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Seleção dos Sonhos de Portugal

 

Por Guilherme Diniz

 

Embora tenha sido criada em 1921, a Seleção Portuguesa de Futebol só disputou seu primeiro grande torneio em 1966, quando conseguiu, enfim, participar da Copa do Mundo da FIFA. E seu debute não poderia ser melhor: 3º lugar, grandes jogos e shows de craques como Mário Coluna e Eusébio, principais expoentes de uma era fantástica do futebol do país naqueles anos 1960. Na década seguinte, um hiato, com um bom retorno nos anos 1980 após campanha de destaque na Eurocopa de 1984 e novos esquadrões na virada da década de 1980 e início da de 1990, principalmente o time campeão mundial sub-20. Mas foi a partir dos anos 2000 que a equipa lusitana permaneceu de vez entre as maiores seleções do planeta. Primeiro, um vice-campeonato na Eurocopa de 2004. Depois, um 4º lugar na Copa do Mundo de 2006. Mas o grito de campeão tão adiado por décadas veio em 2016, com a conquista da Eurocopa na França. Três anos depois veio outro troféu: a edição inaugural da Liga das Nações da UEFA, com vitória na decisão contra a Holanda. Tudo sob a capitania de Cristiano Ronaldo, que fez os Navegadores alcançarem um status jamais visto no futebol europeu.

Mesmo sem tantos títulos, Portugal é uma das seleções que mais revelou talentos nos últimos anos e possui uma vocação para ainda mais glórias no futuro. Mas é só ver a quantidade de craques na enquete dessa Seleção dos Sonhos para perceber o quão importantes eles foram não só para a pátria, mas para seus clubes em diferentes países e épocas. É hora de conferir como ficou esse timaço!

 

Portugal dos Sonhos – Escolha dos Leitores e Leitoras

 

Esquema tático: 4-3-3

Para explorar os jogadores rápidos e técnicos dessa seleção, o público escolheu o esquema 4-3-3, com dois atacantes mais abertos pelas pontas, um centroavante de ofício e dois meias com habilidades para ajudar na construção de jogadas e ainda recuar para ajudar na marcação. Essa formação teve mais de 41% dos votos, vencendo o 4-4-2, que somou 31,9%.

 

 

O time: Vítor Baía; João Pinto, Ricardo Carvalho, Pepe e Hilário; Mário Coluna, Luís Figo e Rui Costa; Eusébio, Peyroteo e Cristiano Ronaldo. Técnico: Fernando Santos.

Os Escolhidos

 

Goleiro: Vítor Baía

Uma lenda no Porto e considerado o maior goleiro da história do clube, Baía é provavelmente o arqueiro mais famoso do futebol português e começou no clube alviceleste lá em 1987, jogando até 1996, quando se transferiu para o Barcelona. Ficou pouco na Catalunha até descobrir que seu lugar era mesmo no Porto, para onde voltou em 1999 e ficou até encerrar a carreira, em 2007. Conquistou mais de 20 títulos com o clube, incluindo 10 títulos nacionais, 1 Liga dos Campeões, 1 Copa da UEFA e um Mundial Interclubes, estes com o grande esquadrão dos anos 2000. Foi um dos maiores goleiros de Portugal e um dos grandes das décadas de 1990 e de 2000, recebendo vários prêmios e honrarias. Pela seleção, disputou 80 jogos entre 1990 e 2002 e esteve na Copa do Mundo de 2002.

 

A fama e os títulos na carreira ajudaram Vítor Baía a vencer a disputa desta enquete com 42% dos votos, ficando à frente de Rui Patrício (20,4% dos votos), campeão da Euro de 2016 e da Liga das Nações de 2019, de Ricardo (12,7% dos votos), titular nas históricas campanhas da seleção entre 2004 e 2006 e do Boavista campeão português em 2000-2001, e de Manuel Bento (11,5% dos votos), lendário goleiro do Benfica por duas décadas e que disputou a Euro de 1984 e a Copa do Mundo de 1986 pela seleção.

