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Craque Imortal – Shevchenko

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Nascimento: 29 de setembro de 1976, em Dvirkivschyna, Yahotyn Raion, Kyiv Oblast, Ucrânia.

Posições: atacante e centroavante

Clubes: Dynamo Kyiv-UCR (1994-1999 e 2009-2012), Milan-ITA (1999-2006 e 2008-2009) e Chelsea-ING (2006-2009).

Principais títulos por clubes: 5 Campeonatos Ucranianos (1994-1995, 1995-1996, 1996-1997, 1997-1998 e 1998-1999), 3 Copas da Ucrânia (1995-1996, 1997-1998 e 1998-1999) e 1 Supercopa da Ucrânia (2011) pelo Dynamo Kyiv.

1 Liga dos Campeões da UEFA (2002-2003), 1 Supercopa da UEFA (2003), 1 Campeonato Italiano (2003-2004), 1 Copa da Itália (2002-2003) e 1 Supercopa da Itália (2004) pelo Milan.

1 Copa da Inglaterra (2006-2007), 1 Copa da Liga Inglesa (2006-2007) e 1 Supercopa da Inglaterra (2009) pelo Chelsea.

 

Principais títulos individuais e artilharias:

Jogador Ucraniano do Ano: 1997, 1999, 2000, 2001, 2004 e 2005

Artilheiro do Campeonato Ucraniano: 1998-1999 (18 gols)

Jogador do Ano no Campeonato Ucraniano: 1999

Artilheiro da Copa da Ucrânia: 1994-1995 (6 gols) e 1997-1998 (8 gols)

Eleito para o Time do Ano da ESM: 1999-2000, 2003-2004 e 2004-2005

Artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA: 1998-1999 (8 gols) e 2005-2006 (9 gols)

Melhor Atacante da Liga dos Campeões da UEFA: 1998-1999

Eleito para o Time do Ano da UEFA: 2004 e 2005

Melhor Estrangeiro do Ano na Serie A: 2000

Autor do “Gol do Ano” na Serie A: Roma x Milan – 06/01/2004

Artilheiro do Campeonato Italiano: 1999-2000 (24 gols) e 2003-2004 (24 gols)

Único jogador a marcar três gols em uma final de Supercopa Italiana: 2004

Ballon d´Or: 2004

Ballon d´Or (3º lugar): 1999 e 2000

3o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA: 2004

Golden Foot Award: 2004

Maior Artilheiro da história da Seleção da Ucrânia: 48 gols em 111 jogos

Maior Artilheiro da história do “Derby della Madonnina, o clássico entre AC Milan e FC Internazionale: 14 gols

FIFA 100: 2004

Maior Artilheiro da História da Ucrânia: 374 gols na carreira

Eleito para o Time dos Sonhos do Milan do Imortais: 2021

“O Rei da Ucrânia”

Por Guilherme Diniz

Em 1991, a Ucrânia conseguia sua independência na Europa e conquistava a sonhada oportunidade de sair da sombra da URSS e iniciar uma nova história. Em meio a tudo isso, era preciso começar a escrever, também, a história ucraniana no futebol. No passado, craques como Yashin, Netto e Blokhin vestiram a camisa da URSS e conseguiram se imortalizar no esporte mundial. Mas será que a Ucrânia conseguiria ter seus próprios craques? A resposta veio rapidamente com o surgimento de um jovem alto, ágil, dono de uma técnica apurada, incrível precisão nos chutes com as duas pernas e uma presença de área fascinante: Andriy Mykolayovych Shevchenko, mais conhecido como Shevchenko. Vestindo a camisa do Dynamo Kyiv, ele marcou gols em profusão, conquistou títulos e chocou o estádio Camp Nou ao marcar três gols em uma goleada por 4 a 0 de seu time sobre o poderoso Barcelona-ESP.

