
Nascimento: 12 de abril de 1943, em San Luís de Cañete, Peru.
Posição: Zagueiro
Clubes: Deportivo Municipal-PER (1964-1965), Universitario-PER (1966-1975), Atlas-MEX (1975-1977) e Sporting Cristal-PER (1977-1984).
Principais títulos por clubes: 5 Campeonatos Peruanos (1966, 1967, 1969, 1971 e 1974) pelo Universitario.
3 Campeonatos Peruanos (1979, 1980 e 1983) pelo Sporting Cristal.
Principal título por seleção: 1 Copa América (1975) pelo Peru.
Principais títulos individuais:
Melhor Zagueiro do Futebol Peruano: 1966, 1967, 1969, 1971, 1974, 1979 e 1980
Melhor Zagueiro da Copa Libertadores: 1967
Melhor Defensor do Futebol Sul-Americano pelo El Gráfico: 1969
Melhor Defensor do Futebol Sul-Americano pela Conmebol: 1969 e 1971
Eleito um dos 100 Melhores Jogadores do Século XX pela World Soccer: 2000
36º Melhor Jogador Sul-Americano do Século XX pela IFFHS: 2004
FIFA 100: 2004
Zagueiro com mais gols na história do futebol peruano: 65 gols
Eleito para o All-Star Team de todos os tempos da Copa América: 2007
Eleito um dos 100 Melhores Jogadores da História das Copas pelo The Guardian (UK): 2014
“El Capitán de América”
Por Guilherme Diniz
O futebol sul-americano sempre teve grandes zagueiros, em especial no século XX. Ao longo das décadas, craques exibiram suas virtudes com camisas lendárias e levantaram títulos incontestáveis. Mas existe um quarteto que detém até hoje a alcunha de “os melhores”, aqueles que causam impacto e respeito: o argentino Daniel Passarella, o chileno Elías Figueroa, o uruguaio José Nasazzi e o peruano Héctor Eduardo Chumpitaz Gonzales, ou simplesmente Chumpitaz, El Capitán de América e considerado o maior zagueiro que o futebol peruano já produziu. Eleito o 36º Maior Jogador Sul-Americano do século XX pela IFFHS, Héctor Chumpitaz se posicionava muito bem, distribuía bem a bola e transmitia segurança para os companheiros, além de exibir um espírito de liderança muito forte. Tinha um chutaço de perna direita e marcava vários gols de falta – ele anotou mais de 60 gols na carreira, um número altíssimo para um zagueiro. Foi um dos maiores símbolos da lendária seleção peruana que alcançou as quartas de final da Copa do Mundo de 1970 e levantou a Copa América de 1975, e ídolo do Universitario. Simplesmente uma lenda. É hora de relembrar.
Sumário
Dono da área

Chumpitaz deu seus primeiros toques na bola na fazenda Santa Bárbara, localizada em San Luis de Cañete, onde nasceu. O jovem conciliava o futebol com os estudos, no Colegio de Varones, até se mudar para Lima e, em 1963, ingressar no Club Unidad Vecinal N°3, da segunda divisão peruana. Rapidamente, Chumpitaz despertou o interesse do Deportivo Municipal, da primeira divisão, para onde foi já em 1964. Em pouco mais de um ano, o defensor espantou a todos com um futebol de altíssimo nível: qualidade nos passes, desarmes precisos, enorme visão de jogo, espírito de liderança e solidez. Com isso, em 1965, o defensor foi contratado pelo Universitario, um dos mais tradicionais e vitoriosos clubes do Peru. No mesmo ano, ganhou sua primeira convocação para a seleção, aos 22 anos, em amistoso contra o Paraguai que terminou 1 a 0 para os guaranís.
Ainda em 1965, o jogador seguiu na seleção e participou de quatro jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1966, além de se firmar como titular do Universitario, pelo qual venceu em 1966 o Campeonato Peruano, após grande campanha dos Cremas, que perderam apenas quatro dos 28 jogos que disputaram. Além de Chumpitaz, a equipe tinha Ángel Uribe (artilheiro com 15 gols) e Victor Lobatón. Em 1967, o Universitario fez uma grande campanha na Copa Libertadores, quando alcançou a fase semifinal e venceu os gigantes argentinos River Plate (1 a 0) e Racing (2 a 1) fora de casa e debaixo de muito frio, com os termômetros registrando 0o.
Foram feitos imensos para os Cremas, que terminaram o grupo com os mesmos 9 pontos do Racing, o que forçou uma partida desempate para ver quem iria para a decisão. Em campo neutro, o Racing acabou vencendo por 2 a 1, mas o feito do Universitario mobilizou 50 mil pessoas no aeroporto Jorge Chávez, que receberam os atletas como se fossem campeões! Ver um clube peruano ir tão longe na Libertadores na época foi uma enormidade e comprovou que o trabalho estava sendo bem feito, além de jogadores como Luis La Fuente, Chale e Chumpitaz se destacarem no plantel com grandes atuações e muito talento.
Títulos e a Copa do Mundo de 1970