 

Lateral-Direito: João Pinto

Com notável espírito de liderança e muita aplicação tática, João Pinto é considerado o maior lateral-direito da história de Portugal e também do Porto. Só vestiu a camisa do clube na carreira, entre 1981 e 1997, e conquistou quase todos os títulos possíveis – entre eles a Liga dos Campeões da UEFA de 1986-1987 e o Mundial de 1987, ambos como capitão. Com muita aplicação tática, força para defender e atacar e exímio marcador, João Pinto ocupava todo o setor direito da zaga com perfeição e era idolatrado pela torcida. Disputou a Euro de 1984 e a Copa do Mundo de 1986 por Portugal e vestiu a camisa da Seleção das Quinas 70 vezes na carreira. O técnico inglês Bobby Robson, que treinou o Porto entre 1994-1996, disse certa vez que João Pinto tinha “dois corações e quatro pernas. É extremamente difícil encontrar um jogador como ele”.

 

Essa foi a disputa mais acirrada dentre todas as já realizadas aqui no Imortais. Até o último dia de votação, a liderança sempre alternou entre João Pinto e Paulo Ferreira, mas, no último dia, João Pinto conseguiu a vitória por apenas um voto! Ele somou 26,7% contra 26,4% de Paulo Ferreira, titular do outro Porto campeão europeu em 2004. A terceira colocação ficou com Domiciano Cavém, lenda do Benfica e que podia atuar em várias posições do setor defensivo, com 13,9%, seguido de Miguel, figurinha carimbada nas seleções de Portugal dos anos 2000, com 12,9% dos votos.

 

Lateral-Esquerdo: Hilário

Era um ótimo defensor e tomou conta do setor esquerdo do Sporting por quase 15 anos. Tinha muita força de vontade e se entregava como poucos em campo, mostrando amor à camisa e ao esporte. Raramente perdia uma dividida e se notabilizou como um dos mais regulares laterais-esquerdos do futebol europeu nos anos 1960. Pela seleção, Hilário disputou 40 jogos e esteve no grupo que disputou a Copa do Mundo de 1966. Venceu sete troféus pelo Sporting, mas curiosamente não pôde disputar a final da Recopa da UEFA vencida pelos Leões, em 1963-1964, por ter fraturado a tíbia três dias antes das finais contra o MTK Budapeste-HUN. Após pendurar as chuteiras, Hilário virou treinador e comandou uma série de clubes de Portugal até 2004, mas sem levantar títulos.

 

Essa foi outra votação bastante disputada, com Hilário vencendo por apenas 10 votos de vantagem (25,2% dos votos) o segundo colocado, Raphaël Guerreiro, lateral campeão europeu com a seleção em 2016, que teve 22% dos votos. A terceira colocação ficou com Fábio Coentrão (20%), bastante conhecido do público por conta de sua passagem pelo Real Madrid no começo dos anos 2010.

 

Zagueiro: Ricardo Carvalho

É o 10º jogador na lista dos que mais vestiram a camisa da seleção portuguesa na história com 89 jogos, além de ter anotado cinco gols. Começou a jogar no Amarante até se transferir ainda juvenil para o Porto, em 1997, onde começou a crescer profissionalmente e a virar craque sob o comando de José Mourinho a partir de 2002. Ricardo Carvalho tinha praticamente todas as qualidades de um bom zagueiro: era leal, perfeito nas antecipações, muito seguro, tinha um notável senso de colocação e era eficiente no jogo aéreo e nos desarmes. Fez uma dupla marcante com Jorge Costa na zaga do Porto naqueles anos mágicos. Depois do título da Liga dos Campeões de 2003-2004, foi junto com Mourinho para o Chelsea, onde também marcou época e se transformou em um dos mais respeitados zagueiros do futebol mundial nos anos 2000. Foi titular tanto na Eurocopa de 2004 quanto nas Copas de 2006 e 2010. Já veterano, estava no grupo campeão da Eurocopa de 2016.

 

Zagueiro: Pepe

Ele sempre teve fama de violento e de não aliviar nas divididas, além de levar muitos cartões. Mas a experiência fez com que o brasileiro naturalizado português Pepe se transformasse num dos mais regulares jogadores de Portugal, principalmente na década de 2010, quando vestiu a camisa do Real Madrid e colecionou títulos pelos merengues. O defensor foi um dos principais nomes da Seleção das Quinas na conquista da Eurocopa de 2016 com eficiência na marcação e nos desarmes, superando as críticas e escrevendo seu nome na história. Na decisão contra a França, foi um dos melhores no jogo com vários desarmes e 100% de aproveitamento nos 31 passes curtos que fez. Veterano e convocado desde 2007 para a seleção, tem 113 jogos e sete gols por Portugal na carreira (é o 4º na lista dos atletas que mais vestiram o manto luso) e disputou as Copas de 2010, 2014 e 2018.

