Os personagens:

Ballesteros: argentino de nascimento e naturalizado peruano tempo depois, o goleiro chegou em 1971 ao Universitario para suprir a saída do icônico Rubén Correa. Com boas defesas e saídas arrojadas do gol, foi titular absoluto do esquadrão crema até 1974 e se destacou nas campanhas dos títulos peruanos de 1971 e 1974. Detém o recorde no clube de minutos sem sofrer gols pelo clube de Lima: 775 minutos.

Rubén Correa: um dos principais goleiros peruanos dos anos 1960 e começo dos anos 1970, Correa jogou de 1963 até 1971 e foi titular em boa parte das grandes conquistas do clube no período. Em 1967, inclusive, foi eleito o melhor goleiro do Peru no ano, muito graças às suas atuações memoráveis pela Libertadores, em especial nas vitórias sobre River Plate e Racing em pleno território argentino. Em 1971, deixou o Universitario para jogar no Defensor Lima, mas teve que encerrar a carreira já em 1972 por causa de uma séria lesão no joelho.

Soria: defensor que podia atuar como lateral-direito e também zagueiro, brilhou com a camisa do Universitario e chamou a atenção do Independiente-ARG, onde conquistou a Copa Libertadores de 1975, mas como reserva. Fez bons jogos na campanha do título continental da seleção do Peru em 1975 e disputou 29 partidas pela albirroja entre 1972 e 1978.

Félix Salinas: defensor muito forte e eficiente na marcação, atuava mais na lateral-esquerda e foi titular na campanha do titulo peruano de 1971, além de ter contribuído nos títulos dos anos 1960. Deixou o clube em 1972 para jogar no futebol mexicano.

Cuéllar: El Gato detém até hoje a expressiva marca de 410 jogos disputados pelo Universitario na história – ele é o 2º na lista dos futebolistas com mais partidas pelos Cremas, atrás apenas de José Luis Carranza. Fez uma grande dupla de zaga ao lado de Chumpitaz após a saída de Fernández e se destacava pela força na marcação, espírito combativo e muita dedicação. Jogou de 1969 até 1980 na equipe crema e levantou três títulos nacionais, além do vice-campeonato da Libertadores de 1972.

José Fernández: um dos recordistas em títulos pelo Universitario – foram 6 troféus do Campeonato Peruano – o zagueiro começou sua carreira no clube, em 1957, permaneceu até 1961 e voltou em 1963 para jogar até 1970. Fez um “paredão” ao lado de Chumpitaz na zaga crema e ganhou convocações para a seleção. 

Carbonell: jovem zagueiro, tinha 20 anos quando chegou ao Universitario, em 1972, e fez bons jogos na Libertadores e no Campeonato Peruano, demonstrando muita personalidade e presença de área. Foi um dos melhores zagueiros de sua época e jogou no clube até 1975, retornando novamente em 1981.

Luis La Fuente: lateral com muito fôlego, visão de jogo e bons passes, podia jogar também como zagueiro e era especialista em desarmar rivais e cobrir os espaços no setor defensivo. Ganhou, em 1967, o apelido de “Gigante de Núñez”, em alusão ao estádio do River Plate, quando o Universitario derrotou os argentinos em sua casa, na Libertadores daquele ano. Foi um dos mais completos defensores peruanos de sua época.

Chumpitaz: 6º jogador que mais vestiu a camisa da seleção peruana na história com 105 jogos, El Grán Capitán é considerado o maior zagueiro que o futebol peruano já produziu. Eleito o 36º Maior Jogador Sul-Americano do século XX pela IFFHS, Héctor Chumpitaz se posicionava muito bem e transmitia segurança para os companheiros, além de exibir um espírito de liderança muito forte. Tinha um chutaço de perna direita e marcava vários gols de falta – ele anotou quase 50 gols na carreira, um número altíssimo para um zagueiro. Foi um dos maiores símbolos daquela seleção, ídolo do Universitario e titular absoluto de todos os técnicos que passaram pela blanquirroja no período. Foram 245 jogos e 46 gols pelo Universitario entre 1966 e 1975, além de cinco títulos peruanos. Uma lenda.

