Nascimento: 07 de outubro de 1973, em Irará (BA), Brasil.
Posição: Goleiro
Clubes: Vitória-BRA (1992-1993), Cruzeiro-BRA (1994-1998), Milan-ITA (1999, 2000-2001 e 2002-2010), Lugano-SUI (1999), Corinthians-BRA (1999-2000 e 2001-2002), Portuguesa-BRA (2012), Grêmio (2013) e Internacional-BRA (2014-2015).
Principais títulos por clubes: 1 Campeonato Baiano (1992) pelo Vitória.
1 Copa Libertadores (1997), 1 Copa do Brasil (1996), 1 Copa Ouro (1995), 1 Copa Master (1995) e 4 Campeonatos Mineiros (1994, 1996, 1997 e 1998) pelo Cruzeiro.
1 Mundial de Clubes da FIFA (2000), 1 Campeonato Brasileiro (1999), 1 Copa do Brasil (2002), 1 Torneio Rio-SP (2002) e 1 Campeonato Paulista (2001) pelo Corinthians.
1 Mundial de Clubes da FIFA (2007), 2 Ligas dos Campeões da UEFA (2002-2003 e 2006-2007), 2 Supercopas da UEFA (2003 e 2007) 1 Campeonato Italiano (2003-2004), 1 Copa da Itália (2002-2003) e 1 Supercopa da Itália (2004) pelo Milan.
2 Campeonatos Gaúchos (2014 e 2015) pelo Internacional.
Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo da FIFA (2002), 1 Copa América (1999), 2 Copas das Confederações (1997 e 2005) e 1 Medalha de Bronze Olímpico (1996) pelo Brasil.
Principais títulos individuais:
Bola de Prata da revista Placar: 1993, 1996, 1998 e 1999
2º Melhor Goleiro do Mundo pela IFFHS: 2005
3º Melhor Goleiro do Mundo pela IFFHS: 2004
Oscar del Calcio – Goleiro do Ano na Serie A: 2003-2004
Eleito para o FIFPro XI: 2005
Goleiro do Ano no FIFPro: 2005
Eleito para o Hall da Fama do Milan
Eleito para o Time dos Sonhos do Milan do Imortais: 2021
“O Muro de Gelo”
Por Guilherme Diniz
Entre 1992 e 2015, um curioso fenômeno aconteceu nos gols defendidos por um goleiro de quase dois metros de altura. As traves e seus arredores ficavam com temperaturas mais frias que o habitual, seja em Salvador, em Belo Horizonte, em São Paulo ou Milão. Atacantes praticamente congelavam quando tentavam chegar perto da área dominada por aquele camisa 1. E, se alguém fosse bater um pênalti, aí que as pernas tremiam de vez. Raros foram os que conseguiram sucesso ou tiveram energia suficiente para superar o “muro de gelo”. Um dos mais frios goleiros da história do futebol. Um homem inabalável. Que não exalava suas emoções. Na alegria ou na tristeza, ele era o mesmo: sereno, sério, único. Equilíbrio puro. Nélson de Jesus da Silva, ou simplesmente Dida, foi um dos maiores arqueiros do futebol brasileiro, um dos principais camisas 1 nos anos 90 e 2000 do planeta e também um dos mais laureados jogadores de seu tempo.
Depois de brilhar no futebol baiano, Dida consolidou sua fama no grande Cruzeiro campeão da Copa do Brasil e da Libertadores entre 1996 e 1997 fazendo defesas inacreditáveis, defendendo pênaltis e mostrando reflexos apurados e impressionantes mesmo com seu tamanhão todo. No Corinthians, virou mito com um Campeonato Brasileiro e atuações magistrais (Raí que o diga…), além de garantir o título do Mundial da FIFA de 2000 com novas defesas importantes na decisão. Partiu para a Europa e, no Milan, se transformou em um dos maiores goleiros do mundo enfrentando atacantes intempestivos, pegando três pênaltis da Juventus em plena final de Liga dos Campeões da UEFA e colecionando taças com um dos maiores esquadrões rossoneros de todos os tempos. É hora de relembrar.
Sumário
É melhor ir para o gol
Nascido em Irará, a 200 km de Salvador, Dida e seus seis irmãos cresceram sob a educação firme de Seu Iraltino Miguel e Dona Cecile Paula, que sempre fizeram questão de seus filhos estudarem bastante e deram a eles uma educação bastante equilibrada. Enquanto Iraltino era alegre e brincalhão, Cecile era dócil, hospitaleira e mais tímida. E foi exatamente para o lado da mãe que Nélson (ou Dida, apelido que ganhou já na infância e que ele nunca soube de onde surgiu) puxou. Ele sempre foi caladão e sério, seja na lavoura de fumo onde trabalhou, seja nas brincadeiras e no vôlei. Mas o gosto maior daquele garoto – que lhe arrancava sorrisos e raras gargalhadas – era o futebol. Aos 11 anos, fundou com os amigos do bairro o Flamenguinho, em alusão ao time de coração de todos por ali, o Flamengo, que passava pela maior fase de sua história com títulos em profusão e craques da mais alta estirpe naqueles anos 80. Porém, o pequeno Dida não tinha a mesma habilidade na linha que os companheiros e foi para o gol. Alto, magro e com uma notável envergadura, o jovem encontrou o lugar certo para brilhar.
