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Esquadrão Imortal – Barcelona 2004-2006

Barcelona 2004-2006
Em pé: Ronaldinho, Edmílson, Rafa Márquez, Van Bommel, Oleguer, Victor Valdés e Eto’o. Agachados: Van Bronckhorst, Giuly, Deco e Puyol.
 

Grandes feitos: Campeão Invicto da Liga dos Campeões da UEFA (2005-2006), Bicampeão do Campeonato Espanhol (2004-2005 e 2005-2006) e Bicampeão da Supercopa da Espanha (2005 e 2006).

Time base: Victor Valdés; Belletti (Oleguer), Rafa Márquez, Puyol e Van Bronckhorst (Sylvinho); Edmílson (Xavi / Thiago Motta), Deco e Van Bommel (Iniesta); Giuly (Larsson / Messi), Eto´o e Ronaldinho. Técnico: Frank Rijkaard.

 

 “O maestro da camisa 10 e seus músicos blaugranas”

Por Guilherme Diniz

Há anos que o futebol não tinha um jogador capaz de levantar plateias inteiras, de arrancar sorrisos e gargalhadas dos torcedores e de comandar um time inteiro rumo a títulos marcantes. Vez ou outra apareciam alguns craques maravilhosos, mas que não eram malandros, extraterrestres ou sobrenaturais. Foi então que entre os anos de 2004 e 2006 aterrissou na cidade de Barcelona um homem (ou seria um extraterrestre?) capaz de coisas inimagináveis com a bola nos pés, de lances estrondosos, obras de artes dignas do Louvre e de arrancar aplausos até mesmo da torcida adversária: Ronaldinho. O brasileiro vestiu a camisa 10 do FC Barcelona e protagonizou alguns dos maiores shows que o futebol mundial já viu em sua história. Golaços de falta. Três chapéus seguidos em um marcador. Arrancadas fulminantes. Elásticos diversos. Passes “vesgos”. Lançamentos impossíveis. E a façanha de comandar praticamente sozinho um time ótimo, mas que conseguia ficar excelente com ele em campo.

O Barcelona de Ronaldinho “show man” dominou o futebol espanhol no final da primeira metade dos anos 2000, deu à torcida blaugrana um bicampeonato espanhol e uma incrível Liga dos Campeões da UEFA, em 2006, taça que não vinha desde os tempos do técnico Cruyff e seu Dream Team de 1992. Curiosamente, foi outro holandês o responsável por armar um time fabuloso e que dominava os adversários com velocidade, toques rápidos e muita ofensividade: Frank Rijkaard, notável craque de Ajax, Milan e seleção holandesa. Mas se engana quem pensa que aquele Barça vivia apenas de Ronaldinho. Tinha a grande dupla de zaga formada por Puyol e Rafa Márquez. Meio-campistas sublimes e com poder de marcação e criação como Edmílson, Deco, van Bommel e os novatos Xavi e Iniesta. E atacantes letais com a bola nos pés, casos de Larsson, Giuly, um mirrado Messi e um fenomenal Eto´o. É hora de relembrar.

De volta à ativa

Frank Rijkaard: holandês manteve a sina dos compatriotas e foi vencedor na Catalunha.
Frank Rijkaard: holandês manteve a sina dos compatriotas e foi vencedor na Catalunha.
 

Na virada do século, o Barcelona teve o imenso desprazer de ver o maior rival, Real Madrid, voltar a reinar em solo europeu com as conquistas das Ligas dos Campeões da UEFA de 1999-2000 e 2001-2002, além de vários outros títulos e os reforços milionários de Zidane, Ronaldo, Beckham, Figo e outros craques que deram ao clube merengue o singelo apelido de “Galácticos”. Protagonistas máximos do futebol espanhol, os madrilenos deixaram o Barça a ver navios e ainda mais distante nos quesitos fama e títulos. Porém, tudo começou a mudar na Catalunha a partir da temporada 2003-2004. O presidente Joan Laporta decidiu revirar o time azul e grená com uma administração mais positiva e com foco total no futebol, além de solucionar problemas financeiros que afetavam diretamente o desempenho da equipe em campo. Além disso, Laporta promoveu a renovação ao contratar o holandês Frank Rijkaard, um ainda novato treinador que chegou com a esperança de repetir o sucesso de compatriotas que o antecederam, em especial Johan Cruyff.

Já os reforços para o elenco foram bem mais modestos que anos atrás, quando a equipe apostava em estrelas e em vários talentos vindos da Holanda (houve época que a equipe tinha mais de seis holandeses no grupo). Para o sistema defensivo o time contratou o zagueiro mexicano Rafa Márquez (ex-Monaco) e o lateral holandês Giovanni “Gio” van Bronckhorst (ex-Arsenal). Das categorias de base de La Masia subiram Andrés Iniesta, Victor Valdés e Oleguer, todos com muito talento, habilidade e a sabedoria da cultura de jogo do Barcelona: bola no pé, jogadas rápidas e ofensividade pura, cultura esta que seria enfatizada ainda mais por Frank Rijkaard, mas com o adendo de um cuidado maior para a zaga, que deixaria de levar muitos gols como levava antes do holandês chegar.