Luna: o defensor jogou de 1969 até 1973 no Universitario e alternou partidas como titular e outras como suplente nas campanhas dos títulos nacionais de 1969 e 1971. 

Fuentes: lateral-esquerdo de muita qualidade, com bom passe e forte na marcação, foi outro defensor que brilhou nos anos 1960 e 1970 no futebol peruano. Ao lado de De La Torre e Chumpitaz, formou a espinha dorsal defensiva da equipe que se classificou e disputou a Copa do Mundo de 1970. Viveu sua melhor fase no Universitario, onde jogou de 1964 até 1970. Disputou 17 jogos pela seleção.

Rubén Techera: o uruguaio criou um laço muito forte com o Universitario ao longo da carreira. Meio-campista, jogou no clube de 1972 até 1975, pouco tempo, mas o suficiente para compor a música Universitario y Yo, após uma vitória sobre o Peñarol pela Libertadores de 1975. O mais notável verso da canção é: “De crema me vestí una tarde de mayo, desde entonces mi vida transcurrió más feliz. Mis sueños de muchacho, jugador de baldío, en Universitario se hicieron realidad”. Techera foi campeão nacional com o Universitario em 1974 e vice da Libertadores em 1972.

Roberto Chale: foi um dos mais talentosos meio-campistas peruanos dos anos 1960 e 1970 e brilhou não só pelo Universitario, onde fez uma memorável dupla de meio de campo com Luis Cruzado, mas também pela seleção do Peru, pela qual disputou a Copa do Mundo de 1970 e fez grandes partidas, além de brilhar nas Eliminatórias. Tinha bom passe, se movimentava bem e aparecia para dar apoio ao ataque. Seu problema era o temperamento, que o fazia ser expulso algumas vezes. Ganhou três títulos nacionais pelo Universitario e é um dos maiores artilheiros do clube na Libertadores com 10 gols marcados.

Cruzado: outro craque peruano daquela época, jogava um futebol moderno, de ataque e defesa, cobrindo os espaços, um verdadeiro “motor” para a engrenagem crema funcionar. Cria das bases, começou nos profissionais em 1959 e jogou até 1973 na equipe, acumulando 290 jogos e marcando 33 gols. Pela seleção, disputou 26 jogos e marcou um gol.

Víctor Calatayud: jogava mais aberto, pelas pontas, e tinha ótimos chutes cruzados, além de distribuir passes de efeito e ser incisivo no drible, o que fez o peruano ganhar o apelido de “Puñalada”. Jogou de 1964 até 1973 no Universitario e fez parte dos grandes times campeões nacionais no período, além de anotar 9 gols em 52 jogos pela Libertadores.

Castañeda: meio campista brigador e muito forte na marcação, fez um grande Campeonato Peruano em 1971, ajudando o Universitario a levantar o título. Jogou de 1969 até 1972 nos Cremas, retornando para encerrar a carreira em 1978-1981.

Pedro Gonzales: ponta-direita muito eficiente, além de poder jogar mais recuado, como volante, Gonzales chegou em 1964 ao Universitario e levantou quatro troféus do Campeonato Peruano na década de 1960, além de ser um dos convocados da equipe para a Copa do Mundo de 1970. 

Percy Rojas: El Trucha foi um dos maiores jogadores peruanos do século XX e um ídolo do Universitario, pelo qual disputou 254 jogos e marcou 119 gols em suas duas passagens pelo clube – 1966-1974 e 1982-1984. Ele é o 3º maior artilheiro do Universitario na história e o maior artilheiro do clube na Libertadores com 16 gols. Rojas era rápido, escapava com uma facilidade impressionante da marcação adversária e tinha muito oportunismo. Além dos títulos pelos Cremas – seis campeonatos nacionais e o vice da Libertadores – foi campeão da Libertadores em 1975, pelo Independiente, e um dos destaques da campanha do título da Copa América de 1975 da seleção peruana.