Em 1967, além da boa campanha na Libertadores, o Universitario de Chumpitaz foi mais uma vez campeão Peruano, e com uma campanha ainda melhor do que em 1966: 20 vitórias, um empate, cinco derrotas, 64 gols marcados (melhor ataque) e 19 gols sofridos (melhor defesa). Naquela temporada, Chumpitaz comprovou que era um dos melhores zagueiros do continente ao vencer os prêmios de melhor zagueiro da Libertadores, melhor zagueiro do futebol peruano e, em 1969, melhor zagueiro da América do Sul pela revista El Gráfico (ARG).
A ótima fase do craque coincidiu com a era de ouro do futebol peruano. No gol, Rubiños, convocado desde 1963, era o camisa 1 e grande nome do Sporting Cristal. No setor defensivo, Chumpitaz e De La Torre eram incontestáveis e demonstravam muita segurança no miolo de zaga com ótimo posicionamento, tempo de bola, marcação e bons passes. No meio de campo, Mifflin, Roberto Chale e Alberto Gallardo faziam lançamentos e tocavam bem a bola para os nomes do principal setor do time: o ataque. “Perico” León, Hugo Sotil, Oswaldo Ramírez e Teófilo Cubillas eram rápidos, oportunistas, inteligentes, polivalentes e capazes de decidir partidas com uma facilidade notável.
Para fazer com que aquela talentosa geração de jogadores pudesse dar liga, a federação de futebol do país decidiu contratar em 1969 uma pessoa que entendia muito bem do assunto e do futebol bem jogado: Waldir Pereira, mais conhecido como Didi, um dos maiores craques de todos os tempos, bicampeão do mundo pela seleção brasileira e que vinha trabalhando como treinador no Sporting Cristal desde a metade dos anos 1960. Ele ganhou carta branca para impor seu trabalho, baseado no futebol “solto”, com trocas de passes precisas e sem o complexo de inferioridade que pairava sobre a seleção na época. Além disso, Didi queria um grupo unido, forte, e fazia das concentrações e dos treinos intensos os principais artífices do seu trabalho.

Embalado e com moral, o brasileiro tinha como missão classificar o Peru para a Copa do Mundo de 1970. E conseguiu: na última rodada das Eliminatórias, a Argentina precisava vencer em casa o Peru para se classificar. Já o Peru só precisava de um empate para garantir uma vaga em um Mundial depois de 40 anos. No entanto, tudo estava a favor da albiceleste. A partida foi marcada para o estádio de La Bombonera, que recebeu mais de 53 mil pessoas. Havia tensão por conta da arbitragem, só que aquele Peru estava determinado em fazer história.
No primeiro tempo, a equipe blanquirroja segurou o placar sem gols graças a grande atuação de seu sistema defensivo, à solidez de Chumpitaz e as brilhantes defesas de Rubiños. E, na segunda etapa, Oswaldo Ramírez fez 1 a 0, aos 25’. A Argentina partiu para o desespero e empatou 12 minutos depois com Albrecht. Mas Ramírez estava impossível. Ele ganhou de Perfumo e deixou o Peru na frente menos de dois minutos depois. Rendo empatou de novo, aos 44’, mas era tarde. O empate em 2 a 2 classificou o Peru ao Mundial. Foi épico e impressionante.
Em 1969, Chumpitaz levantou mais um título do Campeonato Peruano e, em 1970, capitaneou a seleção peruana na Copa do Mundo do México. Na estreia, contra a Bulgária, a equipe levou 2 a 0, mas foi buscar a virada com gols de Gallardo, num chutaço aos 6’ do segundo tempo, depois, com Chumpitaz, aos 9’, cobrando falta e, aos 28’, com o craque Cubillas, conduzindo a bola e fuzilando o goleiro na entrada da área. O placar de 3 a 2 levou a torcida à loucura. E comoveu os mexicanos, que abraçaram aquela seleção naquele dia histórico, da primeira vitória do Peru em Copas.
No jogo seguinte, Peru venceu Marrocos por 3 a 0, em mais um grande jogo de Chumpitaz no miolo de zaga. Na última partida, que iria definir o primeiro colocado do Grupo 4, o Peru encarou a Alemanha, sempre perigosa e com Gerd Müller infernal. E, contra os sul-americanos, não deixou por menos. Marcou três gols em um intervalo de 19 minutos no primeiro tempo e liquidou a fatura para os europeus: 3 a 1. Cubillas descontou para o Peru após cobrança de falta que desviou na barreira também na etapa inicial, mas não foi o bastante para superar a equipe germânica, que tinha um fortíssimo sistema defensivo com o goleiro Sepp Maier, e os grandes Schnellinger e o imortal Beckenbauer.