Após disputar vários jogos pelo Flamenguinho e fechar o gol, Dida chamou a atenção do time da fábrica onde o pai do jovem trabalhava, o Trovão Azul. Ele continuou jogando bem e foi incentivado pelos pais a fazer um teste em algum clube profissional. Como sua família já estava morando em Alagoas, após seu pai conseguir uma vaga de emprego em uma empresa produtora de fumo em Lagoa da Canoa, no interior do estado, Dida passou na peneira do ASA de Arapiraca, cuja sede fica bem próxima à cidade de Lagoa. Ele jogou durante três meses na equipe de juniores, teve poucas oportunidades por ser muito jovem e acabou deixando a equipe alvinegra. De volta à Irará, o garoto tentou a sorte no Bahia, mas não conseguiu uma vaga. Até que, no comecinho dos anos 90, Dida conseguiu uma chance nos titulares do Cruzeiro de Arapiraca, pelo qual disputou o Campeonato Alagoano de 1991, aos 17 anos. Foi então que um olheiro do Vitória ficou surpreso com o talento daquele jovem de quase dois metros de altura, avisou o presidente Paulo Carneiro e o dirigente não hesitou em comprar o passe do jogador. A partir de 1992, começaria em definitivo a carreira do goleirão.
Debute para o Brasil
No início de 1992, o jovem Dida, então com 18 anos, chegou ao Vitória para ser titular do time de juniores do clube baiano e o terceiro goleiro do time principal. No entanto, o goleiro chamou a atenção de Antoninho, observador técnico da Seleção Brasileira, que o levou ao time sub-20 para a disputa do Campeonato Sul-Americano daquele ano. Dida foi campeão e, na volta ao Vitória, virou titular do time campeão baiano de 1992. No ano seguinte, o goleiro foi convocado mais uma vez para a seleção sub-20, para a disputa do Mundial Sub-20 da FIFA, competição na qual ele foi titular e só levou dois gols nos seis jogos da campanha do título do Brasil, que bateu Gana na decisão por 2 a 1. Em franca ascensão, Dida foi um dos principais jogadores do Vitória em 1993. Com jovens provenientes das categorias de base (Alex Alves, Rodrigo e Paulo Isidoro) e outros já tarimbados (João Marcelo, Roberto Cavalo e Gil Sergipano), o rubro-negro fez uma campanha histórica no Campeonato Brasileiro daquele ano.
O time baiano foi líder do Grupo C, despachou o Paraná nos playoffs, e se classificou em primeiro lugar no Grupo E da segunda fase, ficando à frente de Corinthians, Flamengo e Santos. Na decisão, porém, a equipe não conseguiu superar o fortíssimo Palmeiras de Roberto Carlos, César Sampaio, Cléber, Mazinho, Edílson, Zinho, Edmundo e Evair, que venceu tanto na Fonte Nova (1 a 0) quanto em São Paulo (2 a 0). Mesmo assim, a boa campanha dos rubro-negros – foram 24 jogos, 11 vitórias, oito empates e cinco derrotas, com 39 gols marcados e 27 sofridos, expôs os bons jogadores daquele elenco ao mercado nacional. Incluindo Dida, lembrado pela premiação da Bola de Prata da revista Placar e eleito o melhor goleiro da competição. E foi justamente no Campeonato Brasileiro de 1993 que Dida começou a demonstrar algumas de suas principais virtudes: frieza, amplo domínio da área e o estilo de grande “shot-stopper” (defensor de chutes). Com muita elasticidade e 1,95m de altura, Dida tinha as características de um grande e seguro goleiro mesmo com a pouca idade. Naquela época, Roberto Cavalo (que seria companheiro de Dida no Cruzeiro), notável cobrador de faltas, dizia que não conseguia de jeito nenhum fazer gols de falta no goleirão.
“Eu nunca conseguia fazer gol de falta nele nos treinos. Dida era incrível. Um talento desde jovem. Me obrigava a bater com muita força e efeito. Nem assim o vencia, mas era o suficiente para descontar nos outros times”. – Roberto Cavalo, em entrevista ao Globoesporte.com, outubro de 2013.
Mesmo sem o título nacional, Dida conseguiu parar grandes adversários na campanha do Vitória até a final com muita regularidade e uma sobriedade impressionante. E foi graças a essas qualidades que o jovem chamou a atenção do Cruzeiro, que contratou Dida para a temporada de 1994.
Os primeiros louros
A mudança para Belo Horizonte foi um divisor de águas para Dida. Ele começaria a viver alguns dos principais momentos de sua carreira. Mas o início não foi nada fácil, como ele mesmo disse em entrevista ao Lance!. “Foi tudo muito rápido. Quando me dei por mim, já estava na Toca da Raposa me apresentando. Lógico que em Salvador foi mais fácil. Lá, eu tinha a companhia de muitos parentes, que me acolheram e me deram força. Mas me transferi para o Cruzeiro para trabalhar e no clube tenho todas as condições para isso”. Além da mudança de cidade e estado, por incrível que pareça, Dida não se acostumou muito com a comida mineira. “Entre a comida baiana e a mineira, fico com a baiana. Não gosto desses negócios de frango com quiabo, polenta, costelinha…”. (O prato principal do goleirão era lasanha).