Ronaldinho: chegada do craque mudou para sempre o Barça.
Ronaldinho: chegada do craque mudou para sempre o Barça.
 

Mas o grande nome anunciado pelo clube naquela temporada foi o do brasileiro Ronaldinho, exímio e talentoso meia que chegava do Paris Saint-Germain-FRA após gastar a bola no futebol francês com lances fenomenais e jogadas de muito efeito. Levando em conta as passagens inesquecíveis dos últimos “erres” brasileiros que haviam passado pela Catalunha anteriormente (Romário, Ronaldo e Rivaldo), os torcedores tinham a certeza que Ronaldinho seria mais um a entrar nesse seleto grupo.

 

Esquentando os motores

A primeira temporada de Rijkaard no comando do Barça não teve títulos, mas serviu para o treinador mostrar que a diretoria catalã havia acertado em cheio na sua contratação. O holandês deu uma identidade ao time e baseou claramente o sistema de jogo em Ronaldinho, que provou estar vivendo uma fase maravilhosa com vários gols e assistências. O brasileiro foi o artilheiro do time na temporada com 22 gols marcados (15 no Campeonato Espanhol) e a referência para que o ataque do time fosse um dos melhores da Liga com 63 gols marcados em 38 jogos. Os blaugranas foram vice-campeões (a taça ficou com o Valencia), mas terminaram o ano com boas perspectivas.

Deco e Messi: o primeiro foi um reforço fundamental para o sucesso do time a partir de 2004, o segundo, uma semente plantada que renderia frutos vertiginosos em pouco tempo.
Deco e Messi: o primeiro foi um reforço fundamental para o sucesso do time a partir de 2004, o segundo, uma semente plantada que renderia frutos vertiginosos em pouco tempo.
 

Na temporada 2004-2005, o presidente Laporta fez mais uma “limpa” no elenco do Barça e foi às compras para acabar de vez com o jejum de títulos do clube catalão. Davids, Kluivert, Cocu, Reiziger, Luis Garcia, Quaresma, Rüstü, Saviola, Overmars e Luis Enrique (estes dois por aposentadoria) deixaram o clube para a chegada de jogadores que se encaixariam como uma luva no esquema tático do técnico Rijkaard. Para o meio de campo e ataque vieram o sueco Larsson (ex-Celtic), o francês Giuly (ex-Monaco), o camaronês Samuel Eto´o (ex-Mallorca) e a estrela portuguesa Deco, maestro do Porto-POR campeão europeu da temporada anterior. A equipe se reforçou também com os brasileiros Edmílson (ex-Lyon), Belletti (ex-Villarreal) e Sylvinho (ex-Arsenal). Para colocar ainda mais tempero no time, Rijkaard promoveu a subida de um jovem mirrado de 17 anos que parecia jogar com a bola colada em seus pés: um tal de Lionel Messi. Pronto. O Barcelona tinha tudo o que precisava para voltar a brigar por títulos. E Ronaldinho os músicos para que ele pudesse reger a sinfonia blaugrana.

O maior espetáculo da Terra

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Com um time base formado por Valdés; Belletti, Oleguer, Puyol e van Bronckhorst; Rafa Márquez, Deco e Xavi; Giuly, Eto´o e Ronaldinho, o Barcelona mostrou a todos que não estava para brincadeiras e deu seu cartão de visitas logo no começo do Campeonato Espanhol. Foram sete vitórias nos oito primeiros jogos e um entrosamento formidável entre Giuly, Eto´o e Ronaldinho. Ah, Ronaldinho… No auge da forma, o brasileiro virou instantaneamente um sinônimo de futebol-arte e jogadas que tiravam o fôlego de qualquer torcedor, seja ele do Barça ou adversário. Elásticos em profusão. Canetas a rodo. Passes vesgos. Golaços de todos os tipos. Corridas imparáveis. Chapéus e mais chapéus. Cobranças de falta milimétricas. Chutes de fora da área com a mais pura precisão e o mais letal veneno. Ronaldinho comandava de todas as maneiras possíveis um Barcelona irresistível que ia bem tanto no Espanhol quanto na Liga dos Campeões da UEFA.

No mês de novembro de 2004, duas partidas demonstraram bem o que era Ronaldinho para o Barcelona naquela época. No dia 02, no Camp Nou, o craque era uma das esperanças do time catalão para o difícil duelo contra o Milan-ITA, pela quarta rodada da fase de grupos da Liga. Com vários craques como Dida, Cafu, Maldini, Nesta, Gattuso, Pirlo, Kaká e Shevchenko, os italianos seriam um páreo duríssimo, ainda mais pelo fato de que os rossoneros haviam vencido os espanhóis na Itália, pela 3ª rodada, por 1 a 0. Shevchenko abriu o placar para o Milan aos 17´do primeiro tempo, mas Eto´o empatou aos 37´. No segundo tempo, o Barça era só ataque e o Milan, claro, só defesa. Quando a partida encaminhava para o empate em 1 a 1, surgiu Ronaldinho. O craque recebeu na entrada da área e, com um só corte, tirou dois defensores da jogada. Com raiva, força e genialidade, o meia encheu o pé e marcou um golaço no gigante Dida, aos 44´do segundo tempo: 2 a 1. O Camp Nou quase veio abaixo. E Ronaldinho extravasou na comemoração ao correr em direção à torcida e gritando para todo mundo ouvir antes de tirar a camisa:

“Eu sou F*¨&¨%!!”