O Peru terminou na segunda posição do grupo, e, com isso, teria pela frente o primeiro colocado do Grupo 3. Quem era? O Brasil de Pelé, Tostão, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto… Uma curiosidade é que Didi e Zagallo, companheiros de seleção até poucos anos, estavam frente a frente como técnicos naquele dia 14 de junho de 1970, no estádio Jalisco, em Guadalajara. Adeptos do futebol ofensivo e rápido, a dupla colocou suas seleções para frente e o duelo entre sul-americanos foi um dos mais energéticos e empolgantes do Mundial. Graças a duas falhas defensivas dos peruanos, o Brasil abriu 2 a 0 nos primeiros 15 minutos de jogo, com Rivellino e Tostão.
Tempo depois, Gallardo driblou Carlos Alberto e chutou para diminuir. Vivo, o time peruano dava trabalho para o Brasil e não exibia o complexo de inferioridade de antes. Era o trabalho de Didi dando resultado. Mesmo assim, era difícil duelar com uma das mais incríveis seleções da história. Logo no começo do segundo tempo, Tostão fez 3 a 1. O Peru diminuiu de novo com Cubillas, que chegou ao seu quinto gol na Copa. Mas Jairzinho, o Furacão, marcou o quarto e decretou a classificação brasileira: 4 a 2.
Foi o fim da trajetória peruana no Mundial. Mas um fim de elogios e aplausos pelo futebol apresentado pela equipe, que terminou na 7ª colocação, à frente da poderosa Inglaterra de Bobby Moore e Gordon Banks da época. Foram quatro jogos, duas vitórias, duas derrotas, nove gols marcados e nove sofridos. A seleção peruana foi a primeira na história a receber o troféu Fair Play de equipe mais disciplinada da competição – nenhum peruano foi advertido com cartões!
Vice na Libertadores

O desempenho na Copa de 1970 elevou ainda mais o status de Chumpitaz como um dos melhores zagueiros não só do futebol sul-americano, mas mundial. O craque era uma unanimidade e seguiu jogando muito no Universitario, já comandado por Roberto Scarone naquele começo de anos 1970. Em 1971, os Cremas venceram outro Campeonato Peruano após 30 jogos, 18 vitórias, 10 empates e duas derrotas, com 57 gols marcados (melhor ataque) e apenas 20 gols sofridos (melhor defesa). Mas foi em 1972 que o Universitario alcançou um feito inédito no Peru ao chegar à final da Copa Libertadores. A equipe começou no Grupo 4, junto com o também peruano e rival Alianza Lima e os representantes chilenos Universidad de Chile e Unión San Felipe. A equipe destacou-se com uma campanha sólida, mostrando um futebol consistente e ofensivo, que lhe garantiu a classificação para as semifinais.
Após o sorteios da chaves semifinais, o Universitario teve pela frente os uruguaios Nacional e Peñarol, e teria que jogar muito se quisesse ser líder e garantir uma inédita vaga na decisão. O primeiro jogo foi um balde de água fria para os peruanos: derrota por 3 a 2 para o Peñarol, em casa. No segundo, também em casa, os Cremas conseguiram dar a volta por cima e venceram os campeões do Nacional por 3 a 0, resultado categórico que aumentou a confiança do time em busca da vaga. Na terceira partida, os peruanos foram até Montevidéu encarar o Nacional e protagonizaram um frenético empate em 3 a 3. Ainda em terras uruguaias, os Cremas enfrentaram o Peñarol e empataram em 1 a 1.
Com isso, a sorte de la ‘U’ dependia do choque entre os rivais uruguaios. Com quatro pontos, o Universitario torcia por uma vitória do Nacional, de preferência com uma quantidade de gols que não fosse superior a cinco para se classificar pelo saldo de gols, pois todos tinham a chance de terminar com quatro pontos. Os tricolores venceram os aurinegros por 3 a 0, ficaram com saldo zero, enquanto o Peñarol ficou com -2. Já o Universitario terminou com saldo positivo de dois gols e se garantiu na final da Copa Libertadores pela primeira vez!
Na final, os peruanos enfrentaram o temido Independiente de Francisco Sá, Pavoni, Pastoriza, Maglioni, Balbuena e companhia. O primeiro jogo da final aconteceu no Estádio Nacional de Lima e mais de 45 mil pessoas empurraram o Universitario em busca de uma vitória que pudesse dar mais tranquilidade para a volta, na temida casa do Independiente, à época chamada de La Doble Visera. Os argentinos, claro, ficaram mais recuados e jogaram pelo empate. Os peruanos tentaram, mas o placar ficou mesmo 0 a 0, deixando a decisão para Avellaneda. Scarone mandou a campo o que tinha de melhor, com Humberto Ballesteros no gol, Eleazar Soria, Fernando Cuéllar, Héctor Chumpitaz e Julio César Luna no setor defensivo, Rubén Techera, Luis Cruzado e Hernán Castañeda no meio e Juan José Muñante, Percy Rojas e Oswaldo Ramírez no ataque.