Em Minas, Dida assumiu a titularidade assim que chegou ao Cruzeiro. O clube vinha de um título na Copa do Brasil em 1993 e tinha pela frente a Copa Libertadores de 1994. Com jogadores como Nonato, Paulo Roberto, Célio Lúcio, Cleison e um tal de Ronaldo, a Raposa fez uma boa campanha e se classificou em segundo no Grupo 2, atrás apenas do futuro campeão Vélez Sarsfield-ARG. Entre os destaques, as duas vitórias por 2 a 1 sobre o Boca Juniors-ARG tanto na Argentina quanto em Minas, e a vitória sobre o Palmeiras por 2 a 1, em casa. Nas oitavas, a equipe acabou caindo diante do Unión Española-CHI (1 a 0 e 0 a 0). Em compensação, Dida venceu o Campeonato Mineiro daquele ano e ainda foi convocado pela primeira vez para a seleção principal do Brasil. No ano seguinte, o goleiro foi titular em três jogos e, em 1996, um dos destaques do Cruzeiro na histórica conquista da Copa do Brasil.
Durante a caminhada copeira, o camisa 1 fez jogos espetaculares, como no segundo duelo contra o Corinthians, nas quartas de final, quando defendeu um pênalti de Marcelinho Carioca e garantiu a classificação celeste às semis. E, na decisão contra o favoritíssimo Palmeiras, o camisa 1 fez uma partida épica no Parque Antárctica. Na segunda etapa, dos 15’ aos 28’, o goleiro fez defesas inacreditáveis. Tirou bola com o pé voltando para o gol em cima da linha. Tirou bola de soco. Tirou bola voando com seu corpanzil. Defendeu chute à queima roupa. Mostrou-se de corpo fechado. E ainda teve a ajuda precisa e cirúrgica de sua zaga. Foi uma das maiores atuações de Dida na carreira, o Cruzeiro venceu por 2 a 1 e foi campeão em plena casa alviverde.
Veja os melhores momentos:
Credenciado pelas ótimas atuações pelo Cruzeiro, Dida ganhou a confiança do técnico da seleção, Zagallo, e foi convocado para a disputa dos Jogos Olímpicos de Atlanta (EUA) daquele ano. Ele disputou os seis jogos da campanha que garantiram a medalha de bronze, mas saiu criticado por causa da falha bisonha que resultou no gol da vitória do Japão por 1 a 0 logo na estreia da fase de grupos – quando saiu de maneira grotesca da meta e se chocou com o zagueiro Aldair –, e também após a semifinal, quando o goleiro, mesmo defendendo um pênalti de Okocha, errou reposições de bola, voltou a falhar e não evitou a queda histórica para a Nigéria, que perdia por 3 a 1 até os 33 minutos do segundo tempo, empatou em 3 a 3 e virou para 4 a 3 com um Gol de Ouro logo no comecinho da prorrogação. Tais fatos deixariam Dida por um ano na “geladeira” do técnico Zagallo, que só convocaria o goleiro no final de 1997. Curiosamente, foi em 1996 que o goleiro fez sua única propaganda na carreira, quando “não saiu do gol” a pedido de Zagallo. Pena que “ele saiu” nas Olimpíadas…
Veja:
A muralha do Bicampeonato
Após os Jogos de Atlanta, Dida precisava retomar a confiança no Cruzeiro. E não havia melhor cenário para isso: a Copa Libertadores de 1997. Dida apagou todas as más impressões de Atlanta com atuações fantásticas na caminhada do Cruzeiro rumo ao título da Libertadores de 1997. Nas oitavas de final, a Raposa despachou o El Nacional-EQU nos pênaltis após Dida defender a cobrança de Chalá e garantir a vitória mineira por 5 a 3. Nas semifinais, outra decisão por pênaltis e atuação de gala do camisa 1, que defendeu duas cobranças dos rivais e garantiu o placar de 4 a 1 e a vaga na decisão.
Veja os lances do jogo:
Na final, após empate sem gols no Peru contra o Sporting Cristal, o jogo no Mineirão foi dramático. Após um primeiro tempo sem gols, os peruanos emudeceram o estádio quando Solano bateu falta com veneno, Dida defendeu e, no rebote, salvou com as pernas um chute à queima roupa do brasileiro Julinho. Foi mais um milagre para a imensa coleção do goleiro naquela competição. Elivélton marcou o gol da vitória cruzeirense por 1 a 0 e garantiu o título continental ao Cruzeiro. Mas, por mais que o atacante seja até hoje tido como o herói da conquista, dificilmente os azuis teriam levantado a América sem Dida.