"Eu sou F&¨%$"!!
“Eu sou F&¨%$”!!
 

E era mesmo. Dezoito dias depois, o Barcelona não tomou conhecimento do Real Madrid pelo Campeonato Espanhol e fez 3 a 0, com gols de Eto´o, van Bronckhorst e Ronaldinho, que desfilou suas virtudes com assistência para gol, gol e dribles estonteantes. O título nacional era questão de tempo. Mas será que a Liga dos Campeões também viria?

Uma pintura, uma derrota e um título

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Depois de passar pela fase de grupos da Liga, o Barcelona teve pela frente o forte Chelsea-ING de José Mourinho já nas oitavas de final. O confronto seria disputadíssimo e sem favoritos tamanha qualidade das equipes. No primeiro jogo, em Barcelona, o time da casa venceu por 2 a 1 e viajou até a Inglaterra com a vantagem do empate. Na terra da Rainha, porém, os espanhóis não conseguiram segurar a vantagem e perderam por 4 a 2, sendo os dois gols catalães marcados por Ronaldinho. Um, foi de pênalti. O outro, ah, o outro… Foi uma pintura que deveria valer por pelo menos três gols e classificar o time espanhol!

O craque recebeu na meia lua da grande área inglesa completamente infestada de jogadores azuis. Num lapso de segundos, ele gingou a cintura para o lado, para o outro, e chutou secamente no canto do goleiro Cech, que simplesmente não se moveu: golaço! Foi o segundo gol do Barça no jogo, que àquela altura estava 3 a 2 para o Chelsea. Foi uma pena o time espanhol ter perdido. Mas o que era deles estava guardado…

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Se na Liga o Barça não conseguiu o sonhado bicampeonato, no Campeonato Espanhol o jejum foi estraçalhado. Mantendo uma distância confortável do Real e jogando bem dentro e fora de casa, o time catalão foi o campeão nacional com uma campanha incontestável: 25 vitórias, nove empates, quatro derrotas, 73 gols marcados (melhor ataque) e 29 sofridos (melhor defesa). Samuel Eto´o provou ser um matador nato e se consagrou como um dos artilheiros do torneio com 24 gols marcados, apenas um a menos que Diego Forlán, do Villarreal. Ronaldinho jogou tanto naquela temporada que ganhou o prêmio de Melhor Jogador do Mundo da FIFA em 2004 e também em 2005. Mais do que justo para o maior artista do planeta naquela época. E que faria de tudo para conquistar a taça da Europa na temporada seguinte.

O melhor do mundo em 2004 e 2005 foi um só: Ronaldinho.
O melhor do mundo em 2004 e 2005 foi um só: Ronaldinho.
 

Para ser o maior

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A temporada 2005-2006 começou com várias notícias boas para o Barça. Primeiro, o time anunciou a contratação de van Bommel (ex-PSV) e a subida ao time principal em definitivo de Messi, que deixaria de disputar partidas no Barcelona B como na temporada anterior para ser incorporado ao time principal. No mês de agosto, a equipe conquistou a Supercopa da Espanha ao bater o Real Betis por 3 a 0 no primeiro jogo (gols de Giuly, Eto´o e Ronaldinho) e perder por apenas 2 a 1 a volta. No Campeonato Espanhol, os catalães começaram mal e só ganharam duas das sete primeiras partidas. Porém, os resultados serviram apenas para acordar o time, que venceu simplesmente 14 partidas seguidas entre as 8ª e 21ª rodadas. Foi nesse período que Ronaldinho deu mais um show de talento na melhor ocasião possível: um clássico contra o Real Madrid de Casillas, Roberto Carlos, Zidane, Beckham e Robinho em pleno Santiago Bernabéu.

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Depois que Eto´o abriu o placar para o Barça no primeiro tempo, o craque guardou duas pinturas para a segunda etapa. Primeiro, recebeu no meio de campo, pela esquerda, arrancou em velocidade, driblou um, entrou na área, driblou outro e bateu no canto de Casillas. Golaço. Alguns minutos depois, Ronaldinho recebeu outra vez na esquerda, um pouco mais à frente da jogada anterior, e partiu em disparada com a mesma ginga e impetuosidade que resultaram no segundo gol catalão. Dessa vez, ele invadiu a grande área merengue com uma naturalidade tremenda, sem dar bola para os marcadores e para a presença de Casillas, que levou o segundo gol do craque no jogo e o terceiro do Barça: 3 a 0. O desempenho do brasileiro foi tão fascinante e tão exuberante que a torcida do Real Madrid fez questão de se levantar na arquibancada e aplaudir tudo aquilo que o camisa 10 blaugrana havia feito. Foi inesquecível para qualquer amante do futebol, em especial para os catalães, claro.

