Grandes feitos: Tricampeão do Campeonato Francês (1973-1974, 1974-1975 e 1975-1976), Bicampeão da Copa da França (1973-1974 e 1974-1975) e Vice-campeão da Liga dos Campeões da UEFA (1975-1976).
Time-base: Curkovic; Janvion (Merchadier), Oswaldo Piazza, Christian Lopez e Farison (Repellini); Bathenay, Larqué, Synaeghel (Santini); Patrick Revelli, Hervé Revelli e Rocheteau (Triantafyllos / Bereta / Sarramagna). Técnico: Robert Herbin.
“Soberania Verde”
Por Guilherme Diniz
Por muito tempo, o Saint-Étienne ostentou a alcunha de maior campeão da história do Campeonato Francês, com 10 troféus conquistados ao longo das décadas. O posto foi perdido neste século XXI para o endinheirado PSG, mas a façanha dos verdes foi e é cultuada pela maneira como foi alcançada. Após dois títulos, um no final dos anos 1950 e outro no começo dos anos 1960, a equipe emendou quatro troféus seguidos e parecia não ter rivais no país. Veio um período de reformulação e, após o time voltar aos eixos, eis que a França teve um novo rei por três anos seguidos. O auge foi em 1975-1976, quando os Verts não só venceram a Ligue 1 como alcançaram a decisão da Liga dos Campeões da UEFA e por muito pouco (quer dizer, “por culpa” das famigeradas traves quadradas do estádio Hampden Park) não ficaram com o título europeu – acabaram perdendo para o poderoso Bayern München de Beckenbauer, Sepp Maier e Gerd Müller.
Mesmo com o vice, aquele esquadrão comandado pelo visionário Robert Herbin marcou época como o mais competitivo e vencedor da história do clube, que também encantou os amantes do futebol pelo grande jogo coletivo, toque de bola, impressionante invencibilidade dentro de casa – mais de 50 jogos! – e enorme categoria de nomes como Janvion, Osvaldo Piazza, Bathenay, Hervé Revelli, Santini, Sarramagna, o capitão Larqué e Rocheteau, enaltecendo o futebol francês em tempos de vacas magras da seleção. É hora de relembrar.
Sumário
A reformulação
Depois de vencer o tetracampeonato francês em 1966–67, 1967–68, 1968–69, 1969–70, o Saint-Étienne viu o Olympique de Marselha levantar o título nacional na época 1970-1971 e terminou apenas na sexta colocação na temporada seguinte, o que motivou a diretoria verde a buscar novos nomes para o elenco de jogadores e um novo técnico. Albert Batteux, lendário treinador do Stade de Reims dos anos 1950, deixou o cargo e quem assumiu foi Robert Herbin, ex-jogador do próprio Saint-Étienne e que havia acabado de se aposentar, aos 33 anos.
Além dele, chegaram o atacante Hervé Revelli (ex-Nice), o goleiro iugoslavo Ivan Ćurković e o zagueiro argentino Oswaldo Piazza. Herbin passou a apostar mais nas categorias de base e pincelou nomes como o zagueiro Christian Lopez, o lateral Gérard Farison, o armador Dominique Bathenay e o atacante Patrick Revelli (irmão mais novo de Hervé). Mais tarde, Dominique Rocheteau e Gérard Janvion também seriam incorporados ao elenco profissional. Em 1975-1976, por exemplo, o Saint-Étienne teria 18 atletas formados nas categorias de base no elenco profissional e apenas quatro vindos de fora! Todos conseguiram suplantar muito bem as saídas dolorosas do atacante Salif Keita, do volante Aimé Jacquet (futuro treinador da França campeã do mundo em 1998) e o ponta Patrick Parizon.