Ainda em 1997, o camisa 1 foi campeão de mais um Campeonato Mineiro e, em 1998, foi lembrado por Zagallo na convocação do Brasil para a Copa do Mundo da França. Dida foi o terceiro goleiro, atrás de Carlos Germano e o titular Taffarel, e viu do banco a campanha do vice-campeonato da equipe canarinho, que perdeu para a anfitriã na decisão. Após três anos sendo convocado, 1998 foi o primeiro ano em que Dida não entrou em campo pela seleção, algo que mudaria completamente nos anos seguintes, principalmente em 1999, ano que marcaria para sempre a carreira do jogador.
Nasce a lenda
Após quatro anos fantásticos no Cruzeiro, Dida queria crescer profissionalmente e disse ao Cruzeiro que tinha uma proposta do futebol europeu no começo de 1999. A tal proposta era do Milan, que iria desembolsar cerca de US$ 3 milhões pelo passe do jogador, mas a contragosto do Cruzeiro, que queria pelo menos sete milhões. Tal fato gerou uma intensa briga na justiça que durou cinco meses, com Dida impossibilitado de jogar pelo Milan mesmo com o negócio praticamente fechado entre ele e os italianos. Esse litígio trabalhista chegou até a FIFA, que concedeu permissão para Dida ser emprestado ao Lugano, da Suíça, onde ele praticamente não jogou e ficou apenas treinando para manter a forma física.
Após o negócio com o clube brasileiro ser definitivamente concretizado, o Milan acabou emprestando Dida ao Corinthians, que teve o goleiro à sua disposição para a disputa do Campeonato Brasileiro de 1999. Foi um ótimo negócio para o camisa 1, afinal, ele dificilmente teria lugar logo de cara na equipe italiana, já que Abbiati havia acabado de ser promovido titular e era o dono da meta rossonera na época. Mesmo com uma saída conturbada do Cruzeiro, Dida deixou a Raposa como ídolo e a incrível façanha de ter ficado ⅓ dos jogos que disputou pelo clube sem sofrer gols. Uma média considerável.
Antes de atuar pelo Timão, Dida foi convocado para a disputa da Copa América e conseguiu dar a volta por cima com a camisa do Brasil. Ele levou apenas dois gols e foi um dos principais nomes na conquista continental. Na primeira fase, o camisa 1 defendeu um pênalti no triunfo sobre o Chile (1 a 0) e, nas quartas de final, defendeu outro, de Ayala, no clássico contra a Argentina quando a partida estava 2 a 1 para o Brasil – o jogo terminou assim e a equipe canarinho foi para a semifinal. Na decisão, a vitória por 3 a 0 sobre o Uruguai coroou a campanha impecável do time brasileiro.
Foi na Copa América que Dida começou a se consagrar como um dos maiores pegadores de pênaltis do planeta. À época, chamava a atenção a concentração do camisa 1 na hora da penalidade. Ele ficava imóvel no meio do gol e encarava o rival sem dar pista para onde iria pular. Ele dizia que “na hora do pênalti, olho para o adversário e imagino o que ele pode fazer”. E ele acertava em várias ocasiões. Com 46 partidas pela seleção até agosto de 1999, Dida havia levado apenas 32 gols, média de 0,69 gol por jogo.
Após a Copa América, Dida vestiu a camisa do Corinthians e foi simplesmente estrondoso no Campeonato Brasileiro. Disputou 25 jogos e foi um dos pilares na campanha do título nacional do alvinegro. Dida estava em ótima forma, pegava tudo e aumentou ainda mais sua fama de pegador de pênaltis. Primeiro, pegou um contra o Guarani, nas quartas de final. Mas foi nas semifinais, contra o rival São Paulo, que Dida entrou para a história. No primeiro duelo, no Morumbi, um jogo eletrizante, cheio de alternativas, que estava 3 a 2 para o Timão até os 18’ do segundo tempo, quando o tricolor teve um pênalti a seu favor. Na cobrança, Raí, que dificilmente errava e era tido como grande carrasco do Corinthians.
O craque bateu, mas Dida defendeu. Perto do final do jogo, outro pênalti para o São Paulo. De novo, Raí. Ele escolheu o canto oposto ao da primeira cobrança. Mas Dida acertou de novo. Defendeu. E entrou para a história. Foi uma atuação tão espetacular, tão inesquecível, que ele ganhou uma das raras notas 10 da revista Placar na época. Para se ter uma ideia, a revista deu apenas três notas 10 nos anos 90: para Giovanni, no épico Santos 5×2 Fluminense, em 1995; Edmundo, nos 4 a 1 do Vasco sobre o Flamengo, em 1997; e para Dida, em 1999.
Veja as defesas:
Impressionante, não é mesmo? Como não poderia deixar de ser, Dida levou mais uma Bola de Prata da Placar, a 4ª da carreira, um recorde para um goleiro na época. Vale lembrar que Paulo César Gusmão, preparador de goleiros com passagem pelo Corinthians e que foi para a seleção brasileira junto com o técnico Luxemburgo na época, foi um dos grandes parceiros de Dida naquele jogo contra o tricolor.
“Eu estava atrás do gol e não costumava opinar porque tem momentos de intuição. Só que o Dida me ouvia muito. Ele olhou para mim enquanto andava em direção ao gol e falou assim: ‘E aí? Qual o canto dele?’ Eu só indiquei com o dedo (risos). Eu tinha estudado os últimos seis pênaltis e sabia como o Raí gostava de bater”. – Paulo César Gusmão, em entrevista à ESPN.com.br, 11 de abril de 2017.