Contra o Real, Ronaldinho deu show...
Contra o Real, Ronaldinho deu show…
 
... E arrancou aplausos da torcida merengue.
… E arrancou aplausos da torcida merengue.
 

No decorrer da competição, o Barcelona se mostrou muito maduro, não foi perturbado pelos rivais e celebrou o bicampeonato espanhol com 25 vitórias, sete empates, seis derrotas, 80 gols marcados (melhor ataque) e 35 gols sofridos (terceira melhor defesa). Eto´o foi o artilheiro da competição com 26 gols e confirmou sua condição de um dos atacantes mais perigosos e eficientes do mundo. Além dele, outros craques brilharam como Deco, Puyol, Márquez, Oleguer e o goleiro Valdés.

Caminhada europeia e a vingança do maestro

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Eto´o: atacante foi um dos maiores do Barcelona em todos os tempos.
 

Em meio à disputa do título espanhol, o Barcelona teve novamente a Liga dos Campeões como grande objetivo da temporada. Na fase de grupos, a equipe não encontrou dificuldades e passou sem derrotas por Werder Bremen-ALE (2 a 0, fora, e 3 a 1, em casa), Udinese-ITA (4 a 1, em casa, e 2 a 0, fora) e Panathinaikos-GRE (0 a 0, fora, e 5 a 0, em casa). Com cinco vitórias e um empate em seis jogos, além de 16 gols marcados e dois sofridos, o Barça entrou na fase de mata-mata como um dos favoritos ao título, ainda mais pela bola que jogava Ronaldinho e seus companheiros. Porém, outra vez o time teve pela frente logo nas oitavas o Chelsea-ING, algoz da temporada anterior. Mas a trupe de Ronaldinho estava gabaritada e já sabia como se portar diante dos ingleses.

SPAIN SOCCER CHAMPIONS LEAGUE

Rijkaard foi para o primeiro jogo, em Londres, com a precaução de não levar gols e evitar grandes exposições de seu time no campo de defesa do rival, a fim de evitar contra-ataques e gols em profusão como na partida do ano anterior. Depois de um primeiro tempo sem gols, Thiago Motta quase complicou tudo para o Barça no começo da segunda etapa ao marcar, contra, o primeiro gol do Chelsea. Felizmente, Terry ficou com inveja e também fez contra o empate do Barça. Faltando dez minutos para o fim, Eto´o, o artilheiro das decisões, virou o placar e deu a vitória ao time espanhol: 2 a 1. Na volta, em casa, os espanhóis empataram em 1 a 1 e conseguiram a classificação, mas a partida ficou marcada pela vingança de Ronaldinho.

O craque marcou um golaço e protagonizou lances memoráveis que serviram para embelezar a partida, aumentar ainda mais a idolatria da torcida pelo craque e por fazer os ingleses se renderem aos seus pés. Foram toques de calcanhar, elásticos, chapéus e tabelinhas com os companheiros, incluindo Messi, num dos poucos jogos onde o torcedor teve o prazer de ver em campo duas das maiores estrelas blaugranas do começo do século XXI. Nas quartas de final, o adversário foi o Benfica-POR, que se segurou em casa (0 a 0), mas perdeu no Camp Nou por 2 a 0 (gols de Eto´o e Ronaldinho). Era hora da semifinal. E de encarar novamente o super Milan-ITA de Kaká.

Ele resolve…

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O primeiro duelo entre Milan e Barcelona foi diante de 76.883 pessoas no estádio San Siro, em Milão. A equipe italiana sabia da força do rival e se armou para neutralizar Ronaldinho e impor seu jogo equilibrado em todos os setores do campo e baseado no talento de Nesta, Stam, Seedorf, Pirlo, Gattuso, Kaká, Shevchenko e Gilardino. O jogo foi repleto de boas chances e oportunidades para as duas equipes. Ronaldinho tentava suas tabelas e jogadas características, mas a zaga, a trave e Dida evitavam o gol espanhol.

No começo do segundo tempo, porém, o craque precisou de apenas alguns centímetros e segundos para parar, olhar, pensar e executar um passe magistral. O craque recebeu, escapou da marcação implacável de Gattuso e fez um lançamento por cobertura de 45 metros para Giuly, que entrava em disparada na grande área italiana. O francês ajeitou a bola com a mesma meticulosidade do passe recebido e fuzilou o goleiro Dida: golaço! O Milan não teve forças para reverter o resultado e o Barcelona conseguiu uma vitória importantíssima para o duelo de volta, no Camp Nou.

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Diante de sua torcida, os catalães comprovaram seu amadurecimento sob o comando de Frank Rijkaard ao não tentar o suicídio de atacar o Milan, que foi ensandecido em busca da vitória. Os espanhóis mostraram muita força defensiva com Márquez, Puyol, van Bronckhorst, Edmílson e Belletti jogando muito bem e anulando as principais investidas dos italianos. Além disso, Iniesta, Deco, Giuly e Ronaldinho cumpriam seus papeis táticos e ainda levavam perigo nos contra-ataques. No fim das contas, ninguém balançou as redes no Camp Nou e o Barcelona comemorou o empate em 0 a 0 como se fosse uma vitória. Afinal, depois de 12 anos, a equipe estava de volta a uma final de Liga dos Campeões. E na decisão mais charmosa de todas: a do aniversário de 50 anos da competição, que teria como sede a cidade de Paris, onde tudo começou lá em 1956. Não havia momento melhor para ser o rei da Europa.