No dia a dia, o técnico Herbin fez com que seu time tivesse controle da bola e focasse nas jogadas pelas pontas em velocidade. Além disso, ele queria que o Saint-Étienne dominasse o adversário por meio do bom futebol, o que realmente iria acontecer a partir da temporada 1973-1974. Introspectivo, com cara de mal e a notável cabeleira, Herbin virou rapidamente um ícone daquele time e ganhou o apelido de “esfinge” por conta do visual e estilo. Michel Hidalgo, ex-treinador francês, comentou sobre o colega no prefácio do livro “On m’appelle le Sphinx”, lançado em 1983 pelo próprio Herbin.
“Apesar de seu prestígio e sucesso esportivo, Roby nunca se desviou dos caminhos da simplicidade e da modéstia.É um dos lados mais simpáticos e cativantes de sua personalidade. Roby sempre foi capaz de ouvir e assistir. O humanismo de Robert Herbin não é fictício, superficial, e se ele tem o cuidado de não mostrar seus sentimentos, é que ele é tímido e modesto. Diz-se que é frio, quando é sensível a tudo, mas suas alegrias são internas”.
Inspirado pelos sucessos recentes da Itália campeã da Eurocopa de 1968 e do Ajax de Rinus Michels tricampeão europeu, Herbin queria que o Saint-Étienne aliasse a qualidade defensiva dos italianos e a ousadia ofensiva dos holandeses.
“O ideal para mim é construir o jogo como o Ajax e defender como os italianos”, disse Herbin, em 1973.
Com isso, o Saint-Étienne jogava num 4-3-3 no qual os laterais não atacavam muito e todos deveriam ajudar a retomar a bola quando ela estava com o adversário, propósito que ia na contramão do que Batteux, seu predecessor, propunha. Herbin ainda modificou os treinamentos para que seu time tivesse mais vigor do que os rivais, algo ressaltado pelo lateral-esquerdo Repellini.
“Ele era um treinador inovador e foi um precursor de certas práticas de futebol. Ele considerou, por exemplo, que os jogadores franceses não eram fisicamente fortes o suficiente. Ele, portanto, decidiu introduzir uma sessão física na manhã de quarta-feira, sem a bola, para que tivéssemos uma condição física mais elevada”.
A retomada da coroa
Entrosados e já cientes da metodologia de Herbin, os jogadores do Saint-Étienne mostraram força já na temporada 1973-1974, quando o time venceu o Campeonato Francês com folga diante do vice-campeão Nantes. Em tempos nos quais as vitórias valiam dois pontos, os Verts somaram 66 pontos em 38 jogos, contra 58 pontos do rival. Foram 23 vitórias, nove empates, seis derrotas, 74 gols marcados e 40 gols sofridos. Hervé Revelli, com 20 gols, foi o artilheiro do time na competição.
Uma curiosidade é que naquela temporada o time que marcasse três ou mais gols num jogo ganharia um ponto extra. Com isso, os Verts foram pra cima dos rivais e conseguiram 11 preciosos pontos extras nos triunfos sobre Angers (3 a 2), Olympique de Marselha (3 a 1, casa), Monaco (3 a 2, casa), Nancy (6 a 0), Paris FC (4 a 0), Sedan (4 a 1, casa), Racing Strasbourg (3 a 3, casa), Bastia (6 a 1, fora), Bordeaux (5 a 0, fora), Lens (3 a 2, fora) e Monaco (3 a 2, fora). Além do título nacional, os Verts fecharam a temporada com a dobradinha ao conquistar a Copa da França após superarem Angers (4 a 2), Nantes (3 a 2) e Stade de Reims (1 a 0) pelo caminho. Na final, vencerem o Monaco por 2 a 1 no Parque dos Príncipes com gols de Synaeghel e Merchadier.
Imbatíveis em casa e a primeira grande trajetória europeia
Na temporada 1974-1975, o Saint-Étienne seguiu dominante em casa e venceu o bicampeonato da Ligue 1. Os Verts somaram 58 pontos em 38 jogos, com 23 vitórias, seis empates e nove derrotas, além de 70 gols marcados (melhor ataque) e 39 gols sofridos (melhor defesa). O grande destaque da campanha foi a invencibilidade construída em casa, onde o esquadrão do técnico Herbin venceu simplesmente todos os jogos que disputou, com destaque para os 4 a 1 pra cima do vice-campeão Olympique de Marselha, dos brasileiros PC Caju e Jairzinho. Vale lembrar que, entre 13 de março de 1974 e 27 de agosto de 1975, o Saint-Étienne emendou 28 vitórias seguidas no Estádio Geoffrey-Guichard, além de completar 38 jogos sem perder dentro de seus domínios na Ligue 1.