No segundo pênalti, Gusmão não falou nada, Dida foi na intuição e conseguiu defender de novo. Gusmão ainda deu preciosas dicas sobre outros batedores para o camisa 1 posteriormente.
Mas a fama de Dida não parou ali. Em janeiro de 2000, ainda com o gosto do título brasileiro do ano anterior, o camisa 1 foi decisivo na conquista do primeiro Mundial de Clubes da FIFA para o Timão. Durante a campanha, voltou a fazer defesas sensacionais e defendeu mais dois pênaltis: um de Anelka, no empate em 2 a 2 com o Real Madrid (foi o quarto seguido que ele defendeu com a camisa alvinegra), e um de Gilberto em plena final contra o Vasco, no Maracanã, na disputa de penalidades após 0 a 0 no tempo normal. Além disso, ele viu Edmundo chutar a última cobrança cruzmaltina para fora e virou um dos símbolos daquele título histórico.
Durante os chutes, Dida ficava de costas para o adversário, mostrando a camisa 1. E, quando virava, fixava seu olhar e demonstrava uma frieza que mexia com o batedor. Embora estivesse iluminado, nem ele aguentava mais tanto sofrimento em disputas de pênaltis. “Não quero mais pênaltis. Eles provocam sofrimento nos jogadores e na torcida”, disse o goleiro na época. A fama do camisa 1 era tão grande que o Real Madrid demonstrou interesse em contratar o jogador por empréstimo após o Mundial, mas o negócio não se concretizou.
Tempos difíceis e a Copa
Após o fim do empréstimo ao Corinthians, Dida foi para a Itália em busca de algo raro para o futebol brasileiro: ser um goleiro de destaque no futebol europeu, sempre restrito aos arqueiros nascidos por lá, ainda mais no futebol italiano, tradicionalmente sempre bem servido de grandes camisas 1. Porém, nada saiu como ele planejava. Dida disputou apenas uma partida no Campeonato Italiano de 2000-2001 (falhou feio e foi para o banco) e outros seis jogos pela Liga dos Campeões. Ficou atrás de Abbiati e do veterano Rossi na busca pela titularidade. Para piorar, ele tirou um passaporte português para facilitar ao Milan o contingente de estrangeiros permitido pela UEFA, mas o documento era falso. Ele – e vários outros jogadores na época – caiu em um golpe de passaportes falsos em caso que ficou conhecido mundialmente como “máfia dos passaportes” e foi suspenso por um ano.
Dida acabou emprestado ao Corinthians mais uma vez, mas viu sua carreira regredir e perdeu a titularidade na seleção brasileira (já comandada por Felipão) para o goleiro Marcos. Em 2002, o goleiro faturou mais títulos com o Timão, mas ainda não conseguia brilhar como poderia. Mesmo assim, foi convocado para a Copa do Mundo como segundo goleiro e viu do banco a conquista do pentacampeonato, o troféu sonhado e desejado por qualquer jogador do planeta. E o Mundial serviu como um sopro de bons fluídos ao goleirão. Ele voltaria ao Milan em 2002 para disputar, enfim, sua primeira temporada cheia pelo clube rossonero. Era a grande chance de brigar pela titularidade e mostrar de vez quem ele era ao futebol europeu.
Quebrando paradigmas e a conquista da Europa
Já em agosto de 2002, Dida percebeu que tudo seria diferente a partir daquela temporada. Abbiati, titular absoluto do time rossonero, se contundiu e Dida virou titular. Pronto. Ele não largaria mais a meta do clube por pelo menos seis anos seguidos. De volta aos bons tempos, Dida foi crescendo de produção a cada jogo e, muito bem protegido por Maldini, Nesta e todo o “aparato defensivo” do fantástico Milan da época, ele se transformou em um dos melhores goleiros da Europa. E mais: era o primeiro goleiro brasileiro a se destacar em um clube de ponta do continente, fazendo o caminho contrário de Taffarel, que se destacou no Galatasaray-TUR, clube que brigou com os titãs europeus no final dos anos 90, mas estava fora da chamada “elite” do Velho Continente. Além disso, Dida passou a figurar mais uma vez na equipe titular do Brasil após a volta do técnico Carlos Alberto Parreira.
No Campeonato Italiano, no qual o Milan foi 3º colocado, o camisa 12 disputou 30 dos 34 jogos do time e sofreu apenas 23 gols. Mas o grande momento de Dida foi na Liga dos Campeões da UEFA. Titular da meta rossonera, o brasileiro foi um dos responsáveis por levar o time de Milão até a final da competição. E não foi qualquer final. Foi contra a Juventus, na primeira decisão entre clubes italianos em toda a história da competição. O duelo terminou empatado sem gols e a disputa foi para os pênaltis. Era Dida x Buffon no embate para ver quem seria a muralha da noite.