 

Companheiros de seleção, Ricardo Carvalho e Pepe repetiram a parceria nessa equipe dos sonhos e venceram a disputa com boa margem de votos. Carvalho foi o campeão com 68,7%, enquanto Pepe somou 53,1%. A terceira colocação ficou com Fernando Couto (30,1%), um dos mais talentosos defensores portugueses dos anos 1990 e 2000 e que também podia jogar mais avançado, como volante, além de ser o 6º jogador com mais partidas pela seleção na história (110 jogos e oito gols). A quarta posição foi de Humberto Coelho (17,4%), o “Beckenbauer português”, grande ídolo do Benfica nos anos 1970 e 1980 e que acumulou 64 jogos e seis gols pela seleção.

 

Volante: Mário Coluna

No meio de campo do maior esquadrão da história de Portugal, jogava um craque absoluto e venerado pelos companheiros como um verdadeiro senhor. Em outro meio de campo, dessa vez da Seleção Portuguesa de 1966, este mesmo craque esbanjou vigor, força, talento e foi o maior responsável pelas açucaradas bolas recebidas e guardadas nas redes dos gols ingleses, em 1966, por um Pantera Negra. Esse meio-campista jogou tanto, mas tanto, que um apelido portentoso o definiu para sempre: Monstro Sagrado. Ele foi monstruoso com a bola nos pés, um gigante que fazia o bem para o esporte e para seu povo. E sagrado para a nação de Portugal e para todos os amantes do futebol por sua técnica, estilo e competitividade. Mário Coluna se consagrou como um dos mais completos meio-campistas da história e parte integrante da era de ouro do futebol português, nos anos 1960, quando o Benfica dominou a Europa e a Seleção Portuguesa por muito pouco não levou a Copa do Mundo de 1966.

Forte, elegante, inteligente, com um físico invejável e dono de potentes chutes de longa distância, Coluna fazia de tudo e mais um pouco: criava jogadas, marcava rivais, tomava bolas com extrema facilidade, armava contra-ataques letais e anotava gols maravilhosos e decisivos. Foram 57 jogos e seis gols por Portugal. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Com quase 53% dos votos, Coluna venceu com facilidade a eleição para ser o volante desta seleção dos sonhos, deixando Paulo Sousa, que colecionou títulos pela Juventus e pelo Borussia Dortmund nos anos 1990, na segunda colocação, com 28,6% dos votos. João Moutinho, presença constante nas seleções portuguesas da década de 2010, terminou em 3º lugar com 19,1% dos votos.

 

Meia: Rui Costa

Photo by Andreas Rentz/Bongarts/Getty Images

 

Quando Eusébio viu aquele garoto jogar, ele não tinha dúvidas de que Portugal havia acabado de ganhar um verdadeiro tesouro. Os anos se passaram e o Pantera realmente tinha razão. Aquele garoto cresceu e esbanjou classe e técnica no meio de campo. Foi assim nos seletíssimos quatro clubes nos quais ele jogou. Poucos, mas suficientes para consagrar Rui Costa como um dos maiores jogadores portugueses de todos os tempos, um exemplo clássico de camisa 10, que, não por acaso, lhe rendeu o apelido de “Maestro”.

Revelado pelo Benfica e craque nas seleções de base de seu país, Rui Costa despontou de vez como um grande nome do futebol europeu na Itália, quando defendeu as cores da Fiorentina e do Milan, pelos quais foi campeão e virou ídolo. Só faltou mesmo um grande título pela Seleção principal, que escapou em 2004, na final da Eurocopa. Mesmo assim, Rui Costa teve tempo suficiente para brilhar e escrever seu nome na história de Portugal e do futebol. Foram 94 jogos, 26 gols e uma Copa do Mundo disputada pela seleção na carreira. Ele é o 8º jogador com mais partidas pela seleção e o 7º maior artilheiro. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Meia: Luís Figo

