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Allianz Arena – Influente de Munique

Allianz Arena

Nome: Allianz Arena

Localização: Munique, Itália

Inauguração: 30 de maio de 2005

Partida Inaugural: 1860 München 3×2 Nuremberg, 30 de maio de 2005

Primeiro gol: Patrick Milchraum, do 1860 München, no jogo 1860 München 3×2 Nuremberg

Proprietário: Allianz Arena München Stadion GmbH

Administrador: FC Bayern München

Capacidade: 75.024 pessoas

Durante décadas, a cidade de Munique era dominada por um só estádio, lindíssimo e palco de grandes momentos do esporte: o Olympiastadion, onde a Alemanha venceu sua segunda Copa do Mundo, em 1974, casa do Bayern München tricampeão da Liga dos Campeões da UEFA em 1974/1975/1976 e onde a Holanda levantou sua primeira Eurocopa, em 1988. Nada levava a crer que aquele imponente e majestoso estádio seria substituído algum dia. Bem, isso até o final dos anos 1990 revelar o desejo dos maiores clubes da cidade, o Bayern e o 1860 München, de construírem um estádio moderno e que pudesse oferecer aos torcedores uma experiência única. A ideia, a princípio, sofreu contestações do governo de Munique, mas os clubes conseguiram tirar o projeto do papel e o novo estádio surgiu não só como um marco esportivo da Alemanha, mas também como a mais moderna arena da Copa do Mundo de 2006 e a primeira no mundo a ter iluminação exterior. 

Com 20 anos de história, a Allianz Arena se tornou uma inspiração para novos estádios e exemplo de modernidade, imponência e beleza – seu exterior mais parece uma obra de arte. Com capacidade para mais de 75 mil pessoas, é um caldeirão que embala o Bayern München em suas conquistas, além de abrigar vários jogos da seleção alemã em competições oficiais. A Allianz Arena sediou também jogos de duas edições da Eurocopa, vai sediar a final da Liga das Nações de 2025, foi palco da épica final da Liga dos Campeões da UEFA de 2012 e será também a casa da final de 2025. É hora de conhecer a história desse ícone de Munique.

A concorrência

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O Estádio Olímpico de Munique, principal estádio da cidade antes da Allianz Arena.
 

No final dos anos 1990, mais precisamente em 1997, Bayern München e 1860 München começaram a pensar na construção de um novo estádio em conjunto, mais moderno e que pudesse suprir a demanda crescente por conforto, segurança e acessibilidade cada vez mais frequentes no futebol. Vendo o sucesso de novos estádios da época, em especial a Johan Cruijff Arena, os clubes queriam uma alternativa moderna, afinal, o estádio onde ambos costumavam jogar, o Olímpico de Munique, ficava cada vez mais longe do que os torcedores buscavam. O problema era que o governo de Munique não aprovava tal projeto na época e queria, na verdade, remodelar e modernizar todo o complexo onde o estádio Olímpico estava localizado. Mesmo assim, em setembro de 1997, o conselho do FC Bayern München, presidido pelo Ministro-Presidente da Baviera, Edmund Stoiber, votou pela construção de um estádio, que teria um investimento de cerca de 500 milhões de marcos alemães, mas a cidade manteve a ideia de reconstruir o Estádio Olímpico.

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Em 2001, os clubes de Munique trouxeram o debate de volta e conseguiram o aval da prefeitura, mas só depois de ela aprovar o local da construção e o projeto ser colocado para votação através de um referendo popular. Depois de analisar cinco regiões, foi escolhida a área de Fröttmaning, super arborizada, bonita e com fácil acesso aos torcedores por meio da estação ferroviária homônima construída no local em 1994. Vale lembrar que a região era uma antiga área de aterro sanitário e, por isso, um dos principais desafios iniciais seria justamente a preparação do terreno, que exigiu extensas obras de estabilização e descontaminação. Com tudo pronto, em outubro de 2001 aconteceu a votação popular, na qual os habitantes de Munique teriam que assinalar “sim” ou “não” após a pergunta “Um novo estádio em Fröttmaning”. Com 65,8% a favor e 34,2% contra, o estádio ganhou o sim da maioria e poderia sair do papel.