Héctor Bailetti: El Atómico foi um dos grandes goleadores do Universitario naquela era de ouro e jogou pelo clube de 1971 até 1973, quando marcou 46 gols em 103 jogos, e também em 1979, para mais sete jogos e um gol. Ele é o 3º jogador com mais gols em Libertadores pelos Cremas: 12 gols.

Muñante: com extrema velocidade, ganhou o apelido de “o jato” e foi um dos maiores atacantes do futebol peruano nos anos 1960 e 1970. Chegava a percorrer 100 metros com a bola dominada em apenas 11 segundos, um assombro! Em 89 jogos pelos Cremas, Muñante marcou 14 gols, além de contribuir bastante na construção de jogadas, passes e cruzamentos. Integrou a seleção peruana na Copa do Mundo de 1978, participando de seis jogos e dando duas assistências.

Fernando Alva: cria do Universitario, o atacante começou em 1967 e permaneceu até 1973 na equipe de Lima. Não foi titular absoluto, mas entrou bem quando exigido e faturou três títulos nacionais.

Oswaldo Ramírez: outro grande craque peruano nos anos 1960 e 1970, Ramírez chegou já consagrado ao Universitario, afinal, ele foi crucial para a classificação do Peru para o Mundial de 1970, ao se transformar no “carrasco de La Bombonera”. Goleador e sempre bem colocado, se transformou no maior artilheiro peruano da história da Copa Libertadores (27 gols) e é também o maior artilheiro de campeonatos locais do Peru – 190 gols. Foram 57 jogos e 17 gols pela seleção entre 1969 e 1982. Pelo Universitario, é o 5º maior artilheiro do clube com 95 gols em 163 jogos e o 2º maior artilheiro do clube na Libertadores com 15 gols. Anos depois, virou presidente da federação peruana, em 1985.

Enrique Rodríguez: outro atacante de muito talento do Universitario, brilhou no final dos anos 1960 e anotou 25 gols em 148 jogos pela equipe de Lima. Foi tetracampeão peruano pelos Cremas e se aposentou cedo, em 1970, para trabalhar na estatal SIMA – Servicios Industriales de la Marina SA.

Enrique Cassaretto: centroavante nato, bom no jogo aéreo, finalizador e preciso no arremate, foi um dos principais atacantes do Peru nos anos 1960 e 1970. Jogou o Universitario de 1965 até 1970, acumulando 167 jogos e 55 gols, além de três títulos do Campeonato Peruano. Disputou apenas 10 jogos pela seleção, mas marcou oito gols, uma média de quase um gol por jogo. Se movimentava bastante e confundia as defesas rivais. Foi importante nas fases iniciais da Copa América de 1975 e também na histórica vitória sobre o Brasil no Mineirão, com dois gols marcados.

Roberto Scarone (Técnico): para muitos, o maior técnico da história do Universitario. E não é exagero nenhum, afinal, o uruguaio transformou a equipe de Lima em um dos mais competitivos esquadrões do futebol sul-americano e alcançou uma inédita final de Libertadores dirigindo um clube do Peru. Levantou três títulos nacionais e sempre declarou seu amor pelo Universitario. Já na reta final de sua vida, Scarone sofreu de Alzheimer e, antes de falecer, disse: Me voy para mi casa, me voy para la U. Ele faleceu em 1994 e, em 2010, suas cinzas foram despejadas no Estádio Lolo Fernández, antiga casa do clube.


O trabalho Imortais do Futebol – textos do blog de Imortais do Futebol foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição – NãoComercial – SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em imortaisdofutebol.com.
Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

2 Comentários

  1. Pois é, Imortais! Esses foram bons tempos para o futebol peruano. O Universitario foi epopeico e honrou o Peru na Libertadores. Só não levou a taça porque, como sabemos, o Independiente de Avellaneda possui uma paixão inacreditável pela Liberta! Mas o Time Crema saiu com honra!

    Mandou bem, Imortais! Os peruanos têm orgulho dessa época! E eu queria fazer uma sugestão: coloque o Chumpitaz como craque imortal! Ele foi um zagueiraço! Abraço!

Top 5 Gols Insanos de 2024