No vertiginoso banquete de gols do futebol, ele sempre fornecia o ingrediente para o prato principal: a bola. Do meio de campo, saía em velocidade em direção ao ataque, se transformava em um legítimo ponta e dava passes cheios de tempero e especiarias para os companheiros marcarem gols especiais, diferenciados e únicos. Tinha doses balanceadas de força, habilidade, visão de jogo e carisma. E, com o pé direito, fazia de tudo, até mesmo mágica, quando desaparecia com a bola num piscar de olhos. Luís Figo esbanjou classe por onde passou e foi o maior símbolo, nos anos 1990 e 2000, da mais talentosa geração de futebolistas portugueses desde os anos 1960. Predestinado aos títulos, Figo levantou taças em todos os clubes por onde passou, mas não ficou longe das polêmicas quando deixou o Barcelona-ESP e assinou com o maior rival do clube catalão, o Real Madrid-ESP, deixando furiosos os torcedores blaugranas.

Não era para menos, afinal, Figo jogava muito, e morou no coração dos barcelonistas durante cinco anos. Em Madrid, Figo também despertou felicidade e conseguiu seu espaço. Ídolo em sua terra, o craque só não conseguiu glórias do tamanho de seu futebol por Portugal, embora tenha chegado muito perto, em 2004, no vice-campeonato da Eurocopa, e em 2006, quando a seleção lusa alcançou as semifinais da Copa. Figo disputou as Copas de 2002 e 2006, acumulou 127 jogos e marcou 32 gols pela seleção. É o 3º na lista dos que mais vestiram a camisa de Portugal na história e o 4º maior artilheiro. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Com quase 90% dos votos, Figo foi soberano na votação dos meias dessa seleção e ganhou a companhia de Rui Costa, o vice-campeão, com 66,2%. Logo após a dupla veio o brasileiro naturalizado português Deco, que somou 50% e marcou época na seleção dos anos 2000. Paulo Futre, um dos mais talentosos craques do futebol português nos anos 1980, terminou com 28,5% da preferência.

 

Atacante: Eusébio

Um atacante extremamente habilidoso, vindo de uma infância pobre de Moçambique, antiga colônia portuguesa, chocou a Europa no começo dos anos 1960 com um talento jamais antes visto no continente. Nos campos improvisados de Lourenço Marques, com bolas de trapos e espaços pequenos, Eusébio aprendeu como aplicar dribles curtos, rápidos e desconcertantes em seus oponentes, levar todas essas características aos mais diversos estádios do planeta e se transformar num mito do esporte e um dos maiores jogadores da história.

Com uma facilidade incrível para marcar gols e média de quase um gol por jogo na carreira, o Pantera Negra revolucionou o Benfica e deu ao clube português quase todas as glórias possíveis, sendo a maior delas a Liga dos Campeões da UEFA de 1961-1962, numa emblemática final contra o Real Madrid. Além disso, levantou com a camisa vermelha do clube de Lisboa nada mais nada menos que 11 Campeonatos Portugueses, sendo artilheiro de quase todos eles. Foi o super atacante que, em 1966, conduziu Portugal em sua melhor campanha na história das Copas do Mundo (justamente na primeira aparição portuguesa em Mundiais), um incrível terceiro lugar, ficando atrás apenas da campeã Inglaterra (de Bobby Moore) e da Vice Alemanha (de Beckenbauer).

Eusébio marcou nove gols, foi artilheiro, virou uma partida praticamente sozinho para 5 a 3 contra a Coreia do Norte (quando sua seleção perdia por 3 a 0) e eleito um dos melhores jogadores daquele Mundial. Presença constante em listas dos melhores do século XX, artilheiro de tudo o que disputou, dono de um chute poderoso, dribles mágicos, raça pura e muita velocidade, Eusébio foi um craque marcante. E imortal. Ele é o 3º maior artilheiro da seleção na história com 41 gols em 64 jogos. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Atacante: Peyroteo

Ele teve um número de gols maior do que o de partidas que disputou na carreira. Era comum para aquele craque fazer de três a cinco tentos por jogo. Ou seis. E oito. Por que não nove?! Nem Puskás, nem Pelé, nem Eusébio, nem Gerd Müller. O mais letal, prolífico e assombroso atacante da história do futebol mundial foi Fernando Peyroteo uma máquina de “golos” que apavorou o futebol português e europeu nos anos 1940 e cravou recordes alucinantes e dificílimos de serem igualados ou batidos. Já estamos no século XXI, vimos artilheiros incríveis e ninguém conseguiu passar perto de tudo o que Peyroteo fez, sobretudo, com a camisa verde e branca do Sporting, clube onde ele foi a estrela principal de um quinteto de ataque que ficou eternizado na memória de todos sob o nome “Cinco Violinos”. Eles jogavam realmente por música e Peyroteo era o maestro de uma equipe que colecionou títulos em Portugal e teve médias de gols estrondosas.