Projeto e construção

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O estádio na reta final da obra. Foto: Acervo / Allianz Arena
 

Após uma série de escritórios de arquitetura e engenharia participarem do concurso do novo estádio, o vencedor foi o capitaneado pelos renomados arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, os mesmos responsáveis por obras icônicas como o estádio Ninho do Pássaro, em Pequim. A característica mais marcante do estádio seria sua fachada composta por 2.874 painéis de ETFE (etileno tetrafluoretileno), que poderiam ser iluminados em diferentes cores – vermelho para o Bayern, azul para o 1860 München (até 2017) e branco para jogos da seleção alemã -, criando um efeito visual impressionante, visível a quilômetros de distância, especialmente à noite. Essa iluminação dinâmica tornou-se uma assinatura visual da arena e foi a primeira no mundo com tal tecnologia. 

O estádio teria capacidade para 66 mil pessoas, com a disposição das arquibancadas em três níveis cobertos (vale lembrar que, em dias de chuva com vento, alguns assentos acabam molhando, principalmente os mais próximos ao gramado e atrás do gol) que garantiam uma visão de perto do jogo, combinando interação emocional crua com todo o conforto de um estádio moderno. Do lado de fora, a Allianz Arena teria 9800 vagas de estacionamento, acesso integrado à malha ferroviária e um cenário estupendo.

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Iluminação exterior da Allianz Arena foi um marco na arquitetura de estádios.
 

A construção do estádio envolveu cerca de 1.200 trabalhadores, com um orçamento inicial de €340 milhões (que chegou a cerca de €360 milhões ao final da obra). O financiamento veio principalmente por meio da Allianz AG, além dos clubes Bayern e 1860 München. Ambos teriam 50% de participação cada no estádio, que seria comandado pelo München Stadion GmbH. Na mesma época, foi decidido que o Allianz AG, um dos maiores grupos de seguros do mundo, teria o naming rights do estádio por 30 anos e, por isso, o novo estádio seria chamado Allianz Arena. Em eventos da FIFA e da UEFA, porém, tal nome não poderia ser utlizado e o estádio se chamaria Fußball Arena München (algo como Arena de Futebol de Munique).

Além da aparência futurista, a construção também incorporou práticas sustentáveis. O sistema de ventilação e climatização é energeticamente eficiente, e a arena conta com gerenciamento inteligente de água da chuva e de resíduos. A cobertura translúcida permite boa iluminação natural durante o dia, reduzindo o consumo de energia elétrica. Outro destaque é o uso de tecnologia de pré-fabricação em diversas partes da construção, o que acelerou significativamente o cronograma da obra. A pedra fundamental foi inaugurada em outubro de 2002 e as obras duraram até abril de 2005, quando o estádio ficou pronto e já tinha permissão para ser inaugurado. Na mesma época, a FIFA decidiu que a Allianz Arena seria palco da abertura da Copa do Mundo de 2006.

Inauguração, a Copa de 2006 e a saída do 1860 München

Lahm comemora o golaço na abertura da Copa. Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach.
 

A Allianz Arena foi oficialmente inaugurada em 30 de maio de 2005, com um jogo amistoso entre o 1860 München e o Nuremberg, vencido pelo anfitrião por 3 a 2. No dia seguinte, foi a vez do Bayern derrotar a seleção da Alemanha em outro amistoso, por 4 a 2. Presente naquelas inaugurações na época, o imortal Franz Beckenbauer comentou: “Foi a primeira vez que o estádio recebeu 66.000 torcedores e a atmosfera foi incrível. Já vi quase todos os estádios do mundo, mas este é o melhor. Mas acho que é uma questão de gosto”, comentou o eterno Kaiser, cujo nome batiza o endereço oficial do estádio: Franz-Beckenbauer-Platz 5, homenagem póstuma feita pelo Bayern em 2024. 

Na Copa do Mundo, a Allianz Arena recebeu a abertura do Mundial – vitória da Alemanha por 4 a 2 sobre a Costa Rica, com um golaço de Phillip Lahm – e mais cinco jogos:

  • Tunísia 2×2 Arábia Saudita – Grupo H
  • Brasil 2×0 Austrália – Grupo F
  • Costa do Marfim 3×2 Sérvia e Montenegro – Grupo C
  • Alemanha 2×0 Suécia – Oitavas de final
  • Portugal 0x1 França – Semifinal
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No mesmo ano de 2006, o Bayern adquiriu os 50% dos direitos do 1860 München e passou a controlar integralmente o estádio, já que o vizinho passava por maus momentos financeiros e havia sido rebaixado para a segunda divisão. O Bayern pagou cerca de €11 milhões, mas permitiu que o rival continuasse usando o estádio mediante pagamento de aluguel por partida, mas um valor acessível, visto que os clubes ainda mantinham uma relação de respeito histórico, apesar da rivalidade. Mesmo assim, jogar na Allianz Arena ficou muito deficitário ao 1860 München. Anos depois, o clube chegou ao fundo do poço ao cair para a terceira divisão. Para piorar, os azuis não conseguiram obter a licença para disputar a 3. Liga devido a questões financeiras e administrativas. 