Tempo depois, foi a vez do atacante se tornar o mais exuberante camisa 9 do Milan desde os tempos de Marco van Basten e George Weah. Vestindo rossonero, Shevchenko conquistou mais títulos (incluindo uma Liga dos Campeões), inúmeros prêmios individuais e foi protagonista de momentos que o imortalizaram de vez como um dos melhores jogadores do final do século XX e do começo do novo milênio. Ídolo por onde passou, ícone de gerações e uma febre mundial, Shevchenko virou rei em seu país, levou a Ucrânia as quartas de final da Copa do Mundo de 2006 e ficou famoso, também, por seu personagem no mundo dos games, mais precisamente no Winning Eleven, onde o Shevchenko dos gramados virtuais era imparável e uma verdadeira máquina de gols – rendendo alegrias intermináveis para a garotada. É hora de relembrar.

 

A vitória sobre Chernobyl

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Shevchenko nasceu na impronunciável vila de Dvirkivschyna (!!), província de Kiev. Com apenas 10 anos de idade, o garoto se mudou para a capital, Kiev, por causa dos estragos causados pelo desastre nuclear de Chernobyl – que matou dezenas de pessoas e afetou várias cidades não só da Ucrânia, mas também de parte da Europa. Várias regiões próximas ao local do acidente foram evacuadas e Shevchenko se distanciou de seus amigos de infância, além de perder seus passatempos prediletos na época como hóquei no gelo, golfe e, claro, o futebol. Felizmente, Sheva não sofreu nada, superou o acidente nuclear e voltou a correr atrás da bola algum tempo depois. Em seu primeiro desafio para ser jogador profissional, o jovem não teve sorte e falhou em um teste de dribles para entrar em uma escolinha de futebol de Kiev.

Tempo depois, porém, o Dynamo Kyiv viu o garoto em uma competição de juniores e o levou para treinar nas categorias de base do clube. Foi com a camisa azul e branca que Shevchenko começou a aprimorar sua técnica, os dribles que haviam lhe prejudicado e a precisão nos arremates de dentro e de fora da área. Com 14 anos, já foi artilheiro e destaque do time de jovens do Dynamo na Copa Ian Rush, na qual ganhou até um par de chuteiras do lendário atacante do Liverpool.

Marcando vários gols e jogando um futebol bem acima da média dos outros ucranianos, Shevchenko rapidamente virou uma estrela em ascensão e sua subida ao time titular do Dynamo foi algo natural. O atacante estreou em outubro de 1994, em uma vitória por 3 a 1 sobre o Shakhtar Donetsk. Era o início de anos vitoriosos e de muito brilho para o talentoso atacante.

 

Multicampeão e o hat trick para a história

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Depois de marcar apenas um gol em sua primeira temporada no Campeonato Ucraniano, Sheva mostrou a que veio na temporada 1995-1996 e foi o vice-artilheiro do torneio com 16 gols, ano em que faturou o bicampeonato nacional. Nas temporadas seguintes, ele seria pentacampeão consecutivo com seu Dynamo e artilheiro do campeonato de 1998-1999 com 18 gols. Além de marcar gols, Shevchenko era uma arma tática muito importante no time azul e branco, ainda mais com a chegada, em 1997, do mítico técnico Valeriy Lobanovskyi, maior treinador da história do futebol ucraniano, responsável pelas maiores glórias do Dynamo e o técnico que encorajou Shevchenko, ainda garoto, a jogar pelo clube.

Com um time competitivo e que era absoluto dentro de casa, Lobanovskyi tratou de fazer com que aquele elenco colhesse frutos ainda maiores na temporada 1997-1998, mais precisamente na Liga dos Campeões da UEFA. Porém, os ucranianos caíram em um grupo com Barcelona-ESP, Newcastle United-ING e PSV Eindhoven-HOL, adversários bem complicados e que não iriam aliviar nem um pouco a vida dos azuis e brancos. No entanto, a campanha do Dynamo naquelas seis partidas foi simplesmente fantástica.