Pouco conhecido na América e no Brasil, esse português forte, rápido e muito talentoso foi o atacante perfeito e um sonho para qualquer treinador ou torcedor. Não é à toa que ele está nessa seleção dos sonhos. O craque vestiu a camisa de Portugal 20 vezes e marcou 14 gols. Leia mais sobre ele clicando aqui!

 

Atacante: Cristiano Ronaldo

O que dizer de Cristiano Ronaldo? Bem, neste século, vimos a metamorfose de um dos maiores craques que o esporte já viu. Após o início no Sporting, o jovem foi para o Manchester United e passou a ser lapidado por Sir Alex Ferguson. Deixou de fazer tantas firulas e foi aumentando sua média de gols. Felipão, quando estava no comando de Portugal, também contribuiu para o amadurecimento do jovem. As derrotas na Euro de 2004 e na Copa de 2006 doeram no jogador. Mas, com o tempo, ele foi melhorando e melhorando. Foi então que chegou a década de 2010. E, com a camisa do Real Madrid, virou de vez um imortal do futebol.

Cristiano vibra: Portugal foi 100% na primeira fase da Copa de 2006.

 

Cristiano Ronaldo conseguiu se transformar no maior artilheiro da história do clube com 451 gols em 438 jogos – uma absurda média de 1,03 gols por jogo. Mais gols do que jogos. Estraçalhou tabus. Colecionou recordes. Taças. E gols, gols e gols. CR7 foi a maior máquina de gols do futebol entre 2013 e 2018. O maior finalizador do futebol, talvez um dos maiores de todos os tempos. Quando aparecia a oportunidade, ele fazia o gol. Não errava. Atleta perfeito, raramente se contundia. E mostrou perfeita sintonia com a competição mais querida pelo Real: a Liga dos Campeões. Foi o primeiro jogador a marcar em todos os jogos da fase de grupos de uma Liga, em 2017-2018. Recordista de gols em uma fase de grupos (11, em 2015-2016). Único a vencer a Liga dos Campeões por cinco vezes na era moderna. Primeiro a marcar 100 gols na Liga dos Campeões, em 2017. E, em fevereiro de 2018, o primeiro a chegar aos 100 gols na UCL por um só clube. É o dono do Top 3 das maiores artilharias da história do torneio – 17 gols (2014), 16 gols (2016) e 15 gols (2018).

 

Cristiano e sua quinta Champions na carreira. Quatro delas com o Real. Foto: Reuters.

 

Mas ele também virou o homem dos recordes com a seleção. Falando apenas em Eurocopas, CR7 é o maior artilheiro da história da Eurocopa ao lado de Platini (9 gols), jogador que mais marcou gols na Euro juntando Eliminatórias e a competição principal (29 gols), jogador que mais disputou a Euro na história (quatro vezes) e jogador que mais disputou jogos da Euro (21 jogos). E, na Eurocopa de 2016, ele transformou a competição em sua redenção. Crente de que aquela poderia ser sua última na carreira, o craque fez do torneio a ode para conquistar seu maior sonho: ser campeão por Portugal.

O choro de Cristiano comoveu até os franceses.

 

Após dois empates, levou o time nas costas contra a Hungria em sua melhor partida, conseguiu a classificação e continuou importante na fase de mata-mata. Se não foi o prolífico goleador do Real Madrid, Cristiano foi o responsável por conduzir todo o time como capitão até o fim. Inspirou seus companheiros. Vibrou como nunca. Na final, chorou copiosamente por não conseguir continuar em campo após uma maldosa entrada do rival em seu joelho. Só assim para brecar um atleta formidável, com um dos maiores físicos do esporte. Mas, como líder, continuou lá, firme, para ser a referência. Na prorrogação, foi a voz para Raphaël Guerreiro cobrar uma falta que quase virou gol. Manteve o mesmo garoto forte, em campo, quando ele se contundiu. E não aguentou o choro quando viu Eder marcar o gol mais importante da história portuguesa.