O Barça campeão europeu: zaga forte, meio de campo habilidoso e Ronaldinho e Eto´o no auge: receita de um time campeão.
O Barça campeão europeu: zaga forte, meio de campo habilidoso e Ronaldinho e Eto´o no auge: receita de um time campeão.
 

A glória e o protagonista improvável

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O maravilhoso estádio Saint-Denis, na França, recebeu uma das mais aguardadas finais de Liga dos Campeões do começo do século XXI naquele dia 17 de maio de 2006. De um lado, o Barcelona e a genialidade de Ronaldinho. Do outro, um igualmente genial Arsenal-ING, que tinha na força de seu grupo (com craques do naipe de Eboué, Campbell, Ashley Cole, Pirès, Gilberto Silva, Fàbregas, Ljungberg e Henry) o diferencial para brilhar e faturar uma taça inédita. A partida começou com o Arsenal mais incisivo no ataque e Ronaldinho muito bem marcado pelos ingleses, que sabiam da força do brasileiro em campo.

Depois de 18 minutos, as coisas começaram a ficar mais fáceis para os espanhóis quando o goleiro Jens Lehmann foi expulso ao derrubar Eto´o fora da área (o alemão foi o primeiro jogador da história da competição a ser expulso em uma final). Com um a menos, o Arsenal não se abateu e continuou pressionando o Barça até marcar com o zagueiro Campbell, aos 37´, o primeiro gol da decisão. Com o 1 a 0 no placar, o time inglês se fechou na defesa e deixou o Barça vir pra cima nos minutos seguintes. A tática poderia dar certo. Mas também errado.

Belletti marca o gol do título europeu do Barça...
Belletti marca o gol do título europeu do Barça…
 
... E não segura a emoção.
… E não segura a emoção.
 

Na segunda etapa, Rijkaard foi para o tudo ou nada e sacou Oleguer, Edmílson e van Bommel para as entradas de Belletti, Iniesta e Larsson. As mudanças deram certo e o time espanhol passou a pressionar mais e mais o Arsenal, principalmente com a habilidade e leveza de Iniesta. Aos 31´, o próprio Iniesta deu um passe magnífico para a entrada da área inglesa, que foi ao encontro de Larsson. O sueco deu um leve toque para Eto´o, que empatou o jogo: 1 a 1. O gol incendiou a partida e fez a chuva apertar ainda mais em Paris. Qualquer equipe poderia marcar um gol, mas o Barça se mostrava mais apto para tal pela vantagem numérica e pela falta de pontaria dos ingleses, em especial do francês Henry. Aos 36´, eis que um brasileiro decidiu o jogo – e o título – a favor do Barça. Mas não pense que foi Ronaldinho. Foi Belletti.

O lateral recebeu no canto direito do ataque e tocou para Larsson. Enquanto o sueco pensava o que fazer com a bola, Belletti saiu em disparada e livre de marcação, sendo sonoramente ignorado pela zaga inglesa. Larsson percebeu a chegada do brasileiro e tocou. O lateral recebeu, conduziu a bola e chutou rasteiro, sem ângulo, entre as pernas do goleiro Almunia. Gol. Virada. 2 a 1. Na comemoração, Belletti não teve forças para correr, gritar, extravasar ou vibrar com a torcida. Ele levou as mãos ao rosto e chorou. Muito. Era emoção demais para o camisa 2. E para os milhões de torcedores do Barcelona. Os minutos se passaram, o Barça se segurou e o resultado permaneceu em 2 a 1.

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Ao apito do árbitro norueguês Terje Hauge, delírio puro em Paris e na Espanha. O Barcelona era campeão da Liga dos Campeões da UEFA de maneira invicta. Era a consagração de um time que fez chover, literalmente, por dois anos maravilhosos no futebol europeu. E a consagração de Ronaldinho, que, se não brilhou naquela decisão, foi o principal responsável por conduzir o time catalão até a 50ª final europeia.

Acaba a magia. E entra La Masia

Depois de fazer sua parte, Ronaldinho passou o bastão para Messi e Cia. Não é preciso dizer que eles deram conta do recado...
Depois de fazer sua parte, Ronaldinho passou o bastão para Messi e Cia. Não é preciso dizer que eles deram conta do recado…
 

Parece que a chuva torrencial que caiu no estádio Saint-Denis naquele dia 17 de maio de 2006 fez sumir pelo sistema de drenagem do campo francês toda a magia daquele Barcelona. E, principalmente, de Ronaldinho. Nos meses seguintes, o time apostou em jogadores que não renderiam quase nada com a camisa azul e grená (casos de Zambrotta, Thuram e Gudjohnsen) e levou uma sacolada de 3 a 0 do Sevilla-ESP de Palop, Daniel Alves, Navarro, Jesús Navas, Renato, Adriano, Luís Fabiano e Kanouté na final da Supercopa da UEFA. Na Supercopa da Espanha, o time foi campeão ao bater duas vezes (1 a 0 e 3 a 0) o rival Espanyol, mas foi só. Ronaldinho deixou de brilhar, a equipe perdeu a intensidade e foi outra vez vice-campeã no fim de 2006, dessa vez no Mundial de Clubes da FIFA, quando o Internacional-BRA de Fernandão e Adriano Gabiru (!) derrotou os espanhóis na decisão por 1 a 0.