Dida tinha a chance de entrar para a história. De mostrar aos milhões que assistiam aquela final espalhados pelo planeta que sua fama de pegador de pênaltis era verdadeira. E foi consumada. Dida defendeu os chutes de Trezeguet, Zalayeta e Montero (vale lembrar que tanto Dida quanto Buffon se adiantaram em alguns chutes, mas não foram advertidos pelo árbitro) e o brasileiro garantiu o placar de 3 a 2 que deu o hexacampeonato europeu ao clube rossonero. Após marcar o gol do título, o ucraniano Shevchenko foi correndo abraçar o brasileiro, que gritou de alegria (!) em um raro momento de entusiasmo do sempre frio goleirão.
Foi simplesmente histórico. Defender três pênaltis em plena final europeia era uma enormidade. E raras foram as vezes em que isso aconteceu – maior do que aquilo só o feito do goleiro romeno Duckadam, que pegou quatro (!) pênaltis na final europeia de 1986 entre Steaua Bucareste e Barcelona (leia mais clicando aqui!). Uma curiosidade do pós-jogo é que o técnico da Juventus, Marcello Lippi, admitiu (sem citar nomes) que “quatro ou cinco” jogadores de seu time se recusaram a bater pênaltis naquela final muito por causa da fama de Dida em penalidades. E Liliam Thuram, defensor da Juve, disse que “quando o jogo foi para os pênaltis, a chance de perdermos era grande, pois o Dida era muito bom em disputas de penalidades”.
O título europeu colocou Dida em um seleto grupo de jogadores com títulos da Libertadores e da Liga dos Campeões da UEFA na carreira – além dele, apenas oito jogadores conseguiram tal feito: Cafu (São Paulo-1992/1993 e Milan 2006-2007), Sorín (River Plate-1996 e Juventus 1995-1996), Samuel (Boca Juniors-2000 e Internazionale 2009-2010), Roque Júnior (Palmeiras-1999 e Milan 2002-2003), Tévez (Boca Juniors-2003 e Manchester United 2007-2008), Ronaldinho (Atlético Mineiro-2013 e Barcelona 2005-2006), Neymar (Santos-2011 e Barcelona 2014-2015) e Danilo (Santos-2011 e Real Madrid-2015-2016 / 2016-2017).
Ainda em 2003, o goleiro entrou outra vez para a história como o primeiro arqueiro brasileiro a ser indicado ao Ballon d’Or, da revista France Football. Ele terminou na 14ª posição e ficou à frente de jogadores como Nesta, Deco, Makaay, Totti, Ballack, Ibrahimovic, Inzaghi e Ronaldinho Gaúcho! Definitivamente o ano de 2003 foi mágico para o goleiro. Só não terminou melhor porque o Milan acabou derrotado na final do Mundial Interclubes pelo Boca Juniors, que venceu nos pênaltis por 3 a 1 após empate em 1 a 1 no tempo normal. Dida defendeu uma cobrança e fez sua parte, mas Pirlo, Seedorf e Costacurta acabaram perdendo as suas.
Títulos, apogeu e Copa
Na temporada 2003-2004, Dida seguiu formidável no gol do Milan e celebrou a conquista do Campeonato Italiano. Ele disputou 32 dos 34 jogos do Milan e levou apenas 20 gols, feito que fez do goleiro o primeiro estrangeiro a ser eleito o Melhor Goleiro da Serie A na história. Na temporada seguinte, Dida conduziu o Milan a mais uma final europeia. Pelo caminho, o agora camisa 1 sofreu apenas três gols em seis jogos na primeira fase, não levou gols nas oitavas diante do Manchester United e passou intransponível diante da rival Internazionale, nas quartas de final. No primeiro jogo, vitória do Milan por 2 a 0 – com grandes defesas do camisa 1, incluindo uma estupenda após chute de Mihajlovic.
No segundo, a equipe rossonera vencia por 1 a 0 até os 25’ do segundo tempo quando a torcida nerazzurri começou a lançar diversos rojões e sinalizadores no gramado em protesto por um gol anulado de Cambiasso. Um desses sinalizadores acabou atingindo o ombro de Dida, que caiu no gramado com ferimentos leves. O artefato furou a camisa do goleiro e ele teve que ser substituído. No entanto, o árbitro encerrou a partida por falta de segurança e o Milan foi declarado vencedor com o placar de 3 a 0, além de a Inter ser punida pela UEFA. Nas semis, o Milan despachou o PSV após vitória por 2 a 0 na ida e derrota por 3 a 1 na volta, garantindo vaga na decisão graças ao gol marcado fora de casa.
Na final, porém, o time rossonero caiu diante do Sobrenatural de Istambul e do Liverpool, na famosa partida em que os italianos venciam por 3 a 0 após o primeiro tempo, levaram o empate e perderam nos pênaltis (leia mais clicando aqui!). Durante o jogo, Dida defendeu um pênalti de Xabi Alonso, mas não conseguiu segurar o rebote aproveitado pelo próprio espanhol. E, nas penalidades, o brasileiro defendeu o chute de Riise, mas o Milan errou três cobranças e o título ficou com o Liverpool. Para amenizar aquela derrota, Dida levantou a Copa das Confederações como titular da seleção brasileira – e com direito a goleada de 4 a 1 sobre a Argentina na final -, foi eleito o melhor goleiro do ano pela FIFPro e eleito o 2º melhor goleiro do mundo pela IFFHS, atrás apenas de Petr Cech.