Foto: REUTERS/Darren Staples.

 

Ao final, ergueu sua primeira taça como capitão. Justamente por seu país, pela nação que ele tanto ama e ajuda fora das quatro linhas. O título da Euro serviu para sepultar críticas, dúvidas ou qualquer outra coisa que se disse sobre ele. Três anos depois, lá estava ele erguendo outro troféu, a Liga das Nações, além de atingir a marca de atleta com mais jogos na história da seleção (170 jogos) e maior artilheiro (102 gols). Em Copas, o craque ainda não conseguiu o título nas quatro oportunidades que teve (2006, 2010, 2014 e 2018), mas sua partida contra a Espanha, na Copa da Rússia, foi uma ode ao espetáculo. E prova de que ele pode, sim, sonhar com 2022. Cristiano Ronaldo já é um imortal do futebol. E um dos maiores atletas de todos os tempos.

 

CR7 e Eusébio foram óbvias unanimidades na enquete dos atacantes e alcançaram 94,4% e 92,9% dos votos, respectivamente. O terceiro lugar ficou com Peyroteo, com 20,9%. A quarta colocação foi de Pauleta (12,6% dos votos), que por muitos anos foi o maior artilheiro da seleção, seguido de Ricardo Quaresma (6,2%), o “rei da trivela”.

 

Técnico: Fernando Santos

Após bons trabalhos no Porto e no futebol grego, o treinador assumiu a seleção portuguesa em 2014 com o propósito de acabar de vez com o estigma de derrotismo que pairava sobre as bandas lusitanas. Com calma, sobriedade e visão para selecionar ótimos jovens jogadores, montou um grupo com alma vencedora. Seu trabalho na Eurocopa de 2016 foi impressionante, cheio de adversidades, mas com a redenção na final. Os números não mentem sobre seu desempenho: até dezembro de 2020 foram 79 jogos, 49 vitórias, 18 empates e apenas 12 derrotas, aproveitamento de 62% de aproveitamento, além dos títulos da Euro de 2016 e da Liga das Nações de 2019. Por ser o primeiro técnico campeão pela seleção principal, não foi à toa que Fernando Santos foi eleito para comandar esse time dos sonhos.

 

Com pouco mais da metade dos votos (51,8%), Fernando Santos superou os brasileiros Otto Glória (21,5%), técnico da seleção de 1966, e Luiz Felipe Scolari (21,2%), treinador da grande equipe de 2004-2006. A 4ª colocação ficou com Cândido de Oliveira (2,4%), grande personagem do futebol em Portugal e que dá nome à Supertaça Cândido de Oliveira, disputada anualmente entre os campeões da Primeira Liga e da Taça de Portugal.

 

Reservas Imediatos

 

Goleiro: Rui Patrício

Lateral-Direito: Paulo Ferreira

Lateral-Esquerdo: Raphaël Guerreiro

Zagueiros: Fernando Couto e Humberto Coelho

Volantes: Paulo Sousa e João Moutinho

Meias: Deco e Paulo Futre

Atacantes: Pauleta, Ricardo Quaresma, João Vieira Pinto, Nani e Fernando Chalana

Auxiliar Técnico: Otto Glória

 

O Imortais também escalou a sua seleção! Veja abaixo:

 

Portugal dos Sonhos – Escolha do Imortais

Esquema Tático: 4-3-3

O time: Manuel Bento; João Pinto, Ricardo Carvalho, Germano de Figueiredo e Hilário; Mário Coluna, Luís Figo e Rui Costa; Eusébio, Peyroteo e Cristiano Ronaldo. Técnico: Fernando Santos.

 

Na Seleção dos Sonhos de Portugal do Imortais, apenas duas mudanças foram feitas com relação ao time dos leitores e leitoras: no gol, entrou Manuel Bento, um dos melhores goleiros do futebol europeu nos anos 1970 e 1980, e, na zaga, Germano de Figueiredo ficou no lugar de Pepe. No mais, os mesmos craques escolhidos por vocês! Os reservas imediatos seriam: Rui Patrício para o gol; Paulo Ferreira para a lateral-direita, Domiciano Cavém para a lateral-esquerda; Fernando Couto e Manuel Marques para a zaga; Paulo Sousa e João Moutinho como volantes, Paulo Futre, Deco e Fernando Chalana como meias e Matateu, José Águas, Fernando Gomes e António Simões como atacantes.