Contra o Barça, Sheva marcou três gols e começou a mostrar seu talento para um público beeeem maior.
Contra o Barça, Sheva marcou três gols e começou a mostrar seu talento para um público bem maior.

 

Com total confiança do técnico, Shevchenko jogou muito naquela temporada, bem como seus companheiros Shovkovskiy, Rebrov, Kaladze, Maximov, Kosovskiy e outros. No primeiro turno do grupo, o Dynamo venceu o PSV, fora de casa, por 3 a 1 (um gol de Shevchenko), empatou em 2 a 2 contra o Newcastle, em casa (um gol de Shevchenko) e goleou o Barcelona, em casa, por 3 a 0. No returno, o Dynamo visitou o Barcelona do técnico Louis van Gaal e muitos esperavam a revanche dos blaugranas, que tinham nomes de peso como Vitor Baía, Ferrer, Fernando Couto, Luís Figo, Rivaldo, Reiziger, Amor e um ainda jovem Puyol no banco. Porém, o Camp Nou viu naquela noite de 05 de novembro de 1997 um baile de Shevchenko. O atacante marcou três dos quatro gols da inesquecível goleada do Dynamo por 4 a 0 – os dois primeiros gols foram de cabeça e o terceiro de pênalti.

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Além dos gols, Shevchenko mostrou as qualidades que poucos ainda conheciam: arrancadas, dribles rápidos, grande visão de jogo e muito oportunismo. Para encerrar o turno, o Dynamo empatou em 1 a 1 com o PSV, em casa, e só perdeu a última partida (2 a 0, para o Newcastle) porque podia perder. O time ucraniano se classificou em primeiro lugar, eliminou os rivais e avançou até as oitavas de final. Nela, porém, a Juventus de Del Piero foi mais forte e passou pelos azuis e brancos com um empate (1 a 1, na Itália) e uma vitória (4 a 1, na Ucrânia).

 

Nos olhos da Europa

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Se na temporada 1997-1998 Shevchenko despertou a atenção de muita gente, na seguinte ele apavorou geral. O atacante entrou definitivamente na lista dos principais jogadores do continente (e do mundo) com atuações magistrais em solo nacional e internacional. Na Ucrânia, o craque foi artilheiro do campeonato nacional com 18 gols, conquistou o título do torneio (o quinto da carreira) e ainda sua terceira copa nacional com mais dois gols na final vencida pelo Dynamo por 3 a 0 sobre o Karpaty Lviv. Além das taças e das artilharias, Sheva foi eleito o melhor jogador de seu país. Mas o maior show aconteceu na Liga dos Campeões da UEFA. Depois de passar pelas fases preliminares, o Dynamo de Sheva eliminou Lens-FRA, Arsenal-ING e Panathinaikos-GRE na fase de grupos do torneio com três vitórias, dois empates e apenas uma derrota em seis jogos.

Depois de um início capenga no primeiro turno do grupo (uma derrota e dois empates), o time ucraniano venceu todos os jogos do segundo turno: 3 a 1 no Arsenal, em casa (um gol de Sheva), 2 a 1 no Panathinaikos, em casa, e 3 a 1 no Lens, fora (um gol de Sheva). Nas quartas de final, o Dynamo enfrentou o poderoso Real Madrid-ESP, campeão da temporada anterior. No duelo inicial, em Madrid, Shevchenko abriu o placar para o Dynamo, mas Mijatovic empatou e segurou o placar em 1 a 1. Na volta, em Kiev, mais de 80 mil pessoas lotaram o estádio olímpico da cidade para ver Shevchenko marcar os dois gols da vitória histórica do Dynamo por 2 a 0 sobre Illgner, Roberto Carlos, Hierro, Redondo, Seedorf, Sanchís, Raúl e Morientes, algumas das estrelas que compunham o time madrileno.