Ainda em 1974-1975, os Verts venceram o bicampeonato da Copa da França com outra grande campanha: 4 a 3 no agregado sobre o Nancy, 3 a 1 no agregado sobre o Strasbourg e 2 a 0 no Bastia, na semifinal. Na decisão, a vitória por 2 a 0 sobre o Lens veio com gols de Piazza, aos 68′, e um golaço de Larqué, aos 79′. Sem rivais em casa, o Saint-Étienne começou a mostrar ao continente europeu sua força na Copa dos Campeões (atual Liga dos Campeões da UEFA) de 1974-1975. No primeiro desafio, os franceses venceram o Sporting-POR, em casa, por 2 a 0 – gols de Hervé Revelli e Bereta – e seguraram o empate em 1 a 1 em Lisboa.
No duelo seguinte, a equipe viajou até a Iugoslávia para encarar o perigoso Hajduk Split. No primeiro tempo, Jerkovic abriu o placar, aos 29′, e Hervé Revelli empatou seis minutos depois. Na segunda etapa, porém, os donos da casa foram pra cima e fizeram três gols. O placar de 4 a 1 parecia consolidar a vaga dos iugoslavos, mas o Saint-Étienne lotou seu Stade Geoffroy Guichard para uma virada histórica. Larqué fez 1 a 0, aos 36′, e Jovanic empatou, aos 60′. Bathenay, um minuto depois, fez 2 a 1 para os franceses e Bereta, de pênalti, ampliou para 3 a 1, aos 71′. Aos 82′, Triantafyllos fez 4 a 1 e igualou a série – na época, ainda valia o gol qualificado. O jogo foi para a prorrogação e o mesmo Triantafyllos fez o gol da classificação e que fechou a goleada de 5 a 1 dos Verts.
Nas quartas de final, a equipe francesa enfrentou o Ruch Chorzów, da Polônia, e fez um primeiro tempo desastroso no duelo de ida, fora de casa, quando levou 2 a 0 e ainda o terceiro, no primeiro minuto do segundo tempo. No entanto, o Saint-Étienne deu a volta por cima e conseguiu dois gols importantíssimos com Larqué e Triantafyllos, que garantiram o resultado de 3 a 2. Na volta, em casa, os Verts venceram por 2 a 0 – gols de Janvion e Hervé Revelli – e selaram a vaga na semifinal. Nela, o time francês reencontrou o Bayern München-ALE, clube que o Saint-Étienne havia eliminado na primeira fase da Copa dos Campeões de 1969-1970.
O problema é que o Bayern daquela temporada 1974-1975 já era campeão europeu e a base da Alemanha campeã do mundo um ano antes. Com isso, os bávaros seguraram o ímpeto dos franceses no duelo de ida e o placar não saiu do zero. Na volta, em Munique, Beckenbauer e Dürnberger fizeram os gols da vitória por 2 a 0 que classificou os alemães para a decisão, na qual eles derrotaram o Leeds United-ING por 2 a 0 e ficaram com o bicampeonato. A eliminação foi dolorida, mas os franceses provaram que o Saint-Étienne era um dos melhores times do continente.
Tricampeões e o efeito Rocheteau
Na temporada 1975-1976, o esquadrão do Saint-Étienne atingiu provavelmente o ápice técnico de seu elenco. E muito graças à explosão de Dominique Rocheteau, que superou as lesões que o atormentaram nas temporadas anteriores e jogou muito naquela época. Atuando no ataque, por vezes pela ponta ou centralizado, o “Anjo Verde”, como passou a ser chamado pela imprensa, foi a grande referência ofensiva do time na campanha do tricampeonato francês. Ele disputou 22 jogos e marcou 11 gols, além de contribuir com passes e grandes jogadas. Hervé Revelli seguiu implacável como artilheiro do time e anotou 12 gols em 29 jogos.