Em 2008, Rijkaard deixou o comando do clube para a entrada de Pep Guardiola, que começaria uma nova e inesquecível era no Camp Nou, com foco total nas categorias de base e nos atletas formados no próprio Barça. Jogadores que antes eram reservas ou esporadicamente utilizados viraram titulares (casos de Xavi, Iniesta e Messi, por exemplo), e o Barça virou sinônimo de futebol-arte e de façanhas fantásticas, como você pode ler aqui.

A imortalidade e o gênio

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As façanhas curtas, porém fabulosas, do Barcelona 2004-2006 vão permanecer por décadas e mais décadas na memória do torcedor blaugrana e por qualquer amante do futebol que tenha vivido aquela época. Ver aquele esquadrão em campo e com Ronaldinho em seu auge foi uma das maiores diversões que o futebol já proporcionou na história. O que o camisa 10 conseguia fazer com a bola nos pés, suas jogadas sublimes e sua capacidade de mudar partidas em segundos demonstraram como uma única pessoa pode fazer a diferença num jogo de 11 contra 11. Quem viu, jamais se esqueceu. Quem não viu, tem os textos, os vídeos e as fotos daquele time – e daquele craque – para poder conhecer melhor uma época onde o futebol tinha um time de arte e um homem em corpo de craque, mas em alma de artista e de gênio. Um Barcelona imortal. E um Ronaldinho idem.

Os personagens:

Victor Valdés: formado nas categorias de base do clube catalão, Valdés assumiu a meta do Barcelona desde 2004 e por lá permaneceu nas eras mais fantásticas do time. Possui um currículo invejável com dois Mundiais, três Liga dos Campeões entre outros títulos. Muito ágil, teve seu melhor momento exatamente nos tempos de Rijkaard, quando fez defesas fantásticas, principalmente na Liga dos Campeões de 2005-2006.

Belletti: depois de jogar muito com a camisa do São Paulo e do Atlético Mineiro, Belletti foi tentar a sorte na Europa e ganhou uma chance no Barcelona após passagem pelo Villarreal. Com a camisa blaugrana, o jogador começou como titular e fez boas partidas, mas perdeu a titularidade por causa da concorrência com outros jogadores e as variações que Rijkaard fazia na defesa do time. O lateral, porém, viveu seu momento de maior glória na carreira ao marcar o gol do título europeu do clube catalão em 2006. Até hoje, Belletti é querido por qualquer torcedor em Barcelona.

Oleguer: cria do Barça, Oleguer jogava com eficiência tanto como zagueiro quanto como lateral-direito, se revezando com Puyol e Belletti no setor. Disputou mais de 120 partidas do Campeonato Espanhol pelo Barça e foi um dos jogadores mais importantes na era Rijkaard para a força defensiva do time.

Rafa Márquez: o mexicano foi um dos maiores ídolos do Barça entre 2003 e 2010, época de sua permanência na Catalunha. Muito técnico e seguro, Márquez podia jogar como volante ou zagueiro, sendo esta a sua posição preferida e mais notável, quando fez uma ótima parceria com o capitão Puyol.

Puyol: sua vida foi o Barcelona. Começou nas bases do clube em 1995 e se consagrou como um dos maiores defensores do time na virada do século. O “Toro”, como era chamado pela torcida, misturava garra, raça e técnica, sendo um dos melhores zagueiros do futebol no século XXI. Líder nato e capitão, Carles Puyol ainda marcava muitos gols de cabeça nas cobranças de escanteio do time. Atuava, também, como lateral, assim como Maldini atuava no Milan. É um mito da Catalunha, do Barcelona e da seleção da Espanha. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Gio van Bronckhorst: foi o principal lateral-esquerdo do Barça naqueles anos de ouro e uma das peças que apareciam de surpresa no ataque. Muito técnico, forte na marcação e com qualidade nos passes, o holandês foi essencial para o sucesso do time e um dos craques do título europeu de 2005-2006. Brilhou, também, com a camisa da seleção da Holanda.

Sylvinho: chegou ao Barça em 2004, mas só começou a ganhar mais destaque após a saída de van Bronckhorst e do técnico Rijkaard. Mesmo assim, jogou algumas partidas no período e cumpriu bem seu papel com velocidade, precisão nos passes e apoio ao ataque.

Edmílson: o brasileiro era outro que podia jogar na zaga ou no meio de campo com a mesma qualidade e precisão. Na temporada 2005-2006, teve papel de destaque durante a campanha do time na Liga dos Campeões atuando em nove partidas da campanha do título. Era ótimo nos desarmes, tinha habilidade para sair jogando e ainda marcava alguns gols. Brilhou, também, com as camisas do São Paulo, Lyon e seleção brasileira, pela qual foi campeão mundial em 2002.