 

Os escolhidos pelo Imortais ausentes na seleção dos leitores (as):

 

Goleiro: Manuel Bento

Ele tinha apenas 1,73m de altura. Muito pouco para um goleiro. Mas o “pequenino” compensava aquele detalhe com muito arrojo, reflexos impressionantes e defesas sensacionais que o transformaram na “Muralha da Luz”, referência aos seus tempos áureos de Benfica, e também no “homem de borracha”. Extremamente ágil, Manuel Bento jogou em alto nível até os 40 anos e sempre foi um exemplo de profissionalismo e dedicação e não media esforços para defender como fosse preciso sua meta. Fazia pontes maravilhosas, pegava bolas rasteiras como poucos e virou um ídolo tanto no Benfica – pelo qual disputou 465 jogos e venceu 10 campeonatos nacionais -, como pela seleção, vestindo a camisa das Quinas 63 vezes e disputando a Eurocopa de 1984 e a  Copa do Mundo de 1986.

 

Zagueiro: Germano de Figueiredo

Eleito o melhor zagueiro da Liga dos Campeões da UEFA de 1960-1961 e um dos responsáveis por neutralizar o forte ataque do Barcelona-ESP na decisão vencida pelos encarnados por 3 a 2,   Germano de Figueiredo era a referência no centro da zaga do grande Benfica bicampeão europeu. Jogou no time de 1960 até 1966, sendo peça chave nas diversas conquistas dos Águias no período. Seguro no jogo aéreo e nos desarmes, o zagueiro foi um dos principais defensores do futebol europeu nos anos 1950 e 1960 e brilhou, também, pelo Atlético Clube de Portugal, seu primeiro clube na carreira. Vestiu a camisa de Portugal em 24 partidas, mas não conseguiu uma vaga no time titular da Copa de 1966 e só jogou a partida contra a Bulgária, na fase de grupos. Foi ainda eleito para os times World XI da revista World Soccer em 1961, 1962 e 1965.

 

Leia mais sobre Portugal clicando aqui!

 

 

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Comentários encerrados

6 Comentários

  1. Um extraordinário trabalho. Parabéns por mais este conteúdo. Há anos acompanho o portal. E passo momentos agradabilíssimos descobrindo dados e História do Futebol através deste website. Sucesso cada vez mais nos projetos.

  2. Caro Guilherme,

    Desde já um grande obrigado pelo seu trabalho de pesquisa aprofundado. Sou português, sigo o seu blog há vários meses e confesso que estava à espera deste artigo !

    Gostei muito e gostava de deixar uns comentários que espero possam ser interessantes para si e para os leitores do blog :

    – guarda redes… ou goleiro 🙂

    Embora não tenha visto ele jogar, parece-me que o Carlos Gomes devia constar na sua lista. Foi guarda redes titular do Sporting e da seleção e não teve maior sucesso por razões politicas e pessoais. O meu pai sempre me disse que ele foi o maior guarda redes português de todos os tempos. Também o Eusébio, quando lhe pediram de escalar uma seleção dos sonhos num artigo do jornal Publico em 1998 escolheu Carlos Gomes para a baliza. Se tiver tempo, aconselho a leitura deste artigo : https://www.cmjornal.pt/desporto/detalhe/faleceu-carlos-gomes

    Acho que a história do Carlos Gomes faria um belo artigo aqui no seu blog.

    Pessoalmente, eu teria escolhido Carlos Gomes para titular e Vítor Damas na baliza.

    Mário João : parece-me que o Mario João era lateral direito e não lateral esquerdo. O lateral esquerdo do Benfica nessa época era o Ângelo, que faleceu em Outubro 2020.

    Jogadores que podiam merecer estar aqui :

    – Artur Correia, lateral direito (Benfica e depois Sporting, anos 70). Fortissimo a atacar e a defender. Muito raçudo mas ao mesmo tempo técnico e rápido. Depois de defrontar o Ajax na Taça dos Campeões Europeus, o treinador dos holandeses Stefan Kovacs declarou que ele era o melhor lateral direito da Europa.