Os Verts somaram 57 pontos em 38 jogos (três a mais do que o vice-campeão, o Nice), venceram 18, empataram 15 e perderam apenas cinco jogos. A equipe teve o segundo melhor ataque com 69 gols e sofreu 38 (mais uma vez foi a melhor defesa do torneio). Assim como nas campanhas dos dois títulos anteriores, o Saint-Étienne não perdeu nenhum jogo em casa e somou mais 19 partidas de invencibilidade à sua dinastia na Ligue 1. Com isso, foram 57 jogos em casa sem perder em toda campanha do tri! Só faltou o trofeu da Copa da França para completar mais uma temporada irrepreensível em casa – a equipe acabou eliminada logo na primeira fase, diante do Troyes. É que o foco dos Verts estavam em outra competição: a Copa dos Campeões.
A saga europeia
Disposto a alcançar a final europeia, o Saint-Étienne era um dos principais candidatos ao troféu continental naquela temporada 1975-1976. E, etapa a etapa, o time comprovou mesmo que queria a Velhinha Orelhuda. O primeiro desafio foi o Kjøbenhavns Boldklub-DIN, derrotado tanto em Copenhage (2 a 0) quanto em Saint-Étienne (3 a 1). Nas oitavas de final, o time francês venceu o Rangers-ESC por 2 a 0 na ida, em casa, com gols de Patrick Revelli e Bathenay. Na volta, no Ibrox, os Verts venceram por 2 a 1 – gols de Rocheteau e Hervé Revelli – e tiveram pela frente o fortíssimo Dynamo de Kiev-URSS, do craque Oleg Blokhin e do lendário treinador Valeriy Lobanovskyi.
A equipe soviética havia vencido a Recopa da UEFA em 1974-1975 e a Supercopa da UEFA de 1975 e era uma das favoritas ao título europeu. E tudo parecia mesmo a favor do time azul e branco quando, na ida, o Dynamo venceu por 2 a 0 (gols de Konkov e Blokhin), resultado que deu uma ótima vantagem para a volta, na França. Mas um erro crucial do melhor jogador do time azul e branco naquela partida decretou a derrocada do Dynamo.
Quando o jogo ainda estava 0 a 0, Blokhin fez uma jogada maravilhosa, driblou dois, saiu em disparada, entrou na área com tudo para fazer o gol e… Foi desarmado por Christian Lopez! O Saint-Étienne iniciou um contra-ataque fulminante que resultou em gol, isso já no segundo tempo. Foi o bastante para enervar o time verde, que fez mais um, com Larqué, e levou o jogo para a prorrogação. Nela, Rocheteau, mesmo lesionado e ainda em campo, aproveitou uma sobra dentro da área de um chute de Patrick Revelli e fez 3 a 0, aos 113’, fechando uma classificação épica dos franceses para a semifinal!
No último desafio, a equipe encarou o PSV-HOL, dos irmãos Van de Kerkhof e do goleiro Van Beveren. No duelo de ida, na França, Larqué, aos 17’, fez o gol da vitória por 1 a 0 que deu a vantagem do empate para os Verts. Em Eindhoven, o goleiro Ćurković fez uma partidaça, pegou tudo, e o 0 a 0 colocou o Saint-Étienne na final! Era a primeira vez desde o Stade de Reims de 1959 que um clube francês disputava uma final de Copa dos Campeões. E eles teriam pela frente um velho e indigesto conhecido: o Bayern, bicampeão europeu e querendo o tri.
Maldita trave quadrada!