Xavi: antes de se consagrar como um dos mais completos meio-campistas de todos os tempos, Xavi lutou por seu espaço no time de Rijkaard naqueles anos de ouro, mas não conseguiu a regularidade desejada por causa do estilo de jogo do time e com a concorrência do luso-brasileiro Deco. Quando jogava, dava show com seus passes precisos, sua visão de jogo fenomenal e uma categoria impecável. Com a chegada de Guardiola, virou titular absoluto e um dos maiores ícones de outro Barcelona imortal. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Thiago Motta: o ítalo-brasileiro chegou com apenas 17 anos ao Barça e foi criado nas categorias de base do clube após passar pelo Juventus-SP. Jogou de 2001 até 2007 na Catalunha e se revelou um meio-campista muito forte na marcação, na saída de bola e nos passes. Não teve grandes chances no time na era Rijkaard e foi brilhar pela Internazionale-ITA tempo depois.

Deco: depois de jogar absurdamente muito no Porto campeão europeu de 2004, Deco chegou ao Barcelona e seguiu em alto nível, mas seu talento foi ofuscado por Ronaldinho. Embora não fosse visível, o meia era importantíssimo no esquema montado por Rijkaard e dava muita mobilidade e precisão ao meio de campo do time. Jogou de 2004 até 2008 no Barça, marcou gols, deu assistências e ganhou o prêmio de melhor meio-campista da UEFA na temporada 2005-2006.

Van Bommel: jogou apenas uma temporada no Barça, mas o suficiente para conquistar títulos e ser um dos motores do meio de campo da equipe em 2005-2006. O holandês tinha o papel de ser o meia mais agressivo do ataque e de dar combate quando a equipe era agredida pelo rival, com habilidade no controle de bola e precisão nos desarmes. Deixou o Barça já em 2006 para jogar no Bayern München-ALE, deixando o caminho livre para Xavi e Iniesta.

Iniesta: ainda jovem, a outra cria de La Masia jogava muito quando entrava em campo, mas Rijkaard teimava em não colocá-lo como titular. Iniesta provou seu talento nas vezes em que jogou com velocidade, controle impecável de bola, visão de jogo estupenda e habilidade estonteante. Na final da Liga de 2005-2006, teve participação direta no título do Barça quando deu um passe maravilhoso que resultou no gol de Eto´o. Na era Guardiola, virou titular absoluto e se transformou num dos maiores craques do planeta. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Giuly: o francês entrou muito bem na equipe de Rijkaard e foi um dos principais atacantes do time na temporada 2005-2006, formando uma respeitável e rápida linha de ataque ao lado de Eto´o e Ronaldinho. Habilidoso, Giuly fez gols importantes e decisivos, como o da vitória sobre o Milan-ITA, fora de casa, pela semifinal da Liga de 2005-2006.

Larsson: outro grande atacante que o Barça teve naquela época, o sueco fez grandes partidas mesmo não sendo titular absoluto e manteve a qualidade no setor ofensivo blaugrana com velocidade, dribles e ótimos passes. Entrou com tudo na final da Liga de 2006 e teve participação direta nos dois gols que selaram a vitória espanhola por 2 a 1 contra o Arsenal.

Messi: o argentino que virou um deus no Camp Nou ainda estava começando sua carreira quando foi lançado pelo técnico Rijkaard com apenas 17 anos. Mesmo jovem, Messi provou sua qualidade com jogos incríveis naquela época e jogadas de puro virtuosismo. Uma pena que sua parceria com Ronaldinho tenha durado tão pouco. Com a saída do brasileiro, Messi virou gênio e assumiu o protagonismo deixado por seu antigo companheiro.

Eto´o: jogou de 2004 até 2009 no Barça e se transformou em um dos maiores atacantes da história do clube e um dos maiores do mundo na época. Rápido, oportunista, driblador e com um senso de colocação formidável, o camaronês foi uma contratação certeira do presidente Laporta e marcou gols como nunca com a camisa azul e grená. Foram 130 em pouco mais de 200 jogos. Samuel Eto´o é o 8º maior artilheiro da história do Barça e autor de gols nas finais europeias vencidas pelo clube em 2006 e 2009. Leia mais sobre ele clicando aqui!

Ronaldinho: o Show Man foi simplesmente o maior jogador do Barcelona entre 2004 e 2006 e o maior do mundo no período. No auge da forma, da técnica e da genialidade, Ronaldinho fez coisas absurdas com a bola nos pés e que muitos dos maiores craques do futebol mundial jamais pensaram ou ousaram em fazer. Com sua ginga, malandragem e alegria, conduziu o Barça ao fim da seca na Espanha e na Europa, aumentou consideravelmente o número de torcedores do clube no mundo, bem como a popularidade e força da marca do FC Barcelona, e teve até participação na evolução dos games de futebol, afinal, os antigos Winning Eleven (atual Pro Evolution Soccer) não tinham jogadores capazes de dar elástico, por exemplo. Um craque imortal. Leia mais sobre ele clicando aqui.