Na semifinal, o Dynamo teve pela frente o Bayern München-ALE e a volta do velho embate entre alemães e um time que fora soviético anos atrás. Na primeira partida, em Kiev, as equipes jogaram um futebol puramente ofensivo e o placar ficou em 3 a 3, com dois gols de Shevchenko para o Dynamo. Na volta, em Munique, Basler fez o gol da vitória alemã por 1 a 0 que colocou o Bayern na decisão da Liga – que seria vencida pelo Manchester United-ING. Mesmo com a derrota, a campanha do Dynamo foi aplaudida por todo o continente e Shevchenko ganhou as manchetes de vários jornais principalmente por ter sido o artilheiro da Liga daquela temporada com 8 gols. O terceiro lugar na eleição da Bola de Ouro da revista France Football foi outro ponto que ajudou na popularização do atacante e, claro, nas investidas de vários clubes interessados em contar com ele já para a temporada 1999-2000.

 

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Depois de vários clubes na parada, foi o Milan-ITA o responsável por tirar Shevchenko do Dynamo ao desembolsar US$ 25 milhões. O atacante chegou à Itália e espantou a todos com a facilidade que teve para se adaptar ao truncado futebol do país. Ágil, extremamente inteligente, quase imparável com a bola dominada em velocidade e com um leque de jogadas bem particular, Shevchenko ensinou a torcida do Milan a gritar seu nome e a estampar por todos os cantos a sua camisa, de número 7. Logo em seu debute, Sheva marcou 24 gols em 32 jogos no Campeonato Italiano e foi o artilheiro da competição vencida pela Lazio (que levou um hat trick de Sheva no empate em 4 a 4 entre as equipes no primeiro turno). O desempenho do atacante naquele ano lhe rendeu o prêmio de melhor jogador estrangeiro da Serie A e mais um terceiro lugar na eleição da Bola de Ouro.

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Nas temporadas seguintes, Shevchenko continuou jogando o fino, marcando lindos gols (como um épico contra a Juventus, em 2001) e atuando em sua melhor forma física, tornando-se a referência máxima do ataque do Milan e um verdadeiro terror para a Internazionale nos clássicos de Milão – Sheva se transformou no maior artilheiro da história do duelo com 14 gols. Paralelo as suas atuações pelo Milan, Shevchenko tinha compromissos regulares com a seleção da Ucrânia, pela qual era convocado desde 1995. Em 2002, por muito pouco ele não conseguiu classificar seu país à Copa. Sheva marcou 10 gols nas Eliminatórias, mas a Ucrânia não resistiu à Alemanha e foi eliminada na repescagem.

No entanto, foi na temporada de 2002-2003 que o atacante viveu uma de suas melhores fases. Na Liga dos Campeões, o Milan de Sheva passou pela fase preliminar, foi líder no grupo G (a frente de Deportivo La Coruña-ESP, Lens-FRA e Bayern München-ALE), e novamente líder no grupo C da segunda fase de grupos (a frente de Real Madrid-ESP, Borussia Dortmund-ALE e Lokomotiv Moscow-RUS). Nas quartas de final, os italianos empataram sem gols com o Ajax-HOL, fora, e venceram a partida de volta por 3 a 2, em casa, com um gol de Shevchenko. Na semifinal, duelo doméstico contra a Internazionale-ITA e outra vez Sheva aprontou pra cima dos nerazurri. Depois de empate sem gols na primeira partida, o 1 a 1 da volta, com um gol do ucraniano, deu a classificação ao Milan pelo critérios de gols marcados. Era hora da decisão. E de encarar a Juventus-ITA.

 

A medalha ao mestre

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Na final, Shevchenko e seus companheiros passaram 120 minutos sem conseguir furar a meta do goleiro Buffon, da Juventus, na primeira final italiana da história da Liga dos Campeões. O placar sem gols foi o reflexo do futebol truncado que as equipes apresentaram naquele dia e da eficiência de ambas as defesas, que anularam os atacantes – principalmente Shevchenko – e deram bastante tranquilidade aos goleiros. Na disputa por pênaltis, Dida e Buffon mostraram estrela e defenderam três e duas cobranças, respectivamente, até chegar a vez de Shevchenko. Era a última cobrança do Milan e de toda a série inicial de chutes.