A final europeia de 1976 foi disputada no mítico estádio Hampden Park, em Glasgow (ESC). A equipe francesa foi superior aos alemães no primeiro tempo, mas acabou perdendo por 1 a 0 na segunda etapa e viu ruir o sonho do título inédito. Rocheteau, grande nome do time, acabou jogando apenas os sete minutos finais por causa de uma lesão e fez muita falta no time. Mas a derrota dos Verts acabou entrando para os livros por conta de dois lances ocorridos na primeira etapa. Aos 34’, um chute de Bathenay bateu na trave e, no rebote, uma cabeçada de Santini também explodiu no travessão. O grande problema desses lances é que as traves de Hampden Park eram quadradas e de madeira na época! E foram assim de 1903 até 1987 até serem banidas pela FIFA e substituídas pelas tradicionais, de metal e ovais.
Por conta disso, os franceses dizem até hoje que se elas fossem ovais em 1976, uma daquelas bolas teria entrado e o jogo poderia ter sido outro. Em 2013, veja só, o próprio Saint-Étienne comprou da Associação Escocesa as antigas traves por cerca de 20 mil euros e as inseriu em seu museu, no setor que conta a saga do clube na edição de 1976 da UCL. Aquela final ficou conhecida como a “final dos postes quadrados”. Na volta para casa, os atletas do Saint-Étienne foram recebidos com uma enorme festa e até desfile pela Champs Élysées, em Paris, com presença inclusive do presidente da França na época, Valéry Giscard d’Estaing.
Novo drama europeu e o fim
Na temporada 1976-1977, o Saint-Étienne foi bem abaixo das expectativas na Ligue 1 e perdeu sua hegemonia para o Nantes, campeão daquele ano. Os Verts terminaram apenas na 5ª colocação, com 45 pontos, e tiveram um desempenho mais focado na parte defensiva do que no ataque – o time teve a melhor defesa da Ligue 1, com 36 gols sofridos em 38 jogos, mas anotou apenas 55 gols – o campeão Nantes marcou 80. Patrick Revelli, com 14 gols, foi o artilheiro do time na Ligue 1. Se a taça escapou no torneio nacional, na Copa da França o Saint-Étienne reconquistou o troféu após derrotar o Stade de Reims na final por 2 a 1, gols de Bathenay e Merchadier. Antes, na semifinal, o time superou o Nantes com uma virada histórica de 5 a 1 em casa após perder o duelo de ida por 3 a 0.
Mas a torcida dos Verts teve outro dissabor na Copa dos Campeões. A equipe superou o CSKA Sofia-BUL e o PSV-HOL nas duas primeiras etapas, mas acabou eliminada para o Liverpool-ING em dois jogos muito disputados. No primeiro, em casa, os franceses venceram por 1 a 0. Na volta, Bathenay fez um gol, mas os ingleses acabaram vencendo por 3 a 1 e seguiram rumo ao título inédito da competição. A partir dali, a equipe caiu de produção, o capitão Larqué começou a entrar em conflito com o técnico Herbin e se transferiu para o PSG. Com várias mudanças nos anos seguintes e contratações de peso como Battiston, Rep e Platini, o Saint-Étienne voltaria a levantar o título da Ligue 1 em 1981, quando alcançou a marca de 10 troféus da competição, algo inédito na competição na época.
No entanto, aquele foi o último título dos Verts, que nunca mais celebraram um campeonato nacional e entraram em uma crise que se estende até hoje, sem perspectivas de melhora tão cedo. Enquanto isso, a torcida fica na lembrança de um esquadrão dominante e histórico, que construiu uma dinastia na França, comprovou a importância das categorias de base e por pouco não foi campeão europeu.
Os personagens:
Curkovic: com passagem de destaque pelo Partizan-IUG, finalista da Copa dos Campeões da Europa de 1966, o goleiro foi um dos mais prestigiados de seu país nos anos 1960 e 1970 e marcou época com a camisa do Saint-Étienne, clube onde passou a jogar a partir de 1972. Ele encerrou a carreira no clube francês em 1981 e brilhou com muita regularidade, grande senso de colocação e defesas milagrosas – em especial as que realizou no duelo contra o PSV, na campanha europeia de 1975-1976. Disputou 398 jogos pelo clube verde.