Com 55 mil pessoas em seu caldeirão, o Independiente tomou a iniciativa do jogo desde o início e abriu o placar aos 6’, ao chutar de perna esquerda após receber passe de Pastoriza (em impedimento, de acordo com a imprensa peruana) e vencer o goleiro Ballesteros. Na segunda etapa, Pastoriza deu nova assistência a Maglioni, que fez 2 a 0 mesmo recebendo marcação de Cuéllar. O Universitario teve que ir para o tudo ou nada e conseguiu um gol faltando 11 minutos para o fim, com Percy Rojas, após bate e rebate na área. O tento gerou tensão nos argentinos e ilusionou os peruanos, mas o placar permaneceu 2 a 1 e deu o terceiro título ao Independiente.
“São lembranças muito gratas porque um time peruano ter chegado a essa instância foi fruto de trabalho. Nós nos concentrávamos muito nas partidas, nos dias em que estávamos fora e em casa, nos cuidávamos. Jogamos contra o Independiente, que tinha mais títulos internacionais, e enfrentá-los era uma grande responsabilidade. Demos muita satisfação aos torcedores do Universitario e ao Peru. Formou-se um grande grupo onde havia muita qualidade em todas as posições, era uma equipe completa, e o jogador que entrava fazia bem o seu papel.” – Héctor Chumpitaz, em entrevista publicada no Infobae, agosto de 2024.
El Capitán de América

Em 31 de outubro de 1973, Chumpitaz foi um dos nobres convocados para compor a Seleção das Américas em um amistoso organizado pela FIFA para celebrar o Dia Mundial do Futebol. A entidade máxima do esporte colocou frente a frente a seleção das Américas contra a Seleção da Europa no estádio Camp Nou, em Barcelona (ESP), em jogo repleto de estrelas. Do lado americano, a seleção teve Miguel Ángel Santoro (ARG), Luis Pereira (BRA), Marco Antonio (BRA), Héctor Chumpitaz (PER) como capitão, Kike Wolff (ARG), Víctor Espárrago (URU), Rivellino (BRA), Teófilo Cubillas (PER), Miguel Ángel Brindisi (ARG), Paulo Cézar Caju (BRA) e Hugo Sotil (PER). No banco de reservas estiveram: Félix Lasso (EQU), Carlos Caszely (CHI), Enrique Borja (MEX), Saturnino Arrúa (PAR) e Daniel Alberto Carnevali (ARG). Do lado europeu, as estrelas eram Ivo Viktor, Facchetti, Asensi, Eusébio, Ferenc Bene, Jara, Johan Cruyff, Pirri, Iribar, Kapsis, entre outros.
O jogo foi frenético e Hugo Sotil abriu o placar logo aos 13′. Um minuto depois, Eusébio empatou e Keita virou. Cubillas empatou para os americanos até que Asensi e Kurt Jara fizeram 4 a 2 para os europeus. Brindisi, aos 64′, descontou, e Chumpitaz, aos 80′, de pênalti, empatou a partida em 4 a 4. Nos pênaltis, a seleção das Américas venceu por 3 a 2 e ficou com o triunfo histórico, que só foi possível graças ao gol salvador de Chumpitaz, que passou a ser conhecido a partir dali como El Capitán de América.
Campeão continental

Em 1975, Chumpitaz viveu o melhor momento de sua carreira pela seleção ao capitanear o Peru na campanha do título da Copa América. Após superar a primeira fase, a equipe encarou o Brasil comandado por Oswaldo Brandão e com nomes como o goleiro Raul, o lateral Nelinho, os defensores Luis Pereira e Piazza, e os talentosos Palhinha, Roberto Batata e o goleador Roberto Dinamite. A partida de ida contra o Brasil foi disputada no Mineirão, que recebeu um público bem abaixo da média – pouco mais de 22 mil pessoas. Com um esquema de jogo muito bem armado e uma linha de quatro homens na frente, o Peru foi pra cima do Brasil e abriu o placar aos 19’, com Casaretto, após passe de Cubillas.
O Brasil empatou com Roberto Batata, aos 9’ do segundo tempo, mas Cubillas, em cobrança de falta perfeita, fez 2 a 1. Minutos depois, Casaretto se mandou em direção ao ataque, encheu o pé e ampliou: 3 a 1. Parecia mentira, mas era verdade: o Peru derrotava o Brasil em sua própria casa pela primeira vez. Foi uma das maiores vitórias da história da seleção peruana e uma apresentação inesquecível do time comandado por Chumpitaz e Cubillas.
O resultado deu ao Peru a vantagem de jogar pelo empate na partida de volta, em Lima. O Brasil foi modificado, com mudanças no time titular. As mexidas do técnico Brandão deram resultado e o time canarinho venceu por 2 a 0. No entanto, o resultado deixou as equipes em igualdade de pontos e gols, e, como na época não havia critério de gols marcados fora de casa nem terceiro jogo, adivinhe como a vaga na final foi definida? Na bolinha – ao contrário do que dizem algumas fontes, não foi na moedinha. Era mais uma prova do amadorismo que sempre imperou na famigerada Conmebol… Foram colocadas duas bolinhas em um pote e uma criança ficou incumbida de pegar a da seleção classificada. Dizem que uma das bolinhas ficou no refrigerador e disseram para a criança pegar a “bolinha gelada”, que era a do Peru. Dito e feito. A bolinha com a letra “P” apareceu e o Peru foi para a final, diante da Colômbia.


Na ida, em Bogotá, a Colômbia venceu por 1 a 0. Na volta, o Peru se impôs e venceu por 2 a 0, gols de Ramírez e Oblitas, de calcanhar. A igualdade de pontos provocou um terceiro jogo, em campo neutro, na cidade de Caracas (VEN). O Peru levou um susto quando o goleiro Zape defendeu um pênalti cobrado por Cubillas, mas manteve a calma e controlou o jogo. Cubillas, infernal, quase fez o seu e mandou uma bola que raspou o travessão. Até que Sotil, aos 25’, marcou o gol da vitória e do título peruano na Copa América. Enfim, depois de 36 anos de jejum, a seleção blanquirroja pôde soltar o grito de “campeón”. Foram nove jogos, seis vitórias, um empate e duas derrotas, com 14 gols marcados e sete sofridos. O título coroou de maneira definitiva aquela grande geração de futebolistas peruanos, que iniciou lá em 1969 uma era de muito brilho, bom futebol e grandes partidas. Mais do que isso, colocou nomes como Cubillas, Chumpitaz, Ramírez, Meléndez, Oblitas, Sotil entre outros no rol de imortais do futebol do país.
Últimos anos e aposentadoria

Chumpitaz mudou de ares em 1975 e foi jogar no Atlas, do México, país que ainda recordava as grandes atuações do zagueiro na Copa de 1970. Ele deixou o Universitario após cinco títulos nacionais, 245 jogos e 46 gols entre 1966 e 1975, números notáveis para um defensor. No México, Chumpitaz seguiu em alto nível, mas não conseguiu títulos e retornou ao Peru em 1977, para vestir a camisa do Sporting Cristal, onde jogou até 1984 e levantou mais três títulos nacionais: 1979, 1980 e 1983. Pela seleção, disputou a Copa do Mundo de 1978 e esteve em todos os jogos da campanha peruana que terminou só na fase final, após a famigerada goleada sofrida para a anfitriã Argentina por 6 a 0.
Chumpitaz ainda vestiu a camisa do Peru até 1981, quando se aposentou após 105 jogos e três gols marcados. Ele deixou recordes até hoje intactos como o jogador que mais vezes foi capitão do Peru (90 jogos); futebolista que mais disputou Eliminatórias pela seleção (5 vezes) e 2º jogador que mais vestiu a camisa da seleção (105 jogos), além de ser o zagueiro com mais gols na história do futebol peruano (65 gols). Chumpitaz jogou pelo Sporting Cristal até 1984 e pendurou as chuteiras veteraníssimo, aos 43 anos. Ele jamais deixou o esporte e abriu uma escola de futebol, onde ajudou a revelar talentos para o país, além de trabalhar na área técnica do Universitario nos anos 2010. Com grandes atuações, títulos e um futebol de altíssimo nível, Chumpitaz segue inabalável como maior zagueiro da história do Peru e um dos maiores da América do Sul. Um craque imortal.


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