Com isso, o 1860 München foi forçado a recomeçar na Regionalliga (quarta divisão) e, em julho de 2017, rompeu de vez a parceria de estádio compartilhado com o Bayern. O 1860 München retornou ao seu antigo estádio, o Grünwalder Stadion, sua casa desde então e com capacidade para pouco mais de 15 mil pessoas. Curiosamente, os azuis levam vantagem nos escassos jogos que disputaram na Allianz Arena contra o Bayern: três vitórias, um empate e apenas uma derrota em cinco jogos.

Casa do Bayern e a final europeia de 2012

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O estádio já personalizado com as cores do Bayern. Foto: Acervo / Allianz Arena.
 

A saída do vizinho possibilitou ao Bayern uma ampla reestilização da Allianz Arena, com troca dos assentos – que passaram a ostentar o logo do clube e inscrições típicas dos bávaros, “FC Bayern München” de um lado e o lema “Mia San Mia” do outro -, mais elementos visuais como escudos, bandeiras e imagens de ídolos e uma mega loja. Nos anos seguintes após a Copa, o Bayern viveu momentos marcantes no estádio, com vitórias maiúsculas em suas caminhadas na Bundesliga e também na Liga dos Campeões. Mas nem tudo foi as mil maravilhas. 

Em 2012, o clube perdeu nos pênaltis a decisão da Liga dos Campeões da UEFA para o Chelsea, em um dos jogos mais dramáticos da competição. Os bávaros venciam o jogo por 1 a 0 até os 43’ do segundo tempo quando Drogba empatou. Na prorrogação, Robben perdeu um pênalti para os alemães e, na marca da cal, os ingleses venceram por 4 a 3 e fizeram a festa em plena casa do Bayern. Leia mais clicando aqui.

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Drogba sobe antes de Lampard para cabecear e fazer o gol de empate na final europeia de 2012.
 
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Foto: Maximilian Dörrbecker
 

O revés, no entanto, serviu de combustível para o time refazer o caminho até outra final, em 2013, esta vencida sobre o Borussia Dortmund em Wembley. O clube ainda celebrou títulos e mais títulos da Bundesliga em sua casa, completando uma série de incríveis 11 troféus seguidos nos anos 2010. Em 2015, a Allianz Arena ganhou dois novos telões, de 198.72 m² cada, o que fez deles os maiores em um estádio de futebol na Europa. Tempo depois, o estádio ganhou novos assentos e a capacidade aumentou para pouco mais de 70 mil pessoas, chegando aos 75 mil atuais em 2015, quando os assentos ao longo de todo o primeiro nível da arquibancada sul, da principal torcida organizada do Bayern, foram removidos. Na temporada 2019-2020, quando venceu tudo o que disputou e ainda a Liga dos Campeões da UEFA com 100% de aproveitamento, o Bayern viu o polonês Robert Lewandowski ser o primeiro jogador a atingir a marca de 100 gols marcados na Allianz Arena. 

Eurocopas e uma nova final de UCL

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Em 2020 (na verdade em 2021, por causa da pandemia), a Allianz Arena foi um dos palcos da Eurocopa, organizada pela primeira vez em vários países. O estádio abrigou três jogos do Grupo F, todos da Alemanha, e viu a vitória da Nationalelf sobre Portugal por 4 a 2, o empate em 2 a 2 com a Hungria e a derrota por 1 a 0 para a França. Nas quartas de final, a Allianz Arena foi palco da vitória da Itália sobre a Bélgica por 2 a 1. A Azzurra seguiu até a final e foi campeã. Com a escolha da Alemanha como sede da Eurocopa de 2024, mais uma vez a Allianz Arena participou da festa e sediou cinco jogos:

  • Alemanha 5×1 Escócia – Grupo A
  • Romênia 3×0 Ucrânia – Grupo E
  • Eslovênia 1×1 Sérvia – Grupo C
  • Dinamarca 0x0 Sérvia – Grupo C
  • Romênia 0x3 Holanda – Oitavas de final
  • Espanha 2×1 França – Semifinal

Em 2025, o estádio ainda sediará uma semifinal (Alemanha x Portugal) e a final da Liga das Nações da UEFA, além da final da Liga dos Campeões da UEFA entre PSG-FRA e Internazionale-ITA, eventos que consolidam de vez a Allianz Arena como um ícone de Munique e herdeira natural do Estádio Olímpico.

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