Janvion: defensor revelado pelas categorias de base do clube, Janvion tinha enorme condição física e muito eficiência no ataque. Aos poucos, conseguiu vencer a concorrência no setor da lateral-direita e foi titular absoluto nas trajetórias dos títulos nacionais de 1975 e 1976, além da campanha do vice da Copa dos Campeões. Brilhou também pela seleção da França, disputando a Copa do Mundo de 1982 como zagueiro.
Merchadier: capaz de atuar na lateral-direita e na zaga, brilhava também no ataque, marcando gols decisivos em várias ocasiões – deixou sua marca em duas decisões de Copa da França vencidas pelo Saint-Étienne, em 1974 e 1977. O francês tinha também boa capacidade defensiva e de marcação. Disputou 159 jogos e marcou 8 gols.
Oswaldo Piazza: zagueiro argentino muito técnico, capaz de realizar desarmes limpos e sem faltas ríspidas – bem diferente de seus compatriotas da época… -, Piazza chegou em 1972 ao Saint-Étienne, após temporadas de destaque no Lanús. Rapidamente ganhou a confiança do técnico Herbin e foi muito importante para a segurança defensiva do time, além de iniciar contra-ataques fantásticos. Rocheteau dizia que Piazza era a “locomotiva do time” tamanha sua importância. Muito seguro e focado, foi um dos principais jogadores do time entre 1972 e 1979, quando retornou à Argentina para jogar no Vélez Sarsfield. Foi muito querido pela torcida por conta do carisma. Piazza disputou 324 jogos e marcou 20 gols pelo Saint-Étienne.
Christian Lopez: fez uma lendária dupla de zaga com Piazza naquele Saint-Étienne imortal e foi o responsável pelo contra-ataque espetacular que ressuscitou o time naquele jogaço contra o Dynamo de Kiev, na Copa dos Campeões de 1975-1976. Podia jogar como líbero e também mais perto do meio de campo, distribuindo a bola graças à boa técnica que tinha. Disputou também 39 jogos pela seleção da França. Pelo Saint-Étienne, foram 465 jogos e 29 gols entre 1971 e 1982.
Farison: começou a carreira como ponta-esquerda, mas acabou indo para a lateral-esquerda, posição na qual fez grandes jogos e levou perigo constante às zagas rivais por conta de suas subidas ao ataque. Vestiu apenas a camisa dos Verts na carreira, entre 1967 e 1980, com 428 jogos e 7 gols.
Repellini: um dos mais polivalentes do time, podia atuar nas duas laterais e também no meio de campo, como primeiro volante. Tinha boa técnica para sair jogando e para desarmar os rivais. Jogou por 10 anos no Saint-Étienne e participou dos três títulos nacionais de 1974, 1975 e 1976.
Bathenay: um dos mais jovens do time, ganhou espaço no meio de campo por ser mais defensivo e ser um marcador muito consistente, mas que sabia sair jogando com categoria e ainda disparava chutes perigosos de média e longa distâncias. Um de seus chutes mais lembrados foi o que atingiu a trave quadrada de Hampden Park na final europeia de 1976. Disputou 213 jogos e marcou 34 gols pelos Verts na carreira.
Larqué: capitão e ídolo da torcida, levava experiência aos mais jovens e foi uma referência no meio de campo com sua grande visão de jogo, passes precisos e liderança, além de marcar gols em suas investidas no ataque. Foram 416 jogos e 105 gols pelo Saint-Étienne entre 1966 e 1977. Após pendurar as chuteiras, virou um dos mais renomados jornalistas da França, trabalhando na rádio (RMC) e em canais de TV como Canal +, TF1, Antenne 2 e M6.
Synaeghel: um dos mais raçudos do time, brigava pela bola em todo momento e tirava do sério os rivais. Jogava no meio de campo e também aparecia no ataque para marcar gols – foram 32 em 214 partidas.
Santini: muito versátil, podia jogar tanto mais recuado como mais à frente. Era um importante elo entre o meio de campo e ataque e anotou 54 gols em 343 jogos pelo Saint-Étienne. Na ausência de Larqué, vestia a braçadeira de capitão.