Em 2006, Dida quebrou outra escrita na carreira: foi o primeiro goleiro negro da seleção brasileira a ser titular em uma Copa do Mundo desde o lendário Barbosa, em 1950. Dida aproveitou na época para salientar a importância de Barbosa para a história do futebol brasileiro.
“Estou muito feliz com esse momento, é a queda de um tabu de mais de 50 anos. […] Pena que só lembramos dele naquele momento (a derrota na final de 1950). […] Não vejo ninguém falar disso (a carreira do craque do Expresso da Vitória do Vasco). Seria importante para a memória dele e de todos os brasileiros”. – Dida, em entrevista ao UOL Esporte, 27 de maio de 2006.
No Mundial, Dida teve um desempenho eficiente e levou apenas um gol na primeira fase. Nas oitavas, ajudou o Brasil a manter o placar de 3 a 0 sobre Gana com defesas pontuais, incluindo uma com as pernas em chute de Mensah. Mas, nas quartas, ele nada pôde fazer contra a forte França de Zidane, que venceu por 1 a 0 e se classificou. A eliminação da Copa foi a última partida de Dida pela seleção. Foram 91 jogos, 58 vitórias, 20 empates, 13 derrotas e 70 gols sofridos, além de ter defendido seis de oito pênaltis vestindo a camisa do Brasil, um aproveitamento de 75%. Ele é até hoje o 3º goleiro com mais jogos na história da seleção, atrás apenas de Taffarel (104) e Gylmar dos Santos Neves (94).
Mais taças e a volta da lenda ao Brasil
Na temporada 2006-2007, Dida esteve presente em mais um grande período de glórias do Milan, com a conquista da Liga dos Campeões em cima do antigo algoz Liverpool (vitória por 2 a 1) e também do Mundial de Clubes da FIFA de 2007, em cima de outro algoz de outrora, o Boca Juniors (vitória por 4 a 2). O título mundial fez de Dida o primeiro jogador a faturar a competição por duas vezes desde que ela passou a ser organizada pela entidade máxima do futebol. No entanto, após o caneco, Dida entrou em uma má fase. Começou a sofrer contusões, raras em sua carreira, e passou a amargar a reserva do Milan. De 48, 50 jogos que o brasileiro fazia por temporada, passou aos 20 em 2007-2008 e 19 em 2008-2009. Em 2010, o goleiro acertou sua saída do clube após 302 jogos e como o segundo goleiro que mais vestiu a maglia rossonera, atrás apenas de Sebastiano Rossi. Seu adeus não poderia ser mais perfeito: um clássico contra a Juventus em maio de 2010, vencido por 3 a 0. Faltando cinco minutos para o fim do jogo, o goleiro foi substituído e a torcida que lotava o San Siro se levantou para aplaudir de pé seu herói silencioso, num momento bastante emotivo. Se despedia ali um ídolo. Um símbolo de uma era de glórias e momentos fantásticos do AC Milan.
Veja:
Após deixar o Milan, Dida pretendia jogar pelo menos mais dois anos profissionalmente em algum clube europeu, mas não recebeu propostas e passou a frequentar eventos pelo Milan e ficou dois anos sem jogar. Em 2012, o brasileiro voltou ao futebol, mas nas areias, quando aceitou um convite do Milan para disputar um campeonato mundial de futebol de areia no Brasil. O time italiano não foi bem, mas a disputa serviu para o goleiro acertar sua volta aos gramados e defender a Portuguesa naquele mesmo ano.
Ele estreou sem levar gols, na vitória da Lusa por 1 a 0 sobre o São Paulo, em junho, pelo Campeonato Brasileiro. Dida disputou 32 jogos, concedeu 31 gols (outra vez média inferior a um gol por jogo) e ajudou a Lusa a permanecer na Série A – e ainda pegou um pênalti de Andrezinho, em duelo contra o Botafogo. Em 2013, o goleirão assinou contrato com o Grêmio e, aos poucos, conseguiu desbancar Marcelo Grohe e assumir a titularidade do time. Dida disputou 37 jogos no Brasileirão e foi um dos destaques da campanha do vice-campeonato do tricolor gaúcho na competição. Ele sofreu apenas 34 gols e ajudou o Grêmio a ter a melhor defesa do campeonato, melhor até que do campeão Cruzeiro. Profissional ao extremo, o veterano de 40 anos chamava a atenção por ser o mais dedicado nos treinos mesmo em dias pós-jogos.
E foi com o tricolor que Dida voltou a assombrar os adversários em penalidades. Primeiro, defendeu uma cobrança de Éverton Ribeiro em um duelo contra o Cruzeiro, no Brasileiro, em jogo que terminou com vitória tricolor e subida ao G4 da competição. Depois, veio o show na Copa do Brasil, nas quartas de final, contra o Corinthians. A partida foi para a disputa de pênaltis e o mito defendeu três cobranças, de Danilo, Edenilson e Alexandre Pato, que tentou abusar com uma cavadinha, mas ele pareceu que não conhecia o ser que estava diante dele no gol. Era Dida. O rei dos pênaltis. O homem que jamais iria permitir tamanha audácia. Dida nem sequer espalmou. Ele agarrou a bola. E a torcida foi ao delírio.