    – Félix, defesa central e lateral esquerdo (Benfica, anos 50) : considerado como o precursor de Germano, um defesa muito moderno para o seu tempo, técnico, inteligente, capaz de construir jogadas e que antecipava muito bem os lances. Tem uma importância especial porque participou da primeira grande conquista europeia do Benfica, a Taça Latina de 1950. Teve um fim de carreira conturbado no Benfica e na seleção (dava outro artigo fantástico aqui) : https://benficahd.blogspot.com/2010/08/felix-assuncao-antunes.html

    – Antonio Oliveira, numero 10 ou médio ofensivo (Porto e Sporting, anos 70-80) : muito importante no FC Porto porque quebrou em 1978 um jejum de 19 anos sem ganhar o campeonato. Um médio muito fino e criativo, forte na criação de jogadas mas também na finalização. Era um grande executante de bolas paradas. Foi selecionador nacional na Copa do Mundo de 2002. Veja este video : https://www.youtube.com/watch?v=I_xk7ztyYbk

    – João Alves, numero 10 ou médio ofensivo (Benfica, anos 70-80). Um criativo puro. Em 1977, foi transferido para o discreto Salamanca e mesmo assim foi considerado o melhor jogador estrangeiro à frente de Cruyff e Kempes… Era conhecido por jogar de luvas pretas. Nos anos 80 voltou ao Benfica e disputou as finais da taça UEFA em 83 mas não saiu do banco. Ele sempre disse que se tivesse jogado o Benfica tinha ganho mas a decisão foi do técnico Eriksson que alegou um atraso num treino.

    – José Maria Pedroto, técnico (Porto, anos 70-80). Foi selecionador nacional de 74 a 77. Acho que há um consenso em Portugal para dizer que este senhor foi um dois maiores treinadores portugueses de todos os tempos. Foi ele que lançou as bases do grande Porto que apareceu a partir dos anos 80. Um revolucionário.

    Três jogadores que merecem na minha opinião mais relevo :

    – José Aguas. Único jogador na historia da Taça dos Campeões Europeus / Champions a erguer a taça e ser artilheiro e capitão. Uma lenda.

    – Matateu. O Eusébio dizia que “não era o Matateu que não tinha jogado com o Eusébio, era o Eusébio que não tinha jogado com o Matateu”. Só não teve mais publicidade porque jogava no Belenenses que era um clube mais pequeno mas era um génio incrível segundo todos os relatos. Imagino que o equivalente de Garrincha quando comparado com o Pelé, imprevisível e mágico. Leia este artigo : https://tribunaexpresso.pt/o-meu-jogo/2020-04-08-Mais-do-que-os-jogos-os-goleadores-O-Fernando-Peyroteo–Com-esse-gajo-nao-ha-taticas-ha-porrada–pelo-filosofo-Manuel-Sergio-

    – José Travassos. Se falar com um sportinguista, ele vai falar do Travassos antes do Peyroteu. Foi o primeiro português a fazer parte dum 11 ideal europeu, daí o seu nome “Zé da Europa”. Tinha um remate fantástico de meia distância, além de uma grande visão de jogo. Muitos golos do Peyroteu eram oferecidos pelo Travassos, que mesmo assim marcou muitos golos.

    Um grande abraço,

    Guilherme

  3. Essa seleção dos sonhos de Portugal ficou uma beleza, com certeza! Os lusitanos sempre souberam revelar jogadores e que bom que, enfim, pintaram a Europa de verde e vermelho com as conquistas da Eurocopa de 2016 e da Liga das Nações de 2019! Bom, eu diferente do Imortais, montei minha seleção com jogadores que eu gosto e que, claro, foram notáveis, em um 4-4-2: Rui Patrício; João Pinto, Pepe, Ricardo Carvalho e Fábio Coentrão; Paulo Sousa, Coluna, Luís Figo e Deco; Cristiano Ronaldo e Eusébio – Técnico: Fernando Santos. Ficou bom, Guilherme?

    Desejo Feliz Ano Novo ao Imortais, mas eu tenho uma pergunta: disse que vai começar a ter os times dos sonhos dos clubes. Vai começar com os clubes brasileiros ou com os estrangeiros?

    • Muito obrigado, Miguel! Para você e sua família também!
      Vamos começar os times dos sonhos alternando equipes do Brasil e de outros países, para não demorar muito. Provavelmente serão duas enquetes simultâneas!

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