O placar estava em 2 a 2 e, se Sheva fizesse, o Milan era campeão. Frio e com a fama de ser um ótimo batedor na época, o ucraniano não ligou para a imponência de Buffon e bateu no canto, sem chance alguma para o italiano: gol! Era a primeira vez que um ucraniano vencia o maior troféu de clubes da Europa. E era a consagração de Shevchenko no rol de ídolos máximos do Milan. Após a taça, o craque viajou até Kiev e deixou a medalha de campeão sobre o túmulo de seu mestre, Valeriy Lobanovskyi, que havia falecido em maio de 2002 (exatamente um ano antes da decisão da Liga). Era o reconhecimento máximo de Sheva por tudo o que o técnico havia feito por ele lá no começo dos anos 90.

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Enfim, Bola de Ouro!

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Já estava mais do que na hora de Shevchenko ganhar um prêmio digno de seu talento e de suas atuações com a camisa do Milan. E o apelo ficou ainda maior depois que o atacante fez o gol do título da Supercopa da UEFA de 2003 do Milan sobre o Porto-POR, marcou mais 24 gols no Campeonato Italiano de 2003-2004 e faturou o Scudetto. Em agosto de 2004, o atacante marcou os três gols da vitória rossonera sobre a Lazio por 3 a 0 na final da Supercopa Italiana e se tornou o primeiro e único jogador a fazer um hat trick na competição. No final do ano, enfim, a barbada: a France Football premiou o craque com a Bola de Ouro de melhor jogador da Europa. Já a FIFA deu a Sheva o troféu de bronze e entendeu que Henry (2º) e Ronaldinho (1º) eram melhores que ele na época (o que, de fato, era verdade). Ainda em 2004, o craque entrou na lista que Pelé fez à FIFA com os 125 melhores jogadores de todos os tempos e foi agraciado com o título de “Herói da Ucrânia”. Era o auge. Mas, depois do auge, vem a queda.

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Do tudo ao nada

Se em 2003 Shevchenko foi herói, em 2005 ele sepultou as chances do hepta rossonero na Liga.
Se em 2003 Shevchenko foi herói, em 2005 ele sepultou as chances do hepta rossonero na Liga.

 

Na temporada 2004-2005, Shevchenko tinha tudo para faturar mais títulos e aumentar sua coleção de troféus ao fazer uma letal dupla de ataque com o argentino Crespo, além de receber bolas açucaradas vindas de Kaká, Seedorf, Pirlo, Cafu, Maldini e outras feras da constelação que o Milan tinha em seu plantel. Porém, tudo deu errado. No Campeonato Italiano, o craque marcou 17 gols, mas o Milan ficou na segunda posição. E o pior de tudo foi na Liga dos Campeões. Até a final, a campanha rossonera foi impecável: classificação tranquila na fase de grupos, duas vitórias por 1 a 0 sobre o Manchester United-ING, nas oitavas, duas vitórias históricas sobre a Internazionale-ITA, nas quartas, por 2 a 0 e 1 a 0 (com gols de Sheva nos dois duelos), e classificação dramática sobre o PSV-HOL, na semifinal, após vitória por 2 a 0 (um gol de Sheva) na ida e derrota por 3 a 1 na volta.

Na decisão continental, Shevchenko não balançou as redes, perdeu várias chances de gol e viu seu Milan deixar o Liverpool empatar um jogo vencido pelos italianos por 3 a 0 no primeiro tempo em apenas 15 minutos do segundo. Nos pênaltis, Shevchenko viveu o filme inverso de 2003 e perdeu a última cobrança do Milan, o que resultou na vitória inglesa por 3 a 2 (leia mais sobre esse jogo clicando aqui).