A imagem do atacante ficou bastante arranhada após o episódio e ele foi muito criticado. O jogador alvinegro na época Renato Augusto disse, em entrevista à Benjamin Back, em outubro de 2017, que Dida disse para Pato após o jogo: “Como você bate um pênalti assim, você sabe que minha especialidade é pênalti!”. De fato, Pato não sabia nada de história do futebol. E duvidou da capacidade de um jogador que já tinha defendido três pênaltis em uma final de Liga dos Campeões da UEFA, dois de Raí… Mesmo com a épica classificação, o Grêmio acabou caindo diante do Atlético-PR nas semifinais após derrota por 1 a 0 e empate sem gols no segundo jogo.
Em 2014, o contrato de Dida não foi renovado e ele acabou assinando com o Internacional, uma troca abrupta, mas que aconteceu pelo fato de ele querer permanecer em Porto Alegre. No Colorado, o goleirão acabou não tendo tantas chances como no Grêmio, mas mostrou muito boa forma como no vídeo abaixo, de 2014:
Aos 41 anos, ele ainda era capaz de tudo isso! Após dois títulos estaduais com o Inter – e mais alguns pênaltis defendidos -, Dida decidiu se aposentar em 2015 após uma carreira consagrada e repleta de títulos e idolatria por praticamente todos os clubes que passou.
No rol dos Imortais
Depois de aposentar as luvas, Dida começou a fazer cursos para ser técnico de futebol e foi assistente do antigo companheiro de Milan, Clarence Seedorf, no futebol chinês, em 2017. O ex-jogador segue administrando seus negócios, vive no meio esportivo e foi contratado em 2018 pelo Pyramids, do Egito, para ser treinador de goleiros da equipe. Se depender dele, com certeza o time terá ótimas médias defensivas. Afinal, ter o privilégio de ser treinado por um dos maiores goleiros da história do futebol, exímio pegador de pênaltis e um dos mais vitoriosos atletas de seu tempo não é pouca coisa. Como não foi pouco o legado que Dida deixou no esporte nacional.
Foi o goleiro do Cruzeiro copeiro dos anos 90 e campeão da Libertadores. Foi o goleiro do Todo Poderoso Timão, campeão brasileiro e campeão mundial. Foi o goleiro do Super Milan dos anos 2000, um dos times preferidos de uma nova legião de fãs do futebol europeu naquela época e certamente um dos esquadrões mais temidos do mundo durante pelo menos cinco inesquecíveis anos. Foi o goleiro do título da Copa América de 1999, que defendeu pênalti em clássico contra a Argentina e levou apenas dois gols em toda competição. Foi o goleiro referência, aquele que deixava o torcedor tranquilo quando via na escalação “1 – Dida”. Foi o goleiro ídolo, conhecido por todos, adorado por muitos. Foi talvez o goleiro mais frio da história, inabalável. E foi o goleiro que quebrou paradigmas, escritas e escreveu seu nome na história com defesas impressionantes, números incontestáveis e glórias impagáveis. Um craque imortal.
Números de destaque:
- Fez 15 defesas em 51 pênaltis batidos em disputas de pênaltis na carreira.
- Defendeu 14 pênaltis com a camisa do Cruzeiro.
- Não levou gols em 101 dos 305 jogos que fez pelo Cruzeiro.
- Sofreu 300 gols em 305 jogos pelo Cruzeiro, média inferior a um gol por jogo.
- Nos primeiros dez meses de Corinthians, defendeu seis pênaltis, quatro seguidos. No total, foram sete pênaltis defendidos pelo Timão.
- Dida ficou 623 minutos sem levar gols pelo Milan na Liga dos Campeões da UEFA, entre novembro de 2004 e maio de 2005, um dos cinco recordes históricos da competição nesse quesito.
- Disputou 302 jogos e sofreu 244 gols pelo Milan.
- Estima-se que Dida tenha defendido mais de 30 pênaltis na carreira.
Leia mais sobre os times do Milan que tiveram Dida no gol nos links abaixo:
Extras:
Veja 10 grandes defesas de Dida pelo Milan.
Veja as três defesas de Dida nas quartas da Copa do Brasil de 2013.
Veja grandes momentos do goleiro pela Portuguesa.
Veja algumas defesas de Dida pelo Cruzeiro.
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um grande goleiro literalmente foi o Dida, um dos maiores e melhores goleiros da história do futebol mundial, uma lenda ganhou tudo o que podia. merecia ter ido pra copa de 2010 e 2014.
Dos que eu vi jogador, o maior pegador de pênaltis de todos.
E essa estatística de pênaltis pela seleção eu não conhecia. Realmente muito eficiente.
caramba.. que baita goleiro e parabéns pela riqueza no texto, acompanho você a anos e sempre é bem rico de informações o site.
Olá Anderson! Muito obrigado pelos elogios e comentário! Fico feliz com o reconhecimento!