Frank Rijkaard (Técnico): o holandês não tinha praticamente nenhuma experiência como treinador de futebol, mas conseguiu conquistar títulos fantásticos com o Barcelona e construiu uma equipe forte ofensivamente, ousada e beneficiada pelo talento de vários craques, em especial Ronaldinho e Eto´o, dupla que se entendeu como poucas e virou o símbolo daquele esquadrão. após o título europeu de 2006, pareceu se desgastar com tudo e o time caiu de produção. Desde os tempos de Barça, Rijkaard jamais voltou a brilhar com outra equipe. Mas conseguiu escrever seu nome na história ao se tornar um dos poucos a conquistar a Liga dos Campeões como jogador e técnico.

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16 Comentários

  1. Mas não era o mesmo Barcelona que tanto encantou!! Era um time decadente, sem brilho, sem aquela qualidade técnica que encantou o mundo. Sua maior estrela, Ronaldinho, nem de longe lembrava o jogador fantástico da Champions, pois estava em franca decadência. Sem contar os desfalques que o time tinha que eram; Saviola, Eto’o e nada mais nada menos que Messi. Então, lamento te informar, mas não foi daquele Barça que o teu time ganhou. Daquele time só o nome.

  2. “O maestro da camisa 10 e seus músicos blaugranas”

    Há anos que o futebol não tinha um jogador capaz de levantar plateias inteiras, de arrancar sorrisos e gargalhadas dos torcedores e de comandar um time inteiro rumo a títulos marcantes. Vez ou outra apareciam alguns craques maravilhosos, mas que não eram malandros, extraterrestres ou sobrenaturais. Foi então que entre os anos de 2004 e 2006 aterrissou na cidade de Barcelona um homem (ou seria um extraterrestre?) capaz de coisas inimagináveis com a bola nos pés, de lances estrondosos, obras de artes dignas do Louvre e de arrancar aplausos até mesmo da torcida adversária: Ronaldinho. O brasileiro vestiu a camisa 10 do FC Barcelona e protagonizou alguns dos maiores shows que o futebol mundial já viu em sua história. Golaços de falta. Três chapéus seguidos em um marcador. Arrancadas fulminantes. Elásticos diversos. Passes “vesgos”. Lançamentos impossíveis. E a façanha de comandar praticamente sozinho um time ótimo, mas que conseguia ficar excelente com ele em campo. O Barcelona de Ronaldinho “show man” dominou o futebol espanhol no final da primeira metade dos anos 2000, deu à torcida blaugrana um bicampeonato espanhol e uma incrível Liga dos Campeões da UEFA, em 2006, taça que não vinha desde os tempos do técnico Cruyff e seu Dream Team de 1992.
    Disse tudo meu amigo,faço das suas minhas palavras.Jamais existirá um jogador com qualidade técnica e genialidade igual a esse cara,pra mim o melhor de todos os tempos.ABRAÇOS

      • Eu me lembro, quando a TV Bandeirantes ainda transmitia o Campeonato Espanhol e da famosa convocação do então narrador Éder Luiz, antes do espetáculo começar. “Hoje é dia do Show Man” e realmente era! O que Ronaldinho jogou de 2004-2006, era coisa de louco. Fazia de tudo em campo ( lençol, caneta, chapéu, dribles entre as pernas dos adversários, passes mágicos e gols antológicos).Ronaldinho trouxe de volta a alegria ao futebol, como o nosso velho Mané nos dera em abundância, o sorriso também estava presente de 10 a cada 10 torcedores blaugranas, pois o Futebol Clube Barcelona vivia num período de ausência de grandes conquistas. O gaúcho também conseguiu a admiração das torcidas rivais, pelo seu futebol que encantava a muitos, chegando ao ponto de ser aplaudido de pé pela torcida do Real Madrid, que vivia a Era dos Galáticos.Muitos podem citar o Dream de Cruyff e cia, o Barcelona de Pep Guardiola, ou até mesmo o Barça do trio Suarez, Neymar e Messi, mas o esquadrão de Rijkaard, que teve Ronaldinho como Maestro, dificilmente sairá da memória dos adeptos do futebol bem jogado, devido as excelentes atuações de nosso craque,que por muitas vezes provocou risos e arrancou suspiros. Um time emblemático, fantástico e para sempre Imortal.

  3. Ronaldinho brilhante na esquerda. O bom giuly no meio e o matador Etho na direita e eles trocavam de posições a todo momento e continuavam brilhantes e sem contar o meio campo com Deco Xavi e Iniesta todos no auge e voando

  4. Esses 2 gols do R10 contra o Real Madrid deixaram ZIDANE, R9, R CARLOS, BECKHAM, J BATISTA, CASILLAS e outros boquiabertos…. Quando o gaúcho dentuço queria jogar sério, deixava todos no chinelo. Uma pena que não tenha sido protagonista na Copa de 2006.

  5. O que o Ronaldinho fez em 2005 e 2006 pelo Barça foi impressionante mesmo, mas foi uma pena ele ter tido um mal desempenho na Copa de 2006, onde ele tinha tudo para brilhar.

Craque Imortal – Duncan Edwards

Menino usando fones de ouvido jogando jogo de computador.

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