 

A Copa, o Chelsea e a aposentadoria

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Em 2006, Shevchenko conseguiu disputar sua primeira Copa do Mundo na carreira depois de ajudar seu país a se classificar para o mundial com seis gols marcados nas Eliminatórias. Em terras alemãs, Sheva sofreu com a marcação dos adversários (afinal, ele era a maior estrela do time) e não rendeu o esperado. Mesmo assim, a Ucrânia foi longe. Na fase de grupos, a equipe perdeu para a Espanha por 4 a 0, na estreia, mas superou a Arábia Saudita pelo mesmo placar (com um gol de Sheva) e bateu a Tunísia por 1 a 0 (outro gol de Sheva). Nas oitavas de final, o atacante passou em branco e o duelo contra a Suíça terminou sem gols. Nos pênaltis, Shevchenko perdeu a primeira cobrança, mas a Ucrânia venceu por 3 a 0 e avançou. Nas quartas, o atacante teve pela frente a Itália e vários colegas que conheciam muito bem seu estilo de jogo. Com isso, foi difícil para o capitão ameaçar a meta de Buffon e a Ucrânia perdeu por 3 a 0. Era o fim da Copa para o camisa 7.

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Naquele mesmo ano de 2006, Shevchenko encerrou sua estadia vitoriosa no Milan e foi jogar no Chelsea-ING pela bagatela de 43 milhões de euros. O alto valor pago pelo clube londrino, porém, não foi justificado pelo jogador. No período vestindo o manto azul, Shevchenko não repetiu os grandes momentos de Milan, viveu períodos conturbados com o sempre polêmico José Mourinho e marcou pouquíssimos gols. O entrosamento com Didier Drogba não foi bom e o protagonismo do marfinense prejudicou Sheva. Em 2008, ele foi emprestado ao Milan, não foi bem, e retornou às origens em 2009, quando assinou com o Dynamo.

Por lá, marcou alguns gols e jogou até 2012, ano em que encerrou definitivamente a carreira e se despediu, também, da seleção. Pela Ucrânia, Sheva disputou a Eurocopa de 2012 e até começou bem, marcando os dois gols da vitória por 2 a 1 sobre a Suécia. Nas partidas seguintes, os anfitriões perderam para França (2 a 0) e Inglaterra (1 a 0) e deram adeus ao torneio. A derrota para a Inglaterra foi a última partida de Sheva com a camisa amarela de seu país. Era o fim do maior jogador ucraniano após 111 jogos e 48 gols marcados.

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No coração da Ucrânia e dos fãs do esporte

Jogando golfe: cena incomum para quem foi tão comum marcando gols.
Jogando golfe: cena incomum para quem foi tão comum marcando gols.

 

Depois de pendurar as chuteiras, Shevchenko recusou uma oferta da Federação Ucraniana de Futebol para dirigir a seleção de seu país e preferiu se arriscar na carreira política, sem sucesso. Tempo depois, o ex-craque começou a jogar golfe profissionalmente e iniciou um curso para ser treinador de futebol, mostrando que o esporte ainda está estritamente ligado a sua vida. O fato é que Shevchenko escreveu seu nome na história como um dos mais talentosos atacantes que o futebol já teve, foi mito do Dynamo e do Milan, marcou gols belíssimos e virou ídolo de milhares de fãs pelo mundo. Além de tudo isso, Sheva foi a principal estrela de um país que viveu sob as sombras do regime soviético e que jamais tivera um craque verdadeiro para chamar de seu. Com Shevchenko foi diferente. Ele foi um legítimo ucraniano e a referência dos novos tempos em Kiev. Um craque imortal.

O mito de Shevchenko não se restringiu apenas aos gramados. No mundo virtual, o atacante ainda causa estragos em partidas do Winning Eleven.
O mito de Shevchenko não se restringiu apenas aos gramados. No mundo virtual, o atacante ainda causa estragos em partidas do Winning Eleven.

 

Número de destaque:

É o segundo maior artilheiro da história do Milan com 175 gols em 322 jogos.

 

Leia mais sobre o Milan de Shevchenko clicando aqui.

 

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