Patrick Revelli: rápido e habilidoso, o atacante era sempre um perigo às zagas rivais por sua movimentação e qualidade para driblar e cruzar bolas na área. Disputou 303 jogos e marcou 87 gols pelos Verts entre 1969 e 1978.
Hervé Revelli: centroavante matador e referência no ataque do Saint-Étienne em dois períodos distintos, entre 1966-1971 e 1973-1978, Hervé Revelli é uma lenda dos Verts e maior artilheiro da história do clube com 220 gols em 414 jogos. Com o estilo de jogo pelas pontas proposto pelo técnico Herbin, Revelli recebia muitas bolas atuando centralizado e não desperdiçava as oportunidades. Foi o principal goleador do time naquele período de ouro. Brilhou, também, pela seleção da França, pela qual disputou 30 jogos e marcou 15 gols.
Rocheteau: um dos mais brilhantes atacantes franceses da história, Rocheteau teve a carreira marcada por lesões, mas nas vezes em que esteve em forma, foi simplesmente sensacional. Rápido, inteligente e driblador, encantou a torcida com partidas mágicas e lances marcantes. Foi um nome marcante, também, na seleção da França, disputando as Copas de 1978 e 1982 e vencendo a Eurocopa de 1984. Foram 59 gols em 213 jogos pelo Saint-Étienne e 15 gols em 49 jogos pela seleção.
Triantafyllos: o atacante francês de origem grega fez grandes jogos com a camisa verde e, embora não fosse titular, sempre correspondeu quando exigido. Em 50 jogos, marcou 20 gols.
Bereta: jogou nos Verts entre 1966 e 1974 e foi um dos principais nomes de ataque da equipe. Com uma ótima perna esquerda, driblava bem e era eficiente nas finalizações. Foi o primeiro capitão daquela geração. Em 358 jogos, marcou 78 gols.
Sarramagna: jogava mais pela ponta-esquerda, mas perdeu espaço ao longo dos anos com a ascenção dos irmãos Revelli e Rocheteau. Jogou no clube de 1970 até 1979 até se transferir para o Montpellier.
Robert Herbin (Técnico): Herbin já era um ídolo do Saint-Étienne desde seus tempos de jogador, quando se tornou o 2º atleta com mais jogos na história do clube – 492 partidas – e 8º maior artilheiro – 99 gols. Mas, quando exerceu a função de treinador, Herbin entrou definitivamente para o Olimpo do Saint-Étienne pelos títulos, pelo estilo de jogo e por ter levado o clube à final europeia de 1976. O título não veio por detalhes, mas tudo o que ele construiu ao longo dos anos jamais será esquecido. Em sua passagem entre 1972 e 1983, Herbin acumulou 281 vitórias, 125 empates e 110 derrotas. Ele comandou o clube em outras duas oportunidades, mas sem o brilhou dos anos 1970.
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E maldito Bayern Munique heim por duas vezes ferraram os verdes na champions.a final de 76 eu vi na íntegra e principalmente no primeiro tempo o saint Etienne engoliu o Bayern mas cometeu um erro fatal contra alemães:não fez o gol e aí numa falta o touro Franz Roth acertou uma bomba e matou os caras.uma dica faz o Leeds United do controverso don Revie vencedor mas criticado por jogar meio sujo.
Parabéns pelo texto Guilherme fato comprovado junto com o Reims dos anos 50 o saint etienne dessa época se transformou no maior time francês da história.o PSG pode ganhar 30 ligues1 seguidas que não dá pra comparar.o curioso e a camisa verde sem escudo bem tradicional mesmo.so lembrando que o argentino Oswaldo Piazza na época da copa de 78 seria titular na zaga junto com passarella.o Menotti queria trazer ele pois era o argentino com mais experiência na Europa mas aí a mulher dele sofreu um acidente de carro e o Piazza preferiu ficar com ela na frança e abriu mão da